Não valido nem aprovo a atitde dos alunos, mas devo reconhecer que eles deram o segundo passo nessa história, que começou com a menina.
A faculdade, se quisesse, que colocasse um cartaz dizendo "Proibido minissaia", assim como alguns mercados aqui onde moro colocam cartazes de "Proibido entrar sem camisa". Se houvesse um cartaz desse tipo, duvido que a moça entraria lá vestida daquele jeito.
Um cartaz desse seria bastante razoável, porém geraria tumultos por argumentos de ferir a Lei. Já comentei que Lei é diferente de convenção social e também defendo que esta última é mais fortemente defendida pela Sociedade quando ocorre manifestações divergentes. Uma razão obvia de não ir de microssaia à faculdade é pela expectativa de que algo de ruim ocorrerá, tanto que a menina parecia ser a excessão, o que destoa, do grupo ali inserido. Se ela não pensou que ir com aquela roupa àquele ambiente iria acarretar em um certo constrangimento, ela tem algum problema de percepão de identidade social.
Só porque em uma universidade do interior de São Paulo existem pessoas preconceituosas e desequilibradas, não significa que devemos balizar nosso comportamento por elas. No Irã ou Arábia Saudita ela seria provavelmente apedrejada, o que não torna a atitude mais legítima.
Não acredito que uma turba desequilibrada de marmanjos babões sejam uma boa amostra da sociedade. Tanto que a atitude está sendo amplamente repudiada pela maioria.
Com total respeito a sua opinião, ela não é relevante e não condiz com os fatos. Primeiro, uma universidade é, sim, uma boa amostra da sociedade. Basta ver o número de envolvidos e teorias como a Psicologia das Massas e o Fenomeno Grupal. Outra coisa, esta atitude está sendo criticada pela maioria que está de fora, não participou do evento e viu as consequencias sociais que isso causou ao status de racional, sensato, etc, do ser humano.
Novamente, o comportamento da sociedade é DISPAR do indivíduo em sua particularidade.
E onde está escrito que o preço a pagar por ir de roupa curta à faculdade é ser praticamente linchada?
Vou tentar reformular de forma mais simples. Exitem Leis que são escritas e que esboçam claramente o que deve e o que não deve ser feito e existem Convenções sociais, que não são escritas mas tem uma das finalidades parecidas com as primeiras: regular o convívio social de forma harmônica. Não é necessário estar escrito que na praia não se utiliza vestido de noiva para que as pessoas saibam o que acontece. Da mesma forma, não encontro escrito em canto algum que passar com a camisa do Flamengo (ou palmeiras) em um grupo cheio de Vascaínos (corintianos) pode me dar sérios problemas.
Eu jamais imaginaria que ir à faculdade com vestido curtíssimo geraria tanta hostilidade, mas poderia prever que provocaria grande alvoroço por parte de alguns acadêmicos. Bom, de qualquer jeito, ficou a lição para a menina que, em suas entrevistas, disse que gosta de ir com roupa provocante, sim.
E se não são "seres racionais andando por aí", então está na hora de começarem a ensaiar a racionalidade, pois afinal, estão cursando uma faculdade. Do contrário deveriam estar enjaulados. Quem não sabe conter por si só os seus maus instintos deve ser contido pela Lei. É como diz um velho ditado antigo: "quando a cabeça não pensa, o corpo é que paga".
E novamente quanto às convenções, não acredito que sejamos apenas produtos do nosso meio. Eu posso perfeitamente viver no meio dos islâmicos e tenho certeza absoluta que não serei como eles. Mas se tivesse nascido no meio deles, e entrasse em contato com a civilização ocidental, tenho igual certeza que me tornaria de mentalidade ocidental. Convenções podem ser criadas e derrubadas. Mas no caso da garota, não era nenhum caso de quebra de convenção.
Concordo totalmente com a primeira parte. Está na hora da família voltar a ensinar coisas consideradas corretas aos filhos, de os professores servirem como exemplos, de nossas autoridades serem respeitáveis, etc. Está, realmente, na hora disso ocorrer, mesmo que seja sob forma de Lei.
A segunda parte exige grande reflexão e já é muito discutida há muito tempo na velha questão do Nature x Nurture. Meu ponto de vista é de que somos moldados também pela sociedade e acredito que se você ou eu ou qualquer pessoa tivesse nascido no Japão, muito de nossa opinião sobre o mundo seria diferente, etc. Mas isso é filosofia de buteco, pois não há comprovação para isso.
A garota não tem culpa nenhuma... tentar culpar a menina pela reação dos nerds cabações é como culpar uma mulher por andar sem burka no centro de uma cidade islâmica. Não há argumento que possa provar ao contrário... mesmo que a menina estivesse só de calcinhas, nada justifica a presepada dos alunos(?) e muito menos da direção da universidade.
A garota não tem culpa pelas consequencias desmedidas, mas ela deveria ter imaginado que aquele tipo de roupa naquele ambiente específico poderia gerar certas provocações. Qualquer pessoa com um termometro social adequado imaginaria que aquela roupa provocaria certos comentários. Imaginar que provocaria quase lesões físicas já é algo mais complicado, mas tenho certeza de que ela aprenderá isso a partir de agora.
Se há um padrão a ser seguido, que se estabeleça previamente, por escrito, com firma reconhecida por todos alunos... caso contrário é de uma cabaçisse ímpar, digna apenas de doentes mentais.
Tenho grande convicção de que todos aqui somos pessoas razoáveis o suficiente para entender que há itens escritos e itens velados em nossa Sociedade. Todo mundo tem plena certeza de que existe um estatuto material que nos diz o que pode e o que não pode e todo mundo sabe que existe uma série de códigos que não estão escritos mas que são indispensáveis para o convívio harmonico na Sociedade. Alguém sabe a lei que manda respeitar os mais velhos? mesmo assim essa convenção tem sido passada de tempos em tempos e por aí vai.
...
Vou novamente repetir o que tenho certeza vocês ja entenderam. Existe uma série de regimentos sociais que são criados por inúmeros fatores e que servem como grandes diretrizes de nossa vida. Esse conjunto de coisas a gente pode chamar de Poder Instituido. Quando qualquer variável estranha tenta retirar essa construção social, ela passará pela forma de reação mais previsível que a Sociedade tem: a agressão ao novo.
Todas as meninas do mundo (óbvio que generalizei para ficarf mais simples) entendem que existe uma certa relação entre algumas variáveis e outras. Um casamento pede roupa comportada. Um jantar com alguém especial pede uma linguagem propícia, uma reunião de família pede certo tipo de conduta, etc. Qualquer que seja a atitude descompassada entre essa relação gerará patologias sociais.
Novamente afirmo que o ocorrido serviu para vermos que somos ainda muito irracionais, pouquissimo tolerantes e que precisamos aprender muito sobre formas mais adequadas de expressar nossas opiniões, corpos, vontades, etc em um ambiente coletivo. Lembro bastante de um professor meu que falava:
A Sociedade vem antes da pessoa. O direto pessoal só é aceito quando abre-se uma fresta social para o mesmo. Qualquer direito individual que tente passar por alguma diretriz social será expurgado.
Nào apoio ou defendo os imbecis da universidade, mas não os enxergo como unicos culpados. Assim como uma dança, ambos participaram do evento.