Olá Banzai. Tentarei ser sucinto, e novamente vou evitar citações.
3. O olho
Num estúdio de TV como o que você exemplificou, eu ficaria perplexo! Ia querer saber quem foi o engenheiro do lugar, que conseguiu fazer com que os fios não atrapalhassem as câmeras!
Não é tão impossível, é meio como olhar focando através de uma grade.
[qutoe]
A visão não é tão simples como os evolucionistas gostariam.
http://www.tedmontgomery.com/the_eye/
Clicar em “Retina” na imagem do olho, e boa leitura!
Os "evolucionistas" não sugerem que a visão seja algo simples, ou menos complexo do que de fato é. A vasta maior parte daqueles que estudam o assunto são evolucionistas, e virá deles praticamente toda informação sobre o assunto que encontrar que não esteja junto de uma citação descontextualizada de Darwin duvidando da seleção natural por causa do olho.
Tenho um bom livreto chamado Fisiologia: Texto e Atlas, onde os curiosos podem se saciar (Demanda um bom conhecimento de citologia, bioquímica, etc). (http://www.submarino.com.br/produto/1/21502879/fisiologia+texto+e++atlas). Obviamente aqueles que têm a certeza de que o olho é um amontoado de estruturas durante o processo evolutivo podem ficar revoltados com as minuciosidades.
A luz entra pela pupila, atravessa o olho e as primeiras camadas da retina, sendo então REFLETIDA na escura camada pigmentada para as células fotorreceptoras.
Acredito que isso está errado. Qualquer coisa escura absorve, mais do que reflete, a luz. A camada pigmentada praticamente não reflete luz para as células fotorreceptoras, ela na verdade "tenta evitar" isso.
Essa camada também tem a função de manutenção dessas células. mas das células mais interiores da retina (no caso, que estão entre a entrada de luz e as células fotorreceptoras – as células ganglionares) também são responsivas à luz, tendo sua função na visão. E para favorecer a visão, existe a fóvea central, local que “milagrosamente” tem menor interposição dessas outras células, sendo responsável pela acuidade visual. A formação do nervo óptico na frente da retina é uma conseqüência dessa incrível construção, e que não atrapalha em nada a função. Putz, a luz reflete no fundo do olho e volta para as células receptoras de luz, e a informação já tem processamento antes de chegar ao cérebro! Isso sim é um “projeto magistral de inteligência abismal”. Perdoem-me, mas eu fico maravilhado estudando as obras do Criador.
O problema é que nada dessa construção realmente implica numa visão melhor, não podendo ser usada como justificativa para a construção do olho vertebrado (o que de qualquer forma só jogaria o problema do design pobre para os cefalópodes, onde ainda que seja menos "humilhante" para quem se coloca como obra-prima de Deus, continua sendo um problema). A fóvea é justamente uma "entortada" no arranjo estrutural, e que de certa forma o aproxima daquele dos polvos, tirando as coisas do caminho entre a luz e a parte fotorreceptora.
E o nervo ótico (é óptico) nos vertebrados bem poderia ser como nos cefalópodes.
Só no seu olho!
http://pos-darwinista.blogspot.com/2009/03/evolucao-do-olho-tipo-camera-do-polvo-e.html (Pra ver as imagens).
Esse site abaixo tem diferentes construções para a captação da luminosidade. Ver em especial a do polvo (octopus) e dos vertebrados.
http://cas.bellarmine.edu/tietjen/images/Eyes!.htm
Essa construção parece conter muito menos interconexões que a visão humana, e talvez a incidência de luz diretamente nos fotorreceptores fosse prejudicial para nós, enquanto esses animais estão protegidos pela água. Não me parece inteligente querer as células fotorreceptoras antes das células neuronais, e não desfrutar das maravilhas da complexidade de nossa visão.
Nada do que foi citado sugere alguma impossibilidade ou dificuldade para a lógica estrutural dos olhos dos polvos ter sido "usada" nos vertebrados por invenção. Mesmo supondo coisas como que a água forneça uma proteção aos olhos dos polvos que não exitiria para todos os vertebrados, bem, ainda se tem todos os peixes e mamíferos aquáticos que poderiam ter esses olhos. Também é interessante notar que a maior parte dos polvos vive em águas rasas. E havendo essa necessidade, a solução usada é como a solução daquele estúdio com a fiação toda de frente para as câmeras que focam através delas, só que se explicando a situação para proteger as lentes ou as câmeras de objetos jogados pela platéia agressiva/exaltada. Logicamente seria muito melhor usar um vidro blindado, ou no mínimo uma grade, e não a fiação.
