Autor Tópico: A Maior Crise Econômica da Historia da Humanidade  (Lida 42968 vezes)

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Offline Peter Joseph

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Re:A Maior Crise Econômica da Historia da Humanidade
« Resposta #250 Online: 19 de Janeiro de 2016, 10:51:30 »
Sim, já passou há muito tempo o momento do EUA cortar os seus déficits.

Mas alguém fecharia um contrato para receber moeda de um país em completa decadência econômica como a Rússia?

Eu não!

Talvez se houver um bloco de países por trás disto, que somados produzam alguma consistência econômica, possa dar mais peso ao processo. Deveria ter feito isto na época do auge do BRICS, haveria um maior impacto destas medidas se todos formassem um acordo neste sentido. Mas agora tá afundando/estagnando também.
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Offline Peter Joseph

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Offline Johnny Cash

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Re:A Maior Crise Econômica da Historia da Humanidade
« Resposta #252 Online: 19 de Janeiro de 2016, 14:32:38 »
Depois de vender tudo eu posso manter meu dinheiro guardado no banco? Ou preciso guardá-lo em casa?


Offline Cumpadi

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Re:A Maior Crise Econômica da Historia da Humanidade
« Resposta #254 Online: 19 de Janeiro de 2016, 18:03:46 »
Depois de vender tudo eu posso manter meu dinheiro guardado no banco? Ou preciso guardá-lo em casa?
Em casa e em barras de ouro, para sua maior segurança.
http://tomwoods.com . Venezuela, pode ir que estamos logo atrás.

Offline Johnny Cash

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Re:A Maior Crise Econômica da Historia da Humanidade
« Resposta #255 Online: 19 de Janeiro de 2016, 19:44:03 »
Pelo que eu eu entendo já tem muito tempo que muita gente vem falando sobre uma possível vacilada da China e, obviamente, os demais efeitos nefastos que viriam com ela.

Mas esse alarmismo, essas previsões assim de início de ano, é o mesmo que repetir todo ano que "eu vou morrer", bom, vai chegar uma hora em que você acerta.

Acaba me lembrando algo na linha de:


Offline Feliperj

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Re:A Maior Crise Econômica da Historia da Humanidade
« Resposta #256 Online: 06 de Fevereiro de 2016, 00:14:53 »
Já está até no Globo!!

http://oglobo.globo.com/opiniao/creditos-podres-chineses-preocupam-mundo-18611299

Impressionante : creditos podres no valor de 50% do PIB!!! Imaginem o tamanho dos derivativos que essas operações de crédito geraram!!!! Fora a própria Europa, EUA.....

O interessante que ele fala de passagem sobre o "shadow banking", que basicamente é o seguinte : produtos financeiros "altamente lucrativos" oferecidos pelos bancos aos seus clientes. Essas operações são investimentos em empresas altamente duvidosas, usadas para produzir o boom chines (cidades fantasmas, etc) e não são contabilzadas nos balancetes dos bancos (por isso o nome Shadow). O pior, para garantir a lucratividade, os bancos estão pagando os clientes com dinheiro de novos clientes, em um legítmo esquema ponzi!

Abs
Felipe


Offline Feliperj

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Offline Peter Joseph

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Offline MarcoPolo

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Re:A Maior Crise Econômica da Historia da Humanidade
« Resposta #261 Online: 12 de Fevereiro de 2016, 23:19:31 »
Fique tranquilo, vai passar como sempre passou. Em 2008 pessoas anti-mercados ficaram ainda mais animadas.

Offline JJ

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Re:A Maior Crise Econômica da Historia da Humanidade
« Resposta #262 Online: 13 de Fevereiro de 2016, 00:15:30 »
Fique tranquilo, vai passar como sempre passou. Em 2008 pessoas anti-mercados ficaram ainda mais animadas.


Não é ser anti mercado, não é essa questão.  Ser pró mercado não torna os atuais investimentos financeiros mais seguros, ser pró mercado não diminui os problemas que existem na economia mundial.

E em 2008 os governos ainda tinham capacidade de salvar o mercado, mas parece que agora talvez não terão (ainda não dá pra saber com precisão). 


 

Offline MarcoPolo

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Re:A Maior Crise Econômica da Historia da Humanidade
« Resposta #263 Online: 13 de Fevereiro de 2016, 00:29:12 »
Fique tranquilo, vai passar como sempre passou. Em 2008 pessoas anti-mercados ficaram ainda mais animadas.


