Enquete

O PT representa um risco para o Brasil?

Não. O PT é apenas um partido como qualquer outro e não representa nenhum risco adicional.
Sim, mais que outros partidos, pois a mistura de ideologia com corrupção fazem com que toda e qualquer ato excuso seja justificado com dupli-pensar.
Sim, como outros partidos. A política brasileira chafurda de cabo a rabo.
Não, o PT é ainda o mais ético e é a força que está mudando o país.

Autor Tópico: O PT representa um risco ao país?  (Lida 246744 vezes)

0 Membros e 1 Visitante estão vendo este tópico.

Offline Geotecton

  • Moderadores Globais
  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 28.345
  • Sexo: Masculino
Re:O PT representa um risco ao país?
« Resposta #4825 Online: 01 de Maio de 2016, 18:35:13 »
Alguém sabe me informar se houve alguma grande manifestação dos vagabundos, digo, dos "movimentos sociais" para defender o indefensável?
Foto USGS

Offline citizendium

  • Nível 07
  • *
  • Mensagens: 71
  • Sexo: Masculino
Re:O PT representa um risco ao país?
« Resposta #4826 Online: 01 de Maio de 2016, 22:56:54 »
Um jornalista uma vez cunhou o termo 'ditabranda" se referindo a nossa ditadura (ditamole seria mais engraçado). Foi na época detonado pelos esquerdistas.

Toda a narrativa da esquerda radical depende de criar um inimigo imaginário, no estilo 1984. A ditadura militar vem bem a calhar.



Em termos de número de corpos a ditadura brasileira foi branda/leve, mas em termos individuais de infligir sofrimento, certamente você não acharia leves ou brandas,  as torturas,  se estas fossem ser aplicadas em você nos próximos finais de semana.

E quem eram os torturados? Cidadãos comuns?
Mesmo artistas que criticavam a política da época, como Chico Anysio e Jô Soares, nunca foram torturados. No máximo era avaliado o que iam colocar no ar para que se evitasse apologia/exaltação/incentivo ao esquerdismo que hoje estamos vendo no que dá. O resto era liberado sem maiores problemas.

Outro exemplo é o Juca Chaves:
"Mas o forte de Juca sempre foi a crítica musical perspicaz e sutil, com a qual atacava o regime ditatorial do Brasil durante os anos 70 e 80."
http://melodiasantigas.blogspot.com.br/2013/01/juca-chaves-o-menestrel.html

Alguém tem noticias de torturas ao Juca Chaves pelos militares? Ou será que faltou ele explodir um banco ou assassinar pessoas pra isso?

No período da ditadura militar, quem tinha um discurso socialista era perseguido e perdia todos os direitos, principalmente o cidadão comum, artistas eram exilados, mas não sei até onde isso é bom, acho que não né?

A maioria dessas pessoas, não eram terroristas, nem mesmo pensavam em luta armada, na maioria estudantes com ideiais socialistas, muito apenas no discurso. Diante do cerco, do inferno que viravam suas vidas, muitos partiram para o Araguaia e outras guerrilhas, onde se congratularam com as comunidades dessas regiões, por suas aptidões em medicina, advogacia, etc. Então grande parte desses moradores também foram prejudicados, torturados pela polícia desse governo.

Segue abaixo a lista de vítimas dos estudantes e cidadãos "comuns" e inofensivos.
001 - 12/11/64 - Paulo Macena - Vigia - RJ
Explosão de bomba - deixada por uma organização comunista nunca identificada, em protesto contra a aprovação da Lei Suplicy, que extinguiu a UNE e a UBES - no Cine Bruni Flamengo, com seis feridos graves e 1 morto, o vigia PAULO MACENA.

002 - 27/03/65 - Carlos A. Camargo - Sargento do Exército - PR.
Emboscada de um grupo de militantes da Força Armada de Libertação Nacional (FALN), chefiado pelo ex-Cel EB Jeffersom Cardim de Alencar Osorio, com o assassinato a tiros do 3º Sgt Inf EB CARLOS ARGEMIRO DE CAMARGO da 2ª Cia Inf de Francisco Beltrão/PR, que deixou viúva grávida de sete meses.

003 - 25/07/66 - Edson Régis de Carvalho - Jornalista - PE.
Explosão de bomba no Aeroporto Internacional de Guararapes, com 15 feridos e 2 mortos, o jornalista EDSON REGIS DE CARVALHO e o almirante NELSON GOMES FERNANDES.

004 - 25/07/66 - Nelson Gomes Fernandes - Almirante - PE.
Morto no mesmo atentado. Além das duas vítimas fatais ficaram feridas 17 pessoas, entre elas o então coronel do Exército Sylvio Ferreira da Silva que, além de fraturas expostas, teve amputados quatro dedos da mão esquerda e Sebastião Tomaz de Aquino, o Paraíba, guarda civil que teve a perna direita amputada."Um dos executores do atentado, revelado pelas pesquisas e entrevistas de Gorender, é Raimundo Gonçalves de Figueiredo, codinome CHICO, que viria a ser morto pela Polícia Civil, em abril de 1971, já como integrante da VAR-PALMARES".

005 - 28/09/66 - Raimundo C. Andrade - Cabo PM - GO.
Em meados de 1966, eram numerosas as agitações estudantis em várias cidades do Brasil, com numerosos incêndios suspeitos em São Paulo e conflitos no Rio de Janeiro e na Bahia. Apesar da proibição, foi realizado, em Belo Horizonte, o 28º Congresso da UNE, entidade que estabeleceu a data de 22 de setembro para ser o "Dia Nacional de Luta Contra a Ditadura".
Tarzan de Castro (Luis, Osvaldo, Rogério, Sérgio), além de líder estudantil em Goiânia, era um militante que, em junho de 1966, havia liderado uma dissidência do Partido Comunista do Brasil (PC do B), que iria formar uma das mais violentas organizações terroristas daquela época, a Ala Vermelha. Preso na Fortaleza de Santa Cruz, em Niterói, chegaram as falsas notícias de que ele havia morrido na prisão e de que seu corpo chegaria no aeroporto de Goiânia à meia noite de 28/09/66, uma quarta feira.
Em protesto, estudantes, dirigidos por agitadores comunistas, resolveram invadir e ocupar o Colégio Estadual Campinas. A diretora solicitou policiamento. A POLÍCIA MILITAR , então, reuniu os PMs que não faziam parte do policiamento de rua, tais como cozinheiros burocratas, carpinteiros, etc... Por volta das 20:00 horas, quando a "tropa", armada com fuzis modelo 1908, com tiros de festim, chegou ao colégio - que estava invadido - foi recebida por tiros vindos do seu interior, ocasião em que foi atingido, mortalmente, o cabo Raimundo de Carvalho Andrade que era o alfaiate da corporação.
A "vítima" viva, Tarzan de Castro, até recentemente destacado empresário do ramo de armazém de estocagens de grãos, com um dos maiores armazéns de Goiás, reivindica atualmente, como "vítima" da Revolução de 31 de março, as seguintes indenizações:
Do governo de Pernambuco, pelo o seu envolvimento no inquérito do chamado Movimento Julião;
Do Governo do Distrito Federal, por haver respondido a inquéritos promovidos pelo Comando Militar do Planalto;
Do Governo de Minas Gerais, por ser a sede da Região Judiciária Militar, para onde seguiram seus processos;Do Governo do Estado de Goiás, através da lei estadual nº 14067/010, ao lado de inúmeras outras pessoas catalogadas como "vítimas" da Revolução de 1964, generosa indenização.
A vítima morta, cabo Raimundo de Carvalho Andrade, que era o alfaiate da Polícia Militar de Goiás, homem simples - não especialista em assuntos de segurança e designado pelos seus superiores para completar uma equipe, visando a coibir os tumultos gerados pelo episódio inverídico ligado a Tarzan de Castro - está esquecida. Não se tem notícia de que seus humildes familiares tenham recebido qualquer indenização ou apoio especial dos governos estadual ou federal (colaboração do co-irmão, Grupo Anhangüera.

006 - 24/11/67 - José G. Conceição (Zé Dico) - Fazendeiro - SP.
Morto por Edmur Péricles de Camargo, integrante da Ala Marighela, durante a invasão da fazenda Bandeirante, em Presidente Epitácio. Zé Dico foi trancado num quarto, torturado e, finalmente, morto com vários tiros. O filho do fazendeiro que tentara socorrer o pai foi baleado por Edmur com dois tiros nas costas.

007 - 15/12/67 - Osíris M. Marcondes - Bancário - SP.
Morto quando tentava impedir um assalto terrorista ao Banco Mercantil, do qual era o gerente.

008 - 10/01/68 - Agostinho F. Lima - Marinha Mercante - AM.
No dia 06/12/67, a lancha da Marinha Mercante "Antônio Alberto" foi atacada por um grupo de nove terroristas, liderados por Ricardo Alberto Aguado Gomes "Dr. Ramon", o qual, posteriormente, ingressou na Ação Libertadora Nacional (ALN). Neste ataque Agostinho Ferreira Lima foi ferido gravemente, vindo a falecer no dia 10/01/68.

009 - 31/05/68 - Ailton de Oliveira - Guarda Penitenciário - RJ.
O Movimento Armado Revolucionário (MAR), montou uma ação para libertar nove de seus membros que cumpriam pena na Penitenciária Lemos de Brito (RJ) e que uma vez libertados deveriam seguir para região de Conceição de Jacareí, onde o MAR pretendia estabelecer o "embrião do foco guerrilheiro".
No dia 26/05/68 o estagiário Júlio César entregou à funcionária da penitenciária Natersa Passos, dentro de um pacote, três revólveres calibre 38 que seriam usados pelos Às 17:30 horas os subversivos, ao iniciarem a fuga foram surpreendidos pelos guardas penitenciários Ailton de Oliveira e Jorge Félix Barbosa. Os guardas foram feridos pelos presos em fuga, sendo que Ailton de Oliveira veio a falecer cinco dias depois, em 31/05/68.Ainda ficou gravemente ferido o funcionário da Light, João Dias Pereira que se encontrava na calçada da penitenciária.O autor dos disparos que atingiram o guarda Ailton foi o terrorista Avelino Brioni Capitani.
http://www.sociedademilitar.com.br//forcas-armadas/277-mortos-na-revolucao-lista-e-relatos.html

Obs: A lista está resumida, na fonte é beeeem maior o numero de vítimas dos estudantes inofensivos com apenas discurso (um desses grupos tinha o nome de Grupo armado da revolução Marxista/Stalinista)
« Última modificação: 01 de Maio de 2016, 22:59:44 por citizendium »
“Um pouco de ciência nos afasta de Deus. Muito, nos aproxima.” Louis Pasteur


Offline Gigaview

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 15.604
Re:O PT representa um risco ao país?
« Resposta #4828 Online: 02 de Maio de 2016, 02:18:26 »
Citar
No período da ditadura militar, quem tinha um discurso socialista era perseguido e perdia todos os direitos, principalmente o cidadão comum, artistas eram exilados, mas não sei até onde isso é bom, acho que não né?

Não foi bem assim. Só era perseguido quem estava engajado com terrorismo ou movimentos clandestinos de extrema esquerda. O cidadão comum tinha vida normal mas vivia com medo de ser explodido junto com uma banca de jornais pelos revolucionários terroristas. Havia o sentimento que para o cidadão comum estar do lado dos militares significava proteção.

