Observe isto, por favor, Canopus. Dirijo-me a você, aqui, e não ao Filósofo superficial porque aqui ele não me respondeu, como você não me respondeu lá, já que há certa conexão entre o que vou dizer aqui e o que se passa lá, no outro tópico.
Foquemos na questão crucial que pus para o Filósofo superficial, que deve se constituir num sério problema para ele que acusa tão "repugnante característica" dogmática de uma espécie de objetividade negacionista fanática que teria quem "ACREDITA QUE **NÃO** EXISTE(M) UM OU MAIS DEUSES" imaginado(s) por outrem: "Você acredita que não existe quem nunca tenha tido questionamentos como os que os crentes têm?" Foi o principal que perguntei.
Ele pressupõe que uma proposta dele tem que ser a de todos os outros, mesmo propondo-a sem apresentar qualquer evidência física. Acredita que deve ser respeitada como potencial "verdade/realidade" simplesmente porque ele a propõe. O que está na base desse comportamento instintivo é a crença adjunta, extra, de que todos devem perscrutar a "realidade" da mesma maneira que ele.
E há uma crença a mais ainda numa simetria cujo questionamento jamais sequer lhes ocorre, tão convencidos de que todos têm uma perspectiva fundamental da realidade no mesmo molde. Trata-se da simetria (*que não existe*) entre propor a existência de alguma entidade mágica, como uma divindade, e a negação de reconhecimento a tal proposta. Não é possível negar reconhecimento a uma proposta antes de a mesma ser feita. Logo, não é possível "acreditar que não existam deuses", sim-ples-men-te. Eu não posso, do nada, crer que não existe algo que nunca imaginei. É preciso ser imaginado primeiro. E quando não sou eu quem imagina uma determinada fantasia, tudo o que posso fazer é *não acreditar* quando outrem a propõem. Tal coisa, verifico ser impensável, totalmente inconcebível para um pensador mágico. Mas, neste caso, em que lençóis pode ele se encontrar ao ter que responder se ele apenas "não acredita" que tal pensador existe ou, se, por outra, movido por 'dogmas não científicos', ele, resolutamente, "acredita que" tal tipo de pensador não existe. Eu perguntei. Cadê a resposta?
Só há um tipo de dogmatismo, um tipo de fanatismo, o da ideia de que existem princípios mágicos. É impossível haver dogmatismo na descrença total, quando não se acredita em mais nada, nem na própria existência mais que fisicamente maquinal sem emergências transcendentes. Ateístas atuantes praticantes são crentes porque acreditam em coisas mágicas, mesmo que não sejam os exatos deuses dos crentes convencionais. Acreditam em princípios universais de características humano-humanísticas, por exemplo, como a moralidade. Coisas belas pelas quais "vale a pena lutar". Eu não acredito que haja nada belo por que lutar. Luto por simples sobrevivência instintiva. Regras morais são simples estipulações, guiadas, construídas, claro, pelas características comportamentais da máquina humana fundadas em sua estrutura física em interação com o meio, nada mais. Se isto é ainda relativamente complexo demais para ser algoritimicamente analisado com recursos de que dispomos, não torna automaticamente corretas/aceitáveis outras tentativas de análise.
Disto resulta que quaisquer "estudos" "humanos" não valem de nada para mim. Nenhum deles deixa de corroborar ou evidencia contrariação efetiva a tudo o que se pode concluir pela perspectiva que expus acima. Todos me "servem", apenas, para recomprovar o óbvio. E partem da premissa, que não acato, de que existe uma 'propriedade' mágica chamada 'humanidade' nas máquinas humanas.