Autor Tópico: Dalai Lama enfrenta tradição e pressão política em busca de sucessor  (Lida 34121 vezes)

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Offline Luis Dantas

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Re: Dalai Lama enfrenta tradição e pressão política em busca de sucessor
« Resposta #300 Online: 14 de Fevereiro de 2009, 17:00:06 »
Agnóstico, que tal me denunciar para a polícia de uma vez?

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Re: Dalai Lama enfrenta tradição e pressão política em busca de sucessor
« Resposta #301 Online: 14 de Fevereiro de 2009, 17:07:20 »
Citar
Negativo.  Não se pode realmente justificar a mentalidade belicista de forma racional.  O que pode acontecer, mas é completamente diferente, é ter uma capacidade racional restrita a modelos que não consigam transcender o belicismo.

Completamente equivocado e com interferência de uma visão religiosa. A mentalidade belicista é presente na vida do ser humano e possui diversos racionais. Uma reação a uma invasão, uma disputa por fronteiras, luta por supremacia econômica, etc..

"Interferência"?  Curiosa palavra, já que eu não prometi "isolar" meu pensamento da minha religião.  Nem teria motivo para fazê-lo, aliás.

A sua afirmação está correta.  Não discordo dela, apenas acho um tanto sem sentido se limitar a ela.  O belicismo não leva a nada que valha a pena buscar.

Citar
Não ser o que você considera certo não quer dizer que não tenha um racional por trás que não tenha sido devidamente estudado. Não vamos entrar naquela questão da verdadeira justiça ou agora a verdadeira racionalidade.

Sim, o belicismo foi devidamente estudado.  É por isso que não há por que prestigiá-lo... :)

Citar
(...) Um bom exemplo para estudarmos... exercer a fé contra os fatos. É o que estamos vendo aqui sem parar.

Você ainda supera isso, Agnóstico.  Tenho fé em você :) Não muuuita, mas tenho.
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Offline Moro

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Re: Dalai Lama enfrenta tradição e pressão política em busca de sucessor
« Resposta #302 Online: 14 de Fevereiro de 2009, 17:37:58 »
Pois entramos na mesma questão daquele tópico sem fim da justiça divina verdadeira

Uma guerra não pode estar certa ou errada. Pessoas estão certas ou erradas. Em uma visão bem simples, se eu tenho uma postura belicista contra alguém que quer destruir meu país, isso não seria errado imagino que nem para a maioria dos religiosos. Depende apenas do bom e velho ponto de vista.
O ponto aqui é: Não é preciso haver nada de irracional no belicismo, mesmo que ainda estivesse errado. Misturar o conceito de racional com o que é correto - segundo o budismo - só leva a mais confusões

Citação de: Dantas
Agnóstico, que tal me denunciar para a polícia de uma vez?

"Há um religioso frequentando o Clube Cético.  Tenham cuidado, ele pode estar armado e não tem medo de usar palavras grandes..."

 :hihi:

Dantas, se eu estivesse descendo a lenha no espiritismo, você não iria me acusar de perseguir religiosos, não? Veja que engraçado. Você desceu a lenha nos espíritas, dia e noite, com termos absolutamente fortes, possivelmente mais fortes que o meu.
Você está surpreso de fazermos o mesmo com você agora porque não imaginava que alguém poderia um dia levantar a mais óbvia questão do mundo: Sua religião é igual a todas.

E você não imaginava que essa questão pudesse ser levantada pelo simples motivo de que você não consegue enxergar o óbvio porque é um crente em sua religião. Todos os crentes tem essa mesma surpresa. Isto deveria constituir evidência para você.
“If an ideology is peaceful, we will see its extremists and literalists as the most peaceful people on earth, that's called common sense.”

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Re: Dalai Lama enfrenta tradição e pressão política em busca de sucessor
« Resposta #303 Online: 14 de Fevereiro de 2009, 17:44:41 »
Dantas, se eu estivesse descendo a lenha no espiritismo, você não iria me acusar de perseguir religiosos, não?

Ah, agora você está me acusando de ser preconceituoso como você?   Alto lá! 

Eu sei do que estou falando quando critico o espiritismo, conheço muito mais exemplos de perto do que gostaria, cito fatos.  Essa comparação me ofende e é completamente descabida.

Citar
Veja que engraçado. Você desceu a lenha nos espíritas, dia e noite, com termos absolutamente fortes, possivelmente mais fortes que o meu.

Para você ver como é bom ter conhecimento de causa, e saber a diferença entre uma crença e outra  :)

Citar
Você está surpreso de fazermos o mesmo com você agora porque não imaginava que alguém poderia um dia levantar a mais óbvia questão do mundo: Sua religião é igual a todas.

Óbvio é que você não valoriza seu próprio julgamento sobre esse assunto, Agnóstico, ou não falaria algo tão divorciado da realidade.  Você realmente acredita que das vinte mil religiões existentes todas são iguais? ;)

Citar
E você não imaginava que essa questão pudesse ser levantada pelo simples motivo de que você não consegue enxergar o óbvio porque é um crente em sua religião. Todos os crentes tem essa mesma surpresa. Isto deveria constituir evidência para você.

É evidência.  De que você age levado pelo preconceito.

Mais alguma coisa?
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Offline Moro

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Re: Dalai Lama enfrenta tradição e pressão política em busca de sucessor
« Resposta #304 Online: 14 de Fevereiro de 2009, 17:49:27 »
Sua resposta é a mesma a de todos os religiosos, só que você não ve isso... hehe
« Última modificação: 14 de Fevereiro de 2009, 17:52:05 por Agnóstico »
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Re: Dalai Lama enfrenta tradição e pressão política em busca de sucessor
« Resposta #305 Online: 14 de Fevereiro de 2009, 17:52:11 »
Eu também sei sobre budismo, tenho debatido contigo por muito tempo, analisado textos e visto groselhas gigantes (alias ainda espero alguém para defender aquele bando de besteiras que sublinhei), e vi postura sua como a de todos os religiosos, vi fanatismo como todos os religisos, vi budistas fazendo atrocidades como todos os religiosos, vi países infectados pela crença cega como era de se esperar em todas as religiões

quer dizer que é igual mas é diferente, e é diferente porque é a sua...

ahhh, lega, entendi
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Re: Dalai Lama enfrenta tradição e pressão política em busca de sucessor
« Resposta #306 Online: 14 de Fevereiro de 2009, 17:53:16 »
Sua resposta é a mesma a de todos os religiosos, só que você não ve isso... hehe

Se você costuma insultá-los como faz comigo, não deve esperar menos.

Francamente, que papelão.
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Re: Dalai Lama enfrenta tradição e pressão política em busca de sucessor
« Resposta #307 Online: 14 de Fevereiro de 2009, 17:53:54 »
Sua resposta é a mesma a de todos os religiosos, só que você não ve isso... hehe

Se você costuma insultá-los como faz comigo, não deve esperar menos.

Francamente, que papelão.


Quer que coloco trechos do que você fala para espíritas?
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Re: Dalai Lama enfrenta tradição e pressão política em busca de sucessor
« Resposta #308 Online: 14 de Fevereiro de 2009, 17:56:15 »
Não, quero que você os leia, bem como aos trechos que você próprio posta, e tende entendê-los.

A despeito da sua bravata, é toda a "defesa" de que preciso.

Queira por favor não se dirigir mais a mim antes de se desculpar.  Não quero que você pense que merece minha atenção antes disso.
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Offline uiliníli

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Re: Dalai Lama enfrenta tradição e pressão política em busca de sucessor
« Resposta #309 Online: 14 de Fevereiro de 2009, 18:00:11 »
Negativo.  Não se pode realmente justificar a mentalidade belicista de forma racional.  O que pode acontecer, mas é completamente diferente, é ter uma capacidade racional restrita a modelos que não consigam transcender o belicismo.

Gostaria que você desse algum argumento, em vez de simplesmente fazer declarações. Explique por que razão não se pode justificar a mentalidade belicista de forma racional.

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Evidências científicas, epistemológicas, realmente não tenho.  Por isso tenho o direito, e talvez a necessidade, de exercitar minha fé e até mesmo fazer escolhar arbitrárias.

Acho que isso encerra essa discussão. Se você simplesmente acredita que os animais são dotados de raciocínio e pronto, não adianta eu insistir no contrário.

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Para mim você acaba de admitir que tem fé -- e a fé do primeiro tipo. Você poderia acreditar no Saci-Pererê também, já que eu não tenho provas de que ele não existe.

É fé, sim.  Fé em que não faz sentido buscar algo que não pode levar a nada de desejável, e portanto devo me dedicar às alternativas que tenham alguma chance de consequências construtivas, mesmo que seja uma chance pequena ou que só possa se consolidar daqui a muitas gerações.