Só para lembrar, tinha o Pasquim, tinha o Teatro de Arena, alguns jornais e revistas que faziam oposição aos militares e tinham os campi universitários com discussão ativa de todo tipo de idéia socialista. Os intelectuais de esquerda insistem na idéia de uma época de lei marcial de direita mas não é verdade. Poucos foram perseguidos porque estavam comprometidos com a desordem revolucionária. Existia também uma censura burra mas que apesar disso não impediu a expressão como não acontece nas ditaduras de esquerda.

Foi feito o que precisava ser feito, talvez mau feito, porque ainda somos vítimas do que sobrou da escória daquela época.

« Última modificação: 02 de Maio de 2016, 08:10:14 por Gigaview »
Brandolini's Bullshit Asymmetry Principle: "The amount of effort necessary to refute bullshit is an order of magnitude bigger than to produce it".

Pavlov probably thought about feeding his dogs every time someone rang a bell.

Offline João da Ega

  • Nível 21
  • *
  • Mensagens: 774
Re:O PT representa um risco ao país?
« Resposta #4829 Online: 02 de Maio de 2016, 09:04:41 »
Citar
No período da ditadura militar, quem tinha um discurso socialista era perseguido e perdia todos os direitos, principalmente o cidadão comum, artistas eram exilados, mas não sei até onde isso é bom, acho que não né?

Não foi bem assim. Só era perseguido quem estava engajado com terrorismo ou movimentos clandestinos de extrema esquerda. O cidadão comum tinha vida normal mas vivia com medo de ser explodido junto com uma banca de jornais pelos revolucionários terroristas. Havia o sentimento que para o cidadão comum estar do lado dos militares significava proteção.

Só para lembrar, tinha o Pasquim, tinha o Teatro de Arena, alguns jornais e revistas que faziam oposição aos militares e tinham os campi universitários com discussão ativa de todo tipo de idéia socialista. Os intelectuais de esquerda insistem na idéia de uma época de lei marcial de direita mas não é verdade. Poucos foram perseguidos porque estavam comprometidos com a desordem revolucionária. Existia também uma censura burra mas que apesar disso não impediu a expressão como não acontece nas ditaduras de esquerda.

Foi feito o que precisava ser feito, talvez mau feito, porque ainda somos vítimas do que sobrou da escória daquela época.

“O erro da ditadura foi torturar e não matar.”  Jair Bolsonaro.
Sério que você concorda que tortura e assassinatos precisava ser feito? Atos de barbárie, como torturar uma pessoa na frente de seus filhos pequenos?
O AI-5 não permitia arbitrariedades(1)?
Poucos foram perseguidos? poucos pra você são quantas pessoas?
Só eram perseguidos quem era da esquerda revolucionária? "Com o advento do Golpe militar de 1964, Fernando Henrique, ameaçado de prisão pelo governo, decidiu auto-exilar-se no Chile, onde viveu até 1967"
"tinham os campi universitários com discussão ativa de todo tipo de idéia socialista"
Quantas universidades não foram invadidas?  A UnB em 68, por exemplo. Discussão ativa com agentes inflitrados?

Não se trata de defender o movimento de luta armada de esquerda, mas tortura, assassinatos em porões, etc, pra mim é indefensável.


(1)
Citar
I - Cessação de privilégio de foro por prerrogativa de função;

II - Suspensão do direito de votar e ser votado nas eleições sindicais;

III - Proibição de atividades ou manifestação sobre assuntos de natureza política;

IV - Aplicação, pelo Ministério da Justiça, independentemente de apreciação pelo Poder Judiciário, das seguintes medidas:

a) Liberdade vigiada;

b) Proibição de frequentar determinados lugares;

c) Domicílio determinado.

Entretanto, "outras restrições ou proibições ao exercício de quaisquer outros direitos públicos ou privados poderiam ser estabelecidas à discrição do Executivo".
« Última modificação: 02 de Maio de 2016, 09:10:21 por João da Ega »
"Nunca devemos admitir como causa daquilo que não compreendemos algo que entendemos menos ainda." Marquês de Sade

Offline Geotecton

  • Moderadores Globais
  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 28.345
  • Sexo: Masculino
Re:O PT representa um risco ao país?
« Resposta #4830 Online: 02 de Maio de 2016, 09:28:04 »
“O erro da ditadura foi torturar e não matar.”  Jair Bolsonaro.

Sério que você concorda que tortura e assassinatos precisava ser feito? Atos de barbárie, como torturar uma pessoa na frente de seus filhos pequenos?

Se precisava ser feito eu não sei.

Mas sei que, sob o ponto de vista dos direitos humanos, não deveria ter sido feito.


O AI-5 não permitia arbitrariedades(1)?

O AI 5 foi uma arbitrariedade.


Poucos foram perseguidos?

Sim, se comparada às outras ditaduras de direita ou nacionalistas da América Latina.

E pouquíssima se comparada às ditaduras de esquerda, das quais algumas persistem até hoje.


poucos pra você são quantas pessoas?

Sei lá...

1.000 pessoas, talvez?


Só eram perseguidos quem era da esquerda revolucionária?

Ideologicamente, todos à esquerda sofreram algum tipo de pressão.


"Com o advento do Golpe militar de 1964, Fernando Henrique, ameaçado de prisão pelo governo, decidiu auto-exilar-se no Chile, onde viveu até 1967"

FHC era um mentor esquerdista e por isto foi perseguido.


"tinham os campi universitários com discussão ativa de todo tipo de idéia socialista"

Quantas universidades não foram invadidas?  A UnB em 68, por exemplo. Discussão ativa com agentes inflitrados?

Ainda assim ocorriam discussões.


Não se trata de defender o movimento de luta armada de esquerda, mas tortura, assassinatos em porões, etc, pra mim é indefensável.

Em tese - e sob o ponto de vista dos direitos humanos - eu concordo.
Foto USGS

Offline João da Ega

  • Nível 21
  • *
  • Mensagens: 774
Re:O PT representa um risco ao país?
« Resposta #4831 Online: 02 de Maio de 2016, 10:06:51 »
 :ok:

Os questionamentos eram pro Gigaview, que me pareceu defender torturas e execuções


Foi feito o que precisava ser feito, talvez mau (sic) feito, porque ainda somos vítimas do que sobrou da escória daquela época.

Devia ter quotado, como tão bem faz você, Geotecton.
Concordo em quase tudo com você.
Mas essa menção sobre ditaduras de esquerda me fez lembrar uma discussão no whattsapp em que o cara colocou uma apologia ao Bolsonaro, e eu coloquei umas frases dele e o cara: E o Marighella, que matou etc. E eu lá tenho nada com o Marighella??
"Nunca devemos admitir como causa daquilo que não compreendemos algo que entendemos menos ainda." Marquês de Sade

Offline Lorentz

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 10.735
  • Sexo: Masculino
Re:O PT representa um risco ao país?
« Resposta #4832 Online: 02 de Maio de 2016, 10:42:16 »
:ok:

Os questionamentos eram pro Gigaview, que me pareceu defender torturas e execuções

O pensamento é puramente matemático. Os militares torturaram e mataram mas evitaram o crescimento do comunismo no Brasil.

Digamos que o comunismo tivesse crescido ou até ocupado o poder na época, o estrago seria maior ou menor?

Pelo histórico do comunismo, o número de mortes certamente seria maior. Se eles mataram metade do que os militares mataram sem estarem no poder, podemos imaginar o estrago que foi evitado no Brasil.

Estou certo?
"Amy, technology isn't intrinsically good or bad. It's all in how you use it, like the death ray." - Professor Hubert J. Farnsworth

Offline João da Ega

  • Nível 21
  • *
  • Mensagens: 774
Re:O PT representa um risco ao país?
« Resposta #4833 Online: 02 de Maio de 2016, 11:24:22 »
:ok:

Os questionamentos eram pro Gigaview, que me pareceu defender torturas e execuções

O pensamento é puramente matemático. Os militares torturaram e mataram mas evitaram o crescimento do comunismo no Brasil.

Digamos que o comunismo tivesse crescido ou até ocupado o poder na época, o estrago seria maior ou menor?

Pelo histórico do comunismo, o número de mortes certamente seria maior. Se eles mataram metade do que os militares mataram sem estarem no poder, podemos imaginar o estrago que foi evitado no Brasil.

Estou certo?

Deixa eu ver se entendi:
É justificável que se torture e se mate porque, talvez, quem sabe, "digamos" que o comunismo tivesse crescido ou "até" ocupado o poder na época?
Onde mais o "comunismo" triunfou na AL, além de Cuba?
Por que supor que no Brasil eles, os comunistas, triunfariam?
Nem estrutura organizada e centralizada eles tinham. O PCB era reformista, e de revolucionários havia uma miríade de grupelhos que se hostilizavam, Maoístas, Trostskistas, Stalinistas...
Sei que historiadores não gostam do "se", mas tem algum estudo que mostre que os comunistas tinham alguma chance real de ascender ao poder naquela época? Creio que não.

Edit: então, não tem nada de matemático, mas de muita suposição.
« Última modificação: 02 de Maio de 2016, 11:40:35 por João da Ega »
"Nunca devemos admitir como causa daquilo que não compreendemos algo que entendemos menos ainda." Marquês de Sade

Offline João da Ega

  • Nível 21
  • *
  • Mensagens: 774
Re:O PT representa um risco ao país?
« Resposta #4834 Online: 02 de Maio de 2016, 11:31:52 »
Historiadores, como disse, não gostam do "e se", mas nós leigos e curiosos gostamos.

Citar
O principal argumento usado pelos militares que executaram o golpe era o de que João Goulart implantaria o comunismo. Jango realmente teria organizado um golpe comunista? Se ele não tivesse feito, algum movimento de esquerda teria conseguido?
Quem? João Goulart? O latifundiário? De jeito nenhum. Nem teríamos uma esquerda com tanto poder para isso. Se desenvolvêssemos suficientemente nossa democracia, poderíamos ter no governo um comunista ou socialista, tal como acontece na França, na Espanha. O máximo que alcançaríamos, com o passar do tempo, seria um governo mais à esquerda, com ambições socializantes; mais ou menos o que aconteceu nos Chile de Allende. Para implantar mesmo o comunismo, teríamos que partir para uma revolução. De verdade. Muito sangue, sem garantia de resultados, para nenhuma das partes.

Mas, caso uma ditadura comunista fosse implantada, haveria oposição? De quem? Como seriam as ações dessa oposição?
O Brasil possuía uma classe dominante forte o suficiente para mobilizar uma oposição formidável. Seria formada por todo o capital, mais os donos da terra, do comércio e da indústria, agregados ao imenso poder de que desfrutava a Igreja (embora sejamos um Estado laico desde a Constituição republicana de 1891, ainda hoje, sempre que se escreve igreja com “I” maiúsculo, sem adjetivos, referimo-nos à Católica Apostólica Romana) – essa associação teria força para perturbar, senão impedir, o desenvolvimento de um Estado comunista.  Essa massa de dinheiro e poder (embora parecidos, não são sinônimos…) poderia colocar o povo na rua. Exemplo disso é que, dias antes do golpe, essa classe dominante convocou a “Marcha da Família com Deus pela Liberdade”. Resultado: meio milhão de pessoas nas ruas de São Paulo. Isso ratificou a certeza de que os golpistas teriam aprovação popular. Havia outra marcha de mesmo nome marcada para o Rio de Janeiro, na semana seguinte. Quando ocorreu, foi para comemorar o golpe.
« Última modificação: 02 de Maio de 2016, 11:39:05 por João da Ega »
"Nunca devemos admitir como causa daquilo que não compreendemos algo que entendemos menos ainda." Marquês de Sade

Offline Lorentz

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 10.735
  • Sexo: Masculino
Re:O PT representa um risco ao país?
« Resposta #4835 Online: 02 de Maio de 2016, 11:41:26 »
Deixa eu ver se entendi:
É justificável que se torture e se mate porque, talvez, quem sabe, "digamos" que o comunismo tivesse crescido ou "até" ocupado o poder na época?

