Autor Tópico: Estatais nos EUA  (Lida 17516 vezes)

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Re: Estatais nos EUA
« Resposta #100 Online: 18 de Setembro de 2008, 11:33:23 »
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18/09/2008
No exterior, o socorro é visto como um desvio do capitalismo

Nelson D. Schwartz
Em Paris

Os Estados Unidos deixaram de ser o farol mundial do capitalismo de livre mercado, irrestrito?

Ao oferecer um empréstimo de último minuto de US$ 85 bilhões ao American International Group (AIG), a seguradora em dificuldades, Washington não apenas deu as costas a décadas de retórica sobre as virtudes do livre mercado e os riscos de intervenção do governo, mas também provavelmente minou futuros esforços americanos para promover essas políticas no exterior.

"Eu temo que o governo tenha passado ao ponto sem retorno", disse Ron Chernow, um importante historiador financeiro americano. "Nós temos a ironia de um governo de livre mercado fazendo coisas que o governo democrata mais liberal nunca faria nem mesmo nos seus sonhos mais insanos."

O pacote de socorro ao AIG, além do apoio anterior do governo ao Bear Stearns, Fannie Mae e Freddie Mac, espantou até mesmo os autores de políticas europeus, acostumados a intervenções do governo - apesar de reconhecerem o choque do colapso do Lehman Brothers, onde Washington optou por não intervir.

"Para os oponentes do livre mercado na Europa e em outros lugares, esta é uma oportunidade maravilhosa de citar um exemplo americano", disse Mario Monti, o ex-chefe antitruste da Comissão Européia. "Eles dirão que até mesmo o porta-estandarte da economia de mercado, os Estados Unidos, nega seus princípios fundamentais em seu comportamento."

Monti disse que crises financeiras anteriores na Ásia, Rússia e México obrigaram governos a intervir, "mas esta é a primeira vez no coração do capitalismo, o que é enormemente mais prejudicial em termos de credibilidade da economia de mercado".

Na França, onde o governo há muito apóia a criação de "campeões nacionais" e trabalha ativamente para proteger empresas seletas da ameaça de tomada estrangeira, os políticos foram rápidos em apontar o paradoxo daquela que é basicamente a nacionalização da maior seguradora americana.

"Hoje, as ações dos autores de políticas americanos ilustram a necessidade de patriotismo econômico", disse Bernard Carayon, um legislador do partido de centro-direita UMP, do presidente Nicolas Sarkozy. "Eu os parabenizo."

Para os "pregadores do mercado esta é uma lição dolorosa", ele acrescentou.

As economias nacionais estão entrando em "uma era de maior regulação e de maior mistura entre o setor público e privado".

Em partes da Ásia, os socorros trouxeram lembranças amargas da abordagem diferente adotada pelos Estados Unidos e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) durante a crise econômica ocorrida lá, há uma década.

Quando o FMI ofereceu US$ 20 bilhões para ajudar a Coréia do Sul a sobreviver à crise financeira asiática no final dos anos 90, uma das condições impostas foi a de que o governo sul-coreano deixasse os bancos e empresas em dificuldades falirem em vez de socorrê-los, lembrou Yung-chul Park, professor de economia da Universidade da Coréia, em Seul, que esteve profundamente envolvido nas negociações com o FMI.

Apesar de Park dizer que a atual crise é diferente - é global em vez de restrita a uma região como a Ásia - "Washington está seguindo um roteiro diferente desta vez".

"Eu entendo por que o fizeram", ele acrescentou. "Mas eles perderam uma certa credibilidade para pressionar pela abertura de mercados no exterior para a concorrência estrangeira e pela liberalização das economias."

As ramificações do socorro ao AIG também serão sentidas por anos dentro dos Estados Unidos.

O AIG era um tipo diferente de empresa que a Fannie Mae ou Freddie Mac, que contavam com uma linha de crédito garantida pelo governo, na condição de fornecedores de financiamento hipotecário, ou o Bear Stearns, que era regulado pelo governo federal.

"Esta era uma seguradora que não contava com regulação federal", disse Gary Gensler, que serviu como alto funcionário do Departamento do Tesouro durante o governo Clinton. Nem o AIG contava com acesso aos fundos do Federal Reserve (o banco central americano) ou ao seguro de depósitos, como um banco comercial.

"Nós estamos em um novo território", acrescentou Gensler. "Esta é uma mudança de paradigma."

O AIG também está em uma liga diferente por causa da amplitude de seus negócios e suas extensas operações no exterior, especialmente na Ásia.

Além disso, ele caiu em uma espécie de lacuna regulatória sob as regras atuais.

Apesar da empresa, com sede em Nova York, ser mais conhecida pela venda de produtos convencionais como apólices de seguro e planos de previdência privada supervisionados pelos reguladores nos Estados Unidos, ela também está profundamente envolvida no mercado opaco e de risco de derivativos e outros instrumentos financeiros complicados, que operam em grande parte fora da regulação.

Além da ameaça às apólices de milhões de consumidores comuns, foi a ameaça representada por estes instrumentos financeiros arcanos que levou Washington a socorrer o AIG.

Até agora, o resgate não fortaleceu os mercados. "É pura gestão de crise", disse Chernow. "São o Tesouro e o Federal Reserve avançando de uma crise a outra sem uma declaração clara sobre como os fracassos financeiros serão tratados no futuro. Eles têm medo de articular uma política dessas. A rede de segurança que estão abrindo parece crescer a cada dia, sem um fim à vista."

Tradução: George El Khouri Andolfato
Visite o site do The New York Times

Eu concordo com o autor que eles chutaram o liberalismo. Afinal, estatizaram um empresa eminentemente privada... não sei se isso foi uma decisão correta...
"O crime é contagioso. Se o governo quebra a lei, o povo passa a menosprezar a lei". (Lois D. Brandeis).

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Re: Estatais nos EUA
« Resposta #101 Online: 18 de Setembro de 2008, 16:18:50 »
Governo americano não recuará diante de crise, diz Bush
 
O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, fez um curto pronunciamento nesta quinta-feira em Washington a respeito da crise nos mercados financeiros globais.

Bush lembrou das decisões recentes do governo americano como o empréstimo de US$ 85 bilhões para ajudar o grupo de seguros AIG e a intervenção nas gigantes de hipotecas Fannie Mae e Freddie Mac.

O presidente americano aproveitou para garantir que o governo não recuará, caso sejam necessárias outras intervenções.

"O povo americano pode ter certeza que vamos continuar a tomar providências para fortalecer e estabilizar nossos mercados financeiros e melhorar a confiança do investidor", afirmou.

Segundo Rachel Harvey, correspondente da BBC em Washington, Bush cancelou uma viagem à Flórida e ao Alabama para continuar monitorando a situação dos mercados e deve se reunir ainda nesta quinta-feira com o secretário do Tesouro americano, Henry Paulson.

Mercados

Apesar das medidas de bancos centrais de diversos países, os mercados financeiros da Europa e dos Estados Unidos permaneceram instáveis nesta quinta-feira.

Em Nova York, o índice Dow Jones abriu em alta, mas voltou a registrar queda e seguiu volátil no decorrer do dia. A atenção está voltada para o banco de investimentos Morgan Stanley, cujas ações caíram cerca de 20%. O Goldman Sachs também teve queda em suas ações.

Os mercados na Alemanha, França e Grã-Bretanha também iniciaram o pregão em alta depois de dias de baixas. Mesmo assim, o índice FTSE 100, de Londres, fechou com queda de 0,6% e o CAC 40, de Paris, caiu 1%. Em Frankfurt, o Dax terminou o dia com leve alta de 0,04%.

Na Rússia, onde as ações registraram o maior recuo em três anos, o principal mercado financeiro em Moscou deve permanecer fechado até sexta-feira.

O governo chinês tentou auxiliar o mercado financeiro do país abolindo um imposto na compra de ações.

Uma agência de investimento do governo também vai comprar ações nos três maiores bancos da China. O principal mercado de ações do país registrou queda de quase 70% desde sua maior alta em outubro de 2007.

Ajuda financeira

Os bancos centrais de diversos países anunciaram medidas coordenadas para tentar conter a crise nos mercados financeiros globais. Entre as medidas, está a injeção de bilhões de dólares para garantir a liquidez nos mercados.

O Fed (Federal Reserve), o banco central americano, anunciou que vai injetar US$ 180 bilhões no mercado financeiro, diante da crise nas bolsas de todo o mundo.

O dinheiro do banco central americano servirá para trocas temporárias de moedas entre os bancos com taxas de câmbios diferenciadas, para aliviar a pressão sobre o dólar.

A medida do Fed é coordenada com a ação dos bancos centrais de Canadá, da Grã-Bretanha, da União Européia, do Japão e da Suíça.

Os bancos centrais da Grã-Bretanha e da Europa vão liberar US$ 40 bilhões e US$ 55 bilhões, respectivamente.

A medida coordenada foi tomada quatro dias depois do agravamento da crise nos mercados financeiros, que já vinham atravessando turbulência desde o ano passado.

http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2008/09/080918_bushmercadosfn.shtml



EUA inauguram era de 'socorro aos gigantes'
 
O governo dos Estados Unidos inaugurou uma prática inédita ao socorrer nesta semana a maior firma de seguros dos Estados Unidos com uma injeção de US$ 85 bilhões e adquirindo 80% das ações da empresa.

Até então, o Tesouro americano havia se limitado a intervir em instituições financeiras, como o banco Bear Stearns e as gigantes de hipotecas Fannie Mae e Freddie Mac, mas nunca em uma companhia de seguros.

''Os Bancos Centrais mundiais seguem o princípio de que há bancos em seus países que são grandes demais para deixar que eles entrem em concordata'', disse à BBC Brasil Richard Marston, professor de finanças da Wharton Business School.

Para o economista, ''o Fed (Banco Central americano) seguramente iria intervir se o Bank of America ameaçasse falir. E um banco privado inglês certamente seria salvo pelo Banco da Inglaterra, mas salvar uma companhia de seguros é sem precedentes''.

Mas Marston acredita que a ação inédita foi acertada. ''O Fed não podia simplesmente se recostar e deixar o pior acontecer. Isso provocaria o colapso do sistema financeiro. Seria mais grave ainda do que o pedido de concordata do Lehman Brothers. Mas ao intervir, o Fed inaugurou uma nova era.''

Sem socorro

No início da semana, o Fed optou por não socorrer o banco Lehman Brothers, o quarto maior banco de investimentos americano.

A decisão de não auxiliar a instituição de 158 anos recebeu elogios de representantes do mercado financeiro e de analistas do setor.

O jornal Washington Post registrou em um editorial que o recado dado pelo governo foi o de que ele ''não pode resgatar todo mundo''.

Mas estima-se que o colapso da AIG teria um efeito muito mais devastador do que a falência do Lehman, já que a seguradora tinha inúmeros clientes no sistema financeiro.

Mudança de paradigma

O superintendente do Departamento de Seguros de Nova York, Eric Dinallo, avalia que a ação intervencionista do governo americano é ''uma mudança de paradigma na economia''.

''Eu nunca vi nada igual. Na sexta-feira (da semana passada), nós começamos a avaliar a situação da companhia. O governador (de Nova York, David Patterson) então autorizou o Estado a emprestar US$ 20 bilhões para a firma, para cobrir o que parecia ser um rombo menor do que o esperado.''

Mas ainda na segunda-feira, de acordo com Dinallo, percebeu-se que a quantia seria insuficiente para sanar as dívidas da AIG, mas ele julga que os US$ 85 bilhões oferecidos pelo Fed deverão bastar à companhia.

'Desastroso'

Para o senador e ex-presidenciável democrata, Chris Dodd, que preside o comitê do Senado americano responsável pelo setor bancário, a intervenção do Fed foi ''triste e trágica'', mas ele acrescentou que ''não ter feito nada seria ainda mais desastroso''.

O senador Judd Gregg, o mais graduado republicano no Comitê de Orçamento do Senado, afirmou que caso o banco central tivesse permitido a falência da AIG, isso teria provocado uma quebradeira de proporções globais.

Gregg acredita que os auxílios do Fed ao Fannie Mae, Freddie Mac e AIG foram casos especiais e necessários, porque estas instituições ''provocariam o colapso do sistema inteiro se permitíssimos que elas falissem''.

Foi esse o argumento da Casa Branca ao justificar a decisão.

