Pesquisa sobre o SUS
Pesquisa diz que 93% estão insatisfeitos com SUS e saúde privada
Levantamento do Datafolha feito a pedido do CFM foi divulgado nesta terça.
Saúde deveria ser prioridade do governo para 57% dos entrevistados.
Pesquisa realizada pelo instituto Datafolha a pedido do Conselho Federal de Medicina (CFM) aponta que 93% dos eleitores brasileiros avaliam os serviços público e privado de saúde como péssimos, ruins ou regulares. Entre os usuários do Sistema Único de Saúde (SUS), 87% dos entrevistados declararam insatisfação com os serviços oferecidos.
Na pesquisa, foi pedido aos entrevistados que dessem notas de zero a dez para a saúde no Brasil e para o SUS. O estudo considera ruins ou péssimas as notas de zero a quatro. De cinco a sete, a avaliação é considerada regular.
O Datafolha ouviu 2.418 pessoas com mais de 16 anos entre os dias 3 e 10 de junho deste ano. A pesquisa foi realizada em todas as cinco regiões do país.
O levantamento apontou que nos últimos dois anos, 92% da população brasileira buscou atendimento no SUS e 89% da população conseguiu ser atendida pelo sistema público.
De acordo com o levantamento, 57% dos eleitores brasileiros consideram que a saúde deveria ser tema prioritário para o governo federal. Em seguida estão a educação (18%) e o combate à corrupção (8%).
Para o presidente do CFM, Roberto D'ávila, a pesquisa mostra a "insatisfação da população". D'ávila disse ainda que não se pode tratar a saúde como "bem de consumo".
"A situação é extremamente grave. Mas toda vez que nós falamos, sempre é levantada a possibilidade de um viés corporativo. A pesquisa mostra a insatisfação da população", afirmou o presidente do CFM.
"Saúde é um dever do Estado e um direito da população. A saúde não é um bem de consumo. É um bem público", concluiu.
Tempo de espera no SUS
Outro ponto destacado pelos entrevistados foi o tempo de espera para o atendimento no SUS. Das pessoas ouvidas, 725 (30%) disseram estar esperando a marcação ou realização de algum serviço no Sistema Único de Saúde ou disseram que tê alguém da família nessa situação.
Destes 725, 24% disseram que estão na fila de espera há até um mês; 47% disseram aguardar o atendimento há entre um e seis meses; e 29% dizem que aguardam na fila do SUS há mais de seis meses - algo em torno de 210 pessoas.
Segundo a pesquisa, as maiores taxas de pessoas que aguardam na fila do SUS estão entre as mulheres de 25 a 55 anos, de classes sociais mais baixas, residentes em regiões metropolitanas e no Sudeste do Brasil.
Serviços do SUS
Entre os serviços oferecidos pelo SUS e considerados de difícil acesso, 33% dos entrevistados consideram o acesso às cirurgias "muito difícil". Em seguida, estão procedimentos específicos como quimioterapia e hemodiálise (23%), o serviço de atendimento em casa - conhecido como "home care" (21%) e internações hospitalares (20%).
Já os serviços considerados de mais fácil acesso são a distribuição de remédios gratuitos pela rede pública - 53% consideram fácil - e o atendimento em postos de saúde (47%).
Para os entrevistados que disseram ter utilizado algum serviço do SUS, 26% consideram a qualidade do atendimento como ruim ou péssimo; 44% avaliam como regular; e 30% considera a qualidade boa ou excelente.
FONTE
Queria ter acesso à pesquisa para poder melhor avaliar. 93% dos pesquisados avaliaram os serviços de saúde públicos E PRIVADOS como péssimos, ruins ou regulares, mas considerando apenas os usuários do SUS, 87% se mostraram insatisfeitos com o serviço. Esses 87% são amostra de 93%? A insatisfação com o privado puxou a média de insatisfação para cima? Não sei, se não vir a pesquisa e o texto não informa. Outra coisa é misturar ruim e péssimo com regular. Regular, pela própria definição da pesquisa, é acima da média, ou seja, se o serviço teve desempenho avaliado com nota 5 a 7 foi considerado regular. E isso foi 44% das respostas. Boa e excelente qualidade foi a avaliação de 30%. O menor percentual, 26%, é que avaliou o serviço como ruim ou péssimo.
De acordo com a pesquisa também, 92% buscaram atendimento nos últimos dois anos e 89% conseguiram atendimento. Então 3% apenas não conseguiu acesso? Qual a média nos planos de saúde?
Existem gargalos? Existem. E que devem ser corrigidos. Mas, por exemplo, 29% apenas aguardam mais de seis meses em uma fila. É um percentual alto, mas parece ainda mais alto quando se baseia apenas nas reportagens de TV. E qual o percentual entre os planos de saúde? Dependendo da especialidade médica, não é muito diferente. Pediatria, por exemplo, não se consegue marcar com menos de um mês de antecedência (se conseguir).
Agora uma coisa interessante sobre a percepção e como esse percepção afeta, principalmente os foristas. Quem mais aguarda nas filas (e, consequentemente, é quem mais deve avaliar o serviço como ruim), são
mulheres de 25 a 55 anos, de classes baixas, das regiões metropolitanas e no Sudeste do Brasil. Existe um motivo epidemiológico para ser essa população nessa faixa etária e um motivo econômico e de gestão porque daquelas regiões, porém é interessante porque é o grupo que, acredito, a maior parte dos foristas tenham contato.
Dito tudo isso, não significa que eu esteja dizendo que o SUS seja perfeito e o melhor sistema do mundo (o que nunca disse), mas ele é melhor que a percepção da maioria tem aqui, apesar de precisar ter que melhorar muito (ainda que tenha avançado muito nesses 25 anos).