Se um médico espanhol, argentino ou boliviano vier trabalhar no programa Mais Médicos e quiser trazer sua família, será impedido pelo Brasil ou por seu país de origem?
Pela parte do Brasil não.
E pela parte da Espanha, Argentina ou Bolívia? Vão impedir que as familias dos trabalhadores saiam de lá? E Cuba? E mesmo assim vocês acham que é exatamente a mesma situação?
Se um cubano quiser trazer, vai poder?
Pela parte do Brasil, sim.
E de Cuba? A família do médico, mesmo se o Brasil permitir, vai poder sair de lá? E mesmo assim a situação é a mesma de outros países?
Outra coisa, ninguém está defendendo que o Brasil não deva ter relações comerciais com Cuba, como tem com os EUA, Japão, China, Irã e tantos outros. Só se está questionando as condições a que os médicos estão submetidos. Se Cuba deixar que os médicos, se quiserem e puderem, trazerem suas famílias, não se apropriar de mais de 80 - 90% do salário deles sabe-se lá a troco de quê, permitir que eles tenham liberdade de ficar por aqui se quiserem e puderem, ótimo, sejam bem vindos.
Lembrando que a OPAS fica com 5% do acordo, a empresa de serviços cubana deve ficar com uma parte e o governo cubano com outra. Mas é como disse o Barata: é uma relação de terceirização.
Essa comparação do governo de Cuba com uma empresa de terceirização é forçada demais. Uma empresa pode exigir que o trabalhador seja deportado? Pode reter sua família? Pode abocanhar 80% do salário dele sem sofrer consequências na Justiça? Pode impedir sua liberdade de expressão? Pode prender o cidadão?
Como, em sã consciência, vocês podem comparar uma empresa de terceirização com um país, e ainda por cima uma ditadura, e dizer que é a mesma coisa?
E no início era só a OPAS que intermediaria, agora apareceu uma empresa no mínimo suspeita... e mesmo assim está tudo ok?
Por outro lado, se a Suécia, Japão ou EUA, só para ficar nos seus exemplos, mandarem médicos pra cá nas condições dos cubanos, vai ser errado do mesmo jeito que é com Cuba. Só que EUA, Japão e Suécia são democracias, então isto não vai acontecer, não é? Apesar de você dizer que a situação é a mesma, em um evidente espantalho.
Se vieram através de um termo de cooperação através de uma empresa de RH, provavelmente terá condições semelhantes (no sentido dos profissionais não receberem o total do valor gasto pelo governo brasileiro).
O total talvez não. Mas 10 a 15%? Qual empresa estrangeira faz isso? Abocanhar essa porcentagem indecente? E os outros problemas (ameaça de deportação, não ter liberdade para trazer a família ou ficar no Brasil após o término do contrato mesmo com outro emprego, etc., etc?