Eu não sei exatemente tudo que ele afirma e quais os limites (a maior parte vi no blog dele ou outros blogs há algum tempo, ao longo dos anos), mas isso não é espantalho, mas meramente decorrência da hipótese de haver uma preferência universal por esses traços, que talvez não seja o que ele defende nesse artigo, uma tendência universal (embora algumas vezes eu tenha essa impressão, se não me engano parte do mecanismo teria até infanticídio diferencial por selecionar esses caracteres/poupar bebês com esses caracteres), mas algo mais "fraco", "histórico" e específico para as freqüências desses traços em parte da Europa, mas de qualquer forma ao menos aqui está sendo colocada uma versão mais "forte" da afirmação.
Mas supondo verdadeira a afirmação que esses traços ''mais claros'' tenham surgido como forma de proporcionar vantagens reprodutivas para as fêmeas humanas que os portavam em meio a uma população de pele escura, não seria sensato pensar que eles poderiam agir da mesma forma sobre quase todas as populações humanas (que são predominantemente mais escuras)?
Eu estou meio perdido sobre onde quer chegar. Ao que me parece o diálogo foi mais ou menos esse:
BB: a teoria diz que X
TMAG: não, isso é espantalho, Frost não diz que X
BB: talvez não diga, algumas vezes parece que sim, mas de qualquer forma aqui dizem X. X de qualquer forma parece improvável.
TMAG: Mas se Y, por que não X?
O que antes era espantalho/exagero de repente é defendido?
De qualquer forma, o final do mesmo post tem a resposta a essa pergunta:
Eu acho isso perfeitamente plausível, mas não implica numa preferência universal por traços "nórdicos", e fica mais parcimonioso de se aceitar se em vez disso ainda temos como complemento ou carro principal a teoria mais aceita de pele clara como mecanismo de evitar déficit de vitamina D e padrões de beleza provenientes de médias locais em vez de uma busca por uma nordicidade platônica.
"Poderia"/talvez pudesse ocorrer se houvesse essa preferência universal por esses caracteres, mas isso não prova essa existência. Talvez essa ocorrência se deva a fatores históricos além da competição de mulheres por homens, como colorações "iniciais" já mais claras (talvez praticamente tão claras quanto, apenas faltando cabelos loiros, por exemplo), ditando um padrão de beleza não tão distante de colorações um pouco mais claras. Talvez uma outra instância tenha sido o desengate da seleção por cabelos bem pretos e ultra-lisos dos asiáticos, por exemplo, que diga-se de passagem, provavelmente viveram também sob condições similares às que são colocadas como causadoras (não sei quanto a evidências sobre haverem muito mais mulheres, o que acho que é meio duvidoso para começar).
Em vez de terem "convergido" para nórdicos, o padrão que vira alvo de seleção sexual é oriundo de variáveis da variabilidade local.
Não é "onde quer que haja seleção sexual", mas onde quer que houvesse disponibilidade de pele, olhos e cabelos mais claros, estes deveriam ser preferidos, ser selecionados. E não há disponibilidade só Europa, não havendo gradações fora.
Mas mesmo que esses caracteres existam fora da Europa, seriam em número significativo(como no Norte Europeu) a ponto de influenciar decisivamente a seleção sexual de outras regiões? Note que segundo Frost as principais razões desses caracteres terem proporcionado vantagens reprodutivas as fêmeas que os portavam são a grande disparidade populacional existente no norte e leste da Europa durante o Pleistoceno e consequentemente a relativa inexistência de poligamia entre essas populações, o que forçou os homens a serem mais ''exigentes'' em relação a quais genes passariam aos seus descendentes. Especular que esse tipo de seleção sexual poderia ter existido em lugares que possuíam condições diferentes das norte-europeias é extrapolar o limite do que está sendo discutido.
Eu não sei, a princípio não me parece exagerado supor que, se há uma tendência a preferir peles, cabelos e olhos sempre mais claros, então mesmo onde não há as condições ideais para essa seleção numa condição tão extrema como a dos nórdicos, em longo prazo todos fossem no mínimo tão pouco escuros quanto os khoisan pelo menos. Na Europa o que houve foi uma seleção muito rápida disso, em outras localidades poderia ter sido consideravelmente mais gradual. Parece intuitivamente um pouco estranho que possam haver pessoas tão negras quanto os sudaneses e outros africanos de peles mais escuras se há essa preferência universal para o extremo oposto. Eu não acho que competição masculina a partir da poliginia explique isso porque, se os homens têm mulheres de sobra poderiam também ir escolhendo sempre as menos escuras. Ao mesmo tempo em contato com tribos/povos com mulheres de pele consideravelmente mais clara eu acho que não seria incoerente supor que a assimilação de algumas mulheres fosse então conduzindo a um progressivo clareamento -- lembrando que esses genes teriam vantagem reprodutiva, não precisa haver uma substituição completa da população feminina. Aqui, mesmo que não se considere como fator principal toda a coisa de status, isso não deveria deixar de agir de qualquer maneira, apenas reforçaria essa suposta tendência natural. As de pele um pouco mais clara seriam mais desejadas e teriam maior sucesso reprodutivo. Quem pudesse iria até arranjar algum problema indo atrás delas.