Não sou budista, já adianto, mas realizarei algumas críticas contra as suas:
o´tópico (../forum/topic=19100.0.html) saiu um pouco do contexto original e começamos a debater sobre a alegação feita por budistas de que essa religião seria superior às demais. Resolvi abrir este tópico para que seja especializado no tema.
O fato de uma pessoa se intitular como budista não significa que ela seja de fato. Hoje em dia parece ter virado moda se dizer praticante de uma doutrina religiosa/filosófica oriental, e muita gente passou a se dizer budista, confucionista e etc., sem no entanto conhecer a fundo, e mesmo praticar os ensinamentos destas doutrinas/filosofias, logo estas pessoas não são no sentido original da palavra, budistas de fato.
1- Críticas à religião: Eu posso fazer?
Como pergunta Dawkins, porque não podemos criticar a religião? Podemos falar sobre investimentos, sobre a racionalidade de atos do governo, mas se eu questiono a religião já vem aquela patrulha que me diz que isso é um assunto de cunho pessoal e que eu devo respeito à religião do indivíduo.
O budismo é conhecido por ser uma doutrina religiosa/filosófica aberta a críticas, então evidentemente, para o budismo é perfeitamente aceitável, e mesmo desejável receber e debater as críticas realizadas a esta doutrina.
3- Um pouco de senso prático
Em uma discussão as vezes pautadas por afirmações como "A minha religião é superior, eu conheço e você não conhece", poderíamos tentar fugir de discutir questões teóricas e cair um pouco em coisas mais práticas.
O que se espera de alguém, um país, uma amostra populacional, que siga um preceito moral melhor, mais inteligente, menos fanático e mais adequado à evolução? Simples, que sejam mais morais, inteligentes, menos fanáticos e que evoluam mais. Dito isso:
A- Budistas participaram de genocídios em guerras, execuções sumárias e outras barbaridades? Claro, veja extermínios perpetrados por japoneses, chineses, etc..
Primeiramente, diferente das religiões monoteísta ocidentais (cristianismo, judaísmo e islamismo) nenhuma guerra fora travada em nome do budismo.
Segundo, ps países citados por você são compostos de uma minoria budista praticante, a maior parte da população ou não é religiosa ou se declara um religioso não praticante.
Como exemplo de um país composto por uma maioria budista praticante podemos citar o Tibete, que como exemplo de conflito (por eles não iniciado) podemos citar a invasão de sua nação pela China, onde apesar de eles estarem sendo as vítimas, a única forma de resistência oferecida foi a pacífica.
Hoje seu maior líder religiosos e político exilado no exterior, o Dalai Lama, tenta resolver este conflito de forma pacífica e diplomática, onde com base nos ensinamentos budistas coloca como critério para que ele continue como representante de seu povo, o fato de seu povo continuar a resistir somente de forma pacífica.
B- Há fanatismo religioso? Ex, Sri Lanka.
Carece de fontes.
C- Países de terceiro mundo budistas estão evoluindo melhor do que países de terceiro mundo cristãos? Não,
E porque devemos levar em conta o ideal de sucesso de uma nação os critérios utilizados no ocidente?
Cada um usa a si próprio como padrão para julgar os outros, evidentemente esta maneira de classificar as nações em desenvolvidas, emergentes e subdesenvolvidas é um reflexo do padrão ocidental que coloca a si mesmo como o topo e os demais como tentando se igualar a eles.
Além disso, já que você citou o Japão como país budista, isso por si colocaria um exemplo de nação que segundo você é budista, nada menos entre as de maior IDH do mundo, além também de uma com um dos maiores PIB's do mundo.
A China poderia ser colocada como a segunda de maior PIB do mundo.
Tudo isso de certa forma contradiz a sua premissa de que países onde existe o budismo sejam menos desenvolvidos do que as demais nações.
D- Budistas são mais gentis do que cristãos, ao se comparar países com desenvolvimento humano similar (Japão e Suécia, Haiti e Sri Lanka). Não.
Isso é uma especulação sobre um conceito aberto e indefinido como o termo/conceito gentil.
E- Budistas que temos contato são mais calmos, se acham menos superiores, do que espíritas? Não.
Novamente uma especulação sem estudo/pesquisa alguma sobre termos/conceitos abertos indefinidos.
Levando isso em consideração, podemos afirmar que o Budismo mostra em seus textos um verdadeiro show de groselhas (e falamos sobre parábolas também no próximo ponto)
Ataques baseados apenas em especulações infundadas.