De acordo com a porta-voz do governo americano, Dana Perino, Fannie Mae, Freddie Mac e AIG são firmas ''tão grandes que, permitir que elas fracassassem, teria causado ainda mais danos e estragos à economia''.

Sem unanimidade

Mas nem todos cobrem de elogios a decisão do Banco Central de auxiliar a seguradora.

O ex-secretário do Tesouro americano Jon Snow, em entrevista à rede CNBC, mostrou preocupação de que o Fed possa estar criando um precedente perigoso.

''Onde é que nós paramos? Existe um grande perigo de que passemos a reagir com excesso de zelo. É preciso que os representantes do mercado passem a fazer avaliações baseadas na realidade do mercado em vez de contar com o governo para salvá-los sempre que elas cometerem um erro''.

A decisão do Fed despertou críticas entre os republicanos de George W. Bush.

O senador Jim Bunning, um dos integrantes do comitê do Senado responsável pelo setor bancário, afirmou que "mais uma vez o Fed usou o contribuinte para pagar bilhões de dólares para salvar uma instituição que colocou a ambição acima da responsabilidade e usou o seu bom nome para fazer apostas arriscadas que não deram certo".

O economista Richard Marston acredita que talvez a AIG não seja a última instituição a ser beneficiada pelo Fed.

''Há 20 anos, o Fed nem pensaria em fazer algo parecido. Mas a realidade hoje é muito distinta. O governo precisa avaliar o que aconteceria e a proporção do estrago se ele não entrar em cena. O problema da crise é que quando pensamos que ela passou e que nós já aprendemos tudo que tínhamos para aprender, ela volta com força. Nada impede que algo assim volte a se repetir.''

http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2008/09/080917_fedcondutabg.shtml



O buraco na maior economia do mundo

"O ano de 2002 será sempre lembrado pela onda de escândalos que abalaram a confiança nas corporações americanas." Assim o repórter de economia da BBC Briony Hale começava seu texto sobre o ano de 2002, publicado em 20 de dezembro daquele ano aqui na BBC Brasil. Briony referia-se logicamente aos casos de fraudes empresariais nas gigantes Enron e WorldCom, que afetaram a imagem de solidez do capitalismo na terra do Tio Sam. Muitos tentaram ver os escândalos de seis anos atrás como casos isolados, frutos da irresponsabiliade de alguns executivos, severamente punidos pela Justiça anos mais tarde. Mas houve quem entendesse que, por trás dos acontecimentos do início da década, escondia-se um pesadelo muito maior: o de que a economia americana era muito mais frágil, vulnerável e pobre do que as aparências mostravam.

Não sou especialista em economia, entendo do assunto menos do que boa parte dos nossos leitores. Mas tendências históricas me fascinam. Por isso fiquei impressionado, quatro anos atrás, quando li pela primeira vez a avaliação do historiador francês Emmanuel Todd sobre o futuro dos Estados Unidos como potência global, no livro After the Empire - The Breakdown of the American Order (Depois do Império - O Desmoronamento da Ordem Americana). Acho que inclusive já citei esse livro aqui neste blog.Todd analisa aspectos políticos, militares, diplomáticos e econômicos dos Estados Unidos para mostrar que o país chegou ao seu auge na segunda metade do século 20 e agora segue ladeira abaixo. Em algumas décadas, segundo ele, os americanos serão uma potência de importância relativa, demais ocupada com seus problemas internos para poder resolver questões em outras partes do mundo.

Na polêmica avaliação do historiador francês, os Estados Unidos eram realmente fortes quando tinham uma economia baseada em um capitalismo industrial, quando produziam coisas que se pode pegar, usar, quando sua economia era tão robusta quanto fábricas de veículos, estaleiros, computadores ou naves espaciais. Para ele, os escândalos da Enron e WorldCom mostraram que não era mais possível confiar no valor de face da economia americana. Maior PIB do mundo? Nominalmente, sim. Mas ver que a única superpotência mundial depende há anos de dinheiro japonês e chinês para financiar seu déficit e de um frenético consumo interno para manter a bicicleta de Wall Street em pé não é algo exatamente alentador.

Como eu já disse, não entendo muito de economia. Mas o cidadão comum sabe muito bem o que se passa perto dele. Em minha última visita aos Estados Unidos, em 2004, tive a impressão de que em torno do Lago Michigan havia mais iates do que contribuintes. Ao comentar com um morador local como aquela riqueza me impressionava, ele disse: "Mas os barcos não são deles. São dos bancos. Isso tudo é crédito. Ninguém tem dinheiro de verdade aqui, as pessoas têm crédito". Assim como as grandes empresas americanas. Num dia elas têm dinheiro, ou promessa de dinheiro, papéis que dizem que elas têm dinheiro. No dia seguinte, o dinheiro se foi. Onde estava esse dinheiro, ninguém sabia ao certo, porque um emprestou para o outro, que emprestou para um terceiro, que ofereceu para um quarto, que prometeu pagar quando recebesse de alguém cujo patrimônio ninguém checou.

À frente dessa economia não mais baseada na indústria, mas muito mais na ciranda financeira, na especulação sobre o futuro, na promessa de retorno, está o Federal Reserve. Mas pouco mais de um ano atrás, seu presidente, Ben Bernanke, dizia que a crise imobiliária não era uma ameaça grave. Semanas depois teve de admitir que "as perdas financeiras globais excederam até as expectativas mais pessimistas". E o pesadelo mal havia começado.

Em agosto de 2007, no início da crise, o Fed lançou US$ 24 bilhões no mercado para conter a queda das bolsas. Nesta quinta-feira, 18 de setembro, foi obrigado a injetar US$ 180 bilhões. Isso depois de desembolsar US$ 85 bilhões para salvar a AIG. E o incêndio continua. Parece que aqueles que viram nos escândalos da Enron e da WorldCom algo mais do que práticas criminosas tinham razão em temer pelo futuro da maior economia do mundo. O buraco parece ser muito mais embaixo.

http://www.bbc.co.uk/blogs/portuguese/2008/09/como_chegamos_aonde_chegamos.shtml



Para George Soros, crise financeira está longe do fim
 
O megainvestidor húngaro naturalizado americano George Soros disse em entrevista à BBC que a crise no sistema financeiro mundial ainda está longe do fim.

"Ainda não estamos saindo da tempestade, na verdade, estamos entrando nela", disse investidor.

Soros classificou a situação econômica atual como precária, citando a quebra do banco de investimentos Lehman Brothers, anunciada na última segunda-feira.

"Com certeza, outros bancos ainda vão quebrar, mas talvez nenhum tão grande quanto o Lehman", disse.

O investidor afirmou que ainda é cedo para avaliar se o governo dos Estados Unidos agiu de forma correta ao não intervir na crise provocada pelo pedido de concordata do banco, como aconteceu com a seguradora AIG.

"Se o sistema financeiro sobreviver, então a decisão de deixar o banco quebrar foi correta. Se houver um colapso de maiores proporções, então não", declarou.

“Uma coisa deve ficar clara, não podemos deixa o sistema financeiro colapsar, como aconteceu na década de 1930”, disse Soros, que afirmou confiar que os governos não temerão em intervir caso seja necessário.

Especulação

O megainvestidor defendeu limites para a especulação financeira.

“A especulação faz parte do mercado, mas seus efeitos não são sempre benéficos”.

Soros disse acreditar que o sistema financeiro global cresceu demais e que agora está encolhendo.

“Quando as coisas voltarem ao normal, o sistema financeiro não será tão lucrativo como tem sido há 25 anos".

http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2008/09/080918_entrevista_soros_cq.shtml

"That's what you like to do
To treat a man like a pig
And when I'm dead and gone
It's an award I've won"
(Russian Roulette - Accept)

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Re: Estatais nos EUA
« Resposta #102 Online: 19 de Setembro de 2008, 16:24:59 »
Entenda o que é um banco de investimentos

Um banco de investimentos, como o Lehman Brothers dos Estados Unidos, foca sua atividade exclusivamente no financiamento do desenvolvimento das grandes empresas.

O termo "banco de investimentos" (ou banco de negócios) é uma tradução do inglês de "investment bank".

Esta definição surgiu com a promulgação de uma lei nos Estados Unidos depois da crise de 1929, que impôs uma distinção entre os bancos de investimentos e os comerciais ou varejistas, para proteger os depósitos dos correntistas.

Esta separação, que já não é obrigatória, mas continua vigente na prática, explica as graves dificuldades que enfrentam bancos de investimentos americanos independentes como Lehman Brothers ou Merrill Lynch.

Isso acontece porque o financiamento dos bancos de investimentos depende exclusivamente do mercado bancário (empréstimos entre estabelecimentos). Já os bancos comerciais têm a possibilidade de converter em créditos os depósitos dos particulares.

Um banco de investimentos presta assessoria e financiamento às operações de fusão, aquisição ou reestruturação de empresas. Também se encarregada do lançamento da empresa na Bolsa ou do aumento de capital de uma sociedade.

Pode também criar produtos de investimentos para seus clientes ou por conta própria; os ganhos destes produtos financeiros estão ligados a seu nível de risco.

Instrumentos de investimento por conta própria são os que levaram à catástrofe o Lehman Brothers e outras instituições, que sofreram perdas colossais em operações associadas ao mercado dos empréstimos imobiliários de risco nos Estados Unidos, os "subprime".

Após a ruína do Lehman, nos Estados Unidos só existem dois de seus quatro grandes bancos de investimentos: Goldman Sachs e Morgan Stanley.

http://ultimosegundo.ig.com.br/economia/2008/09/16/entenda_o_que_e_um_banco_de_investimentos_1851903.html



Entenda como a crise econômica afeta o Brasil

A crise no sistema bancário nos Estados Unidos tem provocado quedas generalizadas nas bolsas de todo mundo e muitas dúvidas sobre a economia global. A Bolsa de Valores de São Paulo também vem sofrendo com grandes quedas, o valor do dólar voltou a subir e o crédito internacional ficou mais difícil.

A seguir a BBC Brasil faz um resumo de alguns dos principais canais pelos quais a economia brasileira está sendo, ou pode ser, afetada.

Menos crédito

Uma das principais vias de contágio da crise internacional se dá por meio da falta de crédito. Com a crise atual, há menos dinheiro no mercado e bancos em todo o mundo estão mais cautelosos, têm diminuído seus empréstimos e cobrado mais caro por eles.

Na opinião do economista Nathan Blanche, da consultoria Tendências, é nessa área que está o maior perigo para a economia brasileira no médio e longo prazo. "As empresas devem conseguir continuar rolando suas dívidas, mas o mercado está mais difícil e algumas devem inclusive optar por não buscar dinheiro novo", afirma ele.

Atualmente a dívida externa brasileira é da ordem de US$ 200 bilhões, sendo que a maior parte está na mão de empresas privadas. Mas o valor que vence até o final de 2008 é bem menor - em torno de US$ 15 bilhões. Para especialistas, as empresas que quiserem renovar essas dívidas terão que arcar com taxas mais altas de juros.

Os bancos brasileiros também já estão encontrando taxas muito altas para tomar empréstimos no exterior. A expectativa é que essa situação afete o crescimento do crédito no Brasil, de forma geral, e a capacidade de investimento das empresas, em particular. A falta de crédito internacional também pode afetar empresas estrangeiras que planejam fazer investimos diretos no Brasil.

A dúvida entre os especialistas é a intensidade desse enxugamento do crédito. O governo brasileiro tem se mostrado preocupado com o assunto e afirma que poderá criar alternativas de crédito com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e outros bancos públicos.

Bolsa

A Bovespa tem sofrido sucessivas quedas e nos primeiros nove meses do ano já havia acumulado perdas da ordem de 25% (com a volatilidade, esses valores têm mudado muito rapidamente).

O impacto dessas quedas na economia em geral é limitado pelo tamanho da bolsa brasileira. Apesar do crescimento dos últimos anos, a Bovespa ainda tem um número relativamente pequeno de empresas, com 397 companhias listadas. A Bolsa de Valores de Nova York, por exemplo, tem 2.365.

Além disso, embora o montante de dinheiro negociado na bolsa brasileira seja alto, há uma grande concentração em grandes empresas como a Petrobras e a Vale. Apenas essas duas empresas têm representado em média 40% do valor negociado na Bovespa neste ano.

Apesar disso, a queda nas bolsas afeta a economia real por pelo menos duas vias: quem investiu na bolsa tem menos dinheiro para gastar, e as empresas têm que procurar outras fontes de financiamento.

