Oi Lusitano,
Tudo bem?
Já entendi seu raciocínio e que ele não passa de uma profissão de fé que ignora as evidências em contrário, coisa que você mesmo reconhece, quer seja porque acha que as evidências são “apenas” criações da consciência, quer seja porque prefere não as ver.
Beleza (mesmo).
Cada um crê naquilo que quer... ou pode.
Mas ainda gostaria de comentar algumas coisas, se bem que já estou me cansando de “chover no molhado”.
Senão, vejamos...
Se somos absolutamente dispensáveis em relação ao Universo, como é que você explica, que consigamos ser tão persistentes? Será que somos uns parasitas fantasticamente auto-existentes?
Os vírus da gripe (só pra pegar um exemplo da moda) são completamente dispensáveis à existência humana, mas, mesmo assim, eles persistem. A persistência de algo não demonstra que seja indispensável à existência de coisa nenhuma
.
estou sim a afirmar, que nós, mais a restante Natureza Cósmica, somos o Universo. Portanto, é nessa óptica de pensamento, que digo: nós somos universo. É como dizer que no contexto da vida, nós somos seres vivos. (nós somos vida)
Isso se chama extrapolação.
Perceber que somos seres vivos não nos faz iguais à vida.
Constatar que estamos no universo (aliás, tudo está, não é mesmo?) não nos faz ‘o’ universo.
De novo: fazer parte de uma coisa não é ser essa coisa. Estar conectado a uma coisa também não é ser essa coisa. Depender de uma coisa não é ser essa coisa.
Voltando ao exemplo do corpo, meu dedão do pé esquerdo faz parte de mim, mas ele não sou eu. É apenas meu dedão do pé esquerdo, que poderia ser extraído sem maiores problemas. (pobre dedão...
)
Pablito:Estar conectado a uma coisa, mesmo ser dependente de uma coisa, não faz o ente conectado/dependente idêntico à coisa.
Retomemos o exemplo do coma. Uma pessoa em coma, dependente de aparelhos para se manter viva, é “apenas” uma pessoa conectada a aparelhos para se manter viva – ela não se torna idêntica aos aparelhos nem os aparelhos se tornam dependentes da pessoa para existirem.
Desculpe, não é nesses termos que eu estou defendendo a minha opinião.
Você disse-me que os nossos corpos, podiam existir sem consciência. O que não pode ser verdadeiro.
Claro que é verdadeiro.
Se eu desmaio, meu corpo não some
. Quando a consciência volta, será visto que ele continua onde estava.
Seu exemplo da “necessidade de outras consciências” é apenas uma tentativa de fugir do assunto.
É óbvio que um corpo inconsciente não pode se alimentar e vai acabar morrendo, mas perdurará enquanto ainda possuir reservas de energia. Assim, pode-se dizer que o corpo é muito mais dependente dessas reservas de energia do que de sua consciência.
Mas você não fala sobre alimentação – você afirma que a consciência precede a existência dos fenômenos, o que é beeeem diferente da necessidade de um animal estar consciente para buscar alimentos.
O que me lembra os vegetais. Não há nenhuma evidência de que as cenouras tenham consciência de si, da vida, do universo e tudo o mais, mas as cenouras existem e se alimentam sem nenhuma consciência.
Bem, é claro que você vai dizer que agricultores conscientemente plantaram todas cenouras ou que as cenouras possuem alguma consciência e coisa e tal... ou que não se pode provar que elas não têm... ou que nossas consciências criaram as cenouras para alimentar os coelhos da páscoa.
Sem dúvida que sistemas de apoio de vida, não são a própria pessoa; mas são unos, com o Universo donde emergem, em virtude da acção humana consciente.
O que será que isso quer dizer?
e o que é um raciocínio e um conjunto de evidências – senão a resultante de um trabalho efectuado pela consciência? Um raciocínio, não é justamente uma interpretação de algo?
E...?
Ah, já sei, como o raciocínio é uma interpretação de algo, isso prova que há 13 bilhões de anos só ocorreu uma explosão de raios gama nos confins do universo porque havia uma consciência lá para observá-lo! Claro! Como não vi isso antes?
Também prova que se não houver nenhuma consciência por aí, todos os planetas, estrelas, galáxias, e poeira existente desaparecerão!
Olha só...
atrevo-me a retribuir-lhe com outra analogia semelhante: nós estamos para a Humanidade, assim como a Humanidade está para o Universo.
A Humanidade existe, porque existem as suas pequenas células; os homens, certo?
Posso então inverter a frase e dizer, os homens existem, porque a Humanidade existe…?
Há, ou não há, uma razão de reciprocidade? Isto é: uma via de mão dupla, como você mencionou anteriormente?
Peraí, humanidade é o conjunto dos homens (e mulheres), logo, é óbvio que humanidade e homens têm uma relação de reciprocidade.
Mas universo
não é o conjunto das consciências muito menos dos homens – é um conjunto muito maior pois envolve simplesmente tudo. Assim, a humanidade
não[/n] está para o universo assim como nós estamos pra humanidade, de jeito nenhum.
Nada a ver essa sua analogia, viu?
Pablito: Porém, posso até compreender que a realidade é subjetivamente percebida de acordo com as limitações dos sentidos e as tendências da consciência. Mas realidade percebida e realidade externa são duas coisas diferentes.
Concordo consigo, mas acrescento que necessariamente, há um elo de ligação entre essas duas formas de ser.
Não necessariamente. No delírio, ou mesmo na delusão, não há esse “elo de ligação” entre realidade externa e realidade percebida.
Daí para um estado patológico é só um pulo, viu?
A Humanidade tem a capacidade de agir sobre o exterior e modificá-lo completamente. Isto implica logicamente, que as consciências podem planejar e gerir a Natureza externa e criar uma realidade inteiramente diferente. O Homem, passa o tempo a modificar o meio ambiente objectivo, através da projecção da sua subjectividade interior.
Forçando a barra hem, Lusitano?
É óbvio que nossa capacidade de planejamento nos auxilia a construir barragens, estradas, fazer plantações. Mas isso não é o mesmo que uma consciência gerando a galáxia de Andrômeda.
Bem, ninguém pode dizer que não tentei...
Um abraço e ‘goodbye folks’