Isso só mostra que nem o socialismo e nem o comunismo são um sistema de propriedade dos meios de produção. É um movimento político. “Propriedade pública dos meios de produção” é um símbolo que serve APENAS de pretexto hipnótico para controle das massas.
[...]
A China e a Venezuela estão aí para demonstrar a continuidade desse projeto de poder.
Você está dizendo que socialismo/comunismo é uma retórica utilizada por bandidos para tomarem o poder e conserva-lo ditatorialmente, mas que não existe a real intenção de pôr em prática o que está na cartilha.
É uma ideia confusa porque parece que pra você todos os países comunistas foram na verdade ditaduras capitalistas com um discurso marxista. Como se na verdade a diferença de Hitler e Franco pra Mao Tse Tung fosse pouca.
E dá como exemplos a China e Venezuela.
Não pode ser este seu raciocínio, mas lendo seu post parece que seu argumento é o de que o discurso do socialismo tem por meta estabelecer ditaduras nos moldes destes dois países.
São na verdade dois casos muito distintos e em nenhum dos dois a ideologia marxista foi este artifício para se implantar o que hoje está sendo chamado de "socialismo de mercado". Uma expressão que, se não estou equivocado, foi cunhada pelos próprios chineses.
Mas ocorre que na Venezuela a ideologia marxista nunca foi o norte do chavismo. Nunca foi dito que a meta era a ditadura do proletariado e fim da propriedade privada dos meios de produção. Não há bustos de Marx e Lenin por toda parte como antigamente na Polônia ou Hungria.
O Chavismo é um movimento que se define como socialista, o que pra eles significa uma política com foco no assistencialismo e uma forte atuação do Estado na economia.
O caso da Venezuela é único e muito circunstancial e não tem chance de se repetir no Brasil nem em outro lugar porque este é um pequeno país que nada em petróleo. Mesmo antes de Hugo Chaves o governo se aproveitava das divisas do petróleo para criar estatais que se diziam serem estratégicas para o desenvolvimento mas que, alegava-se, a iniciativa privada nacional não teria o capital necessário para estes investimentos. Bastante semelhante ao modelo desenvolvimentista brasileiro dos militares.
O resultado lá - que foi assim como cá - é que o Estado se tornou o grande patrão. O que já deu muito cacife pra qualquer um que chegasse ao poder porque além do governo controlar a economia, todo mundo adora a mordomia de ser funcionário público. E qualquer servidor público
AMA um governo que tem o discurso de que defender as estatais é defender o interesse nacional. ( Nós brasileiros conhecemos bem essa história ). Aliado a isso, as receitas do petróleo em um país de apenas 30 milhões de habitantes, tornavam possível uma política de assistencialismo e promoção social que poderia ser usada eleitoralmente com tremenda eficácia.
Se aproveitando destas circunstâncias surge um modelo de populismo, eminentemente demagógico, denominado socialismo bolivariano. Mas nunca foi, nem pretendeu ser, semelhante aos regimes ditos socialistas dos países que formaram o bloco sob influência da China e União Soviética.
Já na China se deu o oposto: Mao Tse Tung se empenhou de fato em criar uma sociedade socialista e esse empenho se traduziu em dois programas muito radicais conhecidos como "o grande salto à frente" e a "revolução cultural". Estes experimentos extremos mostraram que construir uma sociedade autenticamente socialista era uma aspiração de fato, e não
"APENAS um pretexto hipnótico para controle das massas".
Mas foram os resultados desastrosos do socialismo de Mao que fizeram emergir essa visão pragmática e crítica nas novas lideranças que a partir de Deng Xiao Ping passam a renegar os dogmas marxistas e começam a direcionar o país para um economia capitalista de mercado.
Então veja que na verdade o que eles estão chamando de "socialismo de mercado" é o processo irreversível que vai levar, a médio ou longo prazo, à substituição completa do socialismo por uma economia plenamente capitalista e de mercado. E isso parece evidente, a não ser para delirantes tipo olavistas, porque não se vê ninguém mais preocupado com o comunismo chinês.
Por que, quando se prevê que a China caminha para ser a maior potência mundial, não há o menor sinal de uma "guerra fria" no mundo? Já que a guerra do Trump é estritamente comercial e nem parece ser apoiada pelas grandes corporações norte-americanas.
Por que agora, diferentemente de antes, nem a CIA e a Casa Branca - ou o Japão, a Europa, etc... - parecem manifestar a menor preocupação de que a China possa exportar seu modelo para outros países, ou que se isso ocorrer possa representar algum tipo de ameaça aos interesses do capitalismo?
Se olavistas fossem capazes de fazer perguntas óbvias certamente estariam se perguntando isso.
No passado o socialismo de verdade, por alguma razão, era visto como uma grande ameaça que tirava o sono dos poderosos desse mundo. A ponto de durante a maior parte do séc. 20 suscitar a política de contenção que dominou completamente as relações internacionais; conhecida como guerra fria.
Hoje o tal "socialismo de mercado" só é visto como ameaça por pessoas desmioladas que seguem um guru terraplanista.
Socialismo de Mercado é um conceito utilizado atualmente pela China para definir seu sistema econômico em processo de transição de uma economia planificada para uma economia de mercado. Esta transição econômica foi iniciada no governo de Deng Xiaoping, e o termo de "socialismo de mercado" passou a ser utilizado em meados dos anos 1980 e amplamente difundido apenas nos anos 1990.
Atualmente Cuba declara adotar este modelo, enquanto a China defende ter uma típica economia de mercado, embora regulada pelo Estado. Teoricamente o chamado socialismo de mercado consiste em uma economia de mercado onde a regulação, orientação e iniciativa do Estado se sobrepõe à iniciativa privada.[10]
- Planejamento econômico: o governo centraliza todo o planejamento dos investimentos e da regulação do mercado, permitindo a livre-iniciativa privada em áreas que considera relevante. Muito semelhante ao modelo desenvolvimentista no capitalismo politicamente orientado.
- Propriedade dos meios de produção: o governo continua sendo o maior proprietário de empresas, fábricas e indústrias consideradas estratégicas, embora na maior parte dos casos como acionista majoritário e não mais como único proprietário (propriedade estatal típica). A propriedade da terra continua sendo prerrogativa do Estado, que cede legalmente seu uso aos camponeses (impedindo que estes vendam estas propriedades). O sistema financeiro continua sendo controlado diretamente pelo Estado, que é acionista importante, muitas vezes majoritário, da maior parte dos bancos e instituições financeiras.
Essa definição quase descreve o modelo econômico durante o período do regime militar no Brasil.