A Bovespa conta com cerca de 500 mil investidores como pessoas físicas. Além disso, houve uma grande queda de IPOs, os lançamentos iniciais de ações das empresas. Em 2007, foram lançadas na Bovespa 64 novas empresas. Até setembro de 2008, tinham ocorrido apenas quatro IPOs.

Dólar

Após quedas recordes da moeda americana em julho, o dólar voltou a se valorizar de forma crescente a partir de agosto de 2008. Mas qual o impacto dessa subida?

Por um lado, o dólar mais forte pode, caso a alta se sustente, ajudar os exportadores a se tornarem mais competitivos, o que é celebrado por vários empresários e economistas.

Por outro, a alta pode atrapalhar no combate a inflação. Segundo cálculos da consultoria Tendências, cada variação de dez pontos percentuais no dólar tende a gerar um ponto percentual de elevação trimestral do índice de inflação IPCA. Desde o começo de 2008 até meados de setembro, a alta acumulada do dólar estava variando entre 5% e 6%.

Essa alta, avaliam especialistas, pode pesar na avaliação do Banco Central sobre a subida dos juros.

Comércio exterior

Nos últimos cinco anos, o Brasil tem tido grandes superávits na balança comercial (exportações maiores do que as importações) e um aumento crescente dos valores vendidos no exterior. Segundo dados do Banco Central, as exportações saltaram de US$ 73 bilhões, em 2003, para US$ 160 bilhões, no ano passado. Em 2006, o Brasil teve um superávit recorde de mais de US$ 46 bilhões.

Uma parte desse aumento se deve à subida dos preços dos produtos brasileiros no externo e não à venda de mais produtos. Agora o preço das commodities agrícolas e minerais, grande responsáveis pela melhora nos valores, estão caindo.

Além da queda dos valores, existe a expectativa de que o crescimento mundial diminua, especialmente em 2009, o que deve significar menos comércio internacional e o risco de uma redução das exportações brasileiras.

Por outro lado, a desvalorização do real pode tornar os produtos brasileiros mais competitivos e derrubar as importações.

Apesar das mudanças no cenário internacional, o governo brasileiro tem mantido suas estimativas para 2008, com um forte aumento das exportações, na casa dos US$ 190 bilhões, e um superávit comercial de mais de US$ 20 bilhões.

A dúvida entre os economistas é como ficarão as contas em 2009. Para a maioria dos analistas, o fiel da balança será o desempenho das economias emergentes, especialmente a da China e a da Índia.

Exportações e a economia real

Se as exportações ou o valor das commodities caírem muito, as principais afetados serão as empresas exportadores. O impacto sobre o restante da economia é limitado pelo fato de o país ser relativamente fechado: o setor exportador responde por cerca de 14% do PIB. Além disso, o Brasil vende para muitos países diferentes e tem uma pauta diversificada, com produtos manufaturados representando mais de 50% das vendas.

Outro aspecto positivo para o Brasil é que o mercado interno brasileiro está aquecido e tende a absorver pelo menos parte de uma eventual queda de produtos exportados.

Uma queda ou desaceleração nas exportações é visto como um risco maior porque pode afetar o equilíbrio das contas externas. O risco maior seria para 2009. A expectativa oficial para 2008 é que Brasil tenha que cobrir um buraco de US$ 24 bilhões nas contas externas - o que deverá ser feito pela soma entre o superávit comercial e os investimentos externos no país. Para 2009, a previsão é que o rombo passará dos US$ 30 bilhões.

Alguns economistas já fazem avaliações bastante pessimistas, apostando que o superávit brasileiro poderia cair abaixo dos US$ 5 bilhões no ano que vem. Isso tornaria a economia mais dependente de investimentos externos para fechar suas contas e mais vulnerável.

Para o governo, a expectativa de que os investimentos estrangeiros serão mantidos e reservas internacionais de mais de US$ 200 bilhões garantem que o Brasil não sofra grandes riscos no médio prazo.

Crescimento

Um dos poucos consensos entre os economistas em meio à atual crise é que a economia brasileira deve diminuir seu ritmo de crescimento. Para Antônio Madeira, da consultoria MCM, mesmo com todas as mudanças, o PIB brasileiro deve subir por volta de 5,5% em 2008. Para 2009, ele acredita que esse número deve ficar entre 3,8% e 3,5%.

Os números variam um pouco dependendo da fonte, mas a grande maioria dos analistas trabalha com faixas parecidas.

O motivo da queda é que mesmo que o Brasil não seja muito atingido pela crise externa, as diferentes fontes de contaminação devem contribuir para derrubar a atividade econômica. Além disso, o próprio BC brasileiro está com uma política de aumentos de juros com o objetivo de reduzir o crescimento no ano que vem.

http://ultimosegundo.ig.com.br/bbc/2008/09/18/entenda_como_a_crise_economica_afeta_o_brasil_1897903.html



Intervenção no mercado é essencial para resolver crise, diz Bush

WASHINGTON - O presidente George W. Bush disse, nesta sexta-feira, que a intervenção federal nos mercados financeiros é não apenas desejável, mas também essencial para solucionar a pior crise das últimas décadas.

"A economia americana está enfrentando desafios sem precedentes. Nós estamos respondendo a isso com medidas também sem precedentes", discursou Bush, em frente ao jardim da Casa Branca, ao lado do secretário do Tesouro, Henry Paulson, do presidente do Federal Reserve (Fed), Ben Bernanke, e do presidente da Comissão de Valores Mobiliários, Christopher Cox.

Paulson delineou o que chamou de algumas ações agressivas para confrontar a crise financeira do país. "Estamos falando de centenas de bilhões de dólares”, disse. Ele acrescentou que iria trabalhar durante o final de semana com políticos para chegar a um acordo sobre um plano que vá direto à raiz da crise.

Espera-se que o governo federal, no que será sua mais ousada tentative de conter a crise financeira, estabeleça um programa para possibilitar que os bancos se livrem de “ativos podres” – títulos de hipoteca que perderam o valor e são difíceis de comercializar. "Esta soma precisa ser grande o bastante para fazer uma verdadeira diferença e atingir o coração do problema", acrescentou Paulson.

O senador republicano Richard Shelby havia indicado pouco antes que o custo deste plano pode chegar a US$ 1 trilhão.

Momento-chave

"Este é um momento-chave para a economia norte-americana", disse Bush. "Devemos agir agora para proteger a saúde de nossa nação de um sério risco." O presidente afirmou que os passos definidos pela administração não são "sem riscos". "Quantias significativas de dólares do contribuinte estão em jogo. Mas esperamos que esses recursos sejam repostos no futuro."

Foi a terceira vez na semana que Bush faz declarações sobre a crise, um esforço para acalmar mercado e consumidores nervosos.

http://ultimosegundo.ig.com.br/economia/2008/09/19/e_necessario_centenas_de_bilhoes_de_dolares_diz_secretario_do_tesouro_dos_eua_1894969.html



Tesouro dos EUA vai garantir ativos de fundos monetários até US$ 50 bilhões

O Tesouro americano anunciou nesta sexta-feira que vai garantir os ativos dos fundos monetários até US$ 50 bilhões, para assegurar a solvência e manter a credibilidade destes produtos financeiros.

Os fundos monetários são instrumentos financeiros geralmente considerados seguros e que, segundo o Tesouro, "desempenham um papel fundamental no financiamento dos mercados de capitais das instituições financeiras".

"Manter a confiança no setor dos fundos monetários é essencial para proteger a integridade e a estabilidade do sistema financeiro mundial", afirmou o Departamento do Tesouro em um comunicado.

Esta garantia será financiada pelos fundos de estabilização das operações do mercado financeiro (Exchange Stabilization Fund), criado em 1934.

http://ultimosegundo.ig.com.br/economia/2008/09/19/tesouro_americano_vai_garantir_ativos_de_fundos_monetarios_ate_us_50_bilhoes_1905129.html



A caminho da solução

Sem entrar em outras considerações, o plano de absorção pelo governo de créditos privados podres ou incertos, em vias de ser adotado nos Estados Unidos, parece ser uma solução sistêmica para uma crise financeira sistêmica. Em situações como essa, de fato, só tempo e dinheiro resolvem a parada.

Injeção de recursos públicos pontuais, coordenação de transferência de ativos privados para outras instituições privadas, com suporte de dinheiro público, empréstimos de liquidez com juros descontados, são todas ações fadadas ao insucesso quando o que está em jogo é a confiança geral no sistema. Nesses casos, o grosso dos recursos públicos injetados acaba “empoçando”, como se diz em economês.

Como ninguém sabe com um mínimo de segurança o tamanho do problema de cada instituição – e, mais ainda, do conjunto –, a liquidez seca e se instala uma crise de crédito, mesmo quando algum socorro aparece aqui e ali. A tendência é pegar o dinheiro bombeado pelo governo, aliviar a emergência e se calçar para o que não se sabe que virá à frente, fechando as torneiras dos novos financiamentos. Os fluxos de pagamentos de empréstimos e refinanciamentos ficam interditados, com a recusa de financiamento para quem não parece estar solvente, mas também para quem está.

Por isso, a solução conhecida para evitar um crash geral e devastador exige que as autoridades econômicas não só tornem disponíveis recursos em volume suficiente. É fundamental que se estabeleça um mecanismo para que isso seja feito de forma contínua e ao longo do tempo. Um fundo, por exemplo, com regras de acesso, como o que está sendo discutido, neste exato momento, nos Estados Unidos.

No final do processo, se der certo, terá havido uma brutal transferência de recursos públicos para o setor privado, expresso por um aumento da dívida pública e com os conseqüentes efeitos negativos da explosão de déficits públicos “não produtivos” (eu defino os “produtivos” como aqueles que refletem investimentos em ampliação de infra-estrutura, em capacidade de produção de setores críticos e em transferência de renda) na economia real.

Ou seja, a solução para um problema financeiro sistêmico tende a levar dificuldades para a economia real, que se traduzem em perspectivas de menor crescimento e maior pressão inflacionária. O tamanho do estrago macroeconômico dependerá do tempo necessário para a recuperação da confiança nos mercados e em suas instituições.

De todo modo, o que está sendo tentado agora não é uma novidade. É mesmo um procedimento clássico do capitalismo contemporâneo: a produção pelo governo dos chamados “financiamentos compensatórios”. Temos, aqui no Brasil, enorme experiência com esse tipo de solução.

Esse tipo de saída, entre nós, atendia pelo nome de acordo com o FMI (e como os demais organismos multilaterais de financiamento). Os empréstimos negociados pelos governos, sob condições draconianas de pagamento, nada mais eram do um mecanismo de troca de dívida privada por dívida pública. Como agora tudo indica será feito nos Estados Unidos.

http://colunistas.ig.com.br/jpkupfer/2008/09/19/a-caminho-da-solucao/

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Re: Estatais nos EUA
« Resposta #103 Online: 19 de Setembro de 2008, 17:38:38 »
FMI defende intervenção para impedir recessão
 
O Fundo Monetário Internacional (FMI) avalia que a maior parte das economias dos países avançados ''está ou estagnada ou à beira da recessão'', mas que para impedir que a crise se agrave é preciso adotar medidas intervencionistas, como as que tem sido tomadas pelo governo americano.

É essa a opinião de John Lipsky, o vice-diretor do FMI, que realizou uma palestra, nesta quinta-feira, na sede do instituto de pesquisas Center for Strategic and International Studies (CSIS), em Washington,

O ex-economista-chefe do banco Chase Manhattan Bank avalia que medidas como as operações de resgate ao banco Bear Stearns, às gigantes hipotecárias Fannie Mae e Freddie Mac e à seguradora AIG foram necessárias.

Ele ainda afirmou que possivelmente será preciso que novas ações de caráter semelhante sejam tomadas para assegurar a liquidez do sistema financeiro.

Estas práticas parecem, em princípio, pouco condizentes com as normas do próprio fundo, conhecido pelas duras receitas neo-liberais que recomendava para nações em desenvolvimento em décadas passadas.

Intervenção

No entender de Lipsky, uma ''recessão global perigosa'' pode ser evitada, mas para prevenir uma crise de proporções semelhantes à atual, é preciso uma intervenção pública ''mais sistemática''.

O diretor do fundo é a favor, inclusive, da criação de um órgão regulador por parte do governo americano que absorveria os créditos podres de grandes instituições financeiras.

A proposta de estabelecer um órgão nessa linha está sendo levantada pelo secretário do Tesouro americano, Henry Paulson.