Não. Os militares estavam errados e poderiam ter agido de maneira muito mais democrática e civilizada para segurar a onda comunista.

Mas os comunistas por aqui não estavam interessados em democracia, direitos humanos, dignidade e outras coisas mais elevadas também.

Fica complicado quando apenas um dos lados tem que seguir estritamente a lei. Este lado já começa em desvantagem.

De qualquer forma, mais informações sobre o tema seriam bem-vindas. Não sabemos exatamente o que levou os militares agirem como agiram. Talvez houve motivos. Talvez salvaram mais do que mataram. Talvez não.
"Amy, technology isn't intrinsically good or bad. It's all in how you use it, like the death ray." - Professor Hubert J. Farnsworth

Offline João da Ega

  • Nível 21
  • *
  • Mensagens: 774
Re:O PT representa um risco ao país?
« Resposta #4836 Online: 02 de Maio de 2016, 12:05:29 »
Deixa eu ver se entendi:
É justificável que se torture e se mate porque, talvez, quem sabe, "digamos" que o comunismo tivesse crescido ou "até" ocupado o poder na época?

Não. Os militares estavam errados e poderiam ter agido de maneira muito mais democrática e civilizada para segurar a onda comunista.
:ok:
Mas os comunistas por aqui não estavam interessados em democracia, direitos humanos, dignidade e outras coisas mais elevadas também.

Fica complicado quando apenas um dos lados tem que seguir estritamente a lei. Este lado já começa em desvantagem.
Realmente os comunistas não queriam democracia. Acho que havia alguns estudantes idealistas que queriam "coisas mais elevadas", etc, mas isso nem vem ao caso.
De qualquer forma, mais informações sobre o tema seriam bem-vindas. Não sabemos exatamente o que levou os militares agirem como agiram. Talvez houve motivos. Talvez salvaram mais do que mataram. Talvez não.
Motivos houve. O Elio Gaspari explica bem no primeiro livro da série. Faz tempo que li, acho que o Diegojaf poderia explicar melhor.
O Jango tava com popularidade baixa, inflação alta, e ele passou a fazer muita cagada, como o discurso num comício no Rio de Janeiro, querendo buscar apoio da esquerda, tinha a história das reformas de base... O Darcy Ribeiro era bem "radical" e o influenciava (radical, mas não comunista, acho que algo como o Allende).
A esquerda tava bem "animadinha", botando as asas de fora.
« Última modificação: 02 de Maio de 2016, 12:07:43 por João da Ega »
"Nunca devemos admitir como causa daquilo que não compreendemos algo que entendemos menos ainda." Marquês de Sade

Offline Buckaroo Banzai

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 38.735
  • Sexo: Masculino
Re:O PT representa um risco ao país?
« Resposta #4837 Online: 02 de Maio de 2016, 15:41:12 »
:ok:

Os questionamentos eram pro Gigaview, que me pareceu defender torturas e execuções

O pensamento é puramente matemático. Os militares torturaram e mataram mas evitaram o crescimento do comunismo no Brasil.

Digamos que o comunismo tivesse crescido ou até ocupado o poder na época, o estrago seria maior ou menor?

Pelo histórico do comunismo, o número de mortes certamente seria maior. Se eles mataram metade do que os militares mataram sem estarem no poder, podemos imaginar o estrago que foi evitado no Brasil.

Estou certo?

Deixa eu ver se entendi:
É justificável que se torture e se mate porque, talvez, quem sabe, "digamos" que o comunismo tivesse crescido ou "até" ocupado o poder na época?

Não estou justificando toda e qualquer coisa que já ocorreu -- mas tortura em si não é essencialmente imoral, a omissão podem ser argumentavelmente mais.

Um filme que aborda isso é "ameaça terrorista" ("unthinkable") com Samuel Jackson.


Teria sido justificado torturar e matar para evitar o holocausto? O holodomor? A Segunda Guerra, foi "a guerra justa," ou como defende Patrick Buchanan, foi uma guerra que deveria ter sido evitada?


O problema de avaliar é que se algo pior é prevenido, então você só tem aquilo que foi feito como prevenção para apontar como desumano, e não o que teria sido através disso evitado, para comparar. É necessário comparar com situações mais hipotéticas, abstratas, como essas.




Citar
Onde mais o "comunismo" triunfou na AL, além de Cuba?
Por que supor que no Brasil eles, os comunistas, triunfariam?

(Por que as "aspas de ironia" em "comunismo"? :hein:)

Havia movimentos revolucionários comunistas em vários países. Eles não triunfaram em outros países por uma incapacidade inerente a esses movimentos, ou por terem sido combatidos?

Será que seria realmente inimaginável que eles fossem capazes de tomar o poder, como ocorreu em Cuba, nos países da URSS, na China, na Coréia do Norte, Alemanha Oriental, Afeganistão, Albânia, Angola, Laos, Vietnã, Bulgária, Congo, Etiópia, Mongólia, Iugoslávia, etc?

Nem que fosse inicialmente algo mais localizado, eventualmente se aliando a outras iniciativas de países vizinhos, divisão dos países, como na Coréia do Norte.


Sob um viés de retrospecção, é fácil imaginar que não poderia haver uma "União Soviética Latino Americana", mas não sei se é realmente inconcebível que isso fosse possível. É certamente o ideal comunista, a expansão global.

https://pt.wikipedia.org/wiki/União_Soviética

https://pt.wikipedia.org/wiki/China

https://pt.wikipedia.org/wiki/Coreia_do_Norte

https://pt.wikipedia.org/wiki/Revolução_mundial

https://en.wikipedia.org/wiki/Communist_terrorism


A frase do reverendo Niemoller não se adequa perfeitamente, mas se tem o mesmo tipo de problema: talvez seja confortável supor que o problema está sob controle, que não pode avançar, que com a gente, nada acontece. Sem conhecimento do futuro, é uma aposta que se faz.




Citar
Nem estrutura organizada e centralizada eles tinham. O PCB era reformista, e de revolucionários havia uma miríade de grupelhos que se hostilizavam, Maoístas, Trostskistas, Stalinistas...

Essas coisas eram de conhecimento generalizado então? O quão significativamente isso difere de localidades onde o comunismo tomou o poder?



Citar
Sei que historiadores não gostam do "se", mas tem algum estudo que mostre que os comunistas tinham alguma chance real de ascender ao poder naquela época? Creio que não.

Mais relevante era se ter algum estudo que sugerisse que ninguém pensasse então que isso fosse possível, sem o viés de retrospecção.

Eu tenho curiosidade sobre diferenças onde o comunismo tomou o poder e onde não, o quão isso poderia ser visível à população e às autoridades. Acho que haveria sempre o problema de ter que se assumir ter uma "inteligência onisciente" ao se julgar a situação efetivamente inofensiva onde houvesse alguma atividade de grupos revolucionários. No mínimo, ela não é "inofensiva" por eventualmente se desintegrar por si só, da mesma forma que gangues atuando em crimes comuns sem esse objetivo ideológico.

Offline Gigaview

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 15.604
Re:O PT representa um risco ao país?
« Resposta #4838 Online: 02 de Maio de 2016, 21:10:06 »
Citar
No período da ditadura militar, quem tinha um discurso socialista era perseguido e perdia todos os direitos, principalmente o cidadão comum, artistas eram exilados, mas não sei até onde isso é bom, acho que não né?

Não foi bem assim. Só era perseguido quem estava engajado com terrorismo ou movimentos clandestinos de extrema esquerda. O cidadão comum tinha vida normal mas vivia com medo de ser explodido junto com uma banca de jornais pelos revolucionários terroristas. Havia o sentimento que para o cidadão comum estar do lado dos militares significava proteção.

Só para lembrar, tinha o Pasquim, tinha o Teatro de Arena, alguns jornais e revistas que faziam oposição aos militares e tinham os campi universitários com discussão ativa de todo tipo de idéia socialista. Os intelectuais de esquerda insistem na idéia de uma época de lei marcial de direita mas não é verdade. Poucos foram perseguidos porque estavam comprometidos com a desordem revolucionária. Existia também uma censura burra mas que apesar disso não impediu a expressão como não acontece nas ditaduras de esquerda.

Foi feito o que precisava ser feito, talvez mau feito, porque ainda somos vítimas do que sobrou da escória daquela época.

“O erro da ditadura foi torturar e não matar.”  Jair Bolsonaro.
Sério que você concorda que tortura e assassinatos precisava ser feito? Atos de barbárie, como torturar uma pessoa na frente de seus filhos pequenos?
O AI-5 não permitia arbitrariedades(1)?
Poucos foram perseguidos? poucos pra você são quantas pessoas?
Só eram perseguidos quem era da esquerda revolucionária? "Com o advento do Golpe militar de 1964, Fernando Henrique, ameaçado de prisão pelo governo, decidiu auto-exilar-se no Chile, onde viveu até 1967"
"tinham os campi universitários com discussão ativa de todo tipo de idéia socialista"
Quantas universidades não foram invadidas?  A UnB em 68, por exemplo. Discussão ativa com agentes inflitrados?

Não se trata de defender o movimento de luta armada de esquerda, mas tortura, assassinatos em porões, etc, pra mim é indefensável.


(1)
Citar
I - Cessação de privilégio de foro por prerrogativa de função;

II - Suspensão do direito de votar e ser votado nas eleições sindicais;

III - Proibição de atividades ou manifestação sobre assuntos de natureza política;

IV - Aplicação, pelo Ministério da Justiça, independentemente de apreciação pelo Poder Judiciário, das seguintes medidas:

a) Liberdade vigiada;

b) Proibição de frequentar determinados lugares;

c) Domicílio determinado.

Entretanto, "outras restrições ou proibições ao exercício de quaisquer outros direitos públicos ou privados poderiam ser estabelecidas à discrição do Executivo".

Acho que você pegou pesado quando citou o Bolsonaro para interpretar aquilo que você colocou em negrito acima. A minha frase é insuficiente para você concluir que sou defensor da tortura e de torturadores. No entanto entendo, apesar do Ad Hominem, a sua intenção de redirecionar o debate. Acho que até falta pouco para cairmos na lei de Godwin.

O texto abaixo está de acordo com o meu ponto de vista.

Citar
A ditadura da mentira
Por José Maria e Silva em 10/03/2009 na edição 528

‘A revolução é biófila, é criadora de vida, ainda que, para criá-la, seja obrigada a deter vidas que proíbem a vida’ (Paulo Freire, em Pedagogia do Oprimido, defendendo os fuzilamentos sumários comandados por Che Guevara e Fidel Castro)

O regime militar de 64 é a muleta moral dos intelectuais – eles o acusam de todos os crimes para melhor acobertarem os próprios.

