Penso, caro Carta IX, que seu argumento, embora bem urdido, compara duas coisas de naturezas diferentes na essência. Assim, se vc afirmar que o centauro, o monstro de Loch Ness ou o pé grande não existem isto é perfeitamente aceitável, da mesma forma que se criarmos uma figura mitológica qualquer, de antemão sabemos que ela não existe.
A origem destes seres está em fábulas, lendas, narrativas surreais e por aí vai. Todos admitem que sua finalidade é o impacto, a graça, o espanto. Não se formaria uma expedição científica a caça de um centauro, p.ex.
Mas a ideia de um Deus, inerente a quase todas as religiões, suporta a análise crítica do pensamento filosófico desde as origens da História, além de ser uma explicação com forte conteúdo daquilo que denominaríamos sincretismo Fé/Razão, para as vitais lacunas da Ciência: a origem de todas as coisas.
Inobstante, permanece a certeza de que se podemos comprovar a existência do Boson de Higgs, por intensas pesquisas e equipamentos ultra sofisticados, estes não serão suficientes para perscrutar os anseios pervasivos, no tempo e no espaço, da alma humana relativos a existência de um ID.
Pode soar poético, mas da mesma forma, ao contemplarmos o Universo com todos os seus desafios à ciência, também poderemos olhar o céu e nos encantarmos com a beleza de seus astros.
Mera questão de pontos de vista.
Infelizmente, acirradas as posições entre ateus e crentes, perdeu-se a prática do bom debate em que cada lado defende seu ponto de vista, e passamos a empenhar os recursos da inteligência para atacar e menosprezar a opinião do outro.
É como dizia Nietzsche; Humano, demasiado humano.