Não é ser anti mercado, não é essa questão.  Ser pró mercado não torna os atuais investimentos financeiros mais seguros, ser pró mercado não diminui os problemas que existem na economia mundial.

E em 2008 os governos ainda tinham capacidade de salvar o mercado, mas parece que agora talvez não terão (ainda não dá pra saber com precisão).

Sim, terão. Há excesso de liquidez, os problemas não são nem perto da gravidade que foram em 2008 e o sistema financeiro foi reformulado.

Existem investimentos financeiros seguros e não seguros. Depende de seu apetite ao risco.

Sei que o sonho daquele turn around para um modelo mais "justo" e para uma reformulação do capitalismo para algo novo passa pela quebradeira. Não irá acontecer, por falta de necessidade e falta de opção.

Deveríamos estar preocupados com a situação do brasil, onde não temos governo, oposição, esperança, nada.. e nada a ver com o capitalismo.

Offline Peter Joseph

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Re:A Maior Crise Econômica da Historia da Humanidade
« Resposta #264 Online: 13 de Fevereiro de 2016, 12:15:16 »
Fique tranquilo, vai passar como sempre passou. Em 2008 pessoas anti-mercados ficaram ainda mais animadas.

Mas 2008 não passou, o que estamos sentindo até hoje é ainda consequência da mesma crise. Não houve recuperação dela e aparentemente não haverá, com muita possibilidades de piora.

Não estou torcendo pra quebrar, só estou constatando os fatos.
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Offline MarcoPolo

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Re:A Maior Crise Econômica da Historia da Humanidade
« Resposta #265 Online: 13 de Fevereiro de 2016, 12:33:03 »
Sim, ainda sentimos o efeito de 2008.

Os países em desenvolvimento em crise cresceram algo como 4% se não estou enganado. EUA volta a crescer ainda que timidamente, acho que 2008 foi a crise de largo prazo e estamos em sua reverberação ainda.

O momento é bem especial no Brasil.

Offline JJ

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Re:A Maior Crise Econômica da Historia da Humanidade
« Resposta #266 Online: 28 de Fevereiro de 2016, 18:31:06 »
Mais sobre a questão dos petrodólares, a notícia é do final de 2014:



Pânico no Petrodólar? China assina swap de moeda com Qatar e Canadá


15 nov 2014 | Imprensa Internacional Tags:Canadá; · China · Desdolarização; · EUA · Qatar
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10/11/2014,
  • Tyler Durden, Zero Hedge


“Petrodollar Panic? China Signs Currency Swap Deal With Qatar & Canada”
Tradução: Vila Vudu

Desdolarização

Prossegue a marcha da des-dolarização global. Há bem poucos dias, a China assinou acordos monetários diretos com o Canadá, que assim se torna a primeira praça off-shore do renmimbi chinês na América do Norte, acordos os quais, como sugerem analistas da CBC, “podem dobrar e até triplicar o volume do comércio entre Canadá e China”, o que terá impacto na demanda por dólares. Mas essa não é a maior notícia da semana sobre a precariedade do petrodólar.

Como The Examiner noticia, um novo golpe contra o sistema do petrodólar já está operante, com a China assinando acordo com o Qatar para iniciar trocas diretas de moedas entre os dois países usando o yuan, e estabelecendo a base para um novo comércio direto com aquela nação-membro da OPEP dentro do próprio coração do sistema do petrodólar. Como alerta Simon Black;

Está acontecendo (…) com velocidade e frequência crescentes. http://www.youtube.com/watch?v=Ss2Dfpprz 

Canada to open Chinese currency trading post
 
Como a CBC noticia,

Autorizado pelo Banco Central chinês, o acordo permitirá que se façam negócios diretos entre o dólar canadense e o yuan chinês, deixando de fora o intermediário – na maioria dos casos, o EUA-dólar.

Exportadores canadenses forçados a usar a moeda dos EUA nos negócios com a China enfrentam taxas mais altas de câmbio e mais demora para fechar negócios.

“O primeiro-ministro falou sobre isso. Quer que as empresas canadenses, particularmente as de pequeno e médio porte, cada vez mais e mais trabalhem na China, vendendo bens e serviços lá” – disse Catherine Cullen da CBC, em matéria enviada de Pequim.

