Entenda o que é um banco de investimentosUm banco de investimentos, como o Lehman Brothers dos Estados Unidos, foca sua atividade exclusivamente no financiamento do desenvolvimento das grandes empresas.
O termo "banco de investimentos" (ou banco de negócios) é uma tradução do inglês de "investment bank".
Esta definição surgiu com a promulgação de uma lei nos Estados Unidos depois da crise de 1929, que impôs uma distinção entre os bancos de investimentos e os comerciais ou varejistas, para proteger os depósitos dos correntistas.
Esta separação, que já não é obrigatória, mas continua vigente na prática, explica as graves dificuldades que enfrentam bancos de investimentos americanos independentes como Lehman Brothers ou Merrill Lynch.
Isso acontece porque o financiamento dos bancos de investimentos depende exclusivamente do mercado bancário (empréstimos entre estabelecimentos). Já os bancos comerciais têm a possibilidade de converter em créditos os depósitos dos particulares.
Um banco de investimentos presta assessoria e financiamento às operações de fusão, aquisição ou reestruturação de empresas. Também se encarregada do lançamento da empresa na Bolsa ou do aumento de capital de uma sociedade.
Pode também criar produtos de investimentos para seus clientes ou por conta própria; os ganhos destes produtos financeiros estão ligados a seu nível de risco.
Instrumentos de investimento por conta própria são os que levaram à catástrofe o Lehman Brothers e outras instituições, que sofreram perdas colossais em operações associadas ao mercado dos empréstimos imobiliários de risco nos Estados Unidos, os "subprime".
Após a ruína do Lehman, nos Estados Unidos só existem dois de seus quatro grandes bancos de investimentos: Goldman Sachs e Morgan Stanley.
http://ultimosegundo.ig.com.br/economia/2008/09/16/entenda_o_que_e_um_banco_de_investimentos_1851903.html
Entenda como a crise econômica afeta o BrasilA crise no sistema bancário nos Estados Unidos tem provocado quedas generalizadas nas bolsas de todo mundo e muitas dúvidas sobre a economia global. A Bolsa de Valores de São Paulo também vem sofrendo com grandes quedas, o valor do dólar voltou a subir e o crédito internacional ficou mais difícil.
A seguir a BBC Brasil faz um resumo de alguns dos principais canais pelos quais a economia brasileira está sendo, ou pode ser, afetada.
Menos créditoUma das principais vias de contágio da crise internacional se dá por meio da falta de crédito. Com a crise atual, há menos dinheiro no mercado e bancos em todo o mundo estão mais cautelosos, têm diminuído seus empréstimos e cobrado mais caro por eles.
Na opinião do economista Nathan Blanche, da consultoria Tendências, é nessa área que está o maior perigo para a economia brasileira no médio e longo prazo. "As empresas devem conseguir continuar rolando suas dívidas, mas o mercado está mais difícil e algumas devem inclusive optar por não buscar dinheiro novo", afirma ele.
Atualmente a dívida externa brasileira é da ordem de US$ 200 bilhões, sendo que a maior parte está na mão de empresas privadas. Mas o valor que vence até o final de 2008 é bem menor - em torno de US$ 15 bilhões. Para especialistas, as empresas que quiserem renovar essas dívidas terão que arcar com taxas mais altas de juros.
Os bancos brasileiros também já estão encontrando taxas muito altas para tomar empréstimos no exterior. A expectativa é que essa situação afete o crescimento do crédito no Brasil, de forma geral, e a capacidade de investimento das empresas, em particular. A falta de crédito internacional também pode afetar empresas estrangeiras que planejam fazer investimos diretos no Brasil.
A dúvida entre os especialistas é a intensidade desse enxugamento do crédito. O governo brasileiro tem se mostrado preocupado com o assunto e afirma que poderá criar alternativas de crédito com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e outros bancos públicos.
BolsaA Bovespa tem sofrido sucessivas quedas e nos primeiros nove meses do ano já havia acumulado perdas da ordem de 25% (com a volatilidade, esses valores têm mudado muito rapidamente).
