Se admitir a existência de espantalhos na crítica a ideologias é pegar pesado, então eu não sei muito bem qual é o espaço que resta para se discutir o assunto.
Também não. Acho que nem tem espaço mais para isso aqui (digo em relação a mim, pessoalmente). Não quero criar uma situação desconfortável para mostrar a certeza da minha visão de mundo. Isso é secundário, ao que realmente interessa para mim no fórum. Tem outros temas mais produtivos, e quando eu me sentir a vontade para falar no assunto, assim o faço. Melhor não é?
E se aceitamos que há uma diferença entre as ideologias - que você compara a crenças religiosas e chama com certa razão de utópicas - e a realidade prática, então o perigo real parece estar menos na ideologia em si do que no apego cego à mesma, não?
Exato, por isso seria necessário discutir as ideologias de forma suscinta, e não ocasionalmente, através do surgimento destas, de maneira "explicativa", em outros assuntos. Se não discutimos as ideologias, como saber quem está com apego cego? Embora já tenho tido discussões nesse sentido, mas são sempre necessárias.
Você diz que é utópico esperar que o mercado saiba adequar a realidade social, mas a recíproca é igualmente verdadeira, como a história da URSS por exemplo ilustra tão bem.
Exatamente. Mas o contexto atual é de certa maneira misto, aplicação de políticas sociais em conjunto com desenvolvimento de uma economia de mercado, e não de uma sociedade de mercado (que seria o extremo, a utópia). Também não temos a economia centralizada, e sim intervenções econômicas bem pontuais, no contexto macroeconômico, de acordo com as tendências atuais da ciência econômica, como o último prêmio nóbel de economia.