Digamos que essa minha aceitação pela espiritualidade (que pra mim é matéria também) é uma tendência minha a não ficar embotado pela nossa realidade material, digo, que isso me evita ficar preso somente a esta realidade. Mas isso não tem nada a ver com motivos emocionais, pra ficar claro. Eu me recuso a refutar essa minha aceitação só pelo fato de aparentemente não parecer existir. Essa tendência é uma parte de minha natureza, portanto isso significa que nunca vou acabar me tornando ateu, no máximo próximo a isso (o fato de eu não aceitar a existência de um deus da forma como as religiões pregam).
Eu tenho um lado cético, mas isso não significa que sou totalmente cético. Na verdade estava falando que sou em parte, mas não como um todo. Me vejo como um meio cético. Em relação à espiritualidade, é mais pela minha discordância como as pessoas enxergam esta realidade que sobrepuja a nossa, e não em relação à existência dela. Por exemplo, existem pessoas que acham que só pelo fato desta realidade espiritual existir, acha que isso vai trazer algum benefício a elas. Mas quanto a isso não acho. Não acho que isso vai aumentar meus níveis de serotonina. É só uma aceitação, mas não remédio. Eu entendo que existem muitas pessoas que são totalmente fiéis à ciência, mas no meu caso acho que ela ainda tem de melhorar, digo, não seria totalmente fiel à ela, até porque ela também erra. Não digo que não sou fiel a ela, mas só não totalmente à ela, pois é imperfeita. Portanto peço para evitarem generalização aqui.
Eu acho que esse debate de existência de espírito não teria muito cabimento. Isso é mais uma questão de aceitação, da mesma forma que universos paralelos ou vida em outros planetas, enquanto não é detectada. Portanto não adiantaria me perguntar onde está o espírito, porque não terei resposta pra isso. O máximo que posso fazer é falar sobre esta minha aceitação e tentar fazer uma relação dela com a nossa realidade, mas sem ficar me limitando a me perguntar se existe ou não. Isso é critério de cada um. É da natureza de cada um.
A forma exata como o espírito se relaciona com a natureza... não sei. Mas poderia fazer especulação. Fica aqui mais como uma questão de se aceitar ou recusar, e não de impor realidades. Sou contra imposições, elas nos embotam, limitam nossas mentes e nos tornam ignorantes. Tanto em relação a só existir este universo quanto em relação a estarmos limitados a uma crença institucionalizada.
O típico cético ateu já tem uma tendência natural a só estar limitado à realidade material em que vive. Já o espiritualizado ou religioso (sem levar em consideração motivos emocionais) já tem uma tendência a sobrepujar a realidade que vive, ele simplesmente não gosta de ficar embotado em nossa realidade material. Ele a leva em conta, mas também se sobrepuja a isso. E então esse fato leva a esta pessoa inspirações sobre sua realidade material. Isso pra mim é da natureza de cada um e portanto acho que se deve apenas perguntar se aceita ou não, e não se existe ou não! E isso porque ainda não estamos em condições de fazer afirmações de forma apropriada. Digo, que isso tende a acabar numa situação não agradável, para ambos os lados.
Quanto aos espíritos serem necessários, como disse, é apenas porque os considero parte da natureza. Eu me vejo como um espírito habitando este meu corpo por tempo determinado. Portanto eu encaro o espírito como uma essência do que pode estar por detrás da nossa realidade material... mas que de alguma forma interage com ela. Mas não da forma como a matéria física reage consigo mesma. De fato, muitas pessoas apenas acreditam por motivos emocionais, sem ter um conhecimento mais profundo sobre o assunto. Mas existem aquelas pessoas, como eu, que vê isso como uma verdade... mas que não tem como objetivo impor isso a outrém. Mas isso não a impede de tentar fazer correlação entre aquilo que aceita como com o mundo em que vive.
Vou falar de um desejo meu... o que quero agora é acabar com essa misturança entre espiritualidade, fé e religião. Pra mim mas três devem ser tratadas de forma diferente, e não como uma coisa só. Espiritualidade como uma realidade a se ser aceita ou refutada, religião como uma instituição baseada numa crença e fé como uma sintonia mental íntima. As pessoas tendem a juntar as três numa coisa só, mas eu não acho que deva ser sempre assim, de se haver confusão entre essas três palavras. E é essa misturança que pode nos levar a errar.
No caso da matemática, até ela pode ser abstrata, não só concreta. Ou seja, a matemática pode nos sugerir uma realidade que nos parece abstrata. Pode não descrever como ela é, mas talvez dar uma pista. O que as pessoas vêem como uma coisa abstrata em relação à espiritualidade, eu vejo como uma coisa concreta. Veja, a própria matemática que nos é racional, levou certos físicos a considerarem os universos paralelos, assim como a teoria das cordas. E então, será mesmo que devemos confiar totalmente nela? Ou será que a matemática, que é respeitada, pode nos deixar na mão?
Ou seja, a ciência não é só o concreto, mas também há o abstrato envolvido. E não há como negar isso! Portanto fica mesmo difícil negar esse abstrato, pois ele é parte da natureza. Da mesma forma com esta minha aceitação em relação a existência de uma vida após a "morte".