O impacto dessas quedas na economia em geral é limitado pelo tamanho da bolsa brasileira. Apesar do crescimento dos últimos anos, a Bovespa ainda tem um número relativamente pequeno de empresas, com 397 companhias listadas. A Bolsa de Valores de Nova York, por exemplo, tem 2.365.
Além disso, embora o montante de dinheiro negociado na bolsa brasileira seja alto, há uma grande concentração em grandes empresas como a Petrobras e a Vale. Apenas essas duas empresas têm representado em média 40% do valor negociado na Bovespa neste ano.
Apesar disso, a queda nas bolsas afeta a economia real por pelo menos duas vias: quem investiu na bolsa tem menos dinheiro para gastar, e as empresas têm que procurar outras fontes de financiamento.
A Bovespa conta com cerca de 500 mil investidores como pessoas físicas. Além disso, houve uma grande queda de IPOs, os lançamentos iniciais de ações das empresas. Em 2007, foram lançadas na Bovespa 64 novas empresas. Até setembro de 2008, tinham ocorrido apenas quatro IPOs.
DólarApós quedas recordes da moeda americana em julho, o dólar voltou a se valorizar de forma crescente a partir de agosto de 2008. Mas qual o impacto dessa subida?
Por um lado, o dólar mais forte pode, caso a alta se sustente, ajudar os exportadores a se tornarem mais competitivos, o que é celebrado por vários empresários e economistas.
Por outro, a alta pode atrapalhar no combate a inflação. Segundo cálculos da consultoria Tendências, cada variação de dez pontos percentuais no dólar tende a gerar um ponto percentual de elevação trimestral do índice de inflação IPCA. Desde o começo de 2008 até meados de setembro, a alta acumulada do dólar estava variando entre 5% e 6%.
Essa alta, avaliam especialistas, pode pesar na avaliação do Banco Central sobre a subida dos juros.
Comércio exteriorNos últimos cinco anos, o Brasil tem tido grandes superávits na balança comercial (exportações maiores do que as importações) e um aumento crescente dos valores vendidos no exterior. Segundo dados do Banco Central, as exportações saltaram de US$ 73 bilhões, em 2003, para US$ 160 bilhões, no ano passado. Em 2006, o Brasil teve um superávit recorde de mais de US$ 46 bilhões.
Uma parte desse aumento se deve à subida dos preços dos produtos brasileiros no externo e não à venda de mais produtos. Agora o preço das commodities agrícolas e minerais, grande responsáveis pela melhora nos valores, estão caindo.
Além da queda dos valores, existe a expectativa de que o crescimento mundial diminua, especialmente em 2009, o que deve significar menos comércio internacional e o risco de uma redução das exportações brasileiras.
Por outro lado, a desvalorização do real pode tornar os produtos brasileiros mais competitivos e derrubar as importações.
Apesar das mudanças no cenário internacional, o governo brasileiro tem mantido suas estimativas para 2008, com um forte aumento das exportações, na casa dos US$ 190 bilhões, e um superávit comercial de mais de US$ 20 bilhões.
A dúvida entre os economistas é como ficarão as contas em 2009. Para a maioria dos analistas, o fiel da balança será o desempenho das economias emergentes, especialmente a da China e a da Índia.
Exportações e a economia realSe as exportações ou o valor das commodities caírem muito, as principais afetados serão as empresas exportadores. O impacto sobre o restante da economia é limitado pelo fato de o país ser relativamente fechado: o setor exportador responde por cerca de 14% do PIB. Além disso, o Brasil vende para muitos países diferentes e tem uma pauta diversificada, com produtos manufaturados representando mais de 50% das vendas.
Outro aspecto positivo para o Brasil é que o mercado interno brasileiro está aquecido e tende a absorver pelo menos parte de uma eventual queda de produtos exportados.