Neste ponto estávamos discutindo é a sua fé nos animais serem dotados de razão, e não a moral. Quanto à moral, eu mesmo é que estava tentando te convencer que partimos de premissas incomprovadas para justificar nossos objetivos morais. Você pode usar a razão para calcular como alcançar as consequências desejadas, mas não para definir quais consequências desejadas são essas.

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Seria fé supersticiosa?  Até onde percebo, não.  Mas se quiser elaborar...

A fé na racionalidade dos animais? Claro que é, você disse que acredita e pronto, a despeito da falta de provas! Quanto à "fé" embutida na escolha de um conjunto de premissas morais, essa é a "fé" que eu chamei de "senso de transcendência".

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Não pelo que eu entendi.  Você parecia estar defendendo uma idéia mais ousada e mais radical, de que instintos e razão excluem-se mutuamente.

Instinto e razão são coisas completamente diferentes. Você não pode dizer que uma escolha baseada em instintos é baseada na razão. Minha escolha de preferir o prazer, em vez da dor, não tem nada de racional, é meramente instintiva. Qualquer animal é capaz disso. Já que você considera os animais muito mais racionais do que eu, deixa eu reformular: qualquer autômato selecionado naturalmente no sentido de sobreviver e ter o máximo de descendentes faria isso.

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O "não matarás" é um exemplo. Por mais que possamos elaborar racionalmente uma ética mais elevada, incluindo conceitos bem mais complexos, como "não prestarás falso testemunho do teu próximo", esses conceitos têm que partir de uma premissa mais básica, por exemplo, a premissa de que todo ser humano é igual em valor; ou de que existe um Deus que tudo vê e tem uma lista de dez coisas que ele não quer que você faça; ou de que o que interessa é eu me dar bem e danem-se os outros; etc. Pode até ser que essas premissas não sejam tão básicas assim e possam ser reduzidas a outras, beleza, mas acontece que não podemos reduzir ad infinitum, nós precisamos tirar nossos princípios de um ponto de partida que não é racional - e eu não estou falando nada de absolutamente novo aqui, pergunte para Gödel se não acreditar em mim. Não temos um axioma universalmente válido, temos no máximo as restrições que a evolução nos impôs, mas elas são frouxas o suficiente para podermos elaborar uma miríade de filosofias morais (ou amorais), todas igualmente racionais.

Se te entendi corretamente, você pode estar confundindo a origem histórica da moral com sua sustentação racional e filosófica.  Só porque o início da moral veio de instintos biológicos e superstições não se segue que ela não possa, não deva ou não tenha sido ainda devidamente estruturada em termos racionais.

Você não me entendeu corretamente. De novo. Leia de novo meu post. Depois leia o trecho em seguida:

A estruturação da moral em termos racionais ainda carece de uma definição de o que é e o que não é desejável do ponto de vista moral, e essa definição não é justificável racionalmente. Uma sociedade utópica onde todas as pessoas são felizes, por exemplo. A razão pode ser empregada no sentido de pensar em como chegar a essa sociedade que desejamos, mas esse desejo, em si, não é racional. Uma sociedade onde todo mundo é feliz não é mais racional do que um mundo em que todo mundo é triste.

Para essa discussão não se estender à deriva indefinidamente, deixa eu te dizer logo o que você tem que fazer para me convencer de que eu estou errado: prove racionalmente que o prazer é melhor do que a dor ou que a alegria é melhor do que a tristeza. E prove racionalmente todas as suas premissas. Observe que se você deixar uma única premissa sem comprovação racional, então eu tenho razão, a moral se baseia em princípios irracionais.

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O simples fato de haver prós e contras como parâmetros de decisão já implica em uma escolha arbitrária.

Arbitrária ou ponderada?

Claro que arbitrária. Se fosse ponderada, isso implicaria na escolha de um critério de ponderação. E esse critério de ponderação seria arbitrário ou ponderado? O critério para o critério? E o critério para o critério para o critério? Se em algum nível a escolha não for arbitrária, caímos em uma regressão infinita.

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Quem garante que os seus prós são iguais aos meus prós e os seus contras sejam iguais aos meus contras?

Em muitos casos não serão mesmo.  E por esse motivo, entre outros, é preciso que as escolhas morais sejam bastante ambiciosas e fundamentadas nas compreensões mais amplas possíveis dos quadros globais, bem como das particularidades locais e circunstanciais.

Não vejo como se possa sequer tentar fazer algo assim sem a razão.

Ainda assim precisamos de um critério para decidir como queremos transformar o mundo. Mais uma vez, minha opinião sobre o que é um mundo ideal pode ser diferente da sua. Sob que critério podemos decidir quem tem os melhores ideais? E como eu afirmei no argumento anterior, em algum nível esses critérios têm que ser arbitrários, ou caímos em uma regressão infinita de critérios para critérios para critérios.

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E como escolher qual conjunto de valores é melhor? Repetindo o que já disse acima, temos no máximo algumas restrições que nos foram impostas pela evolução - e elas mesmas não são racionais. O resto são outras escolhas a priori que fizemos... e que também não são racionais.

Não entendi.

Nossas escolhas morais têm que ter em algum nível um critério arbitrário, que não é justificável racionalmente. Como não existe um Deus para nos dar de graça um conjunto de critérios que ele garanta que podemos confiar, o melhor que nós temos para começar são as restrições da nossa própria biologia.

O princípio do "não matarás" já é uma boa escolha de ordem moral. Por que? Porque não queremos uma sociedade em que todo mundo mate todo mundo que cruzar sua frente; nossa espécie não sobreviveria assim. Qual é o critério da escolha moral aqui? Lógico que é a sobrevivência da espécie. Não por acaso, não fomos nós que estabelecemos racionalmente esse critério de sobrevivência da espécie, foi a natureza quem o forneceu para a gente.

Mas o critério de sobrevivência da espécie sozinho não basta para a complexidade das relações humanas. "Não matarás" pode ser excelente para as formigas, mas para nós ele é só o começo, precisamos pensar em outros critérios. Por exemplo, haver ou não haver propriedade privada? Usar ou não usar mão-de-obra escrava? Comer ou não comer carne? Permitir ou proibir o aborto? Vamos pegar a mão-de-obra escrava como exemplo: usar mão de obra escrava não nos ameaçaria de extinção, então ele passa com louvor pelo critério da sobrevivência da espécie. Sob esse critério em particular a escravidão não seria imoral. Mas, como eu disse, não podemos ter como critério somente a sobrevivência da espécie, nossa sociedade é muito mais complexa do que uma colônia de formigas.

E se a natureza não nos deu um critério que nos proíba de escravizar outros seres humanos, nós tivemos que inventar um: inventamos a moral revolucionária de que todos os indivíduos são iguais em direitos. Mas por que todos os indivíduos são iguais? Porque queremos uma sociedade que proteja o mais fraco do mais forte. E por que queremos uma sociedade que proteja o mais fraco do mais forte? Para não haver abusos. E por que não queremos que hajam abusos? Porque é errado. E por que é errado? Por quê? Por quê? Por quê? Inevitavelmente chegaremos ao fim dos por quês. O fim da linha é o tal critério arbitrário sem fundamento racional. Note que justificar a moral em termos das próprias consequências morais seria um raciocínio circular e inevitavelmente também seria uma escolha arbitrária.

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Ou simplesmente percebendo consequências indesejáveis (e supostamente imprevistas) do exercício da moral até então vigente. 

E qual o critério para determinar o que é desjável ou indesejável? Para mim poderia ser altamente desejável assaltar um banco.

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Afinal, a moral não é um subconjunto da lógica pura, e sim uma disciplina aplicada que tem de ser calibrada pelos fatos concretos.

Como definir quais fatos concretos servem e quais não servem para fazer essa calibração?

Citar
Mas a origem dos motivos para mudá-los será sempre e necessariamente externa, já que estamos falando de moral e não de lógica abstrata.  Portanto não importa se há ou não algum motivo interno (contradição ou outro) para mudá-los.

Algum motivo deve haver. Estou questionando se esse motivo será necessariamente racional.

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Ao levar em consideração os impactos você já está supondo fins sociais econômicos, ecológicos e antropológicos que você considera bons e maus. Isso já é uma escolha arbitrária.

Arbitrária, talvez.  Mas não aleatória, muito menos irracional.

Como algo que é arbitrário pode ser racional?

Citar
Sozinha, não pode realmente.  Mas ela pode e deve servir para analisar as circunstâncias concretas e as relações de causa e efeito e avaliá-las.