Com quantas vidas se faz uma ditadura? Na belíssima novela de John Boyne O Menino do Pijama Listrado, essa pergunta é respondida pelo espanto de Bruno, um menino de nove anos. Sempre que ele se surpreende com o mundo do Fúria à sua volta, seus olhos se arregalam, sua boca faz o formato de um O e seus braços caem ao longo do corpo. A obra, uma elegia à inocência da vida que não sabe da morte, deveria ser lida – e meditada – pelos 3.949 intelectuais que, até agora, assinaram um manifesto contra a Folha de S.Paulo repudiando o editorial ‘Limites a Chávez’, publicado em 17 de fevereiro último, no qual a ditadura militar brasileira é indiretamente chamada de ‘ditabranda’. O Menino do Pijama Listrado (o livro, não vi o filme) demonstra, metaforicamente, a abissal diferença entre um regime autoritário (circunscrito à esfera política) e um regime totalitário (que permeia todas as instâncias sociais).

As primeiras reações ao editorial da Folha partiram da socióloga Maria Victoria Benevides, professora da Faculdade de Educação da USP, e do advogado Fábio Konder Comparato, professor aposentado pela mesma instituição. Esquecendo-se que a universidade que representam arrasta até hoje um cadáver insepulto (o do estudante de Medicina morto num trote em 1999), Benevides e Comparato encenaram uma indignação que jamais sentiram diante das quase 100 mil mortes perpetradas pela Trindade Cubana (Fidel, Guevara e Raúl Castro) – 17 mil na boca dos fuzis, em execuções sumárias, e 80 mil nos dentes dos tubarões, em fuga para os Estados Unidos. Como a Folha de S.Paulo chamou a atenção para essa dúbia moral de Benevides e Comparato, lembrando que eles jamais protestaram contra a ditadura cubana, os dois intocáveis uspianos se sentiram feridos e, em resposta, fizeram o que os intelectuais de esquerda mais sabem fazer quando são pegos sem argumentos – conclamaram o rebanho para um manifesto.

Um bando de tresloucados

O inefável Antonio Candido, decano dos intelectuais de esquerda, encabeça o repúdio à Folha, que também conta com figuras como o indefectível Emir Sader, intelectual que, diante de Che Guevara, cai de joelhos por terra, parafraseando a missa: ‘Guevara, eu não sou digno de que entreis em minha morada, mas dizei uma só palavra e serei salvo.’ Quem duvida que Emir Sader é capaz dessa oração diante do guerrilheiro argentino, leia o que ele escreveu num artigo publicado em Carta Maior: ‘Não vou gastar palavras inúteis para falar do Che. Basta reproduzir algumas das suas frases, que selecionei para o livro Sem Perder a Ternura. Também diante de Marx e Fidel, Sader emudece: ‘O que falar de Marx que permaneça à sua altura? O que escrever sobre Fidel?’

Se o ensino superior no Brasil, público e privado, não fosse mero aparelho ideológico da esquerda, Emir Sader jamais teria virado doutor em ciência política pela USP e professor titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro, além de orientador de teses e dissertações. Sem dúvida, estaria até hoje tentando passar no vestibular e sendo reprovado sempre, por não ter argumentos para retratar personagens da história. Que universidade isenta aceitaria um aluno que, ao ouvir falar de Marx, Guevara e Fidel, não fosse capaz de articular uma palavra e se comportasse feito os silvícolas do Anhanguera, embriagado pelo álcool incandescente da revolução? Já imaginaram se um intelectual de ‘direita’ dissesse não ter palavras diante de Karl Popper? Seria acusado de ignorante e charlatão. Emir Sader é um paradigma da universidade brasileira. Ele é a prova cabal de que, por trás da cantilena de ‘produção do conhecimento’, o que há nos mestrados e doutorados do país é uma usina de produção de marxismo e derivados.

Estou plenamente convicto de que a universidade brasileira não é solução para nada – ela é parte essencial do problema. As principais mazelas do Brasil são fomentadas artificialmente pela universidade, que, desde a década de 50, na ânsia de criar um novo mundo, especializou-se em destruir o existente. Isso fica muito claro quando se estuda a origem social dos guerrilheiros que pegaram em armas contra o regime militar. Eles vieram, em sua maioria, das universidades. Não tinham o menor apoio popular. Como é que o povo podia apoiar um bando de tresloucados que, de arma em punho, pregavam a derrubada de uma ditadura imaginária? Porque até o final de 1968, com a edição do AI-5, só havia ditadura na imaginação dos universitários.

O apoio popular ao regime de 64

Foi exatamente durante os propalados ‘anos de chumbo’ que o Brasil viveu uma das maiores efervescências culturais de sua história, com os festivais, a imprensa alternativa, a Tropicália, o Cinema Novo, Chico e Vandré, Caetano e Gil. Ao contrário de Cuba, onde Chico Buarque seria fuzilado ou condenado a 20 anos de prisão se falasse mal de Fidel Castro, no Brasil, o máximo que lhe aconteceu foi ser admoestado pelos militares, o que lhe garante até hoje uma conta bancária maior do que seu indiscutível talento. Num ambiente assim, existe alguma razão plausível para se pegar em arma ou até para se perpetrarem atentados terroristas, como fizeram muitos grupos guerrilheiros? Obviamente, não. Em toda guerra, os primeiros sacrificados são os inocentes, portanto, a opção pela luta armada para derrubar um regime só se justifica quando esse regime é sanguinário e opressivo, incidindo sobre toda a vida social e não apenas sobre a esfera política. Era o que acontecia na terra do Menino do Pijama Listrado, daí o Levante do Beco de Varsóvia, em 1943, quando judeus desesperados – não tendo senão uma morte horrenda como alternativa – preferiram abreviar a vida numa luta suicida contra as tropas nazistas.

Mas esse não era o caso do Brasil dos militares. Aqui, os guerrilheiros eram homens e mulheres bem nascidos que, por puro espírito de aventura, jogavam fora o futuro como médicos, engenheiros e advogados e se arvoraram a libertadores da pátria, sem notar que a maioria esmagadora da população – provavelmente mais de 90% – não se sentia oprimida nem pedia para ser libertada. Pelo contrário, o regime instalado em 1964 teve forte apoio popular e quando começou a ser repudiado nas urnas, em 1974, com a expressiva vitória do velho MDB, esse repúdio era mais de caráter econômico que político. A inflação estava recomeçando e os pobres votaram contra a ‘carestia’, que é como chamavam a inflação na época.

Intelectuais mentem

Já escrevi repetidas vezes, mas a ocasião me obriga a escrever de novo: quem acha que no Brasil houve uma ditadura sanguinária, totalitária, nos moldes nazistas (é essa a visão que se tem dos militares nas escolas) deve ler Pedagogia do Oprimido, o panfleto de auto-ajuda marxista do pedagogo Paulo Freire. Esse livro – que faz uma defesa explícita da luta armada e santifica Che Guevara, Fidel Castro e Mao Tsé-tung – foi publicado em pleno ano de 1970, no Rio de Janeiro, pela Editora Paz e Terra, ligada aos padres da Teologia da Libertação. Em 1981, Pedagogia do Oprimido já estava na 10ª edição. Um verdadeiro best-seller, levando em conta que não é um livro comercial e o Brasil tinha muito menos estudantes universitários do que tem hoje. Ora, se o regime militar foi o período ‘mais sombrio da nossa história’, como dizem os intelectuais de esquerda, como se explica o sucesso editorial de uma obra que o combatia? Em Havana seria possível publicar um livro do gênero contra Fidel Castro, o santo fardado de Buarques e Saderes?

Mas nem é preciso recorrer à ditadura cubana para demonstrar que os intelectuais brasileiros mentem descaradamente quando dizem que o regime militar de 64 foi uma ditadura sanguinária. A própria história recente do Brasil – contada mentirosamente por eles – mostra a contradição em que incorrem. É só comparar a ‘Revolução de 30’ com a ‘Ditadura Militar’ (ponho as expressões entre aspas para remeter ao modo como os dois períodos costumam ser chamados nos livros de história). Qual a diferença entre os dois períodos? A rigor, nenhuma. Salvo o fato de que Getúlio Vargas era um ditador civil, obviamente apoiado por militares, porque toda ditadura precisa de armas.

Esquerda armada forçou o AI-5

Sob o ponto de vista da repressão, Vargas foi muito pior do que os militares. O seu período, sim, foi literalmente ‘anos de chumbo’. Enquanto os militares procuraram preservar as instituições, garantindo eleições legislativas e a independência do Judiciário, Vargas centralizou todos os poderes em suas mãos, destituindo governadores e nomeando interventores em seu lugar. São Paulo se rebelou, na chamada Revolução Constitucionalista de 32, e Vargas bombardeou o Estado – o episódio mais sangrento da história brasileira no século passado, apesar de ofuscado pela preferência dos intelectuais pela Guerrilha do Araguaia. Todavia, mesmo quem não pegava em armas, não ficava ileso. O escritor Graciliano Ramos, individualista nato, incapaz de arregimentar qualquer movimento político, acabou sendo preso durante quase um ano, num presídio comum, sem julgamento. Seu único crime: escrever o romance São Bernardo, entre outros escritos tidos como comunistas. Bem que merecia, mas não teve indenização alguma pelo arbítrio de que foi vítima. Ao contrário dos fanfarrões que pegaram em armas contra os militares, o Velho Graça tinha vergonha na cara.

Se a sanguinária ditadura de Getúlio Vargas merece, nos livros de história, o epíteto de ‘Revolução de 30’ (justificadamente, por sinal), por que os governos militares não podem ser chamados de ‘Revolução de 64’, levando em conta que também mudaram a face do Brasil? Vargas já era ditador desde o início de seu governo, antes mesmo da implantação do Estado Novo, em 1937, quando a tresloucada Intentona Comunista de 35 levou ao recrudescimento do regime. Já os militares só foram verdadeiramente ditadores a partir de 12 de dezembro de 1968, quando editaram o AI-5, obrigados pelos atos de terror da esquerda armada, treinada e financiada por Fidel Castro e abençoada por intelectuais como Paulo Freire. Mesmo assim, foi uma ditadura cirúrgica, circunscrita aos inimigos declarados do regime. Tanto que não chegou a matar nem 500 pessoas, como reconhecem os próprios autores de esquerda nos balanços que fizeram do período. As vítimas inocentes, em sua maioria, tombaram por terem sido usadas como escudo pelos adversários do regime.

Ditador perde os freios morais

Um dos argumentos de Maria Victoria Benevides para criticar o editorial da Folha é que não se mede ditadura com estatísticas: ‘Quando se trata de violação de direitos humanos, a medida é uma só: a dignidade de cada um e de todos, sem comparar `importâncias´ e estatísticas.’ Em artigo publicado na terça-feira, 24/02, o jornalista Fernando de Barros e Silva, editor de ‘Brasil’ da Folha, corrobora a tese da socióloga: ‘Algumas matam mais, outras menos, mas toda ditadura é igualmente repugnante. Devemos agora contar cadáveres para medir níveis de afabilidade ou criar algum ranking entre regimes bárbaros?’ Claro que devemos – respondo eu. Todo crime só se iguala em repugnância para aquele que é sua vítima, mas para quem o analisa de fora, especialmente se esse alguém for um historiador, há uma enorme diferença entre matar 100 pessoas ou matar 100 mil. Se Hitler tivesse matado apenas uma centena de judeus, o nazismo seria a encarnação do mal no imaginário do mundo contemporâneo?

Só não vê que ditadura também se mede com estatísticas aqueles que têm medo dos números. Ao ver que nenhuma ditadura capitalista até hoje conseguiu igualar os mais de 100 milhões de mortos do comunismo no mundo, a esquerda inventou esse argumento falacioso de que uma só morte perpetrada por uma ditadura diminui toda a humanidade, como se o homem-massa da revolução marxista tivesse lugar na poesia metafísica de John Donne. Justamente a esquerda, que não faz conta do indivíduo de carne e osso, só da massa de manobra da revolução. O regime militar não apenas matou muito menos gente do que outros regimes autoritários – também foi capaz de criar um modelo de ditadura que deveria ser exportado. Toda ditadura costuma ser encarnada por um homem só, que se torna escravo do poder que concentra, perdendo inclusive os freios morais. Daí a profusão de ditadores sádicos, pessoalmente sedentos de sangue humano.