Uma queda ou desaceleração nas exportações é visto como um risco maior porque pode afetar o equilíbrio das contas externas. O risco maior seria para 2009. A expectativa oficial para 2008 é que Brasil tenha que cobrir um buraco de US$ 24 bilhões nas contas externas - o que deverá ser feito pela soma entre o superávit comercial e os investimentos externos no país. Para 2009, a previsão é que o rombo passará dos US$ 30 bilhões.
Alguns economistas já fazem avaliações bastante pessimistas, apostando que o superávit brasileiro poderia cair abaixo dos US$ 5 bilhões no ano que vem. Isso tornaria a economia mais dependente de investimentos externos para fechar suas contas e mais vulnerável.
Para o governo, a expectativa de que os investimentos estrangeiros serão mantidos e reservas internacionais de mais de US$ 200 bilhões garantem que o Brasil não sofra grandes riscos no médio prazo.
CrescimentoUm dos poucos consensos entre os economistas em meio à atual crise é que a economia brasileira deve diminuir seu ritmo de crescimento. Para Antônio Madeira, da consultoria MCM, mesmo com todas as mudanças, o PIB brasileiro deve subir por volta de 5,5% em 2008. Para 2009, ele acredita que esse número deve ficar entre 3,8% e 3,5%.
Os números variam um pouco dependendo da fonte, mas a grande maioria dos analistas trabalha com faixas parecidas.
O motivo da queda é que mesmo que o Brasil não seja muito atingido pela crise externa, as diferentes fontes de contaminação devem contribuir para derrubar a atividade econômica. Além disso, o próprio BC brasileiro está com uma política de aumentos de juros com o objetivo de reduzir o crescimento no ano que vem.
http://ultimosegundo.ig.com.br/bbc/2008/09/18/entenda_como_a_crise_economica_afeta_o_brasil_1897903.html
Intervenção no mercado é essencial para resolver crise, diz BushWASHINGTON - O presidente George W. Bush disse, nesta sexta-feira, que a intervenção federal nos mercados financeiros é não apenas desejável, mas também essencial para solucionar a pior crise das últimas décadas.
"A economia americana está enfrentando desafios sem precedentes. Nós estamos respondendo a isso com medidas também sem precedentes", discursou Bush, em frente ao jardim da Casa Branca, ao lado do secretário do Tesouro, Henry Paulson, do presidente do Federal Reserve (Fed), Ben Bernanke, e do presidente da Comissão de Valores Mobiliários, Christopher Cox.
Paulson delineou o que chamou de algumas ações agressivas para confrontar a crise financeira do país. "Estamos falando de centenas de bilhões de dólares”, disse. Ele acrescentou que iria trabalhar durante o final de semana com políticos para chegar a um acordo sobre um plano que vá direto à raiz da crise.
Espera-se que o governo federal, no que será sua mais ousada tentative de conter a crise financeira, estabeleça um programa para possibilitar que os bancos se livrem de “ativos podres” – títulos de hipoteca que perderam o valor e são difíceis de comercializar. "Esta soma precisa ser grande o bastante para fazer uma verdadeira diferença e atingir o coração do problema", acrescentou Paulson.
O senador republicano Richard Shelby havia indicado pouco antes que o custo deste plano pode chegar a US$ 1 trilhão.
Momento-chave"Este é um momento-chave para a economia norte-americana", disse Bush. "Devemos agir agora para proteger a saúde de nossa nação de um sério risco." O presidente afirmou que os passos definidos pela administração não são "sem riscos". "Quantias significativas de dólares do contribuinte estão em jogo. Mas esperamos que esses recursos sejam repostos no futuro."
Foi a terceira vez na semana que Bush faz declarações sobre a crise, um esforço para acalmar mercado e consumidores nervosos.
http://ultimosegundo.ig.com.br/economia/2008/09/19/e_necessario_centenas_de_bilhoes_de_dolares_diz_secretario_do_tesouro_dos_eua_1894969.html
Tesouro dos EUA vai garantir ativos de fundos monetários até US$ 50 bilhõesO Tesouro americano anunciou nesta sexta-feira que vai garantir os ativos dos fundos monetários até US$ 50 bilhões, para assegurar a solvência e manter a credibilidade destes produtos financeiros.
