Falando em tempo, fatias de pão, universo determinístico, futuro de muitos mundos, essas coisas todas, proponho um jogo que podemos fazer aqui para explorar um pouco mais tudo isso.
O comentário acima foi o de número 1212. Esse aqui, é o #1213.
Essa é uma fatia do pão.
Como se dará a fatia correspondente ao instante em que eu passar os olhos no comentário #1250?
Esse comentário já existe? O forista que fará esse comentário será um de nós que participa desse debate sobre o fluir do tempo? Ou será um outro colega que virá com outro assunto? Aquelas coordenadas x, y, z, t em que cada um de nós passarmos os olhos no número 1250 já existe e é uma fatia "à espera" de se mostrar? Ou ela será formada de acordo com as ramificações derivadas do desenrolar "natural" do próprio debate?
O banco de dados do FCC, em seus HDs, SQL e tudo o mais, já armazena aquele comentário #1250? Os átomos que farão parte do campo magnético responsáveis pelos setores do HD que comporão o dado binário do comentário #1250 estão presentes nas proximidades da superfície do disco? Ou eles (no caso os elétrons) serão trazidos para o local ao longo do tempo?
Tudo isso acima pode ser uma tremenda bobagem, fruto da minha ignorância, mas não resisti a propor esse tipo de brincadeira, numa tentativa de melhor ilustrar esse mistério e dificuldade de compreensão que todos experimentamos ao abordar a grandeza tempo, tanto a variável "estática" quanto o fluir dele (aquela história do rio que corre).
P.S.:
Vou ficar atento à ocorrência do comentário #1250.
Correndo o risco de parecer chato: você precisa aprender a pensar em 4D! Você está falando de eventos no espaço-tempo mas se atendo à noção de uma espécie de "tempo de fundo". Pense nos eventos - e isso inclui você e seus pensamentos, como o texto de um romance. Lá na página 102 os personagens sabem tudo o que se passou nas páginas 98 ou 101, mas não têm informação nenhuma sobre o que ocorre na página 110 e 120. Fora da realidade do livro, as páginas "estão lá", já presentes, de forma atemporal. Mesmo que um suposto leitor resolvesse ler o livro sem seguir a ordem das páginas, a sequência continuaria existindo do ponto de vista dos personagens: lendo a página 41 os personagens já sabem o que acontecerá na página 35, se em seguida o leitor for para a página 22 os personagens agora não saberão o que acontece na página 30 e etc. O "fluxo do tempo" aparece apenas como um epifenômeno, fruto dessa assimetria na informação dos personagens.
(sublinhados meus)
Voltando atrás (se é que isso faz sentido, como uns defendem), defensores de "tempo como ilusão" estufam o peito e citam Laplace, "não tenho necessidade dessa hipótese", para o "passar do tempo".
Mas é possível apontar qualquer evidência direta da da existência "transcendental" (ou "quadridimensional estática") do futuro ou do passado? Ou o que é apontado como tal não passa de confusão categórica da capacidade preditiva e retroditiva de fórmulas matemáticas com isso?
Também me parece uma confusão categórica analogias com narrativas em livros ou filmes, ou mesmo algo talvez mais proximamente análogo como esculturas. Parece sempre requererem um "Suposto Leitor" transcendental que tem seu próprio tempo que passa, como alguém que caminha ao longo de uma escultura observando como sua estrutura se transforma ao longo da dimensão percorrida, criando assim o "agora" para as "fatias" da estrutura, afetadas por algum poder meio mágico/telepático que confere a substruturas com organização suficiente da fatia momentaneamente observada do universo-escultura terem a ilusão de "ser" e "interagir" com os arredores, na realidade, estáticos, com uma interação "bidimensional", estrutural, apenas, não desse passar do tempo, "externo"/mágico/telepático.
Talvez os defensores disso sejam todos teístas no armário, que crêem que "somos" a experiência divina de um Deus transcendental lendo ou escrevendo a um livro estático.
Também me lembra muito o filme "história sem fim".
A assimetria na informação existe em ambas as direções. No entanto temos a "ilusão" de que o tempo passa "para o futuro". O quanto quer que faça qualquer sentido falar em "eventos atemporais", de qualquer forma. Deve ser talvez esse o pior problema dessa idéia, bem como a dificuldade em questioná-la, sendo essencialmente um oxímoro/paradoxo.
E mais: se existe um tempo fora do livro, então já está tudo escrito, Maktub. Não há livre arbítrio, não há ramificações derivadas de decisões. Está tudo pronto e imutável. Resta somente chegar a hora de cada evento.
É isso? Fora da caixa, fora do livro, é um caminho único e conhecido para quem está lá. Somente nós, aqui dentro, é que não sabemos.
Não. Isso é levar a analogia muito ao pé da letra.
Simplesmente não consigo ver como uma coisa não deriva necessariamente da outra.
As sub-estruturas estáticas ao longo da dimesão temporal tem "livre arbítrio" e conseguem se reconfigurar por partes de sua extensão, em um "outro" tempo ainda?
Complicado, e cada vez parece uma hipótese muito mais desnecessária e complicada do que a de que só existe o agora e alguma capacidade de prever o antes e o depois, com base em inferências causais/equações.