Vejo que estão chamando meu santo nome em vão. Aqui estou eu. 
Não, não retiro o que afirmei naquele post no ano passado: aquele número que estava sendo divulgado não fazia sentido. Isso de alguma forma corrobora o mimimi do Donnatello e do Skeptikós? De forma alguma! O curioso é que estes reclamam de distorções de dados estatísticos e para isso distorcem o significado desses mesmos dados! O fato é que o Barata está certo e vou lhes explicar porque: não importa se, em números absolutos, mais homens são mortos pelas parceiras que vice-versa. Não importa porque essa não é a informação relevante. Esse número poderia lhe dizer qual a probabilidade dado que a pessoa tenha sido morta pela/o parceira/o de esta ser homem ou mulher. Essa probabilidade é diferente se a pergunta for: qual a probabilidade de você vir a ser assassinado E que o culpado seja seu parceiro/a. Para responder a primeira pergunta (a irrelevante), basta dividir o número de mulheres ou homens assassinados pelos parceiros pelo total de pessoas assassinadas pelos parceiros. Para a segunda (a que importa mesmo) é preciso encontrar a probabilidade de uma pessoa de cada sexo ser assassinado e multiplicar essa probabilidade pelo percentual de assassinatos que são cometidos pelos parceiros (6% homens, 40% mulheres). A primeira probabilidade (ser assassinado, não importa por quem), para homens, é bem maior que para as mulheres. Mas a segunda faz toda a diferença. A estatística serve aos vivos e para estes, saber sua chance de ser assassinado pela pessoa com quem você dorme é, imagino eu, mais importante do que saber qual é a chance, depois de você ter sido assassinado, de o crime ter sido cometido por João ou Maria.
Caros,
Não dá para sofismar com a Matemática.
Se a questão é "qual pergunta é mais importante para a sociedade", então essa é uma questão subjetiva. Porém, se a resposta a tal pergunta é matemática, então é objetiva é única.
Fulano pode achar que a questão X é de maior relevância. Já Sicrano considera Y a questão de maior relevância. Diferenças de opinião a que todos temos direito.
Porém, na questão fria da análise dos números dentro do contexto da discussão deste tópico,
o Donnatello e o Skeptikós é que estão corretos.( Bom, primeiramente estamos aqui assumindo que os dados apresentados são confiáveis. )
Senão vejamos: qual era o cerne do debate? O argumento do Skeptikós de que mulheres são tão ou mais violentas do que os homens ( nas relações com seus parceiros ), e que portanto não se justificaria o tratamento jurídico diferenciado e privilegiado que estas recebem. E ainda, que tal tratamento privilegiado seria tanto a expressão de uma interpretação preconceituosa como consequente da militância e do discurso feminista, discurso este que muitas vezes apresentaria uma descrição da realidade antagônica aos fatos,
Neste caso os dados apresentados embasam tais argumentos. Eu não vou me debruçar sobre o problema subjetivo de concordar ou não com os argumentos, mas quero apenas demonstrar que os dados considerados
OBJETIVAMENTE corroboram os argumentos.
não importa se, em números absolutos, mais homens são mortos pelas parceiras que vice-versa. Não importa porque essa não é a informação relevante. Esse número poderia lhe dizer qual a probabilidade dado que a pessoa tenha sido morta pela/o parceira/o de esta ser homem ou mulher.
Ops! O que Manhattan não percebe é que a pergunta que ele classifica como irrelevante poderia ser reformulada para
"Dado que alguém assassinou seu cônjuge, qual a probabilidade de que este assassino seja homem ou mulher?"Notem que esta é exatamente a mesma pergunta, apenas colocada de outra forma.
Sim, porque se estamos considerando apenas relações heterossexuais, relações entre homem e mulher, então se um homem foi morto o assassino é uma mulher. E se uma mulher foi assassinada quem matou foi um homem.