Para Lipsky, a crise atual começará a ser gradualmente contornada a partir de meados de 2009. O diretor do fundo se diz ''cautelosamente otimista'', inclusive em relação à crise por trás da atual mazela econômica, a do mercado imobiliário.

Luz no fim do túnel

Ele acredita que o setor verá ''a luz no fim do túnel durante o ano de 2009''.

O economista se defende de críticas de que representantes do setor financeiro e o próprio FMI não foram capazes de antever a atual crise.

''Quando a bolha da internet estourou, todos diziam: 'Como é que eles puderam ter sido tão estúpidos e equivocados? Como é que eles não previram isso?'.''

Mas de acordo com Lipsky, a despeito dos excesos que levaram à onda de quebradeiras que se viu no período ocorrido entre 1995 e 2001, quando várias empresas faliram, o período também permitiu uma série de avanços em diferentes setores.

''A tecnologia teve um impacto na economia? Ela foi uma força para o bem? Hoje em dia, é fácil olhar para trás e dizer como todos fomos tolos. Todas as inovações são testadas, mas nem todas passam no teste.''

http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2008/09/080918_fmiprognosticosbg.shtml



Futuro do capitalismo diante de crise divide analistas
 
Os mercados de ações estão em crise e vários bancos de investimento estão quebrando. O que isso significa para o futuro do capitalismo? Alguns economistas e analistas dão a sua visão.

O filósofo Noah Chomsky diz que o capitalismo erra ao não calcular os custos de quem não participa das transações financeiras, e por isso entrou em crise.

Para Peter Jay, um dos diretores do Bank of England, o banco central britânico, houve excesso de confiança de investidores no capitalismo e, de agora em diante, não haverá mais tanto otimismo com o sistema.

Já Patrick Minford, que foi assessor do governo britânico nos anos 80, acredita que apenas alguns ajustes são necessários na regulação do sistema financeiro para que o capitalismo volte a se fortalecer.

Jon Danielsson, economista da London School of Economics, alerta que é preciso evitar que esta crise leve a um excesso de regulamentos.

Confira abaixo as análises.

Noah Chomsky*, filósofo e lingüista

Os mercados têm ineficiências conhecidas e inerentes. Um fator é a falha para calcular os custos de quem não participa destas transações. Estas "externalidades" podem ser gigantes. Isso é particularmente verdade no caso de instituições financeiras.

A tarefa deles é assumir riscos, calculando custos potenciais para si mesmos. Mas eles não levam em consideração as conseqüências das suas perdas para a economia como um todo.

Logo o mercado financeiro "subestima o risco" e é "sistematicamente ineficiente", como escreveram John Eatwell e Lance Taylor há uma década, alertando para os perigos extremos da liberalização financeira e revendo os custos substanciais que estão implicados – e também propondo soluções, que foram ignoradas.

A intervenção sem precedentes do Federal Reserve (o banco central americano) pode ser justificável ou não em termos estreitos, mas revela, mais uma vez, o caráter profundamente antidemocrático das instituições capitalistas, feitas em grande medida para socializar o custo e o risco e privatizar os lucros, sem uma voz pública.

Isso não é, é claro, limitado ao mercado financeiro. A economia avançada como um todo se ampara pesadamente no dinâmico setor estatal, com a mesma conseqüência em relação ao risco, custo, lucro e decisões – características cruciais dos sistemas político e econômico.

* Noah Chomky é filósofo e professor de lingüística do Massachusetts Institute of Technology.

Peter Jay*, economista e jornalista

Na medida em que nomes grandes de Wall Street estão indo à lona, destruídos pela própria arrogância e pelo ambiente financeiro mais hostil em quase 80 anos, nós devemos nos perguntar: por que estamos tão surpresos? Logo nós, que deveríamos ser especialistas? Por que não previmos isso?

A verdade é desconfortável. Nós ficamos cada vez mais cínicos sobre o discurso marxista de contradições do capitalismo, porque o próprio marxismo fracassou nos anos 70, enquanto o capitalismo sobreviveu. Ele fracassou tanto que seus seguidores foram desacreditados.

As pessoas de uma geração mais antiga acreditavam verdadeiramente que alguma combinação das idéias de Walter Bagehot e J. M. Keynes tornariam impossível um novo colapso do sistema financeiro e uma depressão da macroeconomia.

Os bancos centrais nunca deixariam isso acontecer de novo.

Para uma geração mais nova, os anos 30 parecem que são algo do passado distante e que as crises desde então terminaram sem catástrofes. A complacência é o preço do sucesso.

Mas agora nós precisamos enfrentar a possibilidade real de que as mudanças de humor dos mercados financeiros não podem para sempre serem baseadas em otimismo; quanto mais as ações subirem, mais elas cairão, e essa falha no capitalismo não pode ser consertada – nem mesmo por Alan Greenspan – porque está cunhada na imutável psicologia humana.

* Peter Jay é diretor não-executivo do Bank of England e ex-editor de economia da BBC

Patrick Minford*, economista

No atual desastre financeiro, já se ouve vozes pedindo mais regulamentos para "cortar os excessos do capitalismo".

É preciso lembrar primeiro que já existe muita regulação sob os acordos de Basle.

O problema é que os bancos evitaram as leis usando "veículos especiais de investimento" nos seus balanços.

Um ajuste necessário seria simplesmente assegurar que, no futuro, isso seja corrigido.

Em segundo lugar, os bancos de investimento, como o Lehman Brothers, praticamente não são regulados e estão completamente fora dos acordos de Basle. No entanto, estes animais passaram por um banho de sangue e provavelmente não se comportarão mais desta maneira nunca mais.

O capitalismo tem um bom histórico de melhorar dramaticamente os padrões de vida do mundo ao longo de grandes períodos.

A legislação bancária – que goza do privilégio do "credor de último recurso" com recursos dos contribuintes – é necessária para proteger o contribuinte de abusos.

Mas nós precisamos de um sistema bancário e financeiro vigoroso e competitivo. Qualquer ajuste à estrutura regulamentar atual precisa manter isso em mente.

* Patrick Minford é economista da universidade de Cardiff. Ele foi assessor informal da ex-premiê britânica Margaret Thatcher.

Jon Danielsson*, economista

Nós ouvimos que a onda de fusões, nacionalizações e falências no mundo financeiro representam o fracasso da velha forma de se fazer negócios, e que o futuro é um mundo pesadamente regulado, como nos anos 50.

Nada pode estar mais longe da verdade do que isso. O custo de prevenir crises significa uma economia como em Cuba ou na Coréia do Norte.

Enquanto alguns bancos, com a anuência de reguladores e com o apoio de governos, se colocaram em dificuldade, é a reação a essa crise que realmente interessa. O sistema financeiro está passando no teste até agora.

Nós sairemos desta crise tendo aprendido que é importante para os bancos não deixarem seus ativos tão complicados que nem eles, nem ninguém os entende.

A verdadeira tragédia seria se a reação oficial à crise fosse o excesso de regulação mal-pensada e politicamente motivada. Um sistema financeiro livre é essencial para a prosperidade internacional.

Por favor, legisladores não nos coloquem de volta em 1929 ou nos anos 50.

* Jon Danielsson é integrante do grupo de mercados financeiros da universidade London School of Economics.

http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2008/09/080919_capitalismo_futuro_dg.shtml



Investidores podem estar mudando de idéia sobre emergentes, diz 'Economist'
 
A revista britânica The Economist traz na sua última edição um artigo em que fala sobre o risco de que os investidores estejam “mudando de idéia” a respeito de investir em mercados emergentes, especialmente nos Brics (grupo formado Brasil, Rússia, Índia e China), por causa da atual crise financeira global.

Intitulado Beware Falling Brics (“Cuidado, Brics Caindo”, em tradução literal), o texto diz que os investidores estão “perdendo seu apetite para risco”, e que já há sinais reais de que eles estão se afastando dos mercados emergentes.

A revista afirma que os investidores estão com as menores participações nos mercados acionários dos emergentes desde 2001. Além disso, um analista da Merrill Lynch citado no artigo disse que fundos de mercados emergentes testemunharam uma fuga de US$ 26 bilhões apenas nos últimos três meses.

Outro sinal da extensão da vulnerabilidade dos Brics nesta crise é a reação das bolsas desses países nos últimos dias, diz a revista. Na quinta-feira, a bolsa de Moscou suspendeu suas atividades pelo terceiro dia consecutivo devido às fortes quedas.

A revista diz que os Bric ainda vivem uma situação confortável, já que “todos esses países têm o conforto de imensas reservas estrangeiras”. “Pena que, entre os investidores em mercados emergentes, a confiança está em falta.”

'Campeões'

Em outro artigo na mesma edução, a Economist traça elogios ao capitalismo tal como está sendo praticado nos países em desenvolvimento, argumentando que são nesses países que estão surgindo algumas das melhores empresas e administradores do mundo.

“Os mercados emergentes não estão meramente gerando crescimento econômico. Eles estão também produzindo companhias nas quais vale a pena investir, e estão até começando a enfrentar e derrotar as melhores multinacionais do mundo desenvolvido”, diz o texto, intitulado The New Champions (“Os Novos Campeões”, em tradução livre).

A Economist reserva elogios, por exemplo, à Embraer, “cujos jatos regionais provaram ser um sucesso inesperado em empresas aéreas em todo o mundo”.

“Os novos campeões estão se tornando cada vez mais inovadores, tanto nos seus modelos de negócio como em seus produtos”, diz o artigo.

“A ascensão recente dos mercados emergentes deve muito à combinação de uma economia global benigna e formulação de políticas com relativa sensibilidade em casa. Nada disso pode ser subestimado.”

http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2008/09/080918_economist_emergentesrg.shtml

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Offline Hugo

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Re: Estatais nos EUA
« Resposta #104 Online: 20 de Setembro de 2008, 12:17:46 »
"A intervenção sem precedentes do Federal Reserve (o banco central americano) pode ser justificável ou não em termos estreitos, mas revela, mais uma vez, o caráter profundamente antidemocrático das instituições capitalistas, feitas em grande medida para socializar o custo e o risco e privatizar os lucros, sem uma voz pública.

Pois é... pois é... nada como um dia após o outro e a noite no meio... já dizia meu falecido pai...

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Offline Herf

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Re: Estatais nos EUA
« Resposta #105 Online: 20 de Setembro de 2008, 13:41:17 »
Citar
o caráter profundamente antidemocrático das instituições capitalistas, feitas em grande medida para socializar o custo e o risco e privatizar os lucros, sem uma voz pública.
Primeiro querem atribuir o estouro a uma "falha de mercado", agora querem me converncer de que a intervenção do estado na economia é algo típico do sistema capitalista.

Offline Luis Dantas

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Re: Estatais nos EUA
« Resposta #106 Online: 20 de Setembro de 2008, 13:48:48 »
Um artigo que recomendo sobre o assunto:

http://www.motherjones.com/news/feature/2008/07/foreclosure-phil.html

(Sugerido no blog de Mark Evanier)
Wiki experimental | http://luisdantas.zip.net
The stanza uttered by a teacher is reborn in the scholar who repeats the word

Em 18 de janeiro de 2010, ainda não vejo motivo para postar aqui. Estou nos fóruns Ateus do Brasil, Realidade, RV.  Se a Moderação reconquistar meu respeito, eu volto.  Questão de coerência.

Offline FxF

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Re: Estatais nos EUA
« Resposta #107 Online: 20 de Setembro de 2008, 14:07:50 »
Primeiro querem atribuir o estouro a uma "falha de mercado",
Dá para comparar com uma religião... se um crente tem fé, e mesmo assim adoece, isso significa para ele que a fé falhou, ou que faltou fé? A intervenção estatal funciona da mesma forma, quanto mais intervenção há, mais as pessoas atribuem problemas a falta da mesma, o que é irônico.

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Re: Estatais nos EUA
« Resposta #108 Online: 20 de Setembro de 2008, 19:29:03 »
Análise: Crise mostra fracasso do capitalismo à americana

As altas de tirar o fôlego nas ações de bancos nesta sexta-feira são um sinal de que o mercado acionário está carente de razão e está respondendo quase que puramente à histeria e ao reflexo de momento. As valorizações ocorreram principalmente devido à notícia de que o secretário do Tesouro americano, Henry Paulson, e o presidente do Fed (o Banco Central americano), Ben Bernanke, estão preparando um ousado (ou possivelmente impetuoso) plano para lidar com o que já está sendo considerada a mais grave e intratável crise do sistema bancário registrada desde o final dos anos 20.

