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Gigaview, particularmente creio em vários dos aspectos espiritualistas, por convicção baseada em coisas muito pessoais ou próximas. Mas evito tomar partido das religiões organizadas, mesmo o Espiritismo, por considerar que pra estas coisas, como em tantas outras, não temos necessidade de atravessadores.
Já me perguntei se não era loucura, questionei meu conceito de sanidade e a relação do meu conceito com o que é amplamente aceito como sanidade. Depois, passei a investigar, e ainda investigo, que não louco, se não estou apenas equivocadamente me enganando, sendo ingênuo, inocente ou simplesmente burro mesmo. Mas concluí que penso ser a possibilidade científica de se defender as ideias espiritualistas uma possibilidade cientificamente fraca, para os nossos padrões de ciência e de lógica. Não há prova possível, que possa ser amplamente aceita e testada à exaustão e à prova de qualquer falseabilidade, hoje, sobre as teses espiritualistas. A natureza simplesmente não fornece elementos que sustentem isso de modo que não nos restem dúvidas. O que sobra, então, é a convicção pessoal.
Mas o contrário também não está provado. É possível dizer que há vários falsários golpistas enganando milhares de pessoas com truques alegadamente sobrenaturais, é possível dizer que o que alegam ser provas não passam de pseudociência tentando provar que espíritos existem, é possível dizer que há multidões de fanáticos dando tempo, dinheiro, saúde e importância a milhões de coisas sem sentido que não passam de superstição e crendice.
Mas não é possível dizer que nada inteligente sobrevive à morte do corpo, pois se um único fato ocorreu, ocorre ou ocorrer que comprove isso, mas não tenha sido submetido à apreciação de observadores criteriosos, toda a tese-tentativa de se dizer que "não existe e pronto" está acabada. E afirmarmos que todos os acontecimentos que abordem temas supranaturais já foram, são e serão abordados por observadores criteriosos é puro nonsense - em todas as áreas e temas temos uma infinidade de fatos não abordados e averiguados, o tempo todo.
Logo, se não podemos avaliar tudo, não há como estabelecer uma lei geral sobre tudo, nem positiva e nem negativa. O agnosticismo é o mais lógico nesse caso.
Portanto, se você diz "é louco quem acredita em espíritos", essa é a sua opinião. Não é uma determinação com arcabouço científico que diga, sem sombra de dúvidas, que estão mentalmente alienados todos os que pensam de forma diferente. Você pode até encontrar um, dez, cem, um milhão de doentes mentais inquestionavelmente pirados que acreditem que falam com espíritos - isso apenas prova que eles precisam se tratar, mas não prova que espíritos não existem. Eles precisam se tratar com base no que demonstram, mas o que eles demonstram pode advir de um milhão de outras coisas que não tenha nada a ver com a questão "espíritos existem?"
Alguém que diz ver espíritos pode estar sofrendo de alucinações provocadas por um distúrbio cerebral congênito, por um acidente com trauma craniano, por uso de substância alucinógena, por distúrbio psiquiátrico do tipo esquizofrenia, transtorno bipolar, mania qualquer, fingimento, interesse em lesar terceiros para auferir vantagem, um monte de coisa.
Mas o que isso prova? Que o que se alega que se vê, ouve, existe, não existe? Ou que pessoas precisam se tratar ou precisam ser presas por adotarem comportamentos sociais que a gente despreza (legal ou apenas moralmente) ?
Dá pra estabelecer de maneira cabal que, sendo o conceito de loucura tão complicado, difícil de definirmos suas fronteiras, e que as taxações de loucura na sociedade moderna está viciada de todas as formas, com uso histórico desenfreado de moralismo, vingança, preservação do status vigente, sejam loucos todos (observe, todos) os que afirmam crer (nem me refiro aos que tentam "provar", pois se não forem loucos, ao menos estão equivocados mesmo) em teses espiritualistas? Isso não soa quase como uma tentativa de ditadura social do que deve ou não ser taxado como louco, de um racionalismo realista inconsequente?