Vocês deveriam tentar buscar o entendimento através do aspecto funcional, e não histórico.
Por que se "deveria" fazer isso? É justamente o que se percebeu não ser exatamente o caso ao longo dos últimos dois séculos de ciência biológica, e que se tentava fazer antes, com a intuição instintiva de teleologia que temos. As pessoas tentam ver função em tudo, até coisas que mesmo os criacionistas provavelmente não pensam serem projetadas, como vulcões e formações geológicas diversas, e é isso que se tentava fazer antes de se entender e aceitar a seleção natural como mecanismo para a origem dos seres.
E justamente na biologia essa abordagem acaba sendo bastante problemática se estendemos a lógica para além da adaptação individual, e tentamos enxergar da mesma forma alguma função em todo o caos ecológico. Enquanto que não é difícil olhar para uma adaptação de um organismo e imaginá-la como funcional, não podemos deixar de notar que a função que elas servem é sempre em função da sobrevivência e reprodução desse ser, e talvez na maior parte do tempo, isso se dá através de algum "engenho" que serve para se defender das adaptações de outros seres, ou atacar a outros seres e suas adaptações. Não é um cenário que condiz com aquilo que se esperaria de algo planejado. Se aceitamos a conclusão de que a partir da adaptação individual que há um projeto, a hipótese de múltiplos projetistas concorrentes acaba sendo mais forte, pela mesma lógica.
Ainda mais se comparada a idéia de um projetista totalmente bondoso. É famosa a colocação de Darwin sobre as larvas parasitóides de Ichneumonidae:
With respect to the theological view of the question: This is always painful to me. I am bewildered. I had no intention to write atheistically, but I own that I cannot see as plainly as others do, and as I should wish to do, evidence of design and beneficence on all sides of us. There seems to me too much misery in the world. I cannot persuade myself that a beneficent and omnipotent God would have designedly created the Ichneumonidae with the express intention of their feeding within the living bodies of caterpillars or that a cat should play with mice... On the other hand, I cannot anyhow be contented to view this wonderful universe, and especially the nature of man, and to conclude that everything is the result of brute force. I am inclined to look at everything as resulting from designed laws, with the details, whether good or bad, left to the working out of what we may call chance.
Mas mesmo se tirando o aspecto de guerra biológica sem sentido, ainda é de se perguntar que função exatamente teriam 400.000 espécies de besouros (ao menos uma delas tendo asas presas dentro dos élitros fundidos, diga-se de passagem), o que JBS Haldane só pode cogitar se dever a um apreço especial do criador por esse tipo de organismo, quando perguntado sobre o que poderia inferir dele.
Questões similares também perturbaram teólogos como Agostinho e Martinho Lutero. O primeiro via nos seres nocivos a nós a função de nos punir o fazer ter medo, nos disciplinando ou nos fazendo apreciar a vida. Madre Tereza também já fez colocações sobre o aspecto disciplinar/punitivo do HIV. Mas Agostinho admitia ignorar a função de seres como camundongos, sapos e vermes, supondo apenas que através deles o projeto do universo é finalizado, de alguma forma. Lutero aparentemente divergia, praticamente preconizando um pouco a noção-paródia de múltiplos criadores, especialmente no que concerne às doenças. Já vi ser atribuida a ele a afirmação de que as moscas seriam mandadas pelo diabo para atrapalhar a ler, e que macacos e cobras seriam especialmente suscetíveis a possessão demoníaca. Mark Twain mencionou uma certa hipocrisia em agradecer a Deus por todas suas perfeitas criações enquanto temos tanta satisfação em nos livrar de moscas, ratos, baratas e tantos germes causadores de doenças, que Deus fez, e viu que eram bons.
E mesmo apenas nos atendo às adaptações como funções, deixando de lado essas implicações, se desconsideramos tudo o que se sabe ou se pode descobrir sobre explicações históricas/evolutivas, o que faremos sempre será ver o que quer que alguma estrutura faça e interpretar isso como sua função/projeto, ignorando a realidade um palmo adiante do nariz de que esse aparente magnífico projeto só precisa existir para dar conta de um problema criado por outras invenções (como o sistema imunológico, que ironicamente meio que imita a seleção natural através de hipermutação para encontrar as soluções, em vez de ter uma base de dados como os anti-vírus projetados), ou mesmo de "falhas de projeto", como no caso do olho vertebrado e a fóvea.