Simon Black, do blog Sovereign Man, soa como se o movimento do Canadá o ameaçasse pessoalmente…

“Está acontecendo (…) com velocidade e frequência crescentes”.

O Banco do Povo da China e o gabinete do primeiro-ministro do Canadá lançaram declaração conjunta no sábado, na qual informam que o Canadá estabelecerá o primeiro centro comercial offshore que operará em renminbi, em Toronto.

China e Canadá acertaram várias medidas para aumentar o uso do renminbi no comércio, nos negócios e nos processos de investimento. Assinaram também um acordo bilateral de swap monetário no valor de 200 bilhões de renminbi.

Como se não bastasse, hoje mesmo, os bancos centrais da China e da Malásia anunciaram o estabelecimento de acordos de troca de renminbi em in Kuala Lumpur, os quais aumentarão ainda mais a circulação de renminbi no sudeste da Ásia.

Acontece apenas duas semanas depois que Cingapura, principal centro financeiro da Ásia, tornou-se também grande praça para o renminbi, com a convertibilidade direta estabelecida entre o dólar de Cingapura e o renminbi.

Yuan/renminbi

E, como Black observa, todos estão tomando o mesmo rumo. Por todo o mundo, o renminbi vai-se tornando rapidamente A moeda para comércio, investimento e até para poupança.

Na Coreia do Sul, por exemplo, os depósitos em renminbi multiplicaram-se por 55, num único ano. É espantoso.

O governo da Grã-Bretanha acaba de lançar um renminbi bond, tornando-se o primeiro governo estrangeiro a lançar papeis da dívida em renminbi.

Até o Banco Central Europeu está debatendo se inclui o renminbi em suas reservas oficiais, e políticos em todo o mundo começam a lançar avisos, nem tão discretos, de que já faz falta um novo sistema monetário não dolarizado.

Nada anda nem para cima nem para baixo, em linha reta. E dadas as condições de alta volatilidade que persistem na economia europeia e global, o dólar com certeza continuará por aí, no sobe-desce de sempre, pelos próximos meses.

Mas no longo prazo já há uma tendência luminarmente óbvia: o resto do mundo já não quer depender do EUA-dólar, e todos estão fazendo acontecer uma nova realidade, os EUA gostem ou desgostem.
* * *


Petrodólar

E agora, ninguém menos que o Qatar, controverso estado produtor de petróleo, também já assinou acordo de swap monetário com a China, aparentemente abrindo todas as portas para o pânico no petrodólar… (como diz The Examiner)

O sistema petrodólar é o coração e a alma da dominação pelos EUA sobre toda a moeda global de reserva, e seu ‘direito’ de obrigar todos os países do mundo a comprar dólares norte-americanos para poder comprar petróleo no mercado aberto. Sacramentado num acordo com a Arábia Saudita e a OPEP em 1973, esse padrão, de facto, durou mais de 41 anos e foi a força motriz por trás do poder econômico, político e militar dos EUA.

Mas dia 3/11/2014, o sistema do petrodólar recebeu novo golpe, com a China assinando acordo com o Qatar para iniciar trocas diretas de moedas entre os dois países usando o yuan, e estabelecendo a base para um novo comércio direto com aquela nação-membro da OPEP dentro do próprio coração do sistema do petrodólar.

O novo acordo entre China e Qatar cobre apenas o equivalente a US$ 5,7 bilhões, ao longo dos próximos três anos, mas é o suficiente para que o Qatar torne-se a 24ª nação a abrir seu mercado Forex à moeda chinesa, e solidifica a aceitação do yuan como uma possibilidade viável para o futuro, no Oriente Médio.

O Banco Central da China anunciou na 2ª-feira que assinou contrato de troca de moedas no valor de 35 bilhões de yuan (cerca de 5,7 bilhões de dólares norte-americanos) com o Banco Central do Qatar.
 
O acordo, previsto inicialmente para três anos, pode ser prorrogado por acordo entre as partes, lê-se na declaração publicada na página oficial do Banco do Povo da China.
 
Também na 2ª-feira, as partes assinaram em Doha um memorando de entendimento sobre a troca de renminbi. A China concorda com estender ao Qatar o esquema de “RMB Qualified Foreign Institutional Investor”, com quota inicial de 30 bilhões de yuan.
 