Venci!!! :clap:  A razão é um meio para se chegar aos fins que você deseja, mas esses fins em si são arbitrários.

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Ressuscitando o debate capitalismo x comunismo, para dar um exemplo, você poderia considerar como uma consequência desejável de seu modelo de sociedade a igualdade social; eu poderia preferir a liberdade econômica. Hoje nós já temos boas evidências empíricas de que o comunismo não dá muito certo, mas cem anos atrás esse dilema seria bem mais complicado.

Não sei se cabe uma comparação dessas, mas a solução para o dilema é a mesma nos dois casos: transcender o modelo e refiná-lo a partir do confronto com os fatos reais.

No caso do duelo capitalismo x comunismo há um claro vencedor. Por isso eu falei no debate há 100 anos atrás. Hoje os próprios comunistas deveriam reconhecer que ele não serve nem para atender ao seu objetivo de igualdade social, então não existe realmente um dilema igualdade social x liberdade econômica. Entretanto estamos insistindo mais uma vez na mesma coisa: como confrontar os modelos aos fatos reais, se duas pessoas têm ideias diferentes do objetivo a ser alcançado no confronto com os fatos reais? O que é o bem máximo para mim pode ser o mal máximo para você. A discussão do aborto, por exemplo, para mim um aborto pode ser o assassinato de um ser humano em desenvolvimento; para você pode significar a preservação do direito da mulher de decidir sobre o próprio corpo. Nós dois vamos olhar para o mesmo aborto e chegar a conclusões opostas. Por que? Porque fizemos escolhas morais diferentes e incompatíveis. Sob que critério dizer qual delas é melhor? E esse critério será baseado em que critério?

Citar
Se você não vê como isso seria um problema, experimente definir livro como um meio de transporte áereo inventado por Santos Dumont (ou pelos irmãos Wright) no começo do século passado.

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Você tem uma definição própria e bastante exótica de religião. Você fala azul e eu entendo azul, mas na verdade você quis dizer vermelhor. Com esse daltonismo ideológico fica difícil a gente se entender.
« Última modificação: 14 de Fevereiro de 2009, 18:03:29 por uiliníli »

Offline Moro

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Re: Dalai Lama enfrenta tradição e pressão política em busca de sucessor
« Resposta #310 Online: 14 de Fevereiro de 2009, 18:01:44 »
Não, quero que você os leia, bem como aos trechos que você próprio posta, e tende entendê-los.

A despeito da sua bravata, é toda a "defesa" de que preciso.

Queira por favor não se dirigir mais a mim antes de se desculpar.  Não quero que você pense que merece minha atenção antes disso.

Já lí, continuo a dizer o mesmo, são apenas groselhas que podem ser interpretadas tão bem quanto qualquer outra groselha religiosa. E se quer que eu coloque os textos constando como você trata os espíritas, só me dar um toque.

E não tenho nada a me retratar. Para mim, este debate ainda me traz prazer. Se não quiser responder aos meus posts, ok, ninguém nunca te obrigou mesmo. Eu continuo respondendo aos posts conforme eu achar que devo.
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Re: Dalai Lama enfrenta tradição e pressão política em busca de sucessor
« Resposta #311 Online: 14 de Fevereiro de 2009, 18:09:53 »
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Gostaria que você desse algum argumento, em vez de simplesmente fazer declarações. Explique por que razão não se pode justificar a mentalidade belicista de forma racional.

Puxa, é até auto-evidente: o belicismo é uma sangria de recursos que, na melhor das hipóteses, não servirão para nada.

A única razão por que sobrevive de alguma forma até hoje é exatamente a falta de racionalidade nas massas e em certos círculos de decisão política.

Citar
Acho que isso encerra essa discussão. Se você simplesmente acredita que os animais são dotados de raciocínio e pronto, não adianta eu insistir no contrário.

Neste ponto estávamos discutindo é a sua fé nos animais serem dotados de razão, e não a moral. Quanto à moral, eu mesmo é que estava tentando te convencer que partimos de premissas incomprovadas para justificar nossos objetivos morais. Você pode usar a razão para calcular como alcançar as consequências desejadas, mas não para definir quais consequências desejadas são essas.

A fé na racionalidade dos animais? Claro que é, você disse que acredita e pronto, a despeito da falta de provas! Quanto à "fé" embutida na escolha de um conjunto de premissas morais, essa é a "fé" que eu chamei de "senso de transcendência".

Ah, agora estou te entendendo melhor.

Não, eu não tenho fé na racionalidade de animais, Uili.   Por isso que você me cobrou o ônus da prova e eu não entendi...

Apenas acho que essa hipótese não deve ser desconsiderada quando se estuda o comportamento moral de símios.  Até onde sei não temos evidência suficiente para descartá-la.

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Instinto e razão são coisas completamente diferentes. Você não pode dizer que uma escolha baseada em instintos é baseada na razão.

Correto, não digo mesmo.

Mas digo que a vantagem adaptativa que selecionou esses instintos pode levar a atitudes que coincidam, e provavelmente coincidem com alguma frequência, como o tipo de conduta logicamente mais vantajosa de um ponto de vista puramente racional.  Por exemplo, o instinto de "fugir ou lutar" não é racional.  Mas a conduta de fugir diante de um leão ou outro predador não é exatamente irracional.
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Re: Dalai Lama enfrenta tradição e pressão política em busca de sucessor
« Resposta #312 Online: 14 de Fevereiro de 2009, 18:24:14 »
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Para essa discussão não se estender à deriva indefinidamente, deixa eu te dizer logo o que você tem que fazer para me convencer de que eu estou errado: prove racionalmente que o prazer é melhor do que a dor ou que a alegria é melhor do que a tristeza. E prove racionalmente todas as suas premissas.


Acho que não entendi o que você está pedindo, mas vamos tentar:

Prazer e alegria tem efeitos claros sobre a motivação e até mesmo o estado fisiológico de quem os sente.  Dor e tristeza também.  Esses efeitos por sua vez tem consequências sobre a situação profissional, familiar, econômica e cultural da sociedade em que as pessoas estão inseridas - efeitos esses claramente nocivos. 

Portanto, racionalmente e na falta de alguma circunstância que mude esse quadro, é racional buscar o primeiro grupo de sensações e evitar o segundo.

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Observe que se você deixar uma única premissa sem comprovação racional, então eu tenho razão, a moral se baseia em princípios irracionais.

Não necessariamente, já que este não é um exercício de lógica pura, e sim uma aplicação da lógica sobre uma situação real cujos antecedentes e parâmetros não são controláveis ou completamente conhecidos.

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E qual o critério para determinar o que é desejável ou indesejável? Para mim poderia ser altamente desejável assaltar um banco.

Poderia, mas apenas sob circunstâncias bastante excepcionais, já que normalmente as consequências de fazê-lo seriam bastante inconvenientes para você.

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Algum motivo deve haver. Estou questionando se esse motivo será necessariamente racional.

Necessariamente?  Não, claro que não, já que as circunstâncias externas também não serão necessariamente racionais.  A reação aos motivos externos, porém, pode e deve ser racional sempre que possível.

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Como algo que é arbitrário pode ser racional?

Quando há uma escolha entre dois ou mais rumos de ação sem uma clara vantagem racional de um sobre outro.

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Venci!!! Clap!  A razão é um meio para se chegar aos fins que você deseja, mas esses fins em si são arbitrários.

Lamento, mas não, isso não foi provado ainda.

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como confrontar os modelos aos fatos reais, se duas pessoas têm ideias diferentes do objetivo a ser alcançado no confronto com os fatos reais? O que é o bem máximo para mim pode ser o mal máximo para você. A discussão do aborto, por exemplo, para mim um aborto pode ser o assassinato de um ser humano em desenvolvimento; para você pode significar a preservação do direito da mulher de decidir sobre o próprio corpo. Nós dois vamos olhar para o mesmo aborto e chegar a conclusões opostas. Por que? Porque fizemos escolhas morais diferentes e incompatíveis. Sob que critério dizer qual delas é melhor? E esse critério será baseado em que critério?

No critério das consequências conhecidas e prováveis, a cada passo.  Consequências essas que incluem os aspectos demográficos e econômicos e a reação emocional das populações envolvidas.  E, claro, é preciso periodicamente rever o rumo a partir das consequências efetivamente existentes.

Não consigo imaginar nenhum outro logicamente aplicável.
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Re: Dalai Lama enfrenta tradição e pressão política em busca de sucessor
« Resposta #313 Online: 14 de Fevereiro de 2009, 18:34:30 »
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(...) Entretanto estamos insistindo mais uma vez na mesma coisa: como confrontar os modelos aos fatos reais, se duas pessoas têm ideias diferentes do objetivo a ser alcançado no confronto com os fatos reais? O que é o bem máximo para mim pode ser o mal máximo para você.

