Uma vez li um levantamento estatístico que apontava que o aumento de felicidade acompanha o aumento de renda até cerca de 11 mil reais/mês. Acima dessa renda, um aumento dela não representava mais nenhum aumento significativo de felicidade. Caso a coisa funcione por aí, eu preferiria todo mundo vivendo com 11 mil mensais do que uma grande desigualdade com o mais pobre ganhando mais que isso, já que, a meu ver, a desigualdade em si gera infelicidade.
Talvez esse seja um caso (supondo aqui 100% de correção da pesquisa em si) para o padrão econômico e cultural atual, nada garantindo que esse patamar de 11 mil (em valores atuais) seja algo permanente, uma espécie de "constante" da sociologia/psicologia.
No meu entender, se me fosse dada a opção de viver com 11 mil como todo mundo, ou viver com 22 mil estando entre os mais pobres, prefiro sem pensar muito a segunda opção. Você preferiria qual e por quê?
Também não acho que seja permanente e nem que o valor seja equivalente em todos os lugares. Não tenho certeza, mas tenho quase certeza de que essa pesquisa se restringia apenas ao Brasil e um pouco menos de certeza de que se restringia apenas às capitais estaduais, mas já é algum parâmetro.
Sua pergunta traz a complicação de tentar quantificar a felicidade pela renda, o que dá mais ou menos certo no mundo real (onde as outras variáveis - preço dos produtos, quantidade de trabalho, quantidade horas livres para descanso, etc.) são bem conhecidas, mas que vira uma incógnita em um modelo puramente hipotético como o seu. Por exemplo, se os mais pobres ganhassem o equivalente a 22 mil reais, obviamente que as coisas não custariam o mesmo que custam, então as pessoas que ganhassem isso sofreriam da mesma limitação de poder de compra que as pessoas pobres sofrem hoje.
Acho que eu poderia responder melhor a essa pergunta se você dissesse: "você preferiria viver em um mundo igualitário onde o padrão de vida das pessoas se assemelha ao de um cidadão brasileiro atual de renda de 11 mil reais ou em uma sociedade desigual com os mais pobres tendo um padrão de vida equivalente ao que tem hoje um brasileiro de renda de 22 mil reais?"
Ao que eu diria: depende de quanto for essa desigualdade. Se ela for grande o suficiente para provocar um alto índice de infelicidade nos mais pobres, fico com a opção 1. Caso contrário, opção 2. No meu entender, valeria mais a pena todos serem mais pobres e mais felizes do que todos serem mais ricos e mais infelizes na média.