Mas antes desses problemas, talvez esteja um maior ainda, que é simplesmente o salto de lógica da conclusão de projeto, e a absoluta ausência de mecanismos para isso, além de milagre. Acaba sendo como dizer, "vocês tem que tentar enxergar a construção das pirâmides pela ótica dos antigos astronautas".
A existência de dois tipos de olhos tão semelhantes é, na verdade, uma dificuldade para as explicações evolucionistas. Afinal, como se deu essa milagrosa evolução convergente? Como apenas com mutações aleatórias e a seleção natural se pode chegar a resultados tão semelhantes?
Bem, isso é como perguntar "como egípcios e astecas, meros humanos poderiam construir as pirâmides, e como poderiam ser tão parecidas, em vez de coisas distintas?", e postular ajuda extraterrestre. Por que "apenas" mutações e seleção seriam insuficientes para convergência? Partindo do "pressuposto" da ciência mainstream de que a seleção natural é suficiente para originar uma dada adaptação, simplesmente não há qualquer dificuldade estrondosa com uma diferente versão ocorrendo em organismos que fossem beneficiados por adaptações análogas. Nada garante que vá ocorrer, mas também não é nada problemático, que sugira a necessidade de algum "algo mais", radicalmente distinto disso. Os animais vivem sob as mesmas leis da ótica, que calha de ditar que um pequeno buraco numa câmera irá produzir uma imagem em miniatura na superfície interna. Antes disso, e meio como radares ou antenas parabólicas, "cumbucas" abertas proporcionam mais informação do ambiente do que uma superfície plana.
4. A “cauda humana”.
Uma observação atenta das imagens a que você referiu mostra que a eminência caudal permanece do mesmo tamanho (ver com uma régua), enquanto o restante cresce, como expliquei. A apoptose ocorre em todo o desenvolvimento embrionário, em diversas partes, e aliás é chamada de "morte celular programada". É parte necessária da formação, quando morrem as células precursoras em alguns locais, estando as mais especializadas já em andamento.
Bem, haver apoptose ou não não é relevante para o caso, mas de qualquer forma é o que os artigos citados dizem relatar.
Com relação ao cóccix: ele tem função própria no organismo, mas origem semelhante à da cauda nos outros animais. Claro que ficam em posição semelhante. Se tem uma função própria, considerar um resto de cauda é uma suposição do Evolucionismo.
Uma suposição da ciência mainstream, que julga que simplesmente se trata de uma cauda óssea interna, não totalmente isolado do organismo de forma que seria praticamente mágica, mas tendo suas ligações com ele. Ligações musculares/esqueléticas que animais com caudas propriamente ditas teriam ou nas mesmas vértebras ou nas adjacências, eventualmente se deslocando junto com diferenças nos ossos da bacia.
Li os artigos que tinham disponíveis sobre a "cauda humana" (www.pubmed.com), e identifiquei o seguinte:
a) Quando tem as vértebras, ela fica rente ao corpo, não se estendendo para fora, e tem entre 3 a 5 vértebras coccígeas, que é o normal no desenvolvimento, mas que geralmente ficam fundidas.
b) Quando é móvel e fica protruída (para fora como uma cauda "comum"), não tem as vértebras, sendo um outro tipo de formação.
Portanto, não chega a ser formada uma cauda "funcional", ou com material "extra", no caso de um retorno aos ancestrais. São malformações de partes já existentes no corpo humano normal.
Primeiramente, quem diz que caudas seriam um outro tipo de formação, que, de alguma forma, não teria nada a ver com o cóccix, são os criacionistas. As ocorrências de vértebras coccigeas não fundidas em cóccix normal, mas ocupando uma extensão até três vezes maior, "coincidentemente" mais próximo de uma cauda, não é um problema para quem enxerga essas estruturas como homólogas, como diferentes versões da mesma coisa, e não apenas coisas coincidentemente meio parecidas. O problema continua sendo tentar sustentar que não. E eu acho difícil de entender o por que, mesmo aceitando o criacionismo. Asas de avestruzes ou kiwis, apesar de não serem propriamente asas, não são ainda consideradas "a mesma coisa" que asas que funcionam como asas? Por que não podem aceitar o mesmo para o cóccix e caudas?
Quanto a cauda externa, ver sobre macacos do gênero Macaca e suas caudas, já citados anteriormente. Eles têm um cóccix e uma pequena cauda externa dissociada dele.