Criminalização paranóica

No Brasil isso não ocorreu. Os militares criaram uma espécie de ditadura institucional, em que o poder não era encarnado por nenhum homem, mas pela instituição – as Forças Armadas. Nem o princípio federativo foi quebrado num primeiro momento, como ocorreu de imediato com a ditadura de Getúlio Vargas. Antes do recrudescimento da luta armada, ainda houve eleição para governadores e, mesmo depois que elas foram suspensas, o legislativo continuou funcionando. Essa quase normalidade institucional propiciou até o surgimento e fortalecimento de uma oposição que jamais houvera em toda a história do Brasil – a oposição institucional, criada e mantida pelas próprias entranhas do Estado.

Boa parte do chamado movimento social – que hoje alimenta o PT e demais partidos de esquerda – começou a ser construído graças a esse processo de institucionalização do país gestado pelos militares. Começando pelas próprias universidades federais – cobras a quem os militares deram asas. A Reforma Universitária feita pelos militares em 1968 profissionalizou o ensino superior no país, instituindo antigas reivindicações da própria comunidade acadêmica, como dedicação exclusiva de docentes, introdução de vestibular unificado e implantação de mestrados e doutorados. Valendo-se dessa estrutura, os intelectuais de esquerda se infiltraram nas universidades e, a partir delas, forjaram em todo o país um movimento social de proveta, destinado não a resolver problemas, mas a fomentá-los.

Um exemplo são os quase 50 mil homicídios que ocorrem anualmente no país. Eles decorrem, em grande parte, da irresponsabilidade doentia dos intelectuais brasileiros, que, à força de pressionar o Congresso Nacional, levaram à completa lassidão das leis penais, hoje irreversível, já que a mentalidade pueril da esquerda parece ter contaminado até os ministros do Supremo. Não é a toa que o ministro Gilmar Mendes deixa entrever que, a qualquer momento, pode soltar nas ruas 189 mil dos cerca de 440 mil presos do país, muitos deles homicidas e estupradores. Aí, sim, teremos um verdadeiro genocídio da população indefesa, em parte porque a esquerda, com o objetivo de demonizar os militares, transformaram o falacioso conceito de direitos humanos num dogma divino. Como se vê, a criminalização paranóica dos militares só atende a um objetivo – esconder que os intelectuais de esquerda forjaram um país muito pior que o deles.

******

Mestre em sociologia pela Universidade Federal de Goiás, jornalista e sociólogo
Brandolini's Bullshit Asymmetry Principle: "The amount of effort necessary to refute bullshit is an order of magnitude bigger than to produce it".

Pavlov probably thought about feeding his dogs every time someone rang a bell.

Offline Geotecton

  • Moderadores Globais
  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 28.345
  • Sexo: Masculino
Re:O PT representa um risco ao país?
« Resposta #4839 Online: 02 de Maio de 2016, 21:45:43 »
Vamos aguardar a refutação do texto por parte dos esquerdistas.

Será divertido.
Foto USGS

Offline Jurubeba

  • Nível 31
  • *
  • Mensagens: 2.071
  • Sexo: Masculino
  • CHAMEM OS ANARQUISTAS!!!
Re:O PT representa um risco ao país?
« Resposta #4840 Online: 02 de Maio de 2016, 22:25:06 »
Motivos houve. O Elio Gaspari explica bem no primeiro livro da série. Faz tempo que li, acho que o Diegojaf poderia explicar melhor.
O Jango tava com popularidade baixa, inflação alta, e ele passou a fazer muita cagada, como o discurso num comício no Rio de Janeiro, querendo buscar apoio da esquerda, tinha a história das reformas de base... O Darcy Ribeiro era bem "radical" e o influenciava (radical, mas não comunista, acho que algo como o Allende).
A esquerda tava bem "animadinha", botando as asas de fora.
Estou lendo esse livro nesse exato momento e o que o livro conta é que o Jango havia conseguido o apoio de, ao menos, 100 militares comunistas que existiam nas forças armadas. De forma incrivelmente similar ao que vemos agora (não com 100% de igualdade), ele visava basicamente conter sua queda iminente (por ter uma aliança grandemente fortalecida com a esquerda, principalmente com o PCB) patrocinada pelo movimento anti-comunista que sempre existiu no Brasil, buscando no apoio militar condições para:
  • Criar uma emenda na Constituição que permitisse sua reeleição
  • Decretar estado de sítio, para se manter no poder
  • Convocar uma Constituinte para escrever uma Carta com viés comunista
Bem, é o que está no livro. Até onde cheguei, embora o Gaspari não escreva dessa forma, havia um projeto esquerdista, com viés totalmente Comunista, por trás das ações de Jango em 1964. Sua base era o radicalismo do PCB, o PTB no Congresso e os quadros comunistas no Exército.

Se deu mal, já que o corporativismo dos militares (com grande influência dos EUA, diga-se de passagem) falou mais alto.

Saudações

Offline citizendium

  • Nível 07
  • *
  • Mensagens: 71
  • Sexo: Masculino
Re:O PT representa um risco ao país?
« Resposta #4841 Online: 02 de Maio de 2016, 23:16:36 »
A história que a esquerda não quer que o Brasil conheça:

No dia 31 de março próximo faz 40 anos que foi deposto o Presidente da República, João Goulart.

    Uns chamam esse acontecimento de golpe militar, outros de tomada do poder, alguns outros de Revolução de 1964. Eu prefiro considerá-lo como a Contra-Revolução de 31 de março de 1964.

    Vou lhes explicar o meu ponto de vista ao longo deste artigo. Espero que ao final vocês tenham dados suficientes para julgar se estou certo.

    Vocês foram cansativamente informados por seus professores, jornais, rádios, TV e partidos políticos :

     - que os militares tomaram o poder dos civis para impedir que reformas moralizantes fossem feitas;   

      -que para combater os "generais que usurparam o poder" os jovens da época uniram-se e lutaram contra a ditadura militar e que muitos deles morreram, foram mutilados, presos e torturados na luta pela "redemocratização" do país;

    - que os militares assim agiram a mando dos Estados Unidos, que temiam  o comunismo  instalado no Brasil;

    -que jovens estudantes, idealistas, embrenharam-se nas matas do Araguaia para lutar contra a ditadura e pela redemocratização do país.

     Com quantas inverdades fizeram a cabeça de vocês! E por que essas mentiras são repetidas até hoje? Foi a maneira  que eles encontraram para tentar justificar a sua luta para implantar um regime do modelo soviético, cubano ou chinês  no Brasil.

    Por intermédio da mentira, eles deturparam a História e conseguiram o seu intento. Vocês que não viveram essa época acreditam piamente no que eles dizem e se revoltam contra os militares.

    Vamos aos fatos, pois eu vivi e participei dessa época.

    Em março de 1964 eu era capitão e comandava uma bateria de canhões anti-aéreos do 1º Grupo de Artilharia Anti-Aérea, em Deodoro, no Rio de Janeiro.

    A maioria dos oficiais que servia no  1º Grupo de Artilharia AAe,  entre eles eu, teve uma atitude firme para que o Grupo aderisse à Contra-Revolução.

    Eu era um jovem com 31 anos. O país vivia no caos. Greves políticas paralizavam tudo: transportes, escolas, bancos, colégios. Filas eram feitas para as compras de alimentos. A indisciplina nas Forças Armadas era incentivada pelo governo. Revolta dos marinheiros no Rio; revolta dos sargentos em Brasília. Na minha bateria de artilharia  havia um sargento que se ausentava do quartel para   fazer propaganda do Partido Comunista, numa kombi, na Central do Brasil.

  Isto tudo ocorria porque o governo João Goulart queria implantar as suas reformas de base à revelia do Congresso Nacional. Pensava, por meio de um ato de força, em  fechar o Congresso Nacional com o apoio dos militares "legalistas".

    Vocês devem estar imaginando que estou exagerando para lhes mostrar que a Contra-Revolução era imperativa naqueles dias. Para não me alongar, vou citar o que dizem dois conhecidos comunistas:

- depoimento de Pedro Lobo de Oliveira no livro "A esquerda armada no Brasil" - "muito antes de 1964 já participava na luta revolucionária no Brasil na medida de minhas forças. Creio que desde 1957. Ou melhor, desde 1955". "Naquela altura o povo começava a contar com a orientação do Partido Comunista".

- Jacob Gorender - do PCBR, escreveu no seu livro "Combate nas Trevas": "Nos primeiros meses de 1964, esboçou-se uma situação pré-revolucionária e o golpe direitista se definiu, por isso mesmo, pelo caráter contra-revolucionário preventivo. A classe dominante e o imperialismo tinham sobradas razões para agir antes que o caldo entornasse".

    Diariamente eu lia os jornais da época: O Dia, O Globo, Jornal do Brasil, Tribuna da Imprensa, Diário de Notícias, etc... Todos eram unânimes em condenar o governo João Goulart e pediam a sua saída, em nome da manutenção da democracia. Apelavam para o bom senso dos militares e até imploravam a sua intervenção, para que o Brasil não se tornasse mais uma nação comunista.

    Eu assistia a tudo aquilo com apreensão. Seria correto agirmos para a queda do governo? Comprei uma Constituição do Brasil e a lia seguidamente. A minha conclusão foi de que os militares estavam certos ao se antecipar ao golpe de Jango.

    Às Forças Armadas cabe zelar para a manutenção da lei, da ordem e evitar o caos. Nós não tinhamos que defender o governo; tinhamos que defender a nação.

    O povo foi às ruas com as Marchas da Família com Deus pela Liberdade, no Rio, São Paulo e outras cidades do país. Todos pedindo o fim do governo João Goulart, antes que fosse tarde demais.

    E, assim, aconteceu em 31/03/1964 a nossa Contra-Revolução.

   Os jornais da época(Estado de São Paulo, O Globo, Jornal do Brasil; Tribuna da Imprensa e outros )  publicaram, nos dias 31/03/64 e nos dias seguintes, editoriais e mais editoriais exaltando a atitude dos militares. Os mesmos jornais que hoje combatem a nossa Contra- Revolução.

  Os comunistas que pleiteavam a tomada do poder não desanimaram e passaram a insuflar os jovens, para que entrassem numa luta fraticida, pensando que lutavam contra a ditadura. E mentiram tão bem que muitos  acreditam  nisso até hoje. Na verdade, tudo já estava se organizando. Em 1961, em pleno governo Jânio Quadros, Jover Telles, Francisco Julião e Clodomir dos Santos Morais estavam em Cuba acertando cursos de guerrilha e o envio de armas para o Brasil. Logo depois, alguns jovens eram indicados para cursos na China e em Cuba. Bem antes de 1964 a área do Araguaia já estava  escolhida pelo PC do B para implantar a guerrilha rural.

    Em 1961 estávamos em plena democracia. Então para que eles estavam se organizando? Julião já treinava as suas Ligas Camponesas nessa época, que eram muito semelhantes ao MST de hoje. Só que sem a organização, o preparo, os recursos, a formação de quadros e a violenta doutrinação marxista dos atuais integrantes do MST.

   E foi com essa propaganda mentirosa que eles iludiram muitos jovens e os cooptaram para as suas organizações terroristas.

