O Serra não foi o responsável pelo processo de privatizações nos governos FHC.
Sim foi, como ministro do Planejamento, sendo um dos principais responsáveis, senão o principal. Inclusive o próprio FHC já deu a declaração de foi o Serra quem mais lutou pelas privatização da Vale no seu governo.
Quem foi o mentor de todo o processo de privatização foi (o hoje falecido) Sérgio Motta.
FHC, Montoro, Covas e Serra. Eles passaram um verniz social democrata e depois partiram para um mega aliança com a direita, para aplicar o consenso de Washington no Brasil, privatizar (entregar de mão beijada, desvalorizada e com trambicagem sem igual) as estatais, enfraquecer o Estado e desregulamentar o mercado. Não tiveram tempo para fazer tudo, algumas coisas ficaram mais ou menos intactas, como o BNDES, o BB e a Petrobrás, ainda bem. Mas queriam entregar tudinho.
Desculpe-me mas os fatos contrariam o seu mantra esquerdista. As privatizações ocorreram conforme as normas então vigentes de avaliação (e desafio você ou qualquer outro esquerdista, economista ou não, a demonstrar o contrário) da BMV e internacionais e não seguiram o "Consenso de Washington". Não houve, pois, nenhuma trambicagem na avaliação, a não ser as que você e seus amigos de esquerda querem que tenha existido.
Na avaliação? Não não houve, eles venderam as estatais no pior período que poderia para se vender uma empresa, sem fazer a recuperação financeira e operacional antes, contrariando qualquer boa prática econômica.
Caro _Juca_.
Se eles recuperassem as empresas antes, gastando centenas de milhões ou alguns bilhões de reais, para que então elas seriam vendidas se, segundo o seu mantra, as estatais são entes econômicos perfeitos em termos gerenciais?
Por isso venderam empresas potencialmente muito valiosas, a preços irrisórios, financiando com dinheiro público e aceitando títulos podres, aumentando dívida em vez de abaixá-la como era a desculpa.
A valoração das empresas seguiu os padrões de avaliação da época. Você pode mostrar que não foi isto?
O pagamento com títulos emitidos pelo Tesouro Nacional é um procedimento padrão reconhecido internacionalmente e seria ridículo (o que não é precebido por pessoas que idolatram o Estado) se a União não aceitasse um título emitido pela... União ou de algum ente federado seu.
O estoque (valor efetivo) da dívida
caiu na época. Porém, as crises de 1997, 1999 e 2000 em que se optou combater com um aumento na taxa de juros e
principalmente a absorção das dívidas públicas de municípios e estados foram as responsáveis pelo aumento da dívida nos anos subsequentes.
A trambicagem está documentada apenas em parte no livro da Privataria.
Não posso avaliar, ainda, a qualidade deste livro porque eu não o li.
Desafortunadamente muitas estatais do setor dito "produtivo" permaneceram nas mãos dos políticos e dos funcionários, digo do Estado, e continuam sendo usadas como cabides de emprego e instrumentos de politicagem, como é o caso da CEF, do Banco do Brasil e da Petrobrás. E o BNDES não seria privatizado porque é um banco de fomento que usa dinheiro da "viúva" (Tesouro Nacional) que é captado no mercado pela emissão de títulos públicos, ou seja, por aumento no endividamento de médio e longo prazo.
No caso da CEF, do BB e da Petrobrás, são empresas que dão lucros imensos ao Estado brasileiro. Muitas vezes até mais que empresas privadas do mesmo setor.
Não. Não dão estes "lucros imensos" como você afirma, porque uma grande parte destes "lucros" provem de impostos, comuns a todas às empresas. E os dois setores que elas atuam (CEF e Bando do Brasil no bancário e Petrobrás no petrolífero) apresentam idiossincrasias específicas.
O setor bancário brasileiro é ultralucrativo porque foi estruturado em bases sólidas no Proer (governo FHC) que, em outras coisas, manteve um depósito compulsório elevado e não permitiu uma alavancagem grande em relação ao patrimônio líquido. Foram estes, entre outros, motivos que fizeram com que o sistema bancário brasileiro passasse de maneira razoavelmente tranquila pela crise de 2008, que foi eminentemente financeira.
O setor petrolífero não precisa ser comentado, pois a Petrobrás sempre foi protegida pelo Estado, mesmo na época de FHC, em que ela foi supostamente mais vulnerabilizada, de tal modo que não há nenhum parâmetro interno para que se possa compará-la com outras. Mas quando se conhece as benesses internas (vantagens trabalhistas) e as externas (instrumento de política e de politicalha de governos) é que se percebe que o "lucro" não é tão grande quanto poderia ser.
E os tucanos cogitaram de privatizar até mesmo o BNDES, que foi é o principal instrumento do Estado para segurar a crise de crédito ocorrida por culpa do setor privado. BNDES que também dá lucro ao tesouro.
O BNDES geralmente não dá lucro, pois empresta dinheiro de forma subsidiada. Ele pode dar sim, resultados positivos para o Brasil pelo estímulo da atividade econômica, que gera impostos recolhidos ao Tesouro Nacional. Mas isto foi feito, ao menos nos governos petistas, pela emissão de títulos públicos, ou seja, pelo aumento expressivo do endividamento público.