Aí é que você se engana DDV, a maioria dos médicos (os que já fizeram residência) trabalham sem conhecimentos extensos de outras áreas da medicina, e se esquecem até do básico das outras áreas. A boa parte do que é ensinado está aí para ser esquecido. A maior parte dos médicos não precisa saber os nomes dos ossos da mão para excercer a medicina, as proteínas que compõe a parede celular de bactérias, as enzimas envolvidas na apoptose, a forma das fezes 1,2,3,4,5 (a 3 é a salsicha), quais são as características histológicas de um corte de ovário, de glândula adrenal, etc. Isso falando dos dois primeiros anos de curso, que em resumo são uma perda de tempo.
Agora falando de medicina mesmo, os médicos desde sempre dividem o conhecimento nas especialidades, e apesar de parecer que não para um leigo, o conhecimento que se espera de um clínico geral é algo bastante arbitrário. Alguns acham que tinham que saber o mais comum de cada área, mas aí: se a pessoa já vai aprender o que é asma e como diagnosticar, por que não ensinar logo doenças interticiais? Se já se vai exigir que se saiba o básico sobre infarto, por que não exigir o conhecimento de angina prinzmetal? Para os ditadores de currívulo, o tempo e memória não são escassos, nada se perde quando acrecenta-se algo ao currículo.
E ainda quanto a doenças que não requerem urgência no tratamento e poderiam ser melhor avaliadas por um especialista experiente como Parkinson (qualquer um pode ver um tremor e encaminhar a um neurologista, isso se o paciente não for diretamente a um neurologista). Pode ser comum, mas por que não ser avaliado logo por um neurologista? É realmente benéficos que todos os médicos saibam as doenças comuns a fundo, inclusive todos os diagnósticos diferenciais? E imagine que com o passar dos anos o conhecimento dos médicos já formados vão ficando desatualizados, possivelmente resultando em um tratamento substandard para os pacientes. Será que a solução será então é forçar todos os médicos a fazerem curso de atualização a cada X anos sobre tudo de medicina? (novamente é bem capaz que venham com ideias assim, e é bem fácil coisas assim serem aprovadas, já que na teoria elas consideram apenas os benefícios, jamais custos)
Por fim, qual é a forma certa de se formar um médico? Um curso de 6 anos? um de 5? um de 3? E realmente é necessário 10 anos para se formar um especialista (isso é o que demora atualmente, considerando curso + residências). Deixo essa questão de lado aqui, não por ela ser menos importante, mas por ela ser o mais difícil de se mexer, poucos gostam de mexer na tradição, muito menos médicos. É aquela história, na hora de negar a aprovação de um novo remédio é super simples, não é necessário lá muitas evidências (aqui no Brasil nem se aprovou a vacina contra herpes zoster, o remédio contra intoxicação por cianeto), para aprovar precisa de mil e um gastos e processos burocráticos.
E olha o quão arrogante é essa gente, elas sabem exatamente quantos médicos o Brasil precisa! Ou não são, quem sabe é senso comum que 1 a mais ou 1 a menos será extremamente prejudicial para o bom funcionamento da medicina brasileira, e eu é quem não fui avisado. Aceito as afirmações que não há falta de médicos e que as capitais estão super-lotadas de médicos no dia que eu não mais ouvir, aqui não se marca mais consulta na neuro/ reumato/ cardiologia por falta de vagas, apesar da existência de ambulatórios que atendem pacientes todos os dias, no meio da capital federal.