    Então, começou a luta armada.

    Foram vários atos terroristas:  o atentado ao aeroporto de Guararapes, em Recife, em 1966; a bomba no Quartel General do Exército em São Paulo, em 1968; o atentado contra o consulado americano; o assassinato do industrial Albert Boilesen e do capitão do Exército dos Estados Unidos Charles Rodney Chandler; seqüestros de embaixadores estrangeiros no Brasil .

   A violência revolucionária se instalou. Assassinatos, ataques a quartéis e a policiais aconteciam com freqüência.

    Nessa época, eles introduziram no Brasil a maneira de roubar dinheiro com assaltos a bancos, a carros fortes e a estabelecimentos comerciais. Foram eles os mestres que ensinaram tais táticas aos bandidos de hoje.Tudo treinado nos cursos de guerrilha em Cuba e na China.

     As polícias civil e militar sofriam  pesadas baixas e não conseguiam , sozinhas, impor a lei e a ordem.

    Acuado, perdendo o controle da situação, o governo decretou o AI-5, pelo qual várias liberdades individuais foram suspensas. Foi um ato arbitário mas necessário. A tênue democracia que vivíamos não  se podia   deixar destruir.

     Para combater o terrorismo, o governo criou uma estrutura com a participação dos Centros de Informações da Marinha (CENIMAR), do Exército (CIE)   e da Aeronáutica (CISA). Todos atuavam em conjunto, tanto na guerrilha rural   quanto na urbana. O Exército, em algumas capitais, criou o seu braço operacional, os Destacamentos de Operações de Informações ( DOI). Para trabalharem nos  diversos DOI do Brasil,  o Exército  seleciononou do seu efetivo alguns majores, capitães e sargentos. Eram, no máximo,  350 militares, entre os 150 mil homens da  Exército.

    Eu era major, estagiário da Escola de Estado Maior. Tinha na época 37 anos e servia no II Exército, em São Paulo. Num determinado dia do ano de 1970, fui chamado ao gabinete do comandante do II Exército, general José Canavarro Pereira, que me deu a seguinte ordem: "Major, o senhor foi designado para comandar o DOI/CODI/II Ex. Vá, assuma e comande com dignidade".

    A partir desse dia minha vida mudou. O DOI de São Paulo era o maior do país  e era nesse Estado que as organizações terroristas estavam mais atuantes.  O seu efetivo em pessoal era de 400 homens. Destes, 40 eram do Exército, sendo 10 oficiais, 25 sargentos e 5 cabos. No restante, eram excelentes policiais civis e militares do Estado de São Paulo. Esses foram dias terríveis! Nós recebíamos ameaças freqüentemente.

    Minha mulher foi de uma coragem e de uma abnegação total. Quando  minha filha mais velha completou 3 anos de idade, ela foi para o jardim da infância, sempre acompanhada de seguranças. Minha mulher não tinha coragem de permanecer em casa, enquanto nossa filha estudava. Ela ficava dentro de um carro, na porta da escola, com um revólver na bolsa.

  Não sómente nós passamos por isso! Essa foi a vida dos militares que foram designados para   combater o terrorismo e para que o restante do nosso Exército trabalhasse tranqüilo e em paz.   

   Apreendemos em "aparelhos" os estatutos de, praticamente, todas as organizações terroristas e em todos eles estava escrito, de maneira bem clara, que o objetivo da luta armada urbana e rural era a implantação de um regime comunista em nosso país.

    Aos poucos o nosso trabalho foi se tornando eficaz e as organizações terroristas foram praticamente extintas, por volta de 1975.

    Todos os terroristas quando eram interrogados na Justiça alegavam que nada tinham feito e só haviam confessado os seus crimes por terem sido torturados. Tal alegação lhes valia a absolvição no Superior Tribunal Militar. Então, nós passamos a ser os " torturadores".

   Hoje, como participar de seqüestros, de assaltos e de atos de terrorismo passou a contar pontos positivos para os seus currículos eles, posando de heróis, defensores da democracia, admitem ter participado das ações. Quase todos continuam dizendo que foram torturados e perseguidos politicamente. Com isso recebem indenizações milionárias e ocupam elevados cargos públicos. Nós continuamos a ser seus " torturadores" e somos os verdadeiros perseguidos politicos. As vítimas do terrorismo até hoje não foram indenizadas.

 O Brasil com toda a sua população e com todo seu tamanho teve, até agora, 120 mortos identificados, que foram assassinados por terroristas, 43 eram civis que estavam em seus locais de trabalho ( estima-se que existam mais cerca de 80 que não foram identificados ); 34 policiais militares; 12 guardas de segurança; 8 militares do Exército; 3 agentes da Polícia Federal; 3 mateiros do Araguaia; 2 militares da Marinha; 2 militares da Aeronáutica; 1 major do Exército da Alemanha; 1 capitão do Exército dos Estados Unidos; 1 marinheiro da Marinha Real da Inglaterra.

  A mídia fala sempre em "anos de chumbo", luta sangrenta, noticiando inclusive que , só no cemitério de Perus, em São Paulo, existiriam milhares de ossadas de desaparecidos políticos. No entanto o Grupo Tortura Nunca Mais reclama um total de 284 mortos e desaparecidos que integravam as organizações terroristas. Portanto, o Brasil, com sua população e com todo o seu tamanho, teve na luta armada, que durou aproximadamente 10 anos,  ao todo 404 mortos.

   Na Argentina as mortes ultrapassarm 30.000 pessoas; no Chile foram mais de 4.000 e no Uruguai outras 3.000. A Colômbia, que resolveu não endurecer o seu regime democrático, luta até hoje contra o terrorismo. Ela já perdeu mais de 45.000 pessoas e tem 1/3 do seu território dominado pelas FARC.

  Os comunistas brasileiros são tão capazes quanto os seus irmãos latinos. Por que essa disparidade?

  Porque no Brasil dotamos o país de leis que permitiram atuar contra o terrorismo e também porque centralizamos nas Forças Armadas  o combate à luta armada. Fomos eficientes e isso tem que ser reconhecido. Com a nossa ação impedimos que milhares de pessoas morressem e que esta luta se prorrogasse como no Peru e na Colômbia.

  No entanto, algumas pessoas que jamais viram um terrorista, mesmo de longe, ou preso, que jamais arriscaram as suas vidas, nem as de suas famílias, criticam nosso trabalho. O mesmo grupo que só conheceu a luta armada  por documentos lidos em salas atapetadas e climatizadas afirma que a maneira como trabalhamos foi um erro,   pois a vitória  poderia ser alcançada de outras formas.

    Já se declarou, inclusive, que: " a ação militar naquele período não foi institucional. Alguns militares participaram, não as Forças Armadas. Foi uma ação paralela".

    Alguns também nos condenam afirmando que, como os chefes daquela época não estavam acostumados com esse tipo de guerra irregular, não possuíam nenhuma experiência. Assim, nossos chefes, no lugar de nos darem ordens, estavam aprendendo conosco, que estávamos envolvidos no combate. Segundo eles, nós nos aproveitávamos dessa situação para conduzir as ações do nosso modo e que, no afã da vitória, exorbitávamos .

    Mas as coisas não se passavam assim . Nós que fomos mandados para a frente de combate nos DOI, assim como os generais que nos chefiavam, também não tínhamos experiência nenhuma. Tudo o que os  DOI faziam ou deixavam de fazer era do conhecimento dos seus chefes. Os erros existiram,  devido à nossa inexperiência, mas os nossos chefes eram tão responsáveis como nós.

    Acontece que o nosso Exército há muito tempo não era empregado em ação. Estava desacostumado com a conduta do combate, onde as pessoas em operações têm que tomar decisões, e decisões rápidas, porque a vida de seus subordinados ou a vida de algum cidadão pode estar em perigo.

     Sempre procurei comandar liderando os meus subordinados. Comandei com firmeza e com humanidade, não deixando que excessos fossem cometidos. Procurei respeitar os direitos humanos, mas sempre respeitando, em primeiro lugar, os direitos humanos das vítimas e, depois, os dos bandidos.     Como escrevi em meu livro "Rompendo o Silêncio ", terrorismo não se combate com flores. A nossa maneira de agir mostrou que estávamos certos, porque evitou o sacrifício de milhares de vítimas, como aconteceu com os nossos vizinhos. Só quem estava lá, frente a frente com o terroristas, dia e noite, de arma na mão, pode nos julgar.

    Finalmente, quero lhes afirmar que a nossa luta foi para preservar a democracia. Se o regime implantado pela Contra -Revolução durou mais tempo do que se esperava, deve-se, principalmente, aos atos insanos dos terroristas. Creio que, em parte, esse longo período de exceção deveu-se ao fato de que era preciso manter a ordem no país.

    Se não tivéssemos vencido a luta armada, hoje estaríamos vivendo sob o tacão de um ditador vitalício como Fidel Castro e milhares de brasileiros teriam sido fuzilados no "paredón" ( em Miami em fevereiro, foi inaugurado por exilados cubanos, um Memorial para 30.000 vítimas da ditadura de Fidel Castro).

 Hoje temos no poder muitas pessoas que combatemos e que lá chegaram pelo voto popular e esperamos que eles esqueçam os seus propósitos de 40 anos passados e preservem a  democracia pela qual tanto lutamos.

 

 CARLOS ALBERTO BRILHANTE USTRA
“Um pouco de ciência nos afasta de Deus. Muito, nos aproxima.” Louis Pasteur

Offline citizendium

  • Nível 07
  • *
  • Mensagens: 71
  • Sexo: Masculino
Re:O PT representa um risco ao país?
« Resposta #4842 Online: 02 de Maio de 2016, 23:56:53 »
As manchetes da época mostram que realmente a população apoiava a intervenção militar e o medo do comunismo dominava o país. Só lembrando novamente que foi o Congresso quem cassou João Goulart na  sessão de 2 de abril de 1964. Hoje em dia com o advento da internet não tem mais como esconder isso da população.

Diário da Noite (São Paulo), 2 de abril de 1964: “Decidiu o Congresso essa madrugada. Ranieri Mazzilli é o presidente''.


Diário de Notícias (Rio), 2 de abril de 1964: “Marinha caça Goulart''.
“Ibrahim Sued informa: É o fim do comunismo no Brasil.''


Diário de Piracicaba (SP), 2 de abril de 1964: “Cessadas as operações militares: A calma volta a reinar no país''.



Diário do Paraná, 2 de abril de 1964: “Auro Andrade anuncia posse de Mazzilli com situação normalizada''.
No alto: “Povo festejou na Guanabara vitória das forças democráticas''.


O Dia, 3 de abril de 1964: “Fabulosa demonstração de repulsa ao comunismo''.
Jango chegou ao Rio Grande do Sul no dia 2. De lá, iria para o Uruguai. “O Dia'': “Jango asilado no Paraguai!''.



O Estado de S. Paulo, 2 de abril de 1964: “Vitorioso o movimento democrático''.


O Globo (Rio), 2 de abril de  1964: “Empossado Mazzilli na Presidência''.
Título do editorial: “Ressurge a democracia!''


Tribuna do Paraná, 2 de abril de 1964: “Rebelião em Minas''.
“General Mourão Filho abre a revolta: 'Jango tem planos ditatoriais'.''


