Geotecton
Queria ter respondido antes mas minha esposa não... er... permitiu (quis fazer as compras do Dia das Mães no Shopping).
Derfel
A minha única fonte confiável, baseada em relação de amizade, é de um grupo de médicos que trabalham com atendimento da população das classes C e D no SUS, nas esferas municipal e estadual.
Eles afirmaram que há diversos erros e alguns casos de manipulações de dados de saúde publica. Os casos de manipulação mais comuns são os de informar sobre o número de leitos disponíveis; sobre o número de atendimentos em geral e sobre o número de óbitos por alguns tipos de doenças, na qual a "dengue" é a mais comum. Eles afirmaram que estes casos são conveniência política.
Sem contar que esses mesmos médicos são os responsáveis por tais informações. No frigir dos ovos acaba ficando nas costas do enfermeiro informar esses dados à Sec Estadual de Saúde, mas a equipe possui responsabilidade solidária. Mais para frente vou falar um pouco como é produzida a informação em saúde, mas, adiantando, é interessante tratar um pouco do problema da dengue.
O levantamento dos casos de dengue apresenta um problema de metodologia, ou melhor, "disputas metodológicas". O MS considera, para efeito de levantamento, o diagnóstico clínico da dengue. Isso é o considerado na maior parte do território do Brasil. O estado de São Paulo, contudo, só contabiliza os casos de dengue confirmados por teste sorológico. Isso acaba gerando uma aberração: dois municípios vizinhos, um em SP e outro em MG, o de MG terá um número de casos de dengue muito maior que o de SP. Os dois levantamentos estão corretos dentro de suas metodologias, mas também os dois apresentam problemas. Em MG haverá um número superestimado de dengue, já que nem todo caso diagnosticado na clínica como dengue é dengue de fato, por outro lado, em SP haverá um número subestimado de casos, já que nem todas as pessoas diagnosticadas clinicamente com dengue fazem a sorologia, assim perde-se muitos casos.
Recentemente, no caso da "gripe suína", eles me disseram que o número de óbitos relacionados à esta doença era significativamente maior que aquele que estava sendo divulgado oficialmente.
Mas no início o número de mortes atribuídas ao H1N1 foi muito maior que o real, já que muitos casos não foram confirmados com a sorologia, mas isso é normal em períodos de epidemias como a que houve.
Portanto Derfel, existe sim algo de "achismo" na minha opinião, mas acho razoável extrapolar a situação do município em que vivo (capital de um estado economicamente importante) para os demais municípios e estados.
Ficaria feliz se voce me afirmar que em seu município ou estado este tipo de situação não ocorre.
Erros e fraudes ocorrem em qualquer lugar, mas existem formas de fiscalizar esses erros. Normalmente, um município, no caso da saúde, está subordinado a uma regional e a regional à secretaria estadual de saúde, que, por sua vez, está subordinada ao MS. Se algum dado informado sai de dentro das espectativas para ele, então a regional vai investigar o motivo. Vou dar dois exemplos que aconteceram no município onde trabalho (como do ESF). Foi informado que não havia casos de tuberculose no município (já que não havia casos que tivessem sido identicados na consulta de rotina). A regional convocou a equipe e o secretário para saber porque não havia casos de tuberculose no município, já que, estatísticamente deveria existir x casos. Resultado: fizemos uma busca ativa por casos de tuberculose no município (tossindo há mais de duas semanas, bk neles) e acabamos encontrando um caso, que foi notificado e iniciado o tratamento (além de pesquisar entre os contactantes). Noutras vezes o caso acaba passando batido por outros motivos e não é contabilizado o caso como do município. Um caso de hanseníase foi desse tipo, onde o paciente fez o tratamento e diagnóstico no serviço de referência de Natal, não passando pela unidade. A regional plotou e a equipe conseguiu acompanhar o caso depois e notificar (já havia sido notificado pelo serviço de Natal, mas não há duplicidade, já que o sistema considera apenas um caso - já que é identificado pelo nome da mãe e cartão sus).
De qualquer modo fiz um apanhado rápido de notícias que sugerem manipulação de informações pelo Ministério da Saúde; pela mídia contrária ao atual governo e pela mídia favorável ao atual governo.
Quando analiso os informes abaixo, avalio qua a informação fornecida pelos médicos locais são mais confiáveis, não porque sejam a favor ou contra algum governo, mas porque foi fornecida por pessoas que não tem comprometimento ideológico ou político-carreirista.