Essa turbulência no tecido social realmente pode acontecer, mas não pode crescer ou se manter indefinidamente.  As atitudes de uma pessoa ou grupo tem tantos efeitos sobre outros (exceto em situações de isolamento extremo - mas mesmo essas dificilmente podem ser mantidas por períodos de tempo ou em escalas significativas) que cedo ou tarde é preciso considerar o impacto sobre outros como um dos parâmetros legítimos das decisões envolvidas. 

Veja por exemplo a questão do aborto, a segregação racial ou o casamento homossexual: são três situações basicamente individuais, mas é impossível isolar suas consequências do tecido social, e portanto precisamos de campanhas de conscientização para que a sociedade se acostume a essas idéias e aprenda a aceitá-las.  Ou, pelo menos, a explicitar seus motivos para rejeitá-las, possivelmente levando a algum outro tipo de apaziguamento dos que querem mudanças.

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A discussão do aborto, por exemplo, para mim um aborto pode ser o assassinato de um ser humano em desenvolvimento; para você pode significar a preservação do direito da mulher de decidir sobre o próprio corpo. Nós dois vamos olhar para o mesmo aborto e chegar a conclusões opostas. Por que? Porque fizemos escolhas morais diferentes e incompatíveis. Sob que critério dizer qual delas é melhor? E esse critério será baseado em que critério?

Nas consequência sociais e pessoais, claro.  Não é um critério fácil de compreender ou de desatar, mas é o único que merece alguma confiança.

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Você tem uma definição própria e bastante exótica de religião. Você fala azul e eu entendo azul, mas na verdade você quis dizer vermelhor. Com esse daltonismo ideológico fica difícil a gente se entender.

Exótica em alguns círculos, ortodoxa em outros.  No religiousforums.com, por exemplo, há muito menos gente estranhando o que eu digo.  Sinceramente, até onde posso ver o exotismo está em associar superstição ou crença em Deus à religião.  Isso levaria a coisas estranhas como desconsiderar o Judaísmo Humanístico e o Confucionismo, bem como o problema que citei antes dos que "crêem em Deus mas não tem religião".

Como, além disso, a minha definição de religião tem um valor prático que a sua, francamente, não tem, me parece que não sou eu quem deve rever a terminologia.  Se é para depreciar sem tentar entender o assunto tratado, pode-se perfeitamente usar "crença" em vez de "religião"; é mais acurado e mais honesto.
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Offline Moro

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Re: Dalai Lama enfrenta tradição e pressão política em busca de sucessor
« Resposta #314 Online: 14 de Fevereiro de 2009, 19:04:35 »
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Gostaria que você desse algum argumento, em vez de simplesmente fazer declarações. Explique por que razão não se pode justificar a mentalidade belicista de forma racional.

Puxa, é até auto-evidente: o belicismo é uma sangria de recursos que, na melhor das hipóteses, não servirão para nada.

A única razão por que sobrevive de alguma forma até hoje é exatamente a falta de racionalidade nas massas e em certos círculos de decisão política.

Uili, deste mato não sai cachorro.

O Racional dele é mais ou menos o seguinte:

Se seres humanos fossem sintonizados com a verdadeira racionalidade, a guerra não existiria. Portanto, a guerra não é racional

É simplesmente um argumento religioso e non sequitur. Não é para entender, é fé. É utilizar palavras fora do seu sentido, o que budistas em especial adoram fazer.

É a mesma coisa da justiça: Advogados não fazem justiça, lei não é justiça, ou sei lá que outra groselha saiu. Simplesmente pelo fato de que a verdadeira justiça é a budista, e se fosse seguida, não haveria necessidade de advogados.  :stunned:

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Não consigo imaginar nenhum outro logicamente aplicável.

Apenas o Bikkhu dos três pântanos é lógico.

“If an ideology is peaceful, we will see its extremists and literalists as the most peaceful people on earth, that's called common sense.”

Faisal Saeed Al Mutar


"To claim that someone is not motivated by what they say is motivating them, means you know what motivates them better than they do."

Peter Boghossian

Sacred cows make the best hamburgers

I'm not convinced that faith can move mountains, but I've seen what it can do to skyscrapers."  --William Gascoyne

Offline uiliníli

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Re: Dalai Lama enfrenta tradição e pressão política em busca de sucessor
« Resposta #315 Online: 14 de Fevereiro de 2009, 19:50:26 »
Puxa, é até auto-evidente: o belicismo é uma sangria de recursos que, na melhor das hipóteses, não servirão para nada.

A única razão por que sobrevive de alguma forma até hoje é exatamente a falta de racionalidade nas massas e em certos círculos de decisão política.

Se isso fosse verdade, as civilizações mais belicosas não seriam justamente as mais bem-sucedidas historicamente.

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Não, eu não tenho fé na racionalidade de animais, Uili.   Por isso que você me cobrou o ônus da prova e eu não entendi...

Apenas acho que essa hipótese não deve ser desconsiderada quando se estuda o comportamento moral de símios.  Até onde sei não temos evidência suficiente para descartá-la.

Então beleza. Não vou comentar mais isso porque o assunto é retomado mais abaixo.

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Para essa discussão não se estender à deriva indefinidamente, deixa eu te dizer logo o que você tem que fazer para me convencer de que eu estou errado: prove racionalmente que o prazer é melhor do que a dor ou que a alegria é melhor do que a tristeza. E prove racionalmente todas as suas premissas.


Acho que não entendi o que você está pedindo, mas vamos tentar:

Prazer e alegria tem efeitos claros sobre a motivação e até mesmo o estado fisiológico de quem os sente.  Dor e tristeza também.  Esses efeitos por sua vez tem consequências sobre a situação profissional, familiar, econômica e cultural da sociedade em que as pessoas estão inseridas - efeitos esses claramente nocivos. 

Portanto, racionalmente e na falta de alguma circunstância que mude esse quadro, é racional buscar o primeiro grupo de sensações e evitar o segundo.

Você não pôde evitar invocar a biologia. Nem poderia. Nossa biologia não é uma escolha racional nossa, é nossa herança evolutiva. Seguir um padrão de comportamento porque ele traz prazer e evita a dor é instintivo, é um padrão de comportamento cenoura vs chicote, não há nada de racional nisso, uma barata não precisa ser racional para evitar a dor e perseguir o prazer.

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Como algo que é arbitrário pode ser racional?

Quando há uma escolha entre dois ou mais rumos de ação sem uma clara vantagem racional de um sobre outro.

Se nenhum dos rumos tem uma clara vantagem racional sobre o outro, por definição a razão não serve para fazer uma escolha. Algo arbitrário não pode ser racional.

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como confrontar os modelos aos fatos reais, se duas pessoas têm ideias diferentes do objetivo a ser alcançado no confronto com os fatos reais? O que é o bem máximo para mim pode ser o mal máximo para você. A discussão do aborto, por exemplo, para mim um aborto pode ser o assassinato de um ser humano em desenvolvimento; para você pode significar a preservação do direito da mulher de decidir sobre o próprio corpo. Nós dois vamos olhar para o mesmo aborto e chegar a conclusões opostas. Por que? Porque fizemos escolhas morais diferentes e incompatíveis. Sob que critério dizer qual delas é melhor? E esse critério será baseado em que critério?

No critério das consequências conhecidas e prováveis, a cada passo.  Consequências essas que incluem os aspectos demográficos e econômicos e a reação emocional das populações envolvidas.  E, claro, é preciso periodicamente rever o rumo a partir das consequências efetivamente existentes.

Não consigo imaginar nenhum outro logicamente aplicável.

Estamos andando em círculos. Tem certeza de que você sequer leu o meu trecho acima? Não existe critério absoluto para definir as consequências desejáveis, elas são necessariamente arbitrárias.

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(...) Entretanto estamos insistindo mais uma vez na mesma coisa: como confrontar os modelos aos fatos reais, se duas pessoas têm ideias diferentes do objetivo a ser alcançado no confronto com os fatos reais? O que é o bem máximo para mim pode ser o mal máximo para você.

Essa turbulência no tecido social realmente pode acontecer, mas não pode crescer ou se manter indefinidamente.  As atitudes de uma pessoa ou grupo tem tantos efeitos sobre outros (exceto em situações de isolamento extremo - mas mesmo essas dificilmente podem ser mantidas por períodos de tempo ou em escalas significativas) que cedo ou tarde é preciso considerar o impacto sobre outros como um dos parâmetros legítimos das decisões envolvidas. 

Você já fez um juízo arbitrário aqui: "cedo ou tarde é preciso considerar o impacto sobre outros como um dos parâmetros legítimos das decisões envolvidas". Temos que fazer isso por que?