Não será ainda nesta geração que teremos uma análise isenta do regime militar de 1964 e de suas consequências para o Brasil. Há hoje um clima de "vendetta" que é artificialmente fomentado por cumpañeros que cercam a Presidente, muitos deles tendo se tornado "experts" em agitação estudantil na época, e que hoje usam a única habilidade que têm tentando criar realidades virtuais sobre o passado. Porque certas proezas eles não poderiam fazer: Bacen, Itaipú, Furnas, Rio-Niteroi, introdução do Mestrado/Doutorado no país com a criação do CAPES/CNPq, Pró-álcool, Angra I e II, Camaçari, CST (SC), Usiminas, Embraer, etc, Esqueci de alguma obra que trouxe o PIB do Brasil de 48º para 8º mundial?
“Um pouco de ciência nos afasta de Deus. Muito, nos aproxima.” Louis Pasteur

Offline João da Ega

  • Nível 21
  • *
  • Mensagens: 774
Re:O PT representa um risco ao país?
« Resposta #4843 Online: 03 de Maio de 2016, 11:18:14 »
Buckaroo Banzai: muito interessante sua argumentação, estou realmente sem tempo, mas vou depois reler com mais calma, analisar e depois escrevo algo.

Gigaview: Desculpas sinceras. Realmente sobre a assertiva
Citar
Foi feito o que precisava ser feito, talvez mau feito, porque ainda somos vítimas do que sobrou da escória daquela época.
eu interpretei que o regime devia ter eliminado (matado) de modo que não sobrasse nenhum da escória. Vou ler o texto que você postou pra entender qual é seu real ponto de vista. Como disse, estou num período especialmente corrido, tanto no trabalho como em casa. Tô realmente sem tempo.

Jurubeba: Também tentei comecei a reler o livro, os primeiros capítulos, que tratam do período imediatamente ao golpe, quando der tempo, vou ler.

Citizendium: textos grandes como o seu e o do gigaview vou ler depois.

 :ok:
"Nunca devemos admitir como causa daquilo que não compreendemos algo que entendemos menos ainda." Marquês de Sade

Offline Lorentz

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 10.735
  • Sexo: Masculino
Re:O PT representa um risco ao país?
« Resposta #4844 Online: 03 de Maio de 2016, 11:32:47 »
As manchetes da época mostram que realmente a população apoiava a intervenção militar e o medo do comunismo dominava o país. Só lembrando novamente que foi o Congresso quem cassou João Goulart na  sessão de 2 de abril de 1964. Hoje em dia com o advento da internet não tem mais como esconder isso da população.

Mas se foi o congresso que cassou o Jango, porque os militares ficaram 20 anos no poder? Caramba, se eles tivessem ficado uns 2 anos seriam os heróis hoje.
"Amy, technology isn't intrinsically good or bad. It's all in how you use it, like the death ray." - Professor Hubert J. Farnsworth

Offline JJ

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 15.747
  • Sexo: Masculino
Re:O PT representa um risco ao país?
« Resposta #4845 Online: 03 de Maio de 2016, 11:33:11 »
'Enquanto me dava choques, Ustra me batia com cipó e gritava', diz torturado aos 19 anos

Luís Barrucho - @luisbarrucho
Da BBC Brasil em Londres

21 abril 2016


"Nesse dia de glória para o povo brasileiro tem um nome que entrará para a história nessa data, pela forma como conduziu os trabalhos nessa casa. Parabéns, presidente Eduardo Cunha. Perderam em 1964. Perderam agora em 2016. Pela família e pela inocência das crianças em sala de aula que o PT nunca teve, contra o comunismo, pela nossa liberdade, contra o Foro de São Paulo, pela memória do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, o pavor de Dilma Rousseff, pelo Exército de Caxias, pelas nossas Forças Armadas, por um Brasil acima de tudo e por Deus acima de todos, o meu voto é sim."
Foi assim que o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) justificou o voto a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff no plenário da Câmara dos Deputados no último domingo. As declarações geraram polêmica, especialmente pela referência ao coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, ex-chefe do DOI-Codi (Destacamento de Operações de Informações do Centro de Operações de Defesa Interna), órgão de repressão da ditadura. Ustra morreu aos 83 anos em setembro do ano passado.

A homenagem a um dos personagens mais controversos do regime militar foi alvo de críticas de milhares de brasileiros, que foram às redes sociais expressar choque e reprovação. Para um deles, no entanto, o elogio de Bolsonaro evocou memórias ruins.

Em 1972, Gilberto Natalini, hoje médico e vereador pelo PV-SP, tinha então 19 anos e foi torturado por Ustra. À época estudante de medicina, ele havia sido preso por agentes da ditadura que queriam informações sobre o paradeiro de uma amiga dele, envolvida na luta armada. Natalini negou-se a colaborar. A tortura consistia em choques elétricos diários, que, segundo ele, lhe causaram problemas auditivos irreversíveis.

"Bolsonaro não tem o direito de reverenciar a memória de Ustra. Ustra era um assassino, um monstro, que torturou a mim e a muitos outros", afirmou Natalini à BBC Brasil.


Natalini conta ter sido vítima de tortura por cerca de dois meses na sede do DOI-Codi em São Paulo.

"Tiraram a minha roupa e me obrigaram a subir em duas latas. Conectaram fios ao meu corpo e me jogaram água com sal. Enquanto me dava choques, Ustra me batia com um cipó e gritava me pedindo informações", relembra.

"A tortura comprometeu minha audição. Mas as marcas que ela deixou não são só físicas, mas também psicológicas."

Natalini nega ter participado da luta armada contra a ditadura militar. Ele confirma ter feito oposição ao regime, mas diz que "sem violência".

"Sempre fui a favor da mobilização das consciências contra qualquer tirania. Nunca fui a favor de ações violentas. Acolhíamos perseguidos políticos, prestando atendimento médico quando necessário", diz ele, em alusão à Escola Paulista de Medicina (EPM), onde estudava.

"Mas todo mundo que se opunha ao governo militar era visto como terrorista", ressalva.

Para Natalini, projeção nacional do deputado está ligada à desmoralização das esquerdas, devido "aos escândalos de corrupção protagonizados pelo PT"

Para Natalini, que foi preso "outras 16 vezes" pelo regime militar, Bolsonaro "não pode, como agente político, pregar o retorno da ditadura".

"E se ele o fizer, temos todo o direito de contestá-lo e colocá-lo em seu devido lugar. Bolsonaro não vai conseguir impingir ao Brasil sua ideologia doente, ultrapassada e fascista. O caso dele é com a Justiça", afirma ele.

Na visão de Natalini, a projeção nacional do deputado está ligada à desmoralização das esquerdas, devido "aos escândalos de corrupção protagonizados pelo PT".

"Os erros do PT permitiram que se criasse uma corrente de opinião contra à verdadeira esquerda, que nunca existiu no Brasil. A extrema direita, que estava adormecida, aproveitou-se desse vácuo. Bolsonaro é fruto dessa roubalheira", opina.

"Se nossa democracia tem defeitos, precisamos corrigi-la. Muito piores são os regimes militares, de esquerda ou de direita", acrescenta.

Apesar de criticar Bolsonaro, Natalini defende o impeachment da presidente Dilma Rousseff. Segundo ele, não há "golpe".

"A Constituição brasileira prevê que o presidente pode sofrer impeachment se tiver cometido crimes de responsabilidade. Foi o que aconteceu com as chamadas pedaladas fiscais", diz.


Ustra era um dos mais temidos militares nos anos de chumbo

Um dos mais temidos militares nos anos de chumbo, Ustra chefiou o DOI-Codi, órgão de repressão do 2º Exército em São Paulo. Ele foi apontado por dezenas de perseguidos políticos e familiares das vítimas como responsável por perseguição, tortura e morte de opositores.

Conhecido pelo apelido de "Doutor Tibiriçá", ele foi acusado pelo desaparecimento e morte de pelo menos 60 pessoas. Durante sua gestão, pelo menos 500 casos de tortura teriam sido cometidos nas dependências do DOI-Codi.

Único militar brasileiro declarado torturador pela Justiça, Ustra foi denunciado pelo MPF (Ministério Público Federal) pela morte do militante comunista Carlos Nicolau Danielli em dezembro de 1972. Mas não houve tempo para sua condenação. Ustra morreu em setembro do ano passado em Brasília. Ele sofria de câncer de próstata.


http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2016/04/160419_torturado_ustra_bolsonaro_lgb


-----------------------------------





E tem gente que homenageia  um monstro  canalha  e vil torturador  .    :no:




« Última modificação: 03 de Maio de 2016, 13:52:45 por JJ »

Offline Buckaroo Banzai

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 38.735
  • Sexo: Masculino
Re:O PT representa um risco ao país?
« Resposta #4846 Online: 03 de Maio de 2016, 12:53:39 »
Eu não duvido nem um pouco que ele tenha sido torturador, mas também não duvido da possibilidade de haver depoimentos falsos e exagerados de tortura, bem como mortes por dissidências internas sendo jogadas na conta dos militares (como ocorre algumas vezes nos discursos sobre violência policial contra criminosos comuns).

Offline Lorentz

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 10.735
  • Sexo: Masculino
Re:O PT representa um risco ao país?
« Resposta #4847 Online: 03 de Maio de 2016, 13:10:12 »
Eu não duvido nem um pouco que ele tenha sido torturador, mas também não duvido da possibilidade de haver depoimentos falsos e exagerados de tortura, bem como mortes por dissidências internas sendo jogadas na conta dos militares (como ocorre algumas vezes nos discursos sobre violência policial contra criminosos comuns).

Eu acho mais fácil as vítimas aumentarem a história dos episódios de tortura do que os responsáveis diminuir as histórias.

A Dilma já estava se considerando torturada esses dias, pelo congresso ou sei lá o que.

A necessidade deles posarem de vítimas tornam as afirmações muito pouco confiáveis.
"Amy, technology isn't intrinsically good or bad. It's all in how you use it, like the death ray." - Professor Hubert J. Farnsworth

Offline Buckaroo Banzai

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 38.735
  • Sexo: Masculino
Re:O PT representa um risco ao país?
« Resposta #4848 Online: 03 de Maio de 2016, 13:17:42 »
Não sei, há torturadores confessos? :hein:

Acho que a tendência seria de negarem completamente desse lado, também. Na maior parte do tempo. Só não fazendo isso quando não for mais possível, mas sempre tentando amenizar ao máximo.

Offline JJ

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 15.747
  • Sexo: Masculino
Re:O PT representa um risco ao país?
« Resposta #4849 Online: 03 de Maio de 2016, 14:19:17 »
DITADURA BRASILEIRA

Um retrato do torturador comandante Brilhante Ustra, segundo as suas vítimas

Cérebro da repressão na ditadura não poupava crianças e apreciava comandar violações de mulheres
Foi essa ferida do passado que Jair Bolsonaro reabriu com seu voto no último domingo
OtrosGuardarEnviar a notícia por emailImprimir

Carla Jiménez

CARLA JIMÉNEZ

São Paulo 22 ABR 2016 - 22:12   CEST
Adriano Diogo acabava de sair do banho quando seu apartamento, em São Paulo, foi invadido por militares com metralhadoras. Era março de 1973, auge de ditadura. Diogo só teve tempo de vestir uma cueca e assim foi levado pelos agentes. Encapuzado, o colocaram dentro de um carro e fizeram-no segurar nas mãos o que ele deduziu ser uma bomba. Chegando ao destino, atravessou um corredor polonês, onde apanhou de guardas enfileirados até chegar em alguém que começou a lhe bater com uma metralhadora: “Você é amigo do Minhoca [apelido de Alexandre Vanuchi, amigo de Diogo], acabei de mandar ele para a Vanguarda Popular celestial e é pra lá que vou te mandar também, seu filho da puta”, gritava seu algoz.