Silver Petrodólar
 
O negócio marca um novo passo na direção da cooperação financeira entre os dois países, e facilitará o comércio e os investimentos bilaterais para ajudar a preservar a estabilidade financeira regional, diz a declaração (China Daily).

Talvez não seja coincidência que o termo do novo a acordo tenha sido fixado em três anos, o que está precisamente dentro do prazo previsto pelo diretor do Finance Institute do Centro de Pesquisas do Desenvolvimento do Conselho de Estado, Zhang Chenghui, para que o renminbi torne-se totalmente conversível no sistema financeiro global.

A necessidade de novos mercados e de uma moeda comercial estável no  Qatar pode estar associada a recente relatório lançado semana passada pelo banco francês BNP Paribas, que mostra que a reciclagem do petrodólar caiu ao nível mais baixo em 18 anos, o que significa que até as nações produtoras de petróleo no Oriente Médio já não se sentem confortáveis nem conseguem confiar no dólar norte-americano, e só facilitaram seu uso comercial por causa da alta depreciação desde o advento dos programas massivos de “alívio quantitativo” do Fed.

Agora, praticamente todas as semanas, China, Rússia, ou outra das nações BRICS aparecem finalizando acordos que passam por cima do velho sistema de comércio em dólares e atropelam a confiança no sistema do petrodólar. E com tantos países já começando a rejeitar o dólar, por causa da inflação exportada que cresce em nações condenadas a ficar onde estejam, para poder continuar a comprar petróleo, alternativas como o yuan chinês serão opção mais viável, especialmente agora que a potência asiática já assumiu o posto de maior economia do mundo.
*  *  *
O fim do petrodólar, em fluxo…


http://www.orientemidia.org/panico-no-petrodolar-china-assina-swap-de-moeda-com-qatar-e-canada/


« Última modificação: 28 de Fevereiro de 2016, 18:34:28 por JJ »

Offline Peter Joseph

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Re:A Maior Crise Econômica da Historia da Humanidade
« Resposta #267 Online: 09 de Março de 2016, 17:20:27 »
Tá complicando...

Citar
FMI pede ação urgente para sustentar a demanda global

O mundo está diante de um crescente "risco de descarrilamento da economia" e precisa de providências imediatas para impulsionar a demanda, advertiu ontem o Fundo Monetário Internacional (FMI). O alerta foi desencadeado pela divulgação de novos dados que apontam para o pior colapso mensal das exportações chinesas desde 2009.

Falando em Washington, David Lipton, o influente vice do FMI, advertiu que a economia mundial atravessa, "inquestionavelmente, um momento delicado". Segundo ele, é necessário que autoridades do mundo inteiro entrem urgentemente em ação para reagir à desaceleração do crescimento e às novas ameaças representadas pela turbulência dos mercados de commodities e financeiros.

http://www.valor.com.br/internacional/4472236/fmi-pede-acao-urgente-para-sustentar-demanda-global


Citar
Capitalismo em crise e o declínio do trabalho

Wallerstein analisa: revolução robótica, capturada pela ideologia do “mercado”, ameaça destruir empregos em massa. Até FMI alarma-se. Mas sistema já parece incapaz de se corrigir

http://outraspalavras.net/capa/capitalismo-em-crise-o-declinio-do-trabalho/
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Offline Geotecton

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Re:A Maior Crise Econômica da Historia da Humanidade
« Resposta #268 Online: 09 de Março de 2016, 17:36:37 »
Citar
[...]
E com tantos países já começando a rejeitar o dólar, por causa da inflação exportada que cresce em nações condenadas a ficar onde estejam, para poder continuar a comprar petróleo, alternativas como o yuan chinês serão opção mais viável, especialmente agora que a potência asiática já assumiu o posto de maior economia do mundo.
[...]

Não, não é.

E boa parte do PIB dela provém de empresas ocidentais.
Foto USGS

Offline Peter Joseph

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Re:A Maior Crise Econômica da Historia da Humanidade
« Resposta #269 Online: 10 de Março de 2016, 13:25:16 »
Olha só o desespero para tentar reanimar a economia: juros zero ou negativos é a estratégia agora. Tendência também na Asia (EUA já estuda voltar a cortar sua taxa de juros que é pequena). Além de fazer o que se tem feito desde 2008, ligar em potência máxima a impressora de dinheiro criado do nada sobre dívidas. Só que essa injeção de morfina não tá mais funcionando para reanimar o desfalecido e os economistas não sabem o que fazer.