A ação coordenada de bancos centrais de todo o mundo anunciada na quinta-feira para injetar US$ 180 bilhões em empréstimos de curto prazo no sistema bancário trata apenas um sintoma, e não a causa, da relutância dos bancos em emprestar dinheiro uns aos outros e a nós.

Trata-se de um solução tampão, enquanto Paulson prepara os Estados Unidos para nacionalizar dívidas podres e, assim, perdoar alguns dos maiores bancos do mundo por suas idiotices durante os anos de boom econômico.

Para entender os prós e os contras do que está sendo cogitado por Paulson, vale a pena lembrar o que criou a última fase desta crise de crédito.

A causa profunda é a retração crônica do mercado imobiliário dos Estados Unidos. As causas mais práticas são as hipotecas podres - contraídas por americanos que não têm como pagá-las - que estão nos bancos e outros instituições financeiras, prejudicando a capacidade delas de obter novos empréstimos.

Os mais recentes estopins dos problemas, porém, foram as crises no banco Lehman Brothers, na seguradora AIG, na agência hipotecária Fanny Mae e em outras instituições importantes, que criaram um clima de medo no qual banqueiros e gerenciadores de investimentos parecem acreditar que quase qualquer banco pode quebrar.

Um novo elemento importante tem sido a decisão dos investidores de realizar saques vultosos dos fundos americanos, por causa da percepção de que tais fundos não são seguros como se acreditava. Isso, por sua vez, privou os bancos de uma fonte importante de depósitos.

Humilhação

Paulson está trabalhando com o Congresso americano em um pacote de medidas que, espera ele, vá atacar as raízes dessa crise.

O plano envolveria a compra de centenas de bilhões de dólares de dívidas podres cedidas pelos bancos a donos de imóveis nos Estados Unidos. Ao colocar os fundos no seguro, o plano também seria uma tentativa de restabelecer a confiança nessas aplicações.

O pacote seria o supra-sumo de todos os pacotes de ajuda. Ele certamente significará o investimento de centenas de bilhões de dólares do dinheiro dos contribuintes americanos, possivelmente mais de um trilhão de dólares.

E não é só - ele virá depois que Paulson se comprometeu a destinar US$ 300 bilhões para salvar Fannie Mae, Freddie Mac e AIG.

Para Wall Street, o plano representa uma imensa humilhação - já que suas empresas e operadores seriam, supostamente, os mais astutos do planeta. E o próprio Paulson era um deles, já que foi chefe do Goldman Sachs.

Capitalismo à americana

Haverá sérios prejuízos de longo prazo à habilidade dos Estados Unidos de exportar para o resto do mundo sua forma de fazer negócios.

O capitalismo à americana não parece muito brilhante neste momento.

Nesse sentido, a Europa passará a ter um grau a mais de autoridade moral, assim como de influência financeira.

Possivelmente, o maior risco para os Estados Unidos é que, ao resgatar as finanças do setor privado, Paulson abale a confiança dos investidores internacionais nas contas do governo americano - o que poderá levar a um enfraquecimento maior do dólar, elevar a inflação e elevar o custeio da dívida americana.

Talvez os Estados Unidos ainda sejam grandes e poderosos o suficiente para convencer o resto do mundo a pagar pelos erros do seu sistema financeiro - o que está sendo proposto, de forma abrangente.

Mas certamente também seria mais racional para a China se apossar de vez do sistema financeiro americano em vez de emprestar dinheiro ao governo americano (e, nesse contexto, faz sentido que o Morgan Stanley possa estar próximo de vender quase metade de si mesma ao CIC, o fundo de investimento estatal chinês).

No jogo de Banco Imobiliário de Wall Street, não há nenhuma carta para "sair da prisão" de graça.

http://ultimosegundo.ig.com.br/bbc/2008/09/19/analise_crise_mostra_fracasso_do_capitalismo_a_americana_1923916.html



Pacote de socorro dos EUA custará US$ 700 bi, diz proposta

WASHINGTON - Um pacote de ajuda ao setor financeiro de Wall Street que está sendo montado pelo governo de George W. Bush custará US$ 700 bilhões, segundo proposta legislativa entregue ao Congresso dos Estados Unidos neste sábado.

Uma cópia da proposta, obtida pela Reuters, também pede para que o limite de dívida dos Estados Unidos suba para US$ 11,315 trilhões.

Membros do Congresso devem ser informados neste sábado sobre a proposta legislativa, que pode ser considerada pela Câmara dos Representantes e pelo Senado do país já na próxima semana.

O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, declarou que o plano de seu governo para pôr fim à crise financeira é "grande porque o problema é grande".

"Direi a nossos cidadãos e continuarei lembrando a eles que o risco de não fazer nada é muito maior que o risco do pacote", acrescentou no momento em que o Congresso avalia a sua proposta.

Abaixo estão os principais pontos dos poderes que serão concedidos ao secretário do Tesouro dos Estados Unidos sob o projeto legislativo que está sendo discutido neste sábado por líderes do Congresso e principais autoridades do governo. Uma cópia da proposta foi obtida pela Reuters:

  •   Comprar qualquer ativo relacionado a hipoteca, tanto residencial como comercial, por um período de dois anos. Os tipos de ativos hipotecários que serão cobertos e por quanto tempo o governo poderá detê-los é deixado em aberto, assim como a forma como será atribuído o valor deles.
  • Até 700 bilhões de dólares em ativos hipotecários poderão ser comprados a qualquer momento.
  • Autoridade ampla garantida para decidir como adquirir, administrar e utilizar os ativos, incluindo a criação de um fundo e nomeação de instituições financeiras para trabalhar para o Departamento do Tesouro.
  • Os ativos devem ter sido originados ou emitidos antes de 17 de setembro de 2008, por um banco ou instituição financeira com sede nos Estados Unidos.
  • O secretário do Tesouro será contemplado com esses poderes para garantir a estabilidade ou prevenir a quebra de mercados financeiros e proteger os contribuintes.
  • Nenhum tribunal ou agência governamental poderá examinar as decisões do secretário. O secretário prestará contas ao Congresso nos três primeiros meses e depois, duas vezes ao ano.
  • O limite da dívida norte-americana será aumentado em 700 bilhões de dólares para financiar o plano, para 11,315 trilhões de dólares ante o limite atual de 10,615 trilhões de dólares.
http://ultimosegundo.ig.com.br/economia/2008/09/20/pacote_de_socorro_a_wall_street_custara_us700_bi_diz_proposta_1927977.html



Citibank distribui nota com apelo dramático. E Bush anuncia fundo para socorrer a banca

Rússia e Coréia do Sul já penam pela crise global, que aqui fez o BC retomar os leilões de dólares

“Deus, ajude-nos...” O dramático apelo ao Divino é a conclusão da nota técnica (com apenas um gráfico e seis linhas), enviada ontem, no fim do dia, pela área de mercados externos do Citibank, em Nova York, à clientela. “Federal Reserve, Tesouro, presidente [Bush], por favor, acordem”, clama a nota, destacando a chamada com letras grandes, vazadas em vermelho. Ela adverte que o mercado de ações dos EUA está próximo de um massacre, como o ocorrido em 1987.

O fundamento está no gráfico. Ele exibe o VIX, também chamado de “índice do medo”, que mede a volatilidade do Standard & Poors 500, um dos indicadores da Bolsa de Nova York. Quanto maior tal índice, maior o risco de instabilidade. Ele está em 37,5%, o que, segundo a nota do Citi, sugere uma variação perto de 60%, como visto nas crises de 1998 e de 2001. E a 60% compara-se ao crash de 1987.

O apelo foi ouvido, não pelo Divino, mas pelos deuses do mercado. O governo Bush, à frente o presidente do Federal Reserve, Ben Bernanke, e o secretário do Tesouro, Henry Paulson, anunciaram a criação de um megafundo para resgatar os títulos podres da banca. A proposta é um portento, mas depende de aprovação do Congresso e não garante a volta da normalidade aos mercados globais, embora as bolsas a saudaram com fortes altas, 9,57% só na Bovespa.

Por cautela, o governo Lula deveria convencer-se de que não há tempo a perder e adotar providências cabíveis antes que se veja forçado a tomá-las a golpes de vara, aí já batido, correndo atrás do prejuízo. A crise lá fora é grave. Os maiores bancos centrais promovem injeções diárias de liquidez, até na sexta-feira, quando já se conhecia o plano de salvação bancária do governo Bush.

A estimativa é que o Fed pôs no gancho mais de US$ 1 trilhão dos contribuintes em resgates dos insolventes Bear Stearns, empurrado para o JP Morgan; Fannie Mae e Freddie Mac, ambos estatizados; o Lehman Brothers, que foi para o buraco; a seguradora AIG, a maior dos EUA, também encampada; e vários outros resgates menores, além de empréstimos cotidianos à banca, aceitando como sãos títulos em coma da qual a maioria jamais sairá - não pelo valor de face.

O Fed se envolveu até o nariz, já exigindo do Tesouro uma emissão especial de papéis para capitalizá-lo. Começou com US$ 40 bilhões, ampliada um dia depois para US$ 100 bilhões. O Fed foi tão longe, aceitando até amparar bancos de investimentos e seguradoras, o que está longe de ser prioridade de banco central, que já suscitou uma discussão nunca antes estampada: um banco central pode quebrar?

Com a casa arrombada

O tema parece absurdo, mas diante de coisas piores, como a negaça de que os EUA enfrentem uma crise sistêmica, e isso um ano depois da débâcle das hipotecas, tudo faz sentido.

A sangria não estanca, e não pára porque a confiança é zero entre os bancos e corretoras, cada qual carregando os seus podres em volumes ainda inescrutáveis e, obviamente, certos de que o vizinho esconde também os seus.

Discurso equivocado

O presidente Lula erra ao dizer que a crise não chegou ao Brasil. Acerta ao apartar a solidez dos bancos e da economia da razia nos EUA. Erra ao achar que o comércio exterior diversificado seja um diferencial.

O que o Brasil recebe exportando a um terceiro país é pago com as receitas do comércio dessa economia com os EUA. A economia e o comércio globais são circulares, conectando-se aos EUA, ainda representando um quarto da atividade mundial.

O alerta da Rússia

A queda dos EUA não poupa ninguém. O massacre nas finanças russas – a segunda letra do acrônimo BRIC, completada por Brasil, Índia e China, os dois últimos também já derrapando – é o grande alerta.

A Bolsa de Moscou ficou três dias fechada, depois de cair 17% na terça-feira. A economia russa não é fraca. O país tem a segunda maior reserva de petróleo do mundo. Possui reservas de divisas de US$ 570 bilhões, quase o triplo das do Brasil. Seu fundo soberano tem ativos de US$ 175 bilhões. O nosso começa com US$ 6,7 bilhões ao câmbio absurdo de R$ 1,94.

O orçamento fiscal tem superávit de 5% do PIB. O brasileiro, déficit de 1,6%. Há pleno emprego, contra desemprego de 7% no país. A inflação é de 15% e cerca de 6% aqui.

Se com tais credenciais o Banco Central já injetou US$ 65 bilhões para socorrer seus bancos e o rublo desaba, o governo Lula, com o real também sob ataque - levando o Banco Central a retomar leilões de dólares, o primeiro na última sexta-feira - tem de se prevenir. A crise bate à porta. Faria bem aumentar o superávit primário para 5% do PIB. Já.

Linchamento do real

Não só a Rússia, que em 1998 foi à moratória - o que assustou os então “países desenvolvidos”, levando-os a segurar as pontas para o Brasil -, está atônita. A Coréia do Sul, sem histórico de beiço e mais “blindada” que a economia brasileira, na quarta-feira teve a maior desvalorização de sua moeda desde 1998.

“Brasil e Coréia têm em comum a forte e rápida deterioração das contas externas e a notável queda da bolsa desde maio”, compara a economista Monica Baumgarten, da Galanto. Bancos russos e coreanos dependem mais que os brasileiros de fundos externos.

