Fazem bastante sentido suas indagações.
Mas acho que você não está levando em conta que o grupo "renda baixa" que engloba o grupo "cor-de-pele" é algo que também alimenta a discriminação. Eu dei o exemplo (real - e constatável, basta adentrar a uma agência do referido banco) da secretária/atendente negra preterida em benefício da branca. Essa discriminação vai afetar a geração seguinte: a jovem branca poderá, ganhando seus mil reais por mês, pagar uma faculdade, terminá-la e ser promovida em cinco anos ou encontrar emprego melhor, de qualquer forma, sendo melhor remunerada e cedendo espaço a outra jovem branca; seus filhos irão para a escolinha particular. A jovem negra vai ficar tentando e tentando empregos semelhantes até descobrir que está qualificada para um emprego para o qual, pelo cor de sua pele, ela dificilmente será contratada; descobrindo ou não isso, ela acaba oferecendo seus currículos para outras empresas, até que o desespero a faz aceitar o emprego de empacotadora do supermercado, que lhe paga salário mínimo; seus filhos irão para a escola pública.
Supondo que haja mesmo um grau considerável de discriminação, é realmente um fator que retardaria a ascenção social dos negros.
Mas o que eu queria imaginar mesmo era um meio de detectar e medir a discriminação através de algo que seja mais provavelmente seu efeito do que meramente pobreza... isso que disse agora meio que simplesmente assume que existe, que é muito significativa e pronto... mas eu não sei por exemplo, se há, dentre todos as pessoas empregadas ou empreendedoras, de todas as raças, um número suficiente de racistas em posições de contratação ou de influência nas contratações para que isso fosse mais significativo, do que por exemplo, algo que ocorresse com gordos, pessoas não muito bonitas, com sotaque caipira, ou que tivessem estilos de moda alternativos muito chamativos.
Imagino que para que isso pudesse ocorrer de forma significativa quanto a discriminação de negros, teríamos que ter um número realmente grande de racistas "no armário", que me parece intuitivamente (talvez inocentemente) grande demais, porque essas posições de influência na contratação, são (penso) uma minoria no total de cargos; geralmente os empreendimentos tem muitas outras atividades mais além de contratar. Então, para ter um efeito significativo ou existem muitos racistas, que aleatoriamente distribuidos nos cargos tem um efeito estatisticamente perceptível; ou os racistas, em menor número, numa conspiração tentam sempre chegar a esses cargos estratégicos para impedir a ascenção das raças das quais não gostem...
Por outro lado, talvez sem querer acabou me sugerindo um meio de medir isso...
Se isso é estatisticamente significativo, esperaríamos ao longo do tempo, diferentes taxas de
ascenção social de acordo com a cor da pele (em vez de apenas o status atual, de um só "
slide"), os mais claros ascendendo mais rapidamente que os mais escuros (o que, para ser preciso, precisaria também comparar os grupos que a partir de um ponto inicial igual, porque a diferença de ascenção social de ricos e de pobres simplesmente, independentemente da cor, pode ser desproporcional).
O único problema (e acho que não é pequeno) que vejo é que isso não enxergaria diretamente o racismo, mas não teria como discernir daquilo que eu disse anteriormente, do efeito de um pessimismo que presume o racismo. Se eu sou negro, e se todos brancos me odeiam e não vão me contratar, para que eu vou tentar me candidatar aquela vaga? "
Ah, eu preciso, eu vou mesmo assim... quem sabe os candidatos brancos são todos ruins demais, e aqueles malditos racistas não preferem até um negro enquanto não arranjam ninguém da cor deles...... malditos...... que raiva..."
Meio afetado pelo nervosismo com essa perspectiva, de precisar do emprego e de possivelmente ser rejeitado por um racista FDP, o nervosismo transparece na entrevista, afeta negativamente, acaba não causando boa impressão, não é escolhido, e confirma para si que "os entrevistadores" são racistas.
Não que nunca sejam racistas, mas estatisticamente uma coisa não seria discernível da outra...
O melhor modo, acho que seriam através de pesquisas com dados menos empíricos..... forjando dados/currículos e testando os entrevistadores (sem que eles saibam estarem sendo testados para isso).