Citar
Veja por exemplo a questão do aborto, a segregação racial ou o casamento homossexual: são três situações basicamente individuais, mas é impossível isolar suas consequências do tecido social, e portanto precisamos de campanhas de conscientização para que a sociedade se acostume a essas idéias e aprenda a aceitá-las.  Ou, pelo menos, a explicitar seus motivos para rejeitá-las, possivelmente levando a algum outro tipo de apaziguamento dos que querem mudanças.

Veja que você falou em "capanhas de conscientização para que a sociedade se acostume". Concordo plenamente! O zeitgeist moral das sociedades mudam quando elas se acostumam com certas ideias e aprendem a aceitá-las. Não por convencimento racional. Isso porque a posição dos pró-aborto não é intrinsecamente mais racional que a dos pró-escolha e nem o contrário. No caso da segregação racial, você não pode deduzir simplesmente que os negros são iguais aos brancos, antes disso você precisa adotar a premissa de que todos os homens são iguais. Ou seja, para mostrar que os brancos e negros tem os mesmos direitos, você tem que querer mostrar isso em primeiro lugar e escolher os critérios de julgamento moral convenientes.

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A discussão do aborto, por exemplo, para mim um aborto pode ser o assassinato de um ser humano em desenvolvimento; para você pode significar a preservação do direito da mulher de decidir sobre o próprio corpo. Nós dois vamos olhar para o mesmo aborto e chegar a conclusões opostas. Por que? Porque fizemos escolhas morais diferentes e incompatíveis. Sob que critério dizer qual delas é melhor? E esse critério será baseado em que critério?

Nas consequência sociais e pessoais, claro.  Não é um critério fácil de compreender ou de desatar, mas é o único que merece alguma confiança.

Cara, você não está me entendendo... Não definir critérios em termos de consequências, pois as consequências já requerem obrigatoriamente um critério de julgamento! Isso é raciocínio circular.

Citar
Exótica em alguns círculos, ortodoxa em outros.  No religiousforums.com, por exemplo, há muito menos gente estranhando o que eu digo.  Sinceramente, até onde posso ver o exotismo está em associar superstição ou crença em Deus à religião.  Isso levaria a coisas estranhas como desconsiderar o Judaísmo Humanístico e o Confucionismo, bem como o problema que citei antes dos que "crêem em Deus mas não tem religião".

Como, além disso, a minha definição de religião tem um valor prático que a sua, francamente, não tem, me parece que não sou eu quem deve rever a terminologia.  Se é para depreciar sem tentar entender o assunto tratado, pode-se perfeitamente usar "crença" em vez de "religião"; é mais acurado e mais honesto.

Vamos esquecer a semântica então, se a sua é aplicável dentro de alguns círculos, ela vale. Não é a semântica que usamos predominantemente aqui no CC, pelo menos. E se você chamar o Existencialismo de religião eu te bato!  :P
« Última modificação: 14 de Fevereiro de 2009, 19:53:25 por uiliníli »

Offline Luis Dantas

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Re: Dalai Lama enfrenta tradição e pressão política em busca de sucessor
« Resposta #316 Online: 14 de Fevereiro de 2009, 20:26:48 »
Se isso fosse verdade, as civilizações mais belicosas não seriam justamente as mais bem-sucedidas historicamente.

E são?

Você não pôde evitar invocar a biologia. Nem poderia. Nossa biologia não é uma escolha racional nossa, é nossa herança evolutiva. Seguir um padrão de comportamento porque ele traz prazer e evita a dor é instintivo, é um padrão de comportamento cenoura vs chicote, não há nada de racional nisso, uma barata não precisa ser racional para evitar a dor e perseguir o prazer.

Claro que temos uma realidade biológica e devemos considerá-la realisticamente.  Não vejo em que isso ameaça a racionalidade.

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Se nenhum dos rumos tem uma clara vantagem racional sobre o outro, por definição a razão não serve para fazer uma escolha. Algo arbitrário não pode ser racional.

Preciso ver melhor esses conceitos, porque não vejo como concordar...

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Estamos andando em círculos. Tem certeza de que você sequer leu o meu trecho acima? Não existe critério absoluto para definir as consequências desejáveis, elas são necessariamente arbitrárias.

Li, e continuo achando que você está muito apegado a um modelo abstrato, isolado de circunstâncias que não podem ser evitadas.  Chego a me perguntar se essas decisões arbitrárias são possíveis na realidade...


Você já fez um juízo arbitrário aqui: "cedo ou tarde é preciso considerar o impacto sobre outros como um dos parâmetros legítimos das decisões envolvidas". Temos que fazer isso por que?

Porque é essa a natureza do mundo em que vivemos: não existimos isolados e independentes, mas em vez disso sofremos e causamos uma grande variedade de efeitos uns nos outros.  Por vários motivos, inclusive psicológicos e fisiológicos, nossa condição de mudar essa realidade é muito pequena, desprezível até.

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Veja que você falou em "capanhas de conscientização para que a sociedade se acostume". Concordo plenamente! O zeitgeist moral das sociedades mudam quando elas se acostumam com certas ideias e aprendem a aceitá-las. Não por convencimento racional.

Não?

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Isso porque a posição dos pró-aborto não é intrinsecamente mais racional que a dos pró-escolha e nem o contrário. No caso da segregação racial, você não pode deduzir simplesmente que os negros são iguais aos brancos, antes disso você precisa adotar a premissa de que todos os homens são iguais. Ou seja, para mostrar que os brancos e negros tem os mesmos direitos, você tem que querer mostrar isso em primeiro lugar e escolher os critérios de julgamento moral convenientes.

Sim, há uma escolha, ou seja, arbítrio.  Mas você ainda não me explicou por que arbítrio exclui racionalidade.  Parece-me que, pelo contrário, tendem a andar juntos.

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Cara, você não está me entendendo... Não definir critérios em termos de consequências, pois as consequências já requerem obrigatoriamente um critério de julgamento! Isso é raciocínio circular.

Pelo visto não estou entendendo mesmo.  Por que ver os fatos da realidade seria tão arbitrário assim?  O mundo, como eu o percebo pelo menos, simplesmente não tem tantas opções assim.  O que acaba sendo reconfortante, já que resolve tantos dilemas.


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Vamos esquecer a semântica então, se a sua é aplicável dentro de alguns círculos, ela vale. Não é a semântica que usamos predominantemente aqui no CC, pelo menos. E se você chamar o Existencialismo de religião eu te bato!  :P

Não, o Existencialismo de Sartre é interessante, mas até onde sei não tem o foco na motivação e valores de que precisaria para ser uma religião.  O que, aliás, é o mais frustrante nele.
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Em 18 de janeiro de 2010, ainda não vejo motivo para postar aqui. Estou nos fóruns Ateus do Brasil, Realidade, RV.  Se a Moderação reconquistar meu respeito, eu volto.  Questão de coerência.

Offline uiliníli

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Re: Dalai Lama enfrenta tradição e pressão política em busca de sucessor
« Resposta #317 Online: 14 de Fevereiro de 2009, 20:59:00 »
Se isso fosse verdade, as civilizações mais belicosas não seriam justamente as mais bem-sucedidas historicamente.

E são?

Conhece Roma?

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Você não pôde evitar invocar a biologia. Nem poderia. Nossa biologia não é uma escolha racional nossa, é nossa herança evolutiva. Seguir um padrão de comportamento porque ele traz prazer e evita a dor é instintivo, é um padrão de comportamento cenoura vs chicote, não há nada de racional nisso, uma barata não precisa ser racional para evitar a dor e perseguir o prazer.

Claro que temos uma realidade biológica e devemos considerá-la realisticamente.  Não vejo em que isso ameaça a racionalidade.

Não ameaça toda a nossa racionalidade. Só demonstra que nem todas as nossas escolhas são racionais, a fortiori, os fundamentos de nossas escolhas morais não são racionais, eles estão amarrados à biologia ou são inventados.

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Se nenhum dos rumos tem uma clara vantagem racional sobre o outro, por definição a razão não serve para fazer uma escolha. Algo arbitrário não pode ser racional.

Preciso ver melhor esses conceitos, porque não vejo como concordar...

Como uma escolha sem razão pode não ser irracional? Por exemplo, eu te ofereço duas bolinhas iguaizinhas. Você tem que escolher uma ou outra, mas nenhuma das duas te trás nenhuma vantagem. Você escolhe uma delas sem nenhuma razão para justificar sua escolha. Sua escolha foi racional? Claro que não, sua decisão foi arbitrária.