Então a resposta a essa pergunta, dentro do contexto da discussão que se desenrolava,
não só não é irrelevante como é central.Se a Estatística pode responder a essa pergunta, então responde se homens tendem ou têm mais chance de serem violentos nas relações com suas parceiras do que estas com os primeiros.
Como estamos considerando apenas relações homem-mulher, o número total de homens pode ser considerado, para efeitos práticos, igual ao número total de mulheres. ( Claro, há o caso de um homem poder se relacionar com mais de uma mulher, e uma mulher com mais de um homem, mas isso pode ser desprezado sem afetar significativamente o resultado do cálculo. )
Então, se em um universo pesquisado de X homens e X mulheres, em um mesmo intervalo de tempo T, 2,7 mil mulheres cometem assassinato de seu parceiro contra apenas 1,8 mil homens, logo a probabilidade de uma mulher vir a se tornar uma assassina é 50% maior que a probabilidade de um homem se tornar um assassino ( DOMÉSTICO! ).
1,8 + 0,5 x 1,8 = 2,7
O número de homens e mulheres que morrem de forma violenta por outras causas
é que é TOTALMENTE IRRELEVANTE para o contexto dos argumentos em confronto, mas trabalham para confundir o óbvio: de que diante desses dados podemos afirmar taxativamente que um homem corre mais risco de vida em uma relação heterossexual do que uma mulher.
Se isto ainda não ficou evidente, então imagine que amanhã, por algum milagre, a sociedade esteja transformada e a criminalidade seja zero. Não há mais nenhum tipo de violência na sociedade, exceto a violência doméstica ( que continuaria exatamente como é hoje ).
Então as feministas ficariam privadas dos seus argumentos, porque confrontando os dados veríamos que mais homens do que mulheres seriam vítimas e mais mulheres do que homens agressoras. No entanto percebam que nesse futuro hipotético apenas o que mudou foram os índices de violência não relacionados com a violência doméstica, mais precisamente com a violência entre casais. Índices portanto completamente irrelevantes - não para a sociedade, mas irrelevantes, sem nenhuma relação, com a discussão em questão.
Notem que neste futuro hipotético a resposta para a segunda pergunta ( aquela que o Manhattan considera importante ) mudou completamente. Mas mudou somente devido a dados sem nenhuma relação com os casos de violência doméstica. Por outro lado a resposta numérica para a primeira pergunta ( a "irrelevante" ) não se altera, pois é esta pergunta que está exclusivamente associada à violência doméstica.Fica então claro que a pergunta abaixo é que não tem importância! Não tem importância porque não embasa e nem desautoriza os argumentos de ambos os lados da discussão.
Para a segunda (a que importa mesmo) é preciso encontrar a probabilidade de uma pessoa de cada sexo ser assassinado e multiplicar essa probabilidade pelo percentual de assassinatos que são cometidos pelos parceiros
É uma falacia. Se queremos saber APENAS se procede a crença geral de que, nas relações entre casais, quando há violência, a vítima mais provável é a mulher, então outros tipos de violência não devem ser considerados.
Implicitamente, na discussão, havia esta pergunta objetiva. E a Estatística deu a resposta, também objetiva.
PS: Se o raciocínio exposto acima ainda não fez sentido pra você, então imagine que além das mortes violentas não relacionadas com violência doméstica, estivessem também relacionados nessas estatísticas os óbitos de homens e mulheres por malária e doenças do coração.
Reparem como estes dados alterariam as proporções apresentadas pelo Barata.
Mas isto seria completamente absurdo! O que tem a malária e o coração a ver com as calças?
Da mesma forma o número de homens e mulheres que morrem em assaltos ou em guerras do tráfico não tem nada a ver! Nenhuma relação entre os crimes que acontecem exclusivamente como resultado da relação homem-mulher. Introduzir estes dados apenas distorce o que realmente se desejava inferir da Estatística: a tendência do homem e da mulher de serem violentos ( ou especificamente homicidas ) na relação com seu parceiro.