"Verdadeiramente, bhikkhu, um nobre discípulo que é hábil e que compreendeu por ele mesmo, independente da fé em outros, que ‘Quando existe isso, aquilo existe; com o surgimento
disso, aquilo surge..."
ou
"Quem vê a origem dependente vê o Dhamma; quem vê o Dhamma vê a origem dependente"
ou
"Vejam, da ignorância como requisito necessário surgem as fabricações"
ou
"Porém, esta geração se delicia com a adesão, está excitada com a adesão, desfruta da adesão. Para uma geração que se delicia com a adesão, excitada pela adesão, desfrutando da adesão, esta verdade, isto é, a condicionalidade isto/aquilo e a origem dependente são difíceis de serem vistas. E também, é difícil de ver esta verdade, isto é, o silenciar de todas as formações, o abandono de todos apegos, o fim do desejo, desapego, cessação, Nibbana. Se eu fosse ensinar o Dhamma, os outros não me entenderiam e isso seria fatigante, enervante"
Nenhuma fonte de origem do texto é deixada, como saber se este texto é de fato um texto budista original?
Além disso, como já dito antes, só porque alguém se intitula budista isso não quer dizer que ele seja de fato.
Um deva (sânscrito e pali), no budismo, é um dos diferentes tipos de seres não-humanos. São mais poderosos, vivem mais e, no geral, tem uma existência mais satisfeita que a média dos seres humanos.
...
O termo deva não se refere a uma classe natural de seres mas é definida de modo antropocêntrico para incluir todos os seres mais poderosos ou mais bem-aventurados que os humanos. Ele inclui vários tipos bem diferentes de seres, seres estes que podem ser alinhados hierarquicamente. As classes inferiores desses seres são mais próximas em sua natureza com os humanos que com as classes superiores de devas.
...
Diz-se que os humanos originalmente tinham muitos dos poderes dos devas: não requerer comida, a habilidade de voar e brilhar pela sua própria luz. Com o tempo eles passaram a comer alimento sólido, seus corpos ficaram mais densos e seus poderes desapareceram.
Novamente as citações carecem de fontes.
O guia moral é rígido, descontextualizado de situações reais presentes em tratados de ética, e como prêmio propõe que a pessoa se tranforme em um super-homem. Os poderes que você ganha quando consegue seguir a proposição moral está aqui ../forum/topic=19100.150.html#msg418785
Um dos preceitos budistas é o desapego ao ego/eu, e isso implica em não super-valorizar suas conquistas, não se reconhecendo através delas. Logo se imaginar como um "super-homem" esta fora de questão, se isso realmente é traçado como objetivo o praticante em questão não é um budista de fato.
Mas de uma maneira geral, há a recusa de se debater a doutrina, basicamente porque seria algo como debater o livro cristão, não há muita solução no contexto da lógica e ceticismo.
Já conversei com mestres budistas e praticantes mais experientes, de escolas reconhecidas como autenticas dentro da comunidade budista, e todos eles estavam abertos ao dialogo, as criticas e ao debate sobre o ensinamento de sua doutrina. Logo, por dedução imagino que aqueles com os quais você debateu não eram budistas de fato, mas talvez simpatizantes da doutrina, ou mesmo esta turma que segue tendências, modismos, e como o budismo esta em alta no ocidente, muitas seitas não reconhecidas pela comunidade budista passaram a ensinar o que eles chamam de budismo alternativo, coisas de filosofia New Age. Não é porém reconhecidos pelas escolas tradicionais como budismo autentico. Desta forma suas afirmações não podem serem associadas ao budismo
Nas comparações que tenho visto, os budistas me colocam links mostrando grandes idiotices cristãs principalmente evangélicas. Não há nada o que se falar sobre essas idiotices a não ser que são idiotices.
Outro preceito budista é não atacar outras crenças religiosas, você não conseguirá encontrar provavelmente nenhuma crítica do Dalai Lama a outras doutrinas religiosas. Lhe lanço este desafio.
O problema é que usam isso para provar a superioridade do budismo frente ao cristianismo, o que é uma besteira.
Novamente, o desafio acima esta lançado.
A questão é que em paises onde há mais informação, educação e riqueza, esses textos são naturalmente reputados como parábolas ou metáforas pela maior parte da população. Em países onde a ignorância é mais acentuada, esses textos são levados mais ao pé da letra.
Novamente você esta apenas especulando.