A icar tem um poder de influência tão grande que conseguiu impor sua visão em questões como a pesquisa em células tronco, aborto, casamento homossexual e, terrivelmente, na questão da epidemia de AIDS na África com sua política de preservativos. A ICAR é extremamente sofisticada quando se trata de usar seu poder. E ela tem a vantagem de ser centralizada, diferente do protestantismo.
A questão é que, embora a ICAR ainda tenha algum poder, não é suficiente para barrar avanços laicos. Ela pode ser contra essas questões, mas elas avançam, independente da oposição da ICAR, como tem demonstrado a história recente. Ela só consegue alguma coisa quando aceita se unir com a poderosa bancada evangélica.
E além disso, o católico padrão é o "não praticante", que faz sexo antes do casamento, usa preservativo, aborta (segundo recente pesquisa da UnB, que está sendo compartilhado no face, 66% das mulheres que abortaram são católicas) e não vota necessariamente em quem o padre manda. Ou seja, está pouco se lixando para o que a ICAR e o papa dizem. Bem ao contrário dos evangélicos neopentecostais, que aos poucos estão dominando a política e a educação (acho que foi aqui mesmo no CC que postaram uma notícia de denominações evangélicas patrocinando a formação de professores evangélicos de ensino fundamental e médio).
Quanto a África, a questão da não utilização de preservativos não é imposição da ICAR. É verdade que ela apóia essa política, mas ela tem origem bem mais complicada, que alia pura ignorância científica, a prevalência de muitos tabus e pensamentos místicos e uma desconfiança com a "ciência ocidental". A ICAR está lá só pra jogar gravetos em uma fogueira que já existe.
Os evangélicos vão se tornar um problema gravíssimo em alguns anos. Mas como eles vão se adaptar a um cenário onde eles têm um poder absurdo e como será a reação da ICAR é uma incógnita.
O mais provável é que ocorra um retrocesso em tudo o que já foi conquistado até agora.