Até por isso não faz sentido o linchamento do real, ainda mais com o dólar outra vez afundando no mundo. É especulação, e um sinal extremamente grave para o país.

http://cidadebiz.oi.com.br/paginas/45001_46000/45364-1.html

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Re: Estatais nos EUA
« Resposta #109 Online: 21 de Setembro de 2008, 13:40:22 »
Assim, esta idéia de um banco central quebrar é estranha, mais a compra destas empresas falidas pelo BC dá essa idéia. Na verdade o BC dos EUA terá de arcar com todo o custo destas hipotécas não pagas e a mega-desvalorização dos imóveis. Por isso eu pergunto, quanto dinheiro os EUA tem para segurar a economia? Eles até começaram a emitir títulos para captar dinheiro...
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Re: Estatais nos EUA
« Resposta #110 Online: 22 de Setembro de 2008, 19:44:28 »
Morgan Stanley venderá até 20% de suas ações
 
O banco japonês Mitsubishi UFJ Financial Group, o maior em valor de mercado do Japão, disse que comprará parte do banco de investimentos americano Morgan Stanley.

A empresa disse que vai adquirir de 10% a 20% das ações do Morgan Stanley.

Ainda não foi definido quanto o banco japonês pagará pelas ações. Mais detalhes serão divulgados depois que o grupo completar a análise dos negócios do Morgan Stanley.

No domingo, o Federal Reserve (Fed, banco central americano) aceitou a proposta de transformar o status do Morgan Stanley e do Goldman Sachs, que agora passam a ser holdings.

A medida tem como objetivo ajudar os dois últimos bancos de investimentos independentes dos Estados Unidos a superar a atual crise financeira.

Com a mudança de status, as instituições poderão criar bancos comerciais, que poderão receber depósitos, contribuindo para levantar fundos, e receber a ajuda que será fornecida pelo pacote de resgate anunciado na sexta-feira pelo governo.

Mercados

Os mercados financeiros da Ásia fecharam em forte alta nesta segunda-feira, repercutindo o anúncio do plano de resgate do governo americano - já que devido ao fuso horário os mercados eles estavam fechados quando parte do pacote foi anunciado na sexta.

O índice Nikkei, do Japão, subiu 1,4%, fechando a 12.090,59 pontos. O índice Hang Seng, em Hong Kong, subiu 1,6%, fechando a 19.632,20 pontos.

Também na China, o índice da bolsa de Xangai disparou 7,8%, após notícias de que o governo chinês também vai agir diante da crise.

Na Europa, os mercados abriram em queda, chegaram a operar em alta, mas voltaram a cair. Segundo alguns analistas, o mercado ainda espera mais detalhes sobre o pacote americano.

No fechamento, o índice FTSE da bolsa de Londres ficou em -1,41%; em Paris, o CAC encerrou o dia em -2,34% e, em Frankfurt, o DAX ficou em -1,32%.

Por sua vez, o índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, chegou a cair mais de 200 pontos nesta segunda-feira, e outras bolsas americanas também operavam no negativo poucas horas após a abertura.

Status de bancos

Os mercados de todo o mundo tiveram fortes perdas no começo da semana passada, depois que um grande banco americano faliu e outras instituições revelaram que estavam em condições difíceis.

Para conter a crise, o governo americano comprou parte de uma grande seguradora e anunciou um pacote de auxílio a instituições financeiras com problemas e os mercados começaram a se recuperar no final da semana.

Nesta segunda-feira, dois grandes bancos de investimento que também estão com problemas – o Morgan Stanley e o Goldman Sachs – anunciaram que estão mudando de status legal para poderem receber depósitos de seus investidores.

A medida ajudaria os dois bancos a levantarem fundos e facilitaria o seu acesso a recursos do Federal Reserve, o banco central americano.

O Congresso americano agora discute o pacote de resgate do Tesouro dos Estados Unidos, que planeja criar um fundo especial para comprar dívidas podres de instituições financeiras.

http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2008/09/080922_morganvenda_mp.shtml

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Re: Estatais nos EUA
« Resposta #111 Online: 23 de Setembro de 2008, 10:07:31 »
Democratas apoiam plano de resgate financeiro, mas sob vigilância

O presidente democrata da Comissão de Serviços Financeiros da Câmara de Representantes dos EUA, Barney Frank, apoiou, nesta segunda-feira, a idéia de um plano de resgate da economia e pediu a implementação de um "conselho de vigilância" do salvamento do sistema financeiro americano.

"Devemos instaurar um conselho de vigilância" do plano apresentado pelo secretário do Tesouro dos EUA, Henry Paulson, defendeu Frank, representante por Massachusetts (nordeste), em uma coletiva de imprensa, nesta segunda-feira, no Capitólio.

Frank explicou que o conselho verificaria "o que se compra, que tipo de companhias se compra" dentro de um plano de aquisição do Estado de ativos sem liquidez dos bancos.

"Faz falta um plano de salvamento, que inclua infra-estrutura, ajuda no setor de saúde, ajuda ao emprego", declarou, lembrando que o índice de desemprego nos Estados Unidos é o mais alto dos últimos cinco anos, 6,1%.

Para Frank, o novo plano "não deverá estar no projeto de lei" sobre o salvamento do sistema financeiro, mas à margem.

Segundo ele, negociações estão em curso no Senado e na Câmara de Representantes para se chegar a um acordo. "Há mais consenso hoje do que havia na sexta-feira", comentou, acrescentando que as transações também podem durar "mais tempo" do que o previsto.

"Repito que devemos melhorar nosso sistema regulatório", insistiu Frank.

Sobre Paulson, disse que fez "um bom trabalho", referindo-se ao plano.

http://ultimosegundo.ig.com.br/economia/2008/09/22/democratas_apoiam_plano_de_resgate_financeiro_mas_sob_vigilancia_1933006.html



UE recusa usar dinheiro público para salvar bancos

A União Europeia alerta que o mundo está ameaçado por uma desaceleração geral da economia, mas recusa a idéia de usar dinheiro público de forma indiscriminada para salvar bancos privados. O alerta é do comissário de Economia da UE, Joaquin Almunia, que deixou claro nesta segunda-feira que era contra a aplicação do mesmo pacote proposto nos Estados Unidos pelos governos europeus.

"Socialistas como eu são contra o socialismo financeiro", disse, apesar de não descartar que seja necessário alguma intervenção pública ainda nos mercados para garantir a liquidez.

Almunia declarou que o plano americano era bem-vindo e que a UE esperava por detalhes do projeto. Mas alertou que não achava que a Europa precisaria de uma medida similar. "Não acredito que a situação seja a mesma, mas cabe a cada país decidir o que fazer", disse Almunia, indicando que cada um dos 27 governos estaria livre para adotar as medidas que achasse necessária. Para o europeu, a crise deixa claro que novas regulações terão de surgir, inclusive maior monitoramento de instituições. Ele ainda defendeu que instituições financeiras se adaptem a modelos de negócio que permitam maior administração e controle de riscos.

Almunia, que chegou a concorrer contra Jose Maria Aznar nas eleições para o governo espanhol em 2000, acredita que novas falências no sistema financeiro ainda ocorrerão. "O total de recapitalização dos bancos durante essa turbulência é de US$ 350 bilhões até agora. Mas não acho que ninguém possa dizer exatamente quanto ainda será necessário. O que sei é que esse processo de recapitalização deve continuar, dado que novas perdas serão ainda anunciadas", afirmou.

Ele deixa claro que o cenário futuro é preocupante. "A zona do euro e o resto do mundo encaram o risco de uma desaceleração. A Europa está sendo atingida por uma série de choques globais e a crise financeira internacional continua a abalar os mercados de crédito", afirmou.

Já o presidente do Banco Central Europeu (BCE), Jean-Claude Trichet, afirmou nesta segunda-feira que os bancos centrais continuam "em alerta" para garantir a liquidez dos mercados. "Promovemos uma cooperação íntima no nível global sem precedentes nos últimos dias", afirmou, em relação aos bilhões que foram injetados por alguns dos principais bancos do mundo.

Tanto Trichet como Almunia alertaram que os problemas nos Estados Unidos continuarão a desafiar o cenário internacional. Ambos prometeram continuar "vigilantes" para garantir o funcionamento dos mercados. Almunia ainda alertou que, apesar de ser contra o "socialismo financeiro", admitia que poderá ainda ser necessário uma intervenção pública para salvar um banco ou uma empresa quando o sistema for ameaçado.

http://ultimosegundo.ig.com.br/economia/2008/09/22/ue_recusa_usar_dinheiro_publico_para_salvar_bancos_1932947.html

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Re: Estatais nos EUA
« Resposta #112 Online: 23 de Setembro de 2008, 13:11:04 »
Análise: Investidor descrê de plano e rejeita dólar

SÃO PAULO - Os mercados inverteram completamente a direção e o sentido de suas inquietações. Saiu de cena a falta de dólar e de crédito nessa moeda que traumatizou as finanças globalizadas na semana passada.

No seu lugar, apareceu ontem um fenômeno muito estranho, embora mais natural e condizente com a atual situação dos EUA que a escassez anterior: notou-se uma forte aversão à moeda americana. Os investidores passaram a rejeitar o dólar e partiram para a compra de ativos reais, como o petróleo e as commodities.

O barril negociado na Nymex disparou 15,66%, cotado a US$ 120,92. O índice CRB de 19 commodities saltou 3,86%. Para o estrategista-chefe da Pentágono Asset, Marcelo Ribeiro, "há sinais de que está ocorrendo um ataque especulativo contra o dólar via petróleo".

Por que o barril é a arma preferencial do ataque? Como o petróleo responde por cerca de 40% do déficit externo americano é possível tornar o dólar mais vulnerável e frágil por meio do combustível. Como o governo americano pode contra-atacar? "Da mesma forma que proibiram a venda a descoberto de ações, as autoridades deverão anunciar em breve uma intervenção no mercado futuro de petróleo", acredita Ribeiro.

Os mercados brasileiros acompanharam, boquiabertos, o tiroteio internacional. A corrida contra o dólar assustou e retraiu os "players" tradicionais do mercado de câmbio doméstico. A liquidez foi muita estreita. E o dólar limitou-se a acompanhar aqui a ojeriza mundial, dispensando o Banco Central de realizar leilões de linhas externas na moeda.

O dólar fechou em queda de 2,12%, cotado a R$ 1,7920. Os contratos de juros futuros negociados na BM & F seguiram o rumo indicado pela desvalorização da moeda americana. O CDI para janeiro de 2010 recuou de 14,83% para 14,80%. O swap de 360 dias cedeu de 14,74% para 14,69%.

Não faltam inquietações propícias a movimentos exagerados de defesa e ataque. Há uma enorme desconfiança sobre as chances de êxito do pacotão de US$ 700 bilhões destinado a salvar bancos e fundos.

Como a elite financista de Wall Street pode sustentar a euforia (sinônimo de confiança no futuro) se o caixão do capitalismo financeiro globalizado e desregulado, regido pelas expectativas racionais, pela a audácia operacional e pela criatividade infrene dos adoradores de bônus, não pára de receber novos pregos?

Na madrugada, veio a informação de que os últimos baluartes do mercado regido por si mesmo, os bancos de investimentos Goldman Sachs e Morgan Stanley, estavam implorando às autoridades a permissão para, doravante, trilharem o mesmo caminho da servidão ao qual hoje se submetem alegremente os bancos comerciais regulados e sustentados pelo Federal Reserve (Fed). A alegação era de que se permanecessem no "livre"-mercado, ao sabor da volatilidade da "mão invisível", iriam acabar sucumbindo às expectativas racionais dos seus congêneres.

O segundo prego foi cravado pela percepção de que o plano de salvamento da dupla Paulson e Bernanke, pelo menos o que foi divulgado, tinha uma leveza insustentável, incapaz de permanecer incólume em sua passagem pelas mesas dos congressistas democratas.

Acolhedora demais, a Mãe de Todos os Resgates logo sofreu máculas. Um projeto democrata com alterações no texto original começou a circular já no final da manhã. No projeto alternativo, nada além do óbvio, mas todas mexidas antineoliberais, comprovando a velha tese monetarista segundo a qual, da mesma forma que não há almoço de graça, não há salvamento indolor: o governo deveria confiscar ações das instituições ajudadas na proporção equivalente ao socorro efetuado; estabelecer um limite máximo de remuneração aos executivos de forma a evitar alavancagens gananciosamente artificiais; junto com o programa, já seriam estabelecidas as instâncias de regulamentação e controle aos quais as firmas resgatadas do limbo seriam forçadas a reverenciar; os democratas não abrem mão da inclusão de garantias de ajuda aos mutuários com dívidas imobiliárias insuportáveis.

Além dos cacos democratas pespegados no plano, o mercado atormenta-se com dúvidas aparentemente comezinhas em relação aos aspectos práticos ignorados pelo texto original: os títulos pobres primários e colaterais seriam absorvidos, recuperados e os lucros retornariam ao contribuinte ou seriam simplesmente incinerados?

A nova estatal recuperadora de crédito passaria a ser acionista dos bancos, fundos e corretoras? Em que prazo e condições as ações seriam vendidas? Qual a capacidade de crédito das instituições depois de saneadas? Como o pacotão Paulson-Bernanke recende a artifício destinado a lançar uma ponte que garanta a sobrevivência do capitalismo financeiro até a posse do novo presidente, como ficará o capitalismo real até lá?

Os analistas não têm certeza se o volume de US$ 700 bilhões será suficiente para limpar as carteiras. Talvez uma estimativa mais confiável entre na casa do trilhão. Não é, de qualquer forma, um trocado qualquer. Tem o potencial de desestabilizar a economia real.

A perspectiva de crescimento voraz do déficit fiscal já está sendo suficiente para os mais atilados (ou mais paranóicos) começarem a vender dólares. A fuga do dólar gera o paradoxo do encarecimento das commodities e do petróleo justamente quando o efeito mais óbvio dessa crise toda é a desaceleração mais rápida da economia americana. Há ativo plenamente seguro?

http://ultimosegundo.ig.com.br/economia/2008/09/23/analise_investidor_descre_de_plano_e_rejeita_dolar_1933419.html

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Re: Estatais nos EUA
« Resposta #113 Online: 23 de Setembro de 2008, 13:37:31 »
... Daqui uns dias todos estarão correndo para comprar ouro...
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Re: Estatais nos EUA
« Resposta #114 Online: 23 de Setembro de 2008, 13:54:57 »
... Daqui uns dias todos estarão correndo para comprar ouro...
Já estão faz tempo.

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Re: Estatais nos EUA
« Resposta #115 Online: 23 de Setembro de 2008, 15:21:08 »
Editorial: Medidas de resgate financeiro pedem tempo para debate

A instabilidade financeira vivida pelos Estados Unidos foi causada, em grande parte, pela cultura de falta de regulamentação e fiscalização, na qual pediram que os americanos comuns confiassem que o governo e Wall Street fariam a coisa certa.

A solução proposta pelo presidente Bush, que ele quer que o Congresso autorize imediatamente, pede que os contribuintes assinem um cheque de US$ 700 bilhões e confiem que o governo e Wall Street farão a coisa certa (com regulamentação inadequada e quase nenhuma fiscalização).

Concordamos com o senador Barack Obama que o plano desta gestão não tem a regulamentação necessária e com o senador John McCain quando disse: "Quando se fala de trilhões de dólares do dinheiro dos contribuintes, 'confie em mim' não é o suficiente".

Quase todos concordam que terá que haver um outro pacote de resgate. O sistema financeiro, engasgado em seus próprios excessos, não pode ser estabilizado sem intervenção. Os US$ 700 bilhões de dólares serão usados para comprar empreendimentos ruins que estão prejudicando o sistema.

Para proteger os contribuintes americanos, o Congresso deve garantir que o pacote de socorro tenha regras claras e fiscalização. De forma surpreendente, ainda que familiar, as regras propostas pela gestão Bush são completamente inaceitáveis (bem como suas táticas).

Na madrugada de sábado, o Departamento de Tesouro lançou sua "Proposta Legislativa para a Compra de Empreendimentos Financeiros pela Autoridade do Tesouro". O momento pareceu querer ressaltar a urgência da medida.

A proposta, que está sendo negociada pelos líderes do Congresso, daria ao secretário do Tesouro a autoridade para comprar qualquer empreendimento de qualquer instituição financeira a qualquer preço que ache necessário para oferecer estabilidade ao mercado financeiro. Além disso, estabelece que nenhuma corte ou agência administrativa poderia questionar ou rever suas decisões.

Nós já vimos este tipo de totalitarismo na gestão Bush. Essa gestão usurpou poderes demais sob a bandeira da emergência (pense em escutas telefônicas) e abusou destes poderes. Agora, o Congresso e o povo americano ouviram que a menos que aprovem rapidamente esta medida que acaba com os poderes executivos no processo de resgate financeiro, o capitalismo pode ruir. Mesmo que essa administração não fosse tão passível de desconfiança, deixar de pensar a respeito disso seria uma má idéia.

Ninguém disse que a crise financeira não é séria e urgente. Sabemos que será difícil para os legisladores resistir à pressão da Casa Branca (especialmente se o índice Dow Jones continuar em queda). Mas é essencial que o Congresso pense e corrija a idéia de resgate financeiro, mesmo que isso atrapalhe as campanhas dos políticos.

O secretário do Tesouro, Henry Paulson, precisa criar e executar o resgate financeiro de forma que convença Wall Street e o sistema financeiro mundial de que serão salvos e ainda assim proteger o investimento de US$ 700 bilhões dos contribuintes americanos.
Equilibrar essas complexas medidas é algo ainda mais difícil porque Paulson veio de Wall Street e poderia, se quisesse, voltar a Wall Street.

A única forma de evitar um conflito de interesses é se Paulson autorizar uma fiscalização legislativa e judicial completa e transparente.

Uma contraproposta está sendo desenvolvida pelos democratas e exigiria que as empresas vendessem seus empreendimentos problemáticos ao Tesouro para dar ações ao governo (uma idéia que tem apelo populista mas também precisa ser analisada cuidadosamente). Essa nova proposta também tentaria ajudar os donos de imóveis, que foram deixados de lado no plano do governo, permitindo que eles tivessem suas hipotecas modificadas de acordo com a proteção da corte contra falência. Esse passo já deveria ter sido tomado há muito tempo para evitar a desapropriação e a queda nos preços dos imóveis que são as raízes dessa crise.

O senador Christopher Dodd, presidente do Comitê Bancário do Senado, também pediu a criação de uma bancada de agentes federais e especialistas que fiscalize as transações.

Acreditamos que isso ainda não é o suficiente, mas todas as propostas geram o início de um debate interessante. Temos tempo para ele.

http://ultimosegundo.ig.com.br/new_york_times/2008/09/23/editorial_medidas_de_resgate_financeiro_pedem_tempo_para_debate_1932896.html



Nações estrangeiras oferecem apoio, mas não financiamento, ao pacote de resgate financeiro

WASHINGTON - Os Estados Unidos, tendo ampliado sua proposta de resgate financeiro aos bancos estrangeiros, não encontraram outros países dispostos a contribuir com este importante pacote.

O Departamento do Tesouro ainda espera gerar uma iniciativa mundial para equilibrar os extratos bancários, mas a Europa e o Japão deram sinais de que não estão prontos para contribuir financeiramente como se propôs nos Estados Unidos.

O secretário do Tesouro dos EUA, Henry M. Paulson Jr., continua a solicitar o apoio dos governos estrangeiros. Seu departamento planeja incentivá-los ao dar preferência a bancos de países que mostram disposição em contribuir com os esforços americanos, afirmou uma autoridade administrativa na segunda-feira.

Uma vez que o colapso imobiliário teve início nos EUA e que a maioria das dívidas é mantida por bancos americanos, os especialistas dizem que não está claro se os Estados Unidos têm como pressionar outros países a colaborar.

"Na Europa, acredita-se que esse seja um problema criado pelos Estados Unidos e que deve ser solucionado nos Estados Unidos", disse Charles H. Dallara, diretor geral do Instituto Internacional de Finança, um grupo de mais de 300 bancos globais.

Diversos bancos se preocupam com a limitação da disponibilidade de venda de empréstimos imobiliários do Tesouro a bancos cuja sede é nos Estados Unidos, de acordo com um rascunho do plano de resgate. O plano foi modificado um dia depois para incluir bancos estrangeiros com operações significativas no país.

A mudança não refletiu a pressão de lobistas, afirmam as autoridades, mas o julgamento de Paulson de que ajudar todos os bancos em contato com clientes americanos será melhor para estabilizar os mercados financeiros.

No entanto, isso não ajudou a obter apoio europeu ao projeto de resgate, um dia depois que ministros de finanças e banqueiros centrais do grupo dos sete países industrializados debateram a questão numa teleconferência.

Ainda que o grupo tenha se comprometido numa declaração a "melhorar a cooperação internacional", afirmou também que os países são livres para seguir seu próprio caminho na resposta à crise. "Nenhum dos outros membros do G-7 irá adotar programas similares ao dos Estados Unidos", afirmou o ministro das finanças da Alemanha, Peer Steinbrueck.

A chanceler alemã, Angela Merkel, criticou os Estados Unidos e a Grã-Bretanha por se oporem às tentativas de seu país em inserir maior regulamentação, ou pelo menos fiscalização, no setor financeiro na agenda do ano passado, quando ela liderou o G-7.

http://ultimosegundo.ig.com.br/new_york_times/2008/09/23/nacoes_estrangeiras_oferecem_apoio_mas_nao_financiamento_ao_pacote_de_resgate_financeiro_1932899.html



Eurocâmara exige regular "hedge funds" e fundos de capital risco

BRUXELAS - O Parlamento Europeu exigiu hoje uma regulação européia dos "hedge funds" e dos fundos de capital de risco, assim como novas medidas para aumentar a transparência nos mercados após a crise financeira.

Os eurodeputados aprovaram um relatório no qual pedem uma proposta legislativa neste sentido por parte da Comissão Européia, que, por enquanto, rejeita a regulação e insiste em que, apesar das suspeitas que despertam, os "hedge funds" - fundos de gestão alternativa - não estão por trás da crise.

Em seu texto, o PE também defende estes veículos financeiros como uma forma de gerar "novas possibilidades de diversificação do lucro", mas considera necessário impor uma maior transparência, assim como condições contratuais "que permitam uma gestão previsível do risco".

http://ultimosegundo.ig.com.br/economia/2008/09/23/eurocamara_exige_regular_hedge_funds_e_fundos_de_capital_risco_1933862.html

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Re: Estatais nos EUA
« Resposta #116 Online: 23 de Setembro de 2008, 18:41:03 »
Por isso eu pergunto, quanto dinheiro os EUA tem para segurar a economia? Eles até começaram a emitir títulos para captar dinheiro...
Pelo visto, não o suficiente.

Citar
Socorro à banca pelo governo Bush é a saída para o rombo oculto de US$ 62 trilhões de derivativos

Estouro da bolha das hipotecas destampou o tumor mal compreendido que mina a saúde dos bancos

Agora deu para entender porque o governo americano deixou falir o Lehman Brothers, um banco de investimentos de 158 anos, depois de ter resgatado uma casa menos nobre, o Bear Stearns, incorporado pelo JP Morgan numa operação lubrificada pelos recursos do Federal Reserve, e estatizado ícones como Fannie Mae, Freddie Mac e a AIG.

Foi pragmatismo com a frieza de Wall Street. A salvação da banca implicava sacrificar um dos seus - uma vítima que criasse comoção nacional para os congressistas dos EUA aprovarem um plano maior: usar o dinheiro do contribuinte para sugar dos balanços da banca o Everest de papéis podres, causa da desconfiança geral que empurra a economia para um desastre sistêmico de proporções épicas.

Agora deu para entender também porque demorou a solução, já que o sistema financeiro americano sangra desde julho de 2007, quando o Bear Stearns anunciou a iliquidez de dois de seus fundos de hedge, depois do estouro da bolha de hipotecas. Não foram só os créditos imobiliários inadimplentes que tingiram de vermelho os balanços da banca, derrubando os ativos financeiros balizados pelas hipotecas, sendo ambas as operações conhecidas pelo neologismo “subprime”.

Até na escolha das expressões se revela a intenção de ocultar ou minimizar algo maior. A corrosão do valor dos imóveis, alicerce da riqueza das famílias americanas, com o conseqüente encarecimento dos financiamentos e o começo do enfraquecimento de uma economia movido a consumo, 70% do PIB, dos quais mais de 90% bancados por dívidas, foi a face social do problema. Não o terremoto que rachou o edifício bancário dos EUA, com repercussões na Europa e em menor intensidade no resto do mundo, sobretudo nos países emergentes.

O estouro da bolha das hipotecas, na verdade, destampou um tumor conhecido e ainda hoje mal compreendido que fez a riqueza fácil da turma da ciranda financeira, enquanto minava a saúde dos bancos. A crise para valer está nos papéis derivativos emitidos a partir dos ativos tradicionais, como hipotecas e empréstimos.