Citar
BCE surpreende e corta todas as taxas de juros da região

O Banco Central Europeu (BCE) decidiu cortar todas as taxas de juros da zona do euro, ampliou seu programa de estímulos monetários e ofereceu novos empréstimos baratos de longo prazo aos bancos, realizando uma inesperada ação agressiva para impulsionar a alta dos preços e o crescimento da economia na região.

Entre as medidas adotadas, estão:
(1) A taxa de juro aplicável às operações principais de refinanciamento do Eurosistema será reduzida de +0,05% para 0,00%, a partir de 16 de março de 2016.
(2) A taxa de empréstimos será reduzida em 5 pontos base, para 0,25 com efeitos a partir de 16 de março de 2016.
(3) A taxa de depósito será reduzida em 10 pontos base, para -0,40%, com efeitos a partir de 16 de março de 2016.
(4) As compras mensais no âmbito do programa de compra de ativos será ampliadas para 80 bilhões de euros a partir de abril.
(5) Serão elegíveis ao programa de compras de ativos títulos denominados em euros com grau de investimento emitidos por sociedades não-bancárias estabelecidas no bloco monetário.
(6) A nova série de quatro operações “alvo” de refinanciamento de longo prazo (TLTRO II), com um prazos de quatro anos, a partir de junho de 2016. As condições de financiamento nestas operações podem ser tão baixas quanto a taxa de depósito.

Segundo o presidente do BCE, as medidas "vão incentivar a recuperação econômica da zona do euro" e vão ajudar que a inflação caminhe para a meta de cerca de 2%.

http://www.valor.com.br/financas/4474796/bce-surpreende-e-corta-todas-taxas-de-juros-da-regiao-do-euro


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Re:A Maior Crise Econômica da Historia da Humanidade
« Resposta #270 Online: 10 de Março de 2016, 15:21:25 »
Olha só o desespero para tentar reanimar a economia: juros zero ou negativos é a estratégia agora. Tendência também na Asia (EUA já estuda voltar a cortar sua taxa de juros que é pequena). Além de fazer o que se tem feito desde 2008, ligar em potência máxima a impressora de dinheiro criado do nada sobre dívidas. Só que essa injeção de morfina não tá mais funcionando para reanimar o desfalecido e os economistas não sabem o que fazer.

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BCE surpreende e corta todas as taxas de juros da região

O Banco Central Europeu (BCE) decidiu cortar todas as taxas de juros da zona do euro, ampliou seu programa de estímulos monetários e ofereceu novos empréstimos baratos de longo prazo aos bancos, realizando uma inesperada ação agressiva para impulsionar a alta dos preços e o crescimento da economia na região.

Entre as medidas adotadas, estão:
(1) A taxa de juro aplicável às operações principais de refinanciamento do Eurosistema será reduzida de +0,05% para 0,00%, a partir de 16 de março de 2016.
(2) A taxa de empréstimos será reduzida em 5 pontos base, para 0,25 com efeitos a partir de 16 de março de 2016.
(3) A taxa de depósito será reduzida em 10 pontos base, para -0,40%, com efeitos a partir de 16 de março de 2016.
(4) As compras mensais no âmbito do programa de compra de ativos será ampliadas para 80 bilhões de euros a partir de abril.
(5) Serão elegíveis ao programa de compras de ativos títulos denominados em euros com grau de investimento emitidos por sociedades não-bancárias estabelecidas no bloco monetário.
(6) A nova série de quatro operações “alvo” de refinanciamento de longo prazo (TLTRO II), com um prazos de quatro anos, a partir de junho de 2016. As condições de financiamento nestas operações podem ser tão baixas quanto a taxa de depósito.