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Li, e continuo achando que você está muito apegado a um modelo abstrato, isolado de circunstâncias que não podem ser evitadas.  Chego a me perguntar se essas decisões arbitrárias são possíveis na realidade...

Exemplos?

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Você já fez um juízo arbitrário aqui: "cedo ou tarde é preciso considerar o impacto sobre outros como um dos parâmetros legítimos das decisões envolvidas". Temos que fazer isso por que?

Porque é essa a natureza do mundo em que vivemos: não existimos isolados e independentes, mas em vez disso sofremos e causamos uma grande variedade de efeitos uns nos outros.  Por vários motivos, inclusive psicológicos e fisiológicos, nossa condição de mudar essa realidade é muito pequena, desprezível até.

Primeiro: o fato de vivermos em sociedade diz respeito a tudo aquilo que eu já falei sobre nosso critério de ação institivo baseado na sobrevivência. Segundo: a preocupação com quem está além da nossa tribo também é arbitrária. Já expliquei vinte vezes porque e não vou insistir com isso.

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Não?

Não.

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Sim, há uma escolha, ou seja, arbítrio.  Mas você ainda não me explicou por que arbítrio exclui racionalidade.  Parece-me que, pelo contrário, tendem a andar juntos.

Não expliquei ou você não leu? Olha, só porque eu sou um cara muito paciente, eu vou explicar de novo: arbítrio pressupõe escolha. Escolha pressupõe comparação. Até aqui estamos sendo racionais. Porém, comparação pressupõe critério. É aqui que a coisa complica. Para várias questões não existe consenso quanto ao critério (por exemplo, a questão do aborto - o critério é o bem-estar da mãe ou o do feto?) como definir qual critério é o melhor? Melhor em que sentido? Devemos fazer uma escolha, mas escolha pressupõe comparação e comparação pressupõe critério - qual é o critério para definir qual dos nossos critérios anteriores era o melhor? E qual é o critério para fazer a escolha desse critério? E o critério para a escolha do critério da escolha do critério?

Enfim, não podemos regredir infinitamente até achar o primeiro critério. Pegamos um e pronto, admitimos que assumimos uma premissa, um axioma incomprovado, que adotamos uma premissa sem uma razão para justificá-la, ou seja irracionalmente. A contestação que você está fazendo é que existe sim um critério viável para escapar desse problema: analisar as consequências e escolher a linha de ação que leva às melhores consequências. Seu problema está na palavra "melhores". Se você quer analisar as consequências de uma linha de ação, você estará necessariamente comparando essa linha de ação com outras - mas comparação pressupõe critério, com que critério você escolheu esse critério? Enfim, de qualquer jeito você tem que tomar uma decisão arbitrária.

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Cara, você não está me entendendo... Não definir critérios em termos de consequências, pois as consequências já requerem obrigatoriamente um critério de julgamento! Isso é raciocínio circular.

Pelo visto não estou entendendo mesmo.  Por que ver os fatos da realidade seria tão arbitrário assim?  O mundo, como eu o percebo pelo menos, simplesmente não tem tantas opções assim.  O que acaba sendo reconfortante, já que resolve tantos dilemas.

Seus parãmetros para analisar o mundo necessariamente se baseiam em princípios arbitrários, conforme explicado acima.


Offline Luis Dantas

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Re: Dalai Lama enfrenta tradição e pressão política em busca de sucessor
« Resposta #318 Online: 14 de Fevereiro de 2009, 21:16:26 »
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Conhece Roma?

Sim, foi uma civilização beligerante.  Mas não a vejo como particularmente bem-sucedida.  Pelo contrário, pela maior parte de sua história foi um bom exemplo de decadência.

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Não ameaça toda a nossa racionalidade. Só demonstra que nem todas as nossas escolhas são racionais, a fortiori, os fundamentos de nossas escolhas morais não são racionais, eles estão amarrados à biologia ou são inventados.

Ora, uma decisão que considera a realidade biológica não é racional simplesmente porque considera a realidade biológica?  É isso mesmo?

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Como uma escolha sem razão pode não ser irracional? Por exemplo, eu te ofereço duas bolinhas iguaizinhas. Você tem que escolher uma ou outra, mas nenhuma das duas te trás nenhuma vantagem. Você escolhe uma delas sem nenhuma razão para justificar sua escolha. Sua escolha foi racional? Claro que não, sua decisão foi arbitrária.

Sim, mas esse é um modelo simplificado, a ponto de ser o que na matemática se chama de "degenerado".  Ele literalmente não considera nenhum fato real.

Na prática consideramos um leque enorme de circunstâncias reais, muitas delas além do nosso controle. Isso não torna as decisões menos racionais.

Mas estou vendo que você faz uma dicotomia nítida entre decisões racionais e decisões arbitrárias.  Eu realmente preciso entender melhor essa dicotomia para poder te acompanhar.

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Li, e continuo achando que você está muito apegado a um modelo abstrato, isolado de circunstâncias que não podem ser evitadas.  Chego a me perguntar se essas decisões arbitrárias são possíveis na realidade...

Exemplos?

Eu ia dizer que decisões sem nenhum motivo racional não acontecem na prática, ou são pelo menos muito raras.

Mas aí me deu um estalo: é por isso que você fala de uma cadeia de motivos racionais e se preocupa em demonstrar que ela não pode regredir indefinidamente, não é mesmo?

Bom, nesse caso eu realmente não vejo utilidade prática para essa dicotomia entre decisões arbitrárias e decisões racionais.  Ela parece puramente acadêmica e sem muita correspondência com situações concretas, reais. 

Nós não temos a oportunidade de reescrever nossa história passada até algum momento em que possamos escolher entre razão pura e reações instintivas ou arbitrárias, isso é verdade.  Nesse sentido, decisões racionais são praticamente impossíveis, pelo menos para seres humanos lidando com situações concretas do mundo real (em vez de conceitos matemáticos ou filosóficos abstratos).

Só que aí caímos em uma situação de esvaziar o significado da expressão "decisão racional" a ponto dela não ter utilidade cotidiana, o que me parece contraproducente.  É uma expressão perfeitamente conveniente para designar decisões que usam da razão em um sentido prático e concreto.  E não, eu não vejo como ou por que essas decisões não convergeriam se suficientemente informadas e capacitadas.  Afinal de contas, a premissa é que elas se reportam ao mundo real, o que tende a remover a maioria das ambiguidades.
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Em 18 de janeiro de 2010, ainda não vejo motivo para postar aqui. Estou nos fóruns Ateus do Brasil, Realidade, RV.  Se a Moderação reconquistar meu respeito, eu volto.  Questão de coerência.

Offline uiliníli

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Re: Dalai Lama enfrenta tradição e pressão política em busca de sucessor
« Resposta #319 Online: 14 de Fevereiro de 2009, 21:48:03 »
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Conhece Roma?

Sim, foi uma civilização beligerante.  Mas não a vejo como particularmente bem-sucedida.  Pelo contrário, pela maior parte de sua história foi um bom exemplo de decadência.

Pela maior parte da história não, a história de Roma é milenar e somente seus últimos séculos foram decadentes. Aliás, poucas civilizações foram tão bem sucedidas quanto a romana, tanto que a língua e a religião do império ainda sobrevivem, embora bastante modificadas.

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Não ameaça toda a nossa racionalidade. Só demonstra que nem todas as nossas escolhas são racionais, a fortiori, os fundamentos de nossas escolhas morais não são racionais, eles estão amarrados à biologia ou são inventados.

Ora, uma decisão que considera a realidade biológica não é racional simplesmente porque considera a realidade biológica?  É isso mesmo?

Você está assumindo que você está fazendo uma decisão consciente, o que não é sempre o caso. A decisão de preservar a própria vida e de evitar conflitos não costuma ser tomada racionalmente.

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Sim, mas esse é um modelo simplificado, a ponto de ser o que na matemática se chama de "degenerado".  Ele literalmente não considera nenhum fato real.

Na prática consideramos um leque enorme de circunstâncias reais, muitas delas além do nosso controle. Isso não torna as decisões menos racionais.

Mas estou vendo que você faz uma dicotomia nítida entre decisões racionais e decisões arbitrárias.  Eu realmente preciso entender melhor essa dicotomia para poder te acompanhar.

Estamos falando sobre os fundamentos mais básicos de nossos princípios morais. Em muitos casos não há razão particular para preferir um sobre outro. Nesse nível as escolhas são arbitrárias. Você acusou o sistema de ser simplificado demais, mas nesse caso você acha que há um motivo racional que leva uma pessoa a ser pró-vida e outro motivo racional que leva outra pessoa a ser pró-escolha?

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Eu ia dizer que decisões sem nenhum motivo racional não acontecem na prática, ou são pelo menos muito raras.