Eis cinco casos contrários apresentados na mídia (sem verificação).
Dos cincos casos contrários apresentados aqui, nenhum trata da confiabilidade das informações de saúde no Brasil, nem como elas são obtidas:
http://www.geracaobooks.com.br/colunistas/colunista.php?id=53 (crítico usual do governo) - Trata sobre a política de desarmamento e o autor apenas comenta que foi criticado por usar os números de redução de mortes por armas de fogo do MS, mas ele mesmo diz que não acredita em fraude nos números. Para saber como são feitas as coletas de dados de acidentes com arma de fogo, em um inquérito sanitário:
http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/viva/vivadescr.htmFora que todo e qualquer morte ou acidente por arma de fogo deve ser informado para a polícia e entra como estatística do estado.
http://www.democratas.org.br/news_view.asp?id=%7B66E7903B-BA27-47E0-8842-069C80451525%7D (oposição ao governo) - aqui também não se contesta os números de mortes por H1N1, apenas diz que o RS não está recebendo a devida importância.
http://www.anovaordemmundial.com/2010/04/filme-vacinacao-verdade-oculta.html (teoria conspiratória) - Também não contesta números ou dados do MS, apenas acha que existe um complô mundial para infectar todo mundo através das vacinas do mal.
http://portal.pps.org.br/portal/showData/161636 - Aqui também não há contestação dos números do MS, nem da mortalidade infantil. O que foi debatido foi a conclusão que o Pnud chegou a partir dos dados.
http://www.antidrogas.com.br/mostraartigo.php?c=1771 - aqui é apenas uma crítica à omissão do MS no combate ao consumo de álcool. O que é injusto, já que houve uma tentativa de restringir os comerciais de bebidas alcoolicas na TV (do que trata o artigo), mas o MS teve que voltar atrás por pressão da mídia e dos fabricantes.
Eis três casos favoráveis apresentados na mídia (sem verificação).
http://www.guiadafarmacia.com.br/gestao-merchandising/197/artigo167487-2.asp (dependência funcional) - Não tem relação também com a produção da informação e confiabilidade dos dados.
http://www.viomundo.com.br/denuncias/reportagem-da-folha-sobre-gripe-suina-e-totalmente-furada-uma-irresponsabilidade.html (jornalista pró-governo, ex-repórter do SBT) - Aqui trata apenas de um estudo de previsão epidemiológica da pandemia de H1N1 a partir de modelos de outras epidemias, nada com relação à produção de informação em saúde.
http://colunistas.ig.com.br/luisnassif/2009/07/22/a-gripe-espanhola-segundo-a-folha/(jornalista pró-governo, ex-Bandeirantes) - Esse aqui não consegui acessar...

Eis um caso contrário apresentado na mídia sem verificação (plano estadual)
http://waldircardoso.wordpress.com/2010/03/25/novos-leitos-de-uti-no-para-propaganda-enganosa/ - não é bem um caso contrário, muito pelo contrário. A governadora divulgou um número que não condizia com a realidade, que foi confrontado com os números do MS para o Pará. Ou seja, na verdade os números informados é que desmentiram a governadora.
Eis um caso de estudo técnico mostrando parâmetros e relações entre orçamentos, gastos efetivos e desempenho da saúde em municípos paulistas com a verba fornecida pelo Ministério da Saúde no ano base de 2.001.
http://docs.google.com/viewer?a=v&q=cache:2OaZ5LkqKlQJ:www3.mackenzie.br/editora//RAM/article/download/137/137+estat%C3%ADstica+enganosa+do+minist%C3%A9rio+da+sa%C3%BAde&hl=pt-BR&gl=br&pid=bl&srcid=ADGEESgGoMgwyRUiikr4jwxIy58Q0GF0f9mZIbZb6eLqRC-ahksUVBmDxJX5HE4DX8TDJ70e_Ezi6STlNb6VpyIDJ8-IHUEwrBxg-21D8Mq-0zaCREW45HgaLWeI6hcyRLEXfQbfZoGZ&sig=AHIEtbRXH7v3WgMJQpQcpCLnPW2jOXMEDAEsse trata do que aplicado em saúde e sua correspondência com os esforços na atenção básica e nas estruturas. Também não informa nada sobre confiabilidade dos números.
Acho que ficou gravada a sua busca no link, foi essa aqui: "estatística enganosa do ministério da saúde"?
Sugiro colocar "confiabilidade dos sistema de informação em saúde", talvez aí tenha alguma coisa.