Comandante Brilhante Ustra

Protesto em frente à casa de Ustra, em 2014 F. Rodrigues Pozzebom Agência Brasil
Aos 67 anos, Diogo se lembra de cada palavra que saiu da boca do comandante Carlos Alberto Brilhante Ustra. Até então, não sabia de quem havia apanhado, mas descobriria rapidamente. Quando Ustra o deixou, Diogo perguntou a outro guarda que estava por perto. “Onde é que eu tô?” “Aqui é a antessala do inferno”, avisou o agente, de modo sarcástico, antes de mandá-lo sentar numa cadeira de dragão. Nu, colocaram eletrodos nas suas genitálias, boca, ouvidos, e com choques elétricos ordenavam suas confissões para entregar companheiros.

Depois das torturas diárias que o aguardavam durante os meses que ficou na prisão, Diogo viria a concluir que Ustra era o líder demoníaco daquele inferno. O comandante, homenageado neste domingo por Jair Bolsonaro para dar o “sim” ao impeachment da presidenta Dilma, foi chefe de um centro de sequestro, tortura e morte na ditadura militar (1964-1985), conhecido oficialmente por DOI-CODI, que funcionou no bairro da Vila Mariana, em São Paulo.

Apelidado de Casa da Vovó entre seus comandados, o Destacamento de Operações de Informações e Centro de Operações de Defesas Internas tinha em Ustra o cérebro da repressão quando a Governo militar resolveu endurecer com integrantes dos movimentos que resistiam à ditadura nos anos 70. Em geral, jovens universitários que acreditavam na utopia de poder combater um Estado militar para restabelecer a democracia, usurpada em 1964 pelo golpe. Diogo era um deles. Integrava a Ação Libertadora Nacional, de inspiração socialista, o que no meio de uma Guerra Fria, significava ser classificado como terrorista.

A sigla DOI-CODI, assim como o sobrenome Ustra, têm um efeito cáustico nos ouvidos das vítimas da sua tortura e das famílias que perderam de maneira cruel seus pais, mães, filhos ou simplesmente amigos. Pelo menos 50 pessoas morreram enquanto Ustra comandou o DOI (1970-1973), e há registro de mais de 300 pessoas torturadas sob suas ordens.

Quem saiu vivo, ou foi mutilado ou saiu com uma cicatriz eterna pela sádica violência aplicada sob comando de Ustra. Diogo, hoje geólogo, e presidente da Comissão da Verdade, em São Paulo, foi um dos poucos a ser torturado diretamente por Ustra, que na maior parte do tempo, se dedicava à inteligência dos processos de tortura. Dava ordens, mapeava os movimentos de militantes, estabelecia as táticas para que sua equipe pudesse capturá-los e chegar aos líderes. “A especialidade deles era violentar e torturar mulheres”, lembra Diogo, que presenciou inúmeras violações enquanto esteve ali, inclusive a tortura de sua mulher à época. Grávida e nua, passou por choques elétricos na sua frente. O bebê que carregava não resistiu. Arlete sofreu hemorragias e não pôde recorrer a apoio médico.

Crianças na sala de tortura

MAIS INFORMAÇÕES
“As marcas da tortura sou eu. Fazem parte de mim”
Brasil reescreve a sua história ao revelar detalhes da ditadura militar
Comissão identifica 421 mortos e desaparecidos durante a ditadura
Brilhante Ustra, ícone da repressão da ditadura brasileira

Amélia Teles, ou Amelinha, também caiu nas garras de Ustra. Foi presa junto com o marido Cesar, e o amigo Carlos Danielli. Viveram todo o roteiro do inferno no DOI CODI, conforme conta num vídeo disponível no Youtube. Militantes do PCdoB, sentiram bem mais que surras e choques elétricos. O casal de jovens de pouco mais de 20 anos, foi preso em dezembro de 1972, e apanhou seguidamente sem ter noção do tempo. Certo dia, Amelinha estava nua, sentada na cadeira de dragão, urinada e vomitada, quando viu entrar na sala de tortura seus dois filhos, Janaína de 5 anos, e Edson, 4. Ustra havia mandado buscar as duas crianças porque queria que eles testemunhassem de seus pais. “Mamãe, por que você está azul e a papai verde?”, perguntou sua filha, enquanto queria abraçar a mãe, paralisada de dor e pelos fios elétricos. A cor era fruto das torturas que desfiguraram sua tez.

As duas crianças foram levadas para a casa de um militar enquanto os pais continuaram apanhando nas mãos de agentes da ditadura comandados por Ustra. Os arquivos da ditadura mostram crianças de colo fichadas como filhos de terroristas. “Vamos matar seus filhos, menos comunistas vivos”, ouviam seus pais enquanto eram torturados. Amelinha foi espancada por Ustra enquanto ouvia: “sua terrorista!”. Viu a morte do amigo Carlos enquanto estava presa. Seu marido Cesar faleceu no ano passado.

Mortos

Diogo e a família Teles conseguiram sobreviver àqueles anos para contar os horrores que aconteciam durante a ditadura brasileira. Mas muitos não tiveram essa sorte. O jornalista Vladimir Herzog, que em 1975 era diretor da TV Cultura, foi assassinado no interior do prédio do DOI-CODI, depois de ter sido intimado a prestar depoimentos por supostas ligações com o Partido Comunista. No Instituto Vladimir Herzog é possível ler o que se passou no final de outubro de 1975, depois que Vlado, como era conhecido, se apresentou para depor. Encapuzado, foi sufocado com amoníaco e submetido a seguidas sessões de tortura.


“Naquela cela solitária, com o ouvido na janelinha, eu podia ouvir os gritos: ‘Quem são os jornalistas? Quem são os jornalistas?’ Pelo tipo de grito, pelo tipo de porrada, sabia que estava sendo feito com alguém exatamente aquilo pelo que eu tinha passado", recordaria anos depois o jornalista Sérgio Gomes, que estava preso no mesmo local em que Vlado se encontrava. “Lá pela hora do almoço há uma azáfama, uma correria. Ele foi torturado durante toda a manhã e se dá o tal silêncio. A pessoa para de ser torturada e em seguida há uma azáfama, uma correria… A gente percebe que tem alguma coisa estranha acontecendo. Tinham acabado de matar o Vlado.”

No livro A Casa da Vovó, o jornalista Marcelo Godoy faz um minucioso relato sobre o DOI-CODI a partir de relatos de ex-agentes que trabalharam com Ustra. Levou dez anos para concluir a obra (2004 a 2014), e viu o antigo comandante tentar interferir em sua apuração em alguns momentos. O velho torturador ligou para seus ex-subalternos pedindo silêncio. Muitos, no entanto, contrariaram a ordem do antigo chefe. Um deles relatou a Godoy: “Você não tem ideia do que é passar uma noite inteira vendo um homem e sabendo que no dia seguinte ele vai morrer... Todos nós carregamos um fantasma que te acompanha a vida inteira. Esse é o meu.”

Ustra contava com o apoio silencioso dos presidentes militares que mantinham um discurso de que torturas eram casos pontuais. Em 2008, a Justiça o reconheceu como torturador e, em 2012, condená-lo em primeira instância pela morte de apenas uma vítima, Luiz Eduardo da Rocha Merlino, morto em 19 de julho de 1971. “Nunca cometi torturas”, disse ele em depoimento à Comissão Nacional da Verdade em 2013. No ano seguinte, foi declarado um dos 377 agentes da repressão pela Comissão. Ustra morreu em julho de 2015 de câncer.



http://brasil.elpais.com/brasil/2016/04/20/politica/1461180363_636737.html




BARBÁRIE    19/APR/2016 ÀS 10:24


Mulher conta o que viveu nas mãos do Cel. Ustra, homenageado por Bolsonaro
Mulher lembra momentos de terror vividos com o Coronel Bilhante Ustra, homenageado por Bolsonaro. Amelinha Teles foi parar na ‘cadeira do dragão’. Nua, vomitada, urinada, Ustra ainda levou os filhos da vítima, de 4 e 5 anos, para assistir a mãe sendo torturada


Em seu voto a favor do impeachment no último domingo, Jair Bolsonaro homenageou o Coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, responsável por torturar centenas de mulheres na época da ditadura. O torturador chegava a introduzir insetos e roedores nas genitálias das vítimas

 
“Eu fui espancada por ele [Coronel Ustra] ainda no pátio do Doi-Codi. Ele me deu um safanão com as costas da mão, me jogando no chão, e gritando ‘sua terrorista’. E gritou de uma forma a chamar todos os demais agentes, também torturadores, a me agarrarem e me arrastarem para uma sala de tortura”.

Uma das milhares de vítimas da ditadura militar, Amelinha Teles, descreveu assim seu encontro com Carlos Alberto Brilhante Ustra, conhecido como “Coronel Ustra”, o primeiro militar reconhecido pela Justiça como torturador na ditadura.


Ao programa Viva Maria, da Rádio Nacional da Amazônia, Amelinha contou como era o homem admirado por Jair Bolsonaro (PSC-RJ) e citado pelo parlamentar durante seu voto a favor do impeachment de Dilma Rousseff, neste domingo (17), no plenário da Câmara dos Deputados.

“Ele levar meus filhos para uma sala, onde eu me encontrava na cadeira do dragão [instrumento de tortura utilizado na ditadura militar parecido com uma cadeira em que a pessoa era colocada sentada e tinha os pulsos amarrados e sofria choques em diversas com fios elétricos atados em diversas partes do corpo] , nua, vomitada, urinada, e ele leva meus filhos para dentro da sala? O que é isto? Para mim, foi a pior tortura que eu passei. Meus filhos tinham 5 e 4 anos. Foi a pior tortura que eu passei”, disse a ex-militante do PcdoB.


O militar lembrado pelo parlamentar foi chefe-comandante do Destacamento de Operações Internas (DOI-Codi) de São Paulo no período de 1970 a 1974. Em maio de 2013, ele compareceu à sessão da Comissão Nacional da Verdade. Apesar do habeas corpus que lhe permitia ficar em silêncio, Ustra respondeu a algumas perguntas. Na oportunidade, negou que tivesse cometido qualquer crime durante seu período no comando do Destacamento de Operações Internas paulista.


Em abril de 2015, a ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), Rosa Weber, suspendeu uma das ações penais contra Ustra que tramitava na Justiça Federal em São Paulo. Atendendo a pedido feito pela defesa do militar, a ministra disse, na decisão, que suspendeu a ação pois era necessário aguardar o julgamento da Lei de Anistia pela própria Corte. O militar morreu em 15 de outubro de 2015 no Hospital Santa Helena, em Brasília. Ele tratava de um câncer.

Hoje, Amelinha integra a Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos e é assessora da Comissão da Verdade do Estado de São Paulo Rubens Paiva. Para ela, a homenagem de Bolsonaro a um de seus torturadores pode ser o resgate de uma das páginas mais tristes da história do Brasil.

“O que significa essa declaração do deputado é que ele quer que o Estado brasileiro continue a torturar e exterminar pessoas que pensem diferente dele. Que democracia é essa que quer a tortura, a repressão às pessoas que não concordam com suas ideias?”.
Marcelo Brandão, Agência Brasil

http://www.pragmatismopolitico.com.br/2016/04/mulher-conta-o-que-viveu-nas-maos-do-cel-ustra-homenageado-por-bolsonaro.html

« Última modificação: 03 de Maio de 2016, 14:27:19 por JJ »

 

Do NOT follow this link or you will be banned from the site!