Segundo o presidente do BCE, as medidas "vão incentivar a recuperação econômica da zona do euro" e vão ajudar que a inflação caminhe para a meta de cerca de 2%.

http://www.valor.com.br/financas/4474796/bce-surpreende-e-corta-todas-taxas-de-juros-da-regiao-do-euro




Sabem o que fazer. Deixem as empresas falirem e quebrarem e que novas mais eficientes ocupem seus lugares. Essa é a receita, mas ninguém tem coragem de fazer, e ficam prolongando a vida dos que já deveriam ter morrido "para não perder os empregos". Enquanto isso, destroem a economia e perdem empregos no processo de salvamento. Não faz sentido. Isso é o contrário do capitalismo. É a intervenção estatal em seu primor.
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Re:A Maior Crise Econômica da Historia da Humanidade
« Resposta #271 Online: 10 de Março de 2016, 15:39:12 »
Olha só o desespero para tentar reanimar a economia: juros zero ou negativos é a estratégia agora. Tendência também na Asia (EUA já estuda voltar a cortar sua taxa de juros que é pequena). Além de fazer o que se tem feito desde 2008, ligar em potência máxima a impressora de dinheiro criado do nada sobre dívidas. Só que essa injeção de morfina não tá mais funcionando para reanimar o desfalecido e os economistas não sabem o que fazer.

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BCE surpreende e corta todas as taxas de juros da região

O Banco Central Europeu (BCE) decidiu cortar todas as taxas de juros da zona do euro, ampliou seu programa de estímulos monetários e ofereceu novos empréstimos baratos de longo prazo aos bancos, realizando uma inesperada ação agressiva para impulsionar a alta dos preços e o crescimento da economia na região.

Entre as medidas adotadas, estão:
(1) A taxa de juro aplicável às operações principais de refinanciamento do Eurosistema será reduzida de +0,05% para 0,00%, a partir de 16 de março de 2016.
(2) A taxa de empréstimos será reduzida em 5 pontos base, para 0,25 com efeitos a partir de 16 de março de 2016.
(3) A taxa de depósito será reduzida em 10 pontos base, para -0,40%, com efeitos a partir de 16 de março de 2016.
(4) As compras mensais no âmbito do programa de compra de ativos será ampliadas para 80 bilhões de euros a partir de abril.
(5) Serão elegíveis ao programa de compras de ativos títulos denominados em euros com grau de investimento emitidos por sociedades não-bancárias estabelecidas no bloco monetário.
(6) A nova série de quatro operações “alvo” de refinanciamento de longo prazo (TLTRO II), com um prazos de quatro anos, a partir de junho de 2016. As condições de financiamento nestas operações podem ser tão baixas quanto a taxa de depósito.

Segundo o presidente do BCE, as medidas "vão incentivar a recuperação econômica da zona do euro" e vão ajudar que a inflação caminhe para a meta de cerca de 2%.

http://www.valor.com.br/financas/4474796/bce-surpreende-e-corta-todas-taxas-de-juros-da-regiao-do-euro




Sabem o que fazer. Deixem as empresas falirem e quebrarem e que novas mais eficientes ocupem seus lugares. Essa é a receita, mas ninguém tem coragem de fazer, e ficam prolongando a vida dos que já deveriam ter morrido "para não perder os empregos". Enquanto isso, destroem a economia e perdem empregos no processo de salvamento. Não faz sentido. Isso é o contrário do capitalismo. É a intervenção estatal em seu primor.

Deixar a quebradeira rolar solta produziria muito desemprego, com sérios problemas sociais, incluindo desabastecimentos. Provavelmente surgiriam revoluções pelo mundo. Pensando bem, até que não seria tão má ideia.
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« Resposta #272 Online: 10 de Março de 2016, 15:56:30 »
O G20 e as soluções convencionais para a desaceleração global

Michael Roberts


Foi desanimador o encontro que reuniu, no último final de semana, os ministros das finanças das vinte maiores economias do mundo em Xangai, na China. Antes do encontro, o FMI apresentou um quadro sombrio da situação da economia global. No relatório Global Prospects and Policy Challenges, os economistas do FMI alertaram que reduziriam, novamente, suas previsões para o crescimento econômico global em 2016.

Durante o encontro, foram apresentados os dados relativos ao comércio mundial em 2015, mostrando a maior retração desde a Grande Recessão de 2008-9. Segundo o Observatório de Comércio Global do Serviço Holandês de Análise de Politica Econômica, o valor em dólares das mercadorias que cruzaram fronteiras internacionais no último ano caiu 13.8% – a primeira contração desde 2009.


[Legenda: Comércio global medido em valor, em bilhões de dólares.]

O índice Baltