Exato. Já que não temos uma oposição de verdade, pelo menos que tenhamos uma quadrilha rival.
Hmmmmm. "Certa vez" conheci um laboratório do "jeito PT de governar". Esse jeito prima pelo desmonte da oposição. A lógica é simples: se um político se presta a formar quadrilha (isso dá pleonasmo...) então também está aberto aos negócios. Num cenário em que não há perspectiva de que a situação vá descer do poleiro, então o quadrilheiro rival abandona suas hostes e vai "compor a base aliada" (claro, sem antes fazer um bom barulho e posar de crítico feroz pra valorizar o passe). Foi assim lá no laboratório que eu conheci e está sendo assim em Brasília.
Mais uma: vejo gente aqui defendendo a moral e a ética, fugindo da carapuça de povo entre os mais corruptíveis do mundo (não seria o mais corrupto por falta de oportunidades... deveria haver a campanha "seja deputado por um dia"... aí sim). Tá bom. Aí vem o pior: "Ah! Mas o seu partido roubou muito quando esteve na situação!", "Os meus camaradas estão corrigindo um erro histórico de quando a sua direita estava encampada no poder!". Jesus, Maria e José... Então a defesa da ética nasceu aleijada para o homem "da esquerda"? Digo, a linha de zagueiros da argumentação "socialista" só quebra a canela dos ponta-direita adversários? Deve-se admitir "aloprações" dos camaradas baseado em uma expectativa de que os adversários fizeram - ou farão - pior? Deve ser extremamente incômodo usar esse tapa olho, esse par de óculos estilo Pantaleão... mas deve ser chato por um certo tempo; depois acostuma, né?
"Meu partido teve menos escândalos de corrupção do que o seu": primor ético ou corporativismo? Caramba, haja peneira pra tapar esse sol.
E a solução qual é? Porque se a ética do homem de esquerda já nasceu manca, como fica a situação do homem de direita nesse cenário esplendoroso que é nossa política? Isso é o que me pergunto. Resta a ele defender o quê? Porque veja, apóio e reforço todas as críticas e, de ambos os lados, inclusive, as que ainda estão por vir, mas e aí? Indicar quem para por no lugar? Aí não cai na mesma situação de zaqueiros quebra-canelas? Vai-se admitir "aloprações" baseado na expectativa de que os adversários fazem (fizeram ou farão) pior? Jesus, Maria e José, né? A situação fica na mesma.
Dói para o socialista ouvir isso, mas a solução passa OBRIGATORIAMENTE pelo esvaziamento do Estado. Essa de esperar o povo amadurecer politicamente (ah, vá; conheço povo maduro politicamente aqui no curral eleitoral onde trabalho...), que a educação, o aumento no nível de escolaridade é a salvação... Balela. Embromation. O MST e similares estão cuidando do nível de escolaridade de uma montanha de crianças, de "multiplicadores"; os partidecos de extrema-esquerda aparelharam as universidades públicas, bancando "estudantes profissionais" para alienar mais e mais "multiplicadores" travestidos de professor de História, Geografia, Humanas, todos se desdobrando para corrigir o tal "erro histórico".
Enquanto isso o Estado incha, infla. Por quê? O "jeito PT" pôs uma cangalha no Congresso, que se prostituiu como "nunca antes neste país". Fizeram esse pacto em nome de uma tal "governabilidade" (traduzindo: aprove tudo que lhe enviar; abafe tudo que me prejudicar; exponha tudo que me favorecer). Mas o nobre Edil quer mais: quer cargos, quer emendas aprovadas, quer uma boa foto, uma citação no jornal. A gana do Legislativo não tem fim e a saída óbvia nesse mar de obscenidades é a criação de novos espaços para acomodar esses "amigos". Maluf é da situação, Collor, Sarney... puxa, a lista é gigante - e a de apadrinhados muitíssimo maior. Não falo do PMDB em peso, que é um partido de oportunistas; falo de ícones de uma era em que seus nomes estavam associados a uma "direita" tremendamente criticada pelos baluartes do socialismo e que agora votam a favor de CPI, apoiando uma insossa presidência e uma "cândida"relatoria que já preparam o orégano e as azeitonas pra enfeitar o prato.
Disse que o socialista se doiria ao ouvir em esvaziamento do Estado. Acho que já me expliquei aí em cima. Tenho cá minhas desconfianças com relação a um grupo que tem a intenção de dominar as relações de mercado, por melhores que sejam as suas intenções, então sou claramente um homem "de direita", na sua acepção mais correta - apontada para o liberalismo, e não essa pecha paranoica que colaram naqueles que tem simpatia por termos como "empreendedorismo" ou "lucro".
E também tenho ojeriza pelo "jeito Lula" de tratar o mundo: está comigo ou está contra mim. Esse reducionismo Lulo-Pentecostal-Corinthiano é ainda uma grande tragédia, que se estenderá para bem mais do que a era ufanista do Presidente-Torneiro. E se multiplicarão nessa esteira de maria-vai-com-as-outras os "Comissários do Povo" e as "Verdades" em letra maiúscula, como se fossem entes (ou entas) com vida própria (Pravda... seria coincidência?). Estamos na Era dos Rótulos. Triste Era.
P.S.: Falei, falei, e não disse como esvaziar o Estado, estando ele sob o jugo de um "Tripé da Corrupção" (incluindo o Judiciário, ou parte dele, perguntem pra Eliana Calmon). Pelo voto? Duvido. Vamos cuidar da vida, pagar nossos impostos e alimentar esse monstro que NÓS criamos? Hobbes adoraria essa, adoraria o Brasil... Cara, esse país só muda na porrada. Eu não tô a fim. Vou cuidar da vida, pagar meus impostos e bancar o PAC da Construtora Delta...
