Era uma força ridícula perto do tamanho do exército, mas mesmo assim que cometia seqüestros, assassinatos e assaltos a bancos. Ou seja, ridícula, mas não inócua.
Angelo. Mesmo sendo números muito pequenos, ações quase isoladas e frutos de uma revolta política, é forçoso comparar com os milhares de crimes, muitíssimos de barbaridade medieval, cometidos pelos militares. Se cometeram crimes de natureza humanitária que sejam julgados, se hipoteticamente os militares também forem, mas pelos dados que temos hoje, vai ser uma gota contra um oceano.
Não é esse o ponto que estamos discutindo aqui. O tema não é se os crimes da esquerda que forem julgados hoje serão uma gota no oceano dos crimes da direita, mas a possibilidade, na época, de uma represália da guerrilha contra o julgamento de um companheiro.
Não importa que a ação da guerrilha fosse pontual, porque os alvos também eram pontuais. Os militares que cobriam o rosto na foto do julgamento não estavam com medo de uma ação a nível nacional, mas de seqtestros, assassinatos e atentados contra eles e suas famílias.
Claro, militares em plena época de paranóia anti-comunista e guerra fria, quando nem se falava direito nos tais "direitos humanos" sabiam que estavam na verdade errados e cometendo crimes contra os direitos humanos e os verdadeiros defensores da liberdade, os guerrilheiros armados de esquerda.
A Carta da Declaração Universal dos Direitos Humanos foi assinada pelo Brasil em 1948, isso era sabido há pelo menos duas décadas e muita gente já tinha sido levada a julgamento por isso. Os militares sabiam o que isso significava, e agora alegar ingenuidade, desconhecimento não soa muito verdadeiro, mesmo porque nenhum daqueles que tamparam os rostos teve a hombridade de se manifestar. Militares que cometeram tortura na época do regime, não visitam outros países, porque estariam desprotegidos da lei da Anistia que segundo a própria ONU, fere a Declaração, e correriam o risco de ser presos e julgados em um tribunal internacional. Nenhum militante de esquerda corre esse risco, justamente porque não há pouquíssimas evidências de crimes dessa natureza contra muitos crimes de natureza política, o que difere bastante.
Direitos humanos na época eram algo totalmente abstrato e utópico. Ninguém falava nisso e nem sabia o que isso significava. Na época, "bandido bom era bandido morto" e só bem depois do final da ditadura começaram a surgir timidamente textos denunciando abusos contra "trabalhadores honestos" confundidos com bandidos e sobre os torturados na ditadura.
Além disso, eles, que tinham o total controle do país, em plena época de milagre econômico, na verdade tinham medo de que no futuro tudo isso fosse uma ilusão e o regime desmoronasse, ao invés de ter o medo muito real, na época, de represária da guerrilha armada.
Concordo
Claro que concorda, porque eu estou descrevendo a sua interpretação dos eventos dos anos 60 com a visão atual esquerdista.

Está vendo como suas alegações só fazem sentido em uma perspectiva atual, esquerdista, que coloca os guerrilheiros como "hérois da democracia" e leva em conta o colapso do regime militar, impensável na época?
Sendo eles heróis ou não, o crédito pela democracia está na conta deles, goste ou não. Não foram os militares que lutaram pelos direitos civis e por eleições livres, foram os militantes e políticos da esquerda, todos eles, e isso é fato. E não adianta ficar dizendo que eles queriam implementar outra ditadura antes, e ficar colocando o bode na sala cada vez que existe essa discussão. O que aconteceu é que esse militantes nunca organizaram um golpe, sequer defenderam um golpe, e não há qualquer evidência disso. Antes do golpe, o que se via era que eles se organizavam em partidos e tinham intenções bem claras de concorrer pelo voto, até que os militares fizeram o que fizeram. O resto é história.
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Juca, você sabe muito bem que existe uma grande diferença entre os que se organizaram em uma guerrilha armada de esquerda, que cometia assassinatos, atentados e assaltos a banco para financiar uma "revolução comunista" e os opositores da ditadura que participaram o movimento em favor da democracia,
como os próprios defensores da esquerda costumam frisar nesse fórum. Não tente colocar no mesmo saco uma VAR-Palmares e uma Diretas-Já, porque são muito diferentes em objetivos, métodos e participantes.