A invenção é da década de 80, mas ganhou momento nos últimos dez anos. Entre eles, o mais recente e mais arriscado de todos são os tais CDS, credit default swaps, um título em principio inocente. O tamanho do caroço: US$ 62 trilhões, quase um quarto do PIB global, 44% da riqueza financeira que corre o planeta, da ordem de US$ 140 trilhões em 2007, segundo estimativa da consultoria McKinsey.

A bicicleta da banca

Os CDS representam 20% do total de derivativos no mundo, o grosso com moedas, e foram sobre eles que respingou o estouro do subprime de hipotecas à medida que, um a um, os bancos americanos e também vários europeus foram perdendo, primeiro, financiadores.

Depois, o acesso ao próprio mercado entre eles, o interbancário. E, enfim, a todo acesso a capitais, fenômeno letal a qualquer mercado, e muito mais para ativos cuja rentabilidade depende do ingresso sem parar de novos recursos, girando como uma bicicleta.

Tratados como mortos

Por que a suspeita? Porque CDS são contratos bilaterais privados, sujeitos apenas ao que as partes combinaram, sem conhecimento a terceiros, sem regras e padronização. Pior: os CDS são negociados por telefone ou redes de computadores sem nenhuma fiscalização de órgãos de controle.

O que se sabe é o que revela a International Swaps and Derivatives Association. Mas seus dados são parciais, já que muitos bancos contabilizaram os CDS em sociedades de propósito especial, sem balanços auditados. Alguns absorveram os CDS e deram baixa, como o HSBC e o Citi. A maioria se fingiu de morta, e como tal é tratada pelos mercados, restando-lhe só o regaço do Tesouro.

Proteção delinqüida

O CDS corresponde a uma proteção contra o risco de resgate de uma aplicação. Um banco ou seguradora garante a outro, ou uma empresa, o recebimento de um contrato em seu vencimento. E o segurado paga um prêmio sobre o valor supostamente protegido.

Ninguém resistiu à tsunami financeira, os CDS foram delinqüidos e a casa ruiu. É isso o que o governo Bush vai salvar, criando um fundo para absorver os papéis bichados. Não os CDS, porque seria demais para o Congresso, mas ativos hipotecários, sobretudo os do Fannie Mae e Freddie Mac, commercial papers e outros.

Voltando a normalidade, prevê-se, tudo o mais se ajeita. O plano não está fechado e sofre forte oposição. Mas parece não haver saída. É isso ou a ruptura.

Déficit irá às nuvens

Agora dá para entender porque o Fed agia pontualmente, com ações homeopáticas. O problema é maior que a tesouraria global e a rigor sem solução. O governo Bush vai tentar, com aval dos candidatos à sua sucessão Barack Obama e John McCain, livrar a banca dos papéis menos tóxicos, injetando oxigênio no sistema.

A esperança é que o megarresgate reabra os mercados, traga de volta o investidor e a banca, com o tempo, consiga digerir os seus podres, como os CDS.

Ainda que funcione, as seqüelas serão brutais. O socorro custará não menos que US$ 1 trilhão adicional ao que se estima o Tesouro e o Fed já desembolsaram. O déficit fiscal dos EUA irá às nuvens e a dependência de financiamento externo pode tornar-se insustentável.

http://cidadebiz.oi.com.br/paginas/45001_46000/45375-1.html

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Re: Estatais nos EUA
« Resposta #117 Online: 24 de Setembro de 2008, 09:20:03 »
US$ 62 trilhões???   :medo:


Fico pensando...o PIB norte-americano é de verdade? Será que não é apenas um monte de crédito virtual oriundo do sistema financeiro?
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Re: Estatais nos EUA
« Resposta #118 Online: 24 de Setembro de 2008, 09:22:33 »
Se não me engano, essa pergunta que você acabou de fazer é o que torna possível a um Banco Central quebrar.
Wiki experimental | http://luisdantas.zip.net
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Em 18 de janeiro de 2010, ainda não vejo motivo para postar aqui. Estou nos fóruns Ateus do Brasil, Realidade, RV.  Se a Moderação reconquistar meu respeito, eu volto.  Questão de coerência.

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Re: Estatais nos EUA
« Resposta #119 Online: 24 de Setembro de 2008, 09:27:12 »
Bom, a pergunta é, supondo que os EUA quebrem, vamos ter nossas vidas para frente (da quebra) similar a de alguém no século X?


Será o neofeudalismo...
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Re: Estatais nos EUA
« Resposta #120 Online: 24 de Setembro de 2008, 11:20:08 »
Similar, não digo.  Mas o desnível sócio-econômico aumentará mais ainda.  E a tecnologia se tornará muito mais cara.

Palpite meu.
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Em 18 de janeiro de 2010, ainda não vejo motivo para postar aqui. Estou nos fóruns Ateus do Brasil, Realidade, RV.  Se a Moderação reconquistar meu respeito, eu volto.  Questão de coerência.

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Re: Estatais nos EUA
« Resposta #121 Online: 24 de Setembro de 2008, 11:46:50 »


Sou cético quanto a um retrocesso no nosso modo de viver atual em razão de uma eventual dificuldade financeira dos EUA.

Eles possuem uma capacidade enorme de gerar riquezas, em razão das multinacionais que sediam, que estão presentes em todos os pontos do planeta e geram impostos que se traduzem em uma renda inacreditável.

Mas admitindo-se que passem por uma dificuldade financeira relevante, haverá tão somente uma polarização nos países europeus, sobretudo os integrantes da Comunidade Européia, cujo dinheiro já vale mais que o dólar e a capacidade de gerar renda via impostos é bastante parecida com a dos EUA.

Voltarmos à idade média ou sofrermos uma crise mundial por falta de qualquer coisa é algo impossível de acontecer. Poderá haver uma dificuldade nos investimentos, uma temporária estagnação nos negócios, um não-avanço durante algum tempo, mas logo se reequilibraria.



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Re: Estatais nos EUA
« Resposta #122 Online: 24 de Setembro de 2008, 13:05:26 »
Tempos de vacas-magras: (eu pensaria duas vezes em se candidatar a presidente no próximo pleito ante o risco de ser considerado o "mico" da década de 20):

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24/09/2008 - 07h00
Crise financeira deve frear PIB do Brasil no próximo ano, diz analista
Ana Carolina Lourençon
Em São Paulo
A crise financeira que nasceu nos EUA e ameaça o mundo deve ter um reflexo na produção de riquezas no Brasil. O crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) do próximo ano deve ser menor do que poderia ser, por causa da escassez global de crédito.

A avaliação é do vice-presidente da SulAmérica Investimentos, Marcelo Mello. Segundo ele, tomar dinheiro emprestado deve ficar caro. Com menos recursos, as empresas vão ter de produzir menos. Isso tem um impacto na economia, que tende a crescer num ritmo mais lento.

Venda de títulos podres nos EUA pode oferecer risco

O agravamento da crise financeira fez com que parte dos bancos norte-americanos fechasse suas linhas de crédito para exportação na semana passada e alertasse que não haveria mais rolagem de dívidas, exigindo o recebimento de todos os empréstimos concedidos na data do vencimento.

Segundo o economista, com o pacote que os EUA planejam contra a crise, os bancos estrangeiros devem recuar na decisão e retomar as linhas de crédito. Contudo, o custo do dinheiro deverá ficar muito mais alto, restando aos bancos nacionais a tarefa de suprir a demanda.

Mello afirma que o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) deve tentar atender toda a necessidade de crédito das empresas no país. Entretanto, a tarefa é difícil.

"O BNDES deve tentar equilibrar um pouco a redução de crédito dos bancos estrangeiros, mas como o mercado doméstico tem apresentado uma demanda bastante elevada por investimentos, o BNDES não deve conseguir atender a todos e, por conta disso, certamente vai trabalhar com linhas de financiamento mais caras", diz.

As empresas menores devem, portanto, reduzir seus planos de investimento e contar com uma capacidade produtiva menor do que previam, culminando em lucros mais enxutos e um crescimento bem menor para a economia brasileira nos próximos dois anos.

"Esse cenário deve acontecer a partir de 2009. Não me espantaria se o PIB crescesse, no período, menos que 3,4%, já que o momento é de arrefecimento mundial", diz.

Dólar valorizado
A crise bancária nos Estados Unidos colaborou para que o Brasil voltasse a registrar déficit em conta corrente, mas esse movimento não deve trazer uma preocupante valorização do dólar, segundo a opinião de Marcelo Mello.

"O Brasil tem um ponto que o favorece que é o investimento estrangeiro, que continua alto no país. Mesmo que haja um crescimento do déficit em conta corrente, existe um equilíbrio que são os recursos que chegam ao país para alavancar o setor produtivo", diz.

Devido à crise bancária nos Estados Unidos, houve uma fuga em bando dos investidores estrangeiros do Brasil, saindo da Bolsa com medo de perder dinheiro.

Com a contração de crédito internacional, muitas empresas aumentaram a remessa de dividendos ao exterior para cobrir rombos. Esses dois movimentos fizeram o dólar chegar a subir a R$ 1,921, contribuindo para o temor de uma elevação brusca da moeda.

Conforme informações divulgadas nesta terça-feira pelo Banco Central, as remessas das multinacionais para o exterior chegaram a US$ 24,064 bilhões entre janeiro e agosto deste ano, em comparação com os US$ 13,297 bilhões nos oito primeiros meses de 2007.

Mas os investimentos estrangeiros diretos que ingressaram no país em setembro até o dia 23 totalizam US$ 5,25 bilhões.

Em agosto, o indicador somou US$ 4,6 bilhões e atingiu o melhor resultado para meses de agosto desde 2004.

Para ajudar na desvalorização do dólar, o Banco Central decidiu na semana passada voltar a fazer leilões de venda da moeda, prática que não adotava desde fevereiro de 2003.

Diante desses dados, diz Mello, é pouco provável que o Brasil passe a sofrer com a falta de recursos e, conseqüentemente, volte a ter um dólar muito valorizado perante o real.

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Re: Estatais nos EUA
« Resposta #123 Online: 24 de Setembro de 2008, 13:12:48 »
Similar, não digo.  Mas o desnível sócio-econômico aumentará mais ainda.  E a tecnologia se tornará muito mais cara.

Palpite meu.

A questão é que sem crédito, não há comércio. Com pouco comércio, as pessoas passam a produzir unicamente para sua subsistência ou produzem só um pequeno excedente (já que ninguém compra, ou se compra, paga tão mal que não compensa). Sem comércio forte o Estado não arrecada e invariavelmente se torna fraco. Assim, sem um Estado para organizar como se deve a sociedade civil desempregada e sem dinheiro, a violência explode. Com a violência explodindo, as pessoas passam a viver em bunkers ou castelos. A vida resume-se a produzir para sobreviver e ter o suficiente para se defender. Em épocas de pouca esperança, a religião surge como um último alento, e assim, temos nova idade média.

Óbvio que a regra geral não seria usar armadura, andar de carroça e não ter eletricidade, não é isso. Mas os padrões e anseios seriam os mesmos do feudalismo, por isso o termo "neofeudalismo".
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Re: Estatais nos EUA
« Resposta #124 Online: 24 de Setembro de 2008, 13:20:46 »


Sou cético quanto a um retrocesso no nosso modo de viver atual em razão de uma eventual dificuldade financeira dos EUA.

Eles possuem uma capacidade enorme de gerar riquezas, em razão das multinacionais que sediam, que estão presentes em todos os pontos do planeta e geram impostos que se traduzem em uma renda inacreditável.

Mas admitindo-se que passem por uma dificuldade financeira relevante, haverá tão somente uma polarização nos países europeus, sobretudo os integrantes da Comunidade Européia, cujo dinheiro já vale mais que o dólar e a capacidade de gerar renda via impostos é bastante parecida com a dos EUA.

Voltarmos à idade média ou sofrermos uma crise mundial por falta de qualquer coisa é algo impossível de acontecer. Poderá haver uma dificuldade nos investimentos, uma temporária estagnação nos negócios, um não-avanço durante algum tempo, mas logo se reequilibraria.




Quando não se tem dinheiro nem para comer, não se compra coca-cola, nem um hummer e nem um artigo da Hugo Boss. Como já vi muitos dizer: nos EUA ninguém tem nada (propriedade), lá é tudo dos bancos. A única coisa que as pessoas possuem é crédito. Sem crédito, adeus.
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