Mas aí me deu um estalo: é por isso que você fala de uma cadeia de motivos racionais e se preocupa em demonstrar que ela não pode regredir indefinidamente, não é mesmo?

Bingo!

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Bom, nesse caso eu realmente não vejo utilidade prática para essa dicotomia entre decisões arbitrárias e decisões racionais.  Ela parece puramente acadêmica e sem muita correspondência com situações concretas, reais. 

Nós não temos a oportunidade de reescrever nossa história passada até algum momento em que possamos escolher entre razão pura e reações instintivas ou arbitrárias, isso é verdade.  Nesse sentido, decisões racionais são praticamente impossíveis, pelo menos para seres humanos lidando com situações concretas do mundo real (em vez de conceitos matemáticos ou filosóficos abstratos).

Esta discussão começou justamente quando discordamos quanto à moral ser inteiramente racional ou não. Sim, esta questão é meramente acadêmica. Mas veja que decisões racionais são impossíveis inclusive para conceitos matemáticos e filosóficos abstratos. Isso já foi demonstrado por Gödel na matemática, e Heidegger e Husserl na filosofia.

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Só que aí caímos em uma situação de esvaziar o significado da expressão "decisão racional" a ponto dela não ter utilidade cotidiana, o que me parece contraproducente.  É uma expressão perfeitamente conveniente para designar decisões que usam da razão em um sentido prático e concreto.  E não, eu não vejo como ou por que essas decisões não convergeriam se suficientemente informadas e capacitadas.  Afinal de contas, a premissa é que elas se reportam ao mundo real, o que tende a remover a maioria das ambiguidades.

Não esvaziamos o sentido de "razão", apenas estabelecemos os limites dela. Como eu já defendi, o processo de decisão é racional, você faz uma comparação entre diferentes alternativas. Sua escolha é racional, mas os critérios que orientam essa escolha têm origem arbitrária. Só faz sentido falar em um raciocínio no contexto de um conjunto de premissas, assim como só faz sentido falar em matemática no contexto de um conjunto de axiomas. O fato de os axiomas da geometria plana não serem comprovados não torna a dedução de teoremas a partir deles menos racional.

No caso das decisões morais, é aquele problema: julgar uma ação por suas consequências pressupõe que você deseje algumas consequências mais do que outras. A escolha do critério para isso é arbitrária. Isso não nos impede de escolher um modelo ético e segui-lo, mas ter consciência de que esse modelo não é absoluto é importante para mantermos os pés no chão.

Offline Luis Dantas

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Re: Dalai Lama enfrenta tradição e pressão política em busca de sucessor
« Resposta #320 Online: 14 de Fevereiro de 2009, 22:05:10 »
Pela maior parte da história não, a história de Roma é milenar e somente seus últimos séculos foram decadentes. Aliás, poucas civilizações foram tão bem sucedidas quanto a romana, tanto que a língua e a religião do império ainda sobrevivem, embora bastante modificadas.

É uma forma de ver a coisa, suponho.

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Estamos falando sobre os fundamentos mais básicos de nossos princípios morais. Em muitos casos não há razão particular para preferir um sobre outro. Nesse nível as escolhas são arbitrárias. Você acusou o sistema de ser simplificado demais, mas nesse caso você acha que há um motivo racional que leva uma pessoa a ser pró-vida e outro motivo racional que leva outra pessoa a ser pró-escolha?

Se bobear há um excesso de motivos, de ambos os lados. A maioria deles deriva da experiência passada das pessoas com valores e atitudes familiares e sociais.  O que falta para resolver essa controvérsia não são motivos racionais; é um modelo suficientemente sofisticado, abrangente e sólido que seja ao mesmo tempo suficientemente assimilado pela nossa cultura.

Claro que no caso do aborto, tal modelo acabaria jogando a questão do aborto propriamente dito para um canto, como o assunto secundário que realmente é, para que pudéssemos tratar das questões sociais que o causam, e que são centradas nos papéis e expectativas ligados a família e maternidade na nossa cultura.

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Esta discussão começou justamente quando discordamos quanto à moral ser inteiramente racional ou não. Sim, esta questão é meramente acadêmica. Mas veja que decisões racionais são impossíveis inclusive para conceitos matemáticos e filosóficos abstratos. Isso já foi demonstrado por Gödel na matemática, e Heidegger e Husserl na filosofia.

Não vou dizer que conheço o trabalho desses autores (exceto, em grau limitado, Godel), mas não entendo por que você acha que dilemas verdadeiros são mais raros ou mais difíceis de encontrar nos mundos abstratos. 

São as limitações concretas e práticas que tornam nossas decisões tão distantes da pureza abstrata e, ironicamente, por isso mesmo mais fáceis: quanto menos opções temos e mais fatores alheios ao nosso controle temos de considerar, mais fácil é tomar uma decisão realisticamente sensata.

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Não esvaziamos o sentido de "razão", apenas estabelecemos os limites dela. Como eu já defendi, o processo de decisão é racional, você faz uma comparação entre diferentes alternativas. Sua escolha é racional, mas os critérios que orientam essa escolha têm origem arbitrária. Só faz sentido falar em um raciocínio no contexto de um conjunto de premissas, assim como só faz sentido falar em matemática no contexto de um conjunto de axiomas. O fato de os axiomas da geometria plana não serem comprovados não torna a dedução de teoremas a partir deles menos racional.

Não.  Mas os torna menos autoritários para questões concretas, e é aí que está nossa divergência.  Eu insisto em focalizar decisões concretas e em usar um conceito de racionalidade que não perde de vista a realidade concreta.  Aparentemente isso é pedir muito.

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No caso das decisões morais, é aquele problema: julgar uma ação por suas consequências pressupõe que você deseje algumas consequências mais do que outras.

Certamente.

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A escolha do critério para isso é arbitrária.

Arbitrária, sim, no sentido de que é guiada por circunstâncias, por assim dizer, "impuras".

Mas também potencialmente racional, no sentido de que é possível prever e escolher conscientemente rumos prováveis para essas decisões e suas consequências.

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Isso não nos impede de escolher um modelo ético e segui-lo, mas ter consciência de que esse modelo não é absoluto é importante para mantermos os pés no chão.

Se não é absoluto (no sentido matemático e estritamente lógico), tampouco é completamente livre e arbitrário, já que faz continuamente tantas concessões ao mundo externo além de nosso controle.
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Em 18 de janeiro de 2010, ainda não vejo motivo para postar aqui. Estou nos fóruns Ateus do Brasil, Realidade, RV.  Se a Moderação reconquistar meu respeito, eu volto.  Questão de coerência.

Offline uiliníli

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Re: Dalai Lama enfrenta tradição e pressão política em busca de sucessor
« Resposta #321 Online: 14 de Fevereiro de 2009, 22:25:51 »
Se bobear há um excesso de motivos, de ambos os lados. A maioria deles deriva da experiência passada das pessoas com valores e atitudes familiares e sociais.  O que falta para resolver essa controvérsia não são motivos racionais; é um modelo suficientemente sofisticado, abrangente e sólido que seja ao mesmo tempo suficientemente assimilado pela nossa cultura.

Para isso você precisa de um modelo superior aos outros, e aí vem de novo o dilema de como demonstrar que ele é superior se as pessoas não tiverem critérios consensuais para isso.

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Claro que no caso do aborto, tal modelo acabaria jogando a questão do aborto propriamente dito para um canto, como o assunto secundário que realmente é, para que pudéssemos tratar das questões sociais que o causam, e que são centradas nos papéis e expectativas ligados a família e maternidade na nossa cultura.

Aí já fugimos um pouco do terreno das decisões morais de cada um e já entramos na área das políticas públicas.

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Não vou dizer que conheço o trabalho desses autores (exceto, em grau limitado, Godel), mas não entendo por que você acha que dilemas verdadeiros são mais raros ou mais difíceis de encontrar nos mundos abstratos. 

Não entendi o que você quer dizer com dilemas verdadeiros nem com mundos abstratos :confuso:

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São as limitações concretas e práticas que tornam nossas decisões tão distantes da pureza abstrata e, ironicamente, por isso mesmo mais fáceis: quanto menos opções temos e mais fatores alheios ao nosso controle temos de considerar, mais fácil é tomar uma decisão realisticamente sensata.

Mesmo as escolhas em situações concretas dependem de valores morais cultivados num nível abstrato, o que estávamos discutindo era justamente a origem desses valores.

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Não.  Mas os torna menos autoritários para questões concretas, e é aí que está nossa divergência.  Eu insisto em focalizar decisões concretas e em usar um conceito de racionalidade que não perde de vista a realidade concreta.  Aparentemente isso é pedir muito.