Mesmo assim, com essas importantes limitações, não posso negar que para mim por enquanto, essa pode ser considerada uma evidência de Evolução. Mas vejam que há explicação não evolucionista para essas malformações, assim como no caso de um sexto dedo, um pé extra, dentre outras estruturas que não existem em outros animais.
É importante salientar que a explicação "evolucionista" dessas malformações não quer dizer que os indivíduos que as tenham tenham "regredido evolutivamente" ou algo parecido, mas isso não quer dizer que evolução não tenha nada a ver com a explicação também.
Algumas coisas parecidas, como dedos extras e outras coisas fora do lugar podem acontecer sem qualquer causa genética (e acredito que é o mesmo caso com essas caudas). Mas diferentemente um dedo extra (ou não, talvez), e como dentes em galinhas, uma cauda organizada, em oposição a um dedo no lugar errado ou mesmo algo como hermafroditismo, mostram a viabilidade de aparecer algo que não existe naquela espécie, uma herança ancestral no genoma. Bem, é até um tanto desprovido de ponto isso como inferência da similaridade genômica quando essa também é observada de forma menos indireta, e também traz vestígios claros de uma genealogia, então não sei bem o que sobra de realmente informativo (talvez o potencial latente de desenvolvimento "alternativo" e de caracteres não tipicamente da espécie, se é que há contestações com essas bases, não me lembro de já ter lido), acho que talvez seja mais o valor de ser algo meio chocante do que realmente uma evidência chave. Se parar para pensar, não é tão "mais" evidência do que o cóccix em si -- não que o cóccix também não seja.
Novamente a analogia com asas de avestruzes ou kiwis. Para alguém que por algum motivo duvide que essas aves tem de fato asas reduzidas, em vez de "pequenos braços sem dedos que não tem nada a ver com asas, sendo no máximo aerofólios de estabilização", e qualquer relação biológica genealógica com as demais aves, talvez seja impressionante um eventual kiwi ou avestruz com asas um pouco maiores que o comum para a espécie, mas para alguém que enxerga como algo que não é fundamentalmente diferente de asas proporcionalmente maiores em outras aves, seria algo bastante ameno.
A existência de uma cauda embrionária não quer dizer que tivemos ancestrais com cauda. Isso é uma interpretação que ignora as estruturas internas e a funcionalidade dessa estrutura, que eu expliquei. Fosse assim, precisaríamos também procurar quais nossos ancestrais tinham o intestino para fora do corpo, ou o coração externo, ou o canal medular aberto para fora, condições que ocorrem durante a formação do organismo.
Realmente não é simplesmente se olhar para os estágios do embrião e procurar ancestrais parecidos. Da mesma forma, borboletas não tiveram ancestrais lagartas, diferentemente dos insetos com outro tipo de desenvolvimento. Também não é só pegar um caractere, como a fala, e achar que é grande coisa, que somos híbridos de macacos e papagaios.
Os parentes mais próximos de um ser são, de forma geral, os mais parecidos na totalidade dos caracteres, com algumas ressalvas, como sexo ou outras eventuais formas de desenvolvimento alternativas mais drásticas. Isso vale dentro e entre espécies.
Não sabemos que temos ancestrais caudados apenas por causa da cauda embrionária, mas porque temos toda uma série de caracteres, além do próprio cóccix, que nos classifica como hominídeos, primatas, eutérios, mamíferos, e finalmente vertebrados, os quais na imensa maioria têm cauda. Mas não precisa se chegar a tanto, a maioria dos primatas, tirando os "grandes macacos", já são caudados.
E com todos esses, compartilhamos, além do cóccix, toda uma série de caracteres que define esse ramo da classificação, que de tão escancaradamente genealógica que é, seu concebedor, Linneau, que não era evolucionista, deu a um dos táxons o nome de "família", numa espécie de ato falho.
Classificando os seres de acordo com suas similaridades, mesmo sem querer, acaba-se chegando numa árvore genealógica. O próprio Linneau, que concebeu o sistema de classificação dos seres, não era evolucionista, e talvez num ato falho, numa percepção meio inconsciente dessa perspectiva, deu a um dos táxons o nome "família".
Isso não é um fato trivial, algo que se esperaria acontecer por acaso, isso é, se a distribuição das características dos seres tivessem qualquer outra causa que não uma genealogia. O argumento criacionista típico é que as homologias se dão pelo uso da mesma forma para a mesma função, mas isso simplesmente não implica nesse padrão genealógico de organização, que é muito mais restrito em possibilidades do que a hipótese de que as formas se deveriam a funções.