Os fundos monetários são instrumentos financeiros geralmente considerados seguros e que, segundo o Tesouro, "desempenham um papel fundamental no financiamento dos mercados de capitais das instituições financeiras".
"Manter a confiança no setor dos fundos monetários é essencial para proteger a integridade e a estabilidade do sistema financeiro mundial", afirmou o Departamento do Tesouro em um comunicado.
Esta garantia será financiada pelos fundos de estabilização das operações do mercado financeiro (
Exchange Stabilization Fund), criado em 1934.
http://ultimosegundo.ig.com.br/economia/2008/09/19/tesouro_americano_vai_garantir_ativos_de_fundos_monetarios_ate_us_50_bilhoes_1905129.html
A caminho da soluçãoSem entrar em outras considerações, o plano de absorção pelo governo de créditos privados podres ou incertos, em vias de ser adotado nos Estados Unidos, parece ser uma solução sistêmica para uma crise financeira sistêmica. Em situações como essa, de fato, só tempo e dinheiro resolvem a parada.
Injeção de recursos públicos pontuais, coordenação de transferência de ativos privados para outras instituições privadas, com suporte de dinheiro público, empréstimos de liquidez com juros descontados, são todas ações fadadas ao insucesso quando o que está em jogo é a confiança geral no sistema. Nesses casos, o grosso dos recursos públicos injetados acaba “empoçando”, como se diz em economês.
Como ninguém sabe com um mínimo de segurança o tamanho do problema de cada instituição – e, mais ainda, do conjunto –, a liquidez seca e se instala uma crise de crédito, mesmo quando algum socorro aparece aqui e ali. A tendência é pegar o dinheiro bombeado pelo governo, aliviar a emergência e se calçar para o que não se sabe que virá à frente, fechando as torneiras dos novos financiamentos. Os fluxos de pagamentos de empréstimos e refinanciamentos ficam interditados, com a recusa de financiamento para quem não parece estar solvente, mas também para quem está.
Por isso, a solução conhecida para evitar um
crash geral e devastador exige que as autoridades econômicas não só tornem disponíveis recursos em volume suficiente. É fundamental que se estabeleça um mecanismo para que isso seja feito de forma contínua e ao longo do tempo. Um fundo, por exemplo, com regras de acesso, como o que está sendo discutido, neste exato momento, nos Estados Unidos.
No final do processo, se der certo, terá havido uma brutal transferência de recursos públicos para o setor privado, expresso por um aumento da dívida pública e com os conseqüentes efeitos negativos da explosão de déficits públicos “não produtivos” (eu defino os “produtivos” como aqueles que refletem investimentos em ampliação de infra-estrutura, em capacidade de produção de setores críticos e em transferência de renda) na economia real.
Ou seja, a solução para um problema financeiro sistêmico tende a levar dificuldades para a economia real, que se traduzem em perspectivas de menor crescimento e maior pressão inflacionária. O tamanho do estrago macroeconômico dependerá do tempo necessário para a recuperação da confiança nos mercados e em suas instituições.
De todo modo, o que está sendo tentado agora não é uma novidade. É mesmo um procedimento clássico do capitalismo contemporâneo: a produção pelo governo dos chamados “financiamentos compensatórios”. Temos, aqui no Brasil, enorme experiência com esse tipo de solução.
Esse tipo de saída, entre nós, atendia pelo nome de acordo com o FMI (e como os demais organismos multilaterais de financiamento). Os empréstimos negociados pelos governos, sob condições draconianas de pagamento, nada mais eram do um mecanismo de troca de dívida privada por dívida pública. Como agora tudo indica será feito nos Estados Unidos.
http://colunistas.ig.com.br/jpkupfer/2008/09/19/a-caminho-da-solucao/