Não entendi direito ainda essa sua dicotomia entre questões concretas e abstratas. Para mim a nossa mente, o nosso raciocínio, funciona do mesmo jeito.

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Arbitrária, sim, no sentido de que é guiada por circunstâncias, por assim dizer, "impuras".

Mas também potencialmente racional, no sentido de que é possível prever e escolher conscientemente rumos prováveis para essas decisões e suas consequências.

Concordamos aqui.

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Se não é absoluto (no sentido matemático e estritamente lógico), tampouco é completamente livre e arbitrário, já que faz continuamente tantas concessões ao mundo externo além de nosso controle.

Com certeza.

Offline Luis Dantas

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Re: Dalai Lama enfrenta tradição e pressão política em busca de sucessor
« Resposta #322 Online: 14 de Fevereiro de 2009, 22:35:01 »
Se bobear há um excesso de motivos, de ambos os lados. A maioria deles deriva da experiência passada das pessoas com valores e atitudes familiares e sociais.  O que falta para resolver essa controvérsia não são motivos racionais; é um modelo suficientemente sofisticado, abrangente e sólido que seja ao mesmo tempo suficientemente assimilado pela nossa cultura.

Para isso você precisa de um modelo superior aos outros, e aí vem de novo o dilema de como demonstrar que ele é superior se as pessoas não tiverem critérios consensuais para isso.

Sim, esse talvez seja O grande desafio.  Nesse ponto não vejo como evitar um certo elitismo.

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Claro que no caso do aborto, tal modelo acabaria jogando a questão do aborto propriamente dito para um canto, como o assunto secundário que realmente é, para que pudéssemos tratar das questões sociais que o causam, e que são centradas nos papéis e expectativas ligados a família e maternidade na nossa cultura.

Aí já fugimos um pouco do terreno das decisões morais de cada um e já entramos na área das políticas públicas.

Com certeza, e até onde entendo essa "fuga" é necessária para resolver a questão do aborto.

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Não vou dizer que conheço o trabalho desses autores (exceto, em grau limitado, Godel), mas não entendo por que você acha que dilemas verdadeiros são mais raros ou mais difíceis de encontrar nos mundos abstratos. 

Não entendi o que você quer dizer com dilemas verdadeiros nem com mundos abstratos :confuso:

A matemática e a lógica pura são mundos abstratos, nos quais é possível delimitar e definir perfeitamente situações e objetos.  O mundo no qual tomamos decisões é outro, o mundo concreto, que não oferece tais garantias.

Um dilema verdadeiro seria, conforme a definição, uma decisão em que há liberdade de escolha, mas todas as alternativas possíveis implicam em alguma consequência indesejada.  Isso é um tanto raro na vida cotidiana, porque nossa liberdade é bastante limitada, nosso grau de certeza sobre as consequências também.

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São as limitações concretas e práticas que tornam nossas decisões tão distantes da pureza abstrata e, ironicamente, por isso mesmo mais fáceis: quanto menos opções temos e mais fatores alheios ao nosso controle temos de considerar, mais fácil é tomar uma decisão realisticamente sensata.

Mesmo as escolhas em situações concretas dependem de valores morais cultivados num nível abstrato, o que estávamos discutindo era justamente a origem desses valores.

Na minha opinião são basicamente hábitos, modificados por questionamento que por sua vez é originado das frustrações e limitações encontradas nas situações concretas.


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Não.  Mas os torna menos autoritários para questões concretas, e é aí que está nossa divergência.  Eu insisto em focalizar decisões concretas e em usar um conceito de racionalidade que não perde de vista a realidade concreta.  Aparentemente isso é pedir muito.

Não entendi direito ainda essa sua dicotomia entre questões concretas e abstratas. Para mim a nossa mente, o nosso raciocínio, funciona do mesmo jeito.

Questões concretas envolvem a realidade consensual.  Questões abstratas envolvem conceitos puros, perfeitamente definíveis, isoláveis, previsíveis.
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Em 18 de janeiro de 2010, ainda não vejo motivo para postar aqui. Estou nos fóruns Ateus do Brasil, Realidade, RV.  Se a Moderação reconquistar meu respeito, eu volto.  Questão de coerência.

Offline uiliníli

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Re: Dalai Lama enfrenta tradição e pressão política em busca de sucessor
« Resposta #323 Online: 14 de Fevereiro de 2009, 22:44:19 »
Sim, esse talvez seja O grande desafio.  Nesse ponto não vejo como evitar um certo elitismo.

Também significa que sempre haverá polêmica. Afinal de contas, nada impede alguém de achar que tem um elitismo melhor que o seu.

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Com certeza, e até onde entendo essa "fuga" é necessária para resolver a questão do aborto.

Com certeza, mas vamos deixar a discussão do aborto para outro dia em outro tópico...

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A matemática e a lógica pura são mundos abstratos, nos quais é possível delimitar e definir perfeitamente situações e objetos.  O mundo no qual tomamos decisões é outro, o mundo concreto, que não oferece tais garantias.

Mas tomamos decisões não com o mundo, mas com a mente. E na mente tratamos as coisas na forma de conceitos abstratos.

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Um dilema verdadeiro seria, conforme a definição, uma decisão em que há liberdade de escolha, mas todas as alternativas possíveis implicam em alguma consequência indesejada.  Isso é um tanto raro na vida cotidiana, porque nossa liberdade é bastante limitada, nosso grau de certeza sobre as consequências também.

Ou seja, mesmo que estejamos diante de um dilema verdadeiro, podemos não saber que estamos...

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Na minha opinião são basicamente hábitos, modificados por questionamento que por sua vez é originado das frustrações e limitações encontradas nas situações concretas.

Essa pode ser uma origem para alguns critérios de avaliação moral.

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Questões concretas envolvem a realidade consensual.  Questões abstratas envolvem conceitos puros, perfeitamente definíveis, isoláveis, previsíveis.

Sim, mas para pensar na realidade consensual precisamos definir variáveis, isolá-las e arrsicar previsões. Por isso não temos um conhecimento perfeito do mundo, mas apenas modelos, e está aí a ciência para provar isso.

Offline Moro

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Re: Dalai Lama enfrenta tradição e pressão política em busca de sucessor
« Resposta #324 Online: 14 de Fevereiro de 2009, 22:47:31 »

Li, e continuo achando que você está muito apegado a um modelo abstrato, isolado de circunstâncias que não podem ser evitadas.  Chego a me perguntar se essas decisões arbitrárias são possíveis na realidade...

hummmm, vamos ver mais abaixo


Porque é essa a natureza do mundo em que vivemos: não existimos isolados e independentes, mas em vez disso sofremos e causamos uma grande variedade de efeitos uns nos outros.  Por vários motivos, inclusive psicológicos e fisiológicos, nossa condição de mudar essa realidade é muito pequena, desprezível até.

Esse é uma das groselhas centrais do budismo. Na prática, existem pontos isolados.´
Os caras repetem tanto isso que acabam achando que isso é verdade.

Outro ponto interessante:

O budismo faz essa afirmação. Tenta provar? Não
Faz um modelo para que possa prever algo de prático? Não
Leva em consideração impactos específicos em culturas específicas? Não
Uma taxonomia, nem que marota, de relações causa e efeito? Não
Faz alguma coisa?

Imagino em um templo, o careca falando relações interdependentes e todos: Ohhmmmmmmmmmmm


Citação de: Uili
Cara, você não está me entendendo... Não definir critérios em termos de consequências, pois as consequências já requerem obrigatoriamente um critério de julgamento! Isso é raciocínio circular.

Isso é modus operandi religioso.   Você nunca vai conseguir conversar a sério sem entrar em um loop. O tipo de argumentos que usam leva naturalmente a isso.

Pelo visto não estou entendendo mesmo.  Por que ver os fatos da realidade seria tão arbitrário assim?  O mundo, como eu o percebo pelo menos, simplesmente não tem tantas opções assim.  O que acaba sendo reconfortante, já que resolve tantos dilemas.

editado...


Citação de: Dantas
Questões concretas envolvem a realidade consensual.  Questões abstratas envolvem conceitos puros, perfeitamente definíveis, isoláveis, previsíveis.

Isso, conceitos puro como a verdadeira verdade, a verdadeira racionalidade, a verdadeira paz... isto é... budismo.
« Última modificação: 14 de Fevereiro de 2009, 23:09:12 por Agnóstico »
“If an ideology is peaceful, we will see its extremists and literalists as the most peaceful people on earth, that's called common sense.”

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"To claim that someone is not motivated by what they say is motivating them, means you know what motivates them better than they do."

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Sacred cows make the best hamburgers

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