Como já citei anteriormente, se os olhos dos vertebrados são melhores que os dos polvos, supondo um mesmo inventor, ambos os grupos poderiam ter esse tipo de olho. Se os dos polvos são melhores no ambiente aquático, os vertebrados mamíferos poderiam tê-los.
Se supomos que aves e morcegos tem tudo que os classifica em "amniota" por função comum, não seria surpreendente que tivessem também as asas em comum, com a mesma estrutura óssea e muscular. Mas não têm. Se as asas de aves são melhores que as dos morcegos ou dos pterodáctilos, ambos poderiam ter o mesmo tipo de asas, em vez compartilharem para a mesma função apenas a estrutura básica de vertebrado, incluindo os ossos dos braços que são transformados em asas.
Se é uma questão meramente de criatividade, ainda assim é estranho que não hajam os dois tipos de asas (ou olhos) nos dois grupos, se supomos que uma espécie de morcego não é mais parente de outra do que de uma espécie de ave, e vice-versa. Até porque, mesmo dentre as aves, as asas não são perfeitamente idênticas, tem suas variações, ainda que dentro desse padrão. E até morcegos com focinho que parece o de um beija-flor existem, por que não poderia haver um morcego com asas como a de um pterodáctilo, que seja, assim se poderia até fugir do problema de talvez serem diferentes demais para que ambos pudessem ter penas (um problema que não existe para aves com asas de morcego, no entanto).

Algumas asas de aves. Se for contar o arqueoptérix como ave, e não dinossauro, adicioanria-se uma que parece um pouco mais com asas de pterossauros ou morcegos.


Aqui dá para defender o caso de que, ainda que as asas com penas sejam melhores que as com pele, a estrutura da asa/mão dos pterossauros é melhor por ainda deixar os dedos mais disponíveis. Podem dizer, "mas as aves não precisam de dedos nas patas dianteiras", mas isso é meio que tautológico. Elas não tem, logo não usam. Mas animais como esquilos e gatos, para não falar de macacos, fazem bastante uso das patas dianteiras de forma que não seria inconcebível ver ocorrer em hipotéticas aves com dedos mais desenvolvidos nas asas. É interessante notar que algumas aves têm dedos meio atávicos* nas asas, mas são notavelmente inferiores, bem mais desajeitadas do que se poderia imaginar de uma asa com penas com os ossos das asas de um pterossauro.
* - novamente "supondo" que os dedos embrionários que se fundem e formam os ossos das asas das aves são de fato dedos, homólogos aos dos dinossauros, e homólogos aos dedos das asas de arqueoptérix, e não "outra coisa" totalmente diferente.
O desenvolvimento embrionário ainda assim fornece pistas/evidências importantes (ou no mínimo curiosas) sobre a evolução. Talvez mesmo isso de intestinos para fora do corpo tenha algo a ver com ancestrais longínquos, que fossem meio como estrelas do mar (parentes dos cordados), mas é especulação minha e pode não ter nada a ver. Talvez mais provavelmente se deva a implicações necessárias do desenvolvimento embriológico, já que no nosso e em muitos outros casos se dá a partir de diferenciação celular de um embrião inicialmente unicelular, e não de um "homúnculo", não tendo então qualquer intestino para começar, mas tendo que se alimentar assim mesmo, então isso necessariamente irá ocorrer antes de ter um sistema digestivo completamente fechado em seu interior.
Aliás, falando sobre a ontogenia (desenvolvimento dos seres), é interessante notar que apesar de algumas semelhanças nos estágios de diferentes vertebrados, as divisões iniciais são bem diferentes, algo que gostaria de saber muito como os evolucionistas explicam. Afinal, retrocedendo nos estágios mais iniciais, que deveriam ser os mais semelhantes, são os mais diferentes!
Eu não sei muito sobre isso, mas simplesmente não imagino por que deveriam ser os mais semelhantes. Pelo contrário, imaginaria justamente que os primeiros estágios, ainda sem ou com pouca diferenciação celular, seriam aqueles com conformações que poderiam variar mais (eu não esperia que variassem mais, mas apenas que pudessem). Afinal, você pega um embrião e o "destrói", o divide em dois, e então desses fragmentos se desenvolvem dois (ou mais) seres iguais, como se nada grave tivesse acontecido. Difícil algo poder ser mais flexível que isso.
Conforme a especialização celular/histológica avança, aí sim, a diferenciação vai sendo limitada. (Palpite/previsão se isso tiver algo a ver com a explicação: deuterostomos devem ter mais variações em estágios iniciais do que protostomos, se, conforme acho que me lembro, os estágios iniciais dos últimos são menos pluri/totipotentes). Outra possibilidade é isso ter a ver com os grandes ramos e diferenças significativas de desenvolvimento, como ser ovíparo, vivíparo ou ovovivíparo. De qualquer forma, que eu saiba, a embriologia de vertebrados tem como "modelo geral" os anfioxos, havendo então, a despeito de quaisquer diferenças, similaridade suficiente ainda para haver todos os principais estágios reconhecíveis em comum.
5. O apêndice.
Se o apêndice tem uma função clara e existe em outros animais, eles são homólogos, e tão “vestigiais” quanto o fígado ou os rins. Ou o nariz, que no elefante é muito “mais completo”. Ou o estômago, que é “mais completo” nos ruminantes. Ou as unhas, “mais completas” nas garras. Ou seja, só suposição baseada num paradigma evolucionista pré definido. As diferenças em cecos e apêndices podem se dever apenas pela alimentação diversa, e características próprias de cada espécie.
Eu não sei nada sobre fígado e rins terem sido fileticamente reduzidos em humanos, diferentemente dos intestinos. No mínimo não deve ser num estado comparável de redução.
E a vestigialidade é sim, dependente da aceitação do paradigma da evolução, isso é inevitável. É um "vestígio evolutivo", não um vestígio "puro", que independesse da evolução, não tem como falar disso fora desse paradigma. As diferenças se devem a alimentação diversa, mas isso não é uma "explicação alternativa" em si mesma, pois é parte da explicação evolutiva. A digestão de vegetais requer intestinos mais longos, e assim animais que descendem de herbívoros ou onívoros mais predominantemente herbívoros podem ou até podem ter alguma vantagem em ter uma redução do intestino ao mudarem em direção a uma dieta mais carnívora.
Coisas como narizes menores do que o do elefante não se encaixam nessa situação pois seu estado mais desenvolvido não é uma condição ancestral, mas derivada. Novamente é o caso de algo que não é uma "prova cabal" da evolução ou um parâmetro guia para se identificar descendentes. Algo como, "os seres com órgãos menores são seres com órgãos vestigiais de antepassados que tinham o mesmo órgão em versão maior".
Eu penso que a evolução se prova melhor com essa perspectiva geral da taxonomia, principalmente levando em conta a parte molecular em conjunto. Essas coisas como vestigialidade, convergência, e até paleontologia, são mais curiosidades do que prova de peso hoje em dia, comparando com o que se tem. Ainda é interessantíssimo saber desse tipo de coisa, mas não servem tanto de "munição". Ainda que seqüências evolutivas aparentes de parentes de humanos, chimpanzés e gorilas devam ser suficientes para causar pesadelos em criacionistas, fazendo acordar suados quando em seu sonho sua querida avózinha que estava de costas, se vira de frente, revelando um rosto simiesco e falando "oi netinho! Uh-uh-uh-aaaah!"
Aconselho aos que estão acompanhando a ler o debate desde o início, e reler, e ler em outros locais, antes de tecerem comentários.
Infelizmente a partir de Segunda-feira (3/1) eu volto a trabalhar pesado (cerca de 90 horas por semana), e tenho que estudar coisa pra caramba. Minha previsão de ter um novo período de folga é em Março, e as férias são em Abril. Então, me desculpem se vou demorar muito para responder qualquer coisa. Espero sinceramente que essa discussão tenha ajudado aos interessados na questão das Origens em seus estudos e raciocínios. Porque o conhecimento não está nesses fóruns, e sim na reflexão baseada neles, mas principalmente em leituras sólidas.
Indico os seguintes livros, além de outras referências que citei no debate com o Marcus Valério XR (http://www.evo.bio.br/LAYOUT/RAFAEL5.html).
http://www.submarino.com.br/produto/1/21536362/colecao+vida:+a+ciencia+da+biologia – Vida A Ciência da Biologia
WWW.scb.org.br – procurar na Loja o livro Evolução – Um Livro Texto Crítico. Muito interessante. É uma tristeza que muitos vão malhá-lo sem conhecer...
Feliz 2011!
Também ando sem tempo. E feliz 2011 meio atrasado para quem ler a tempo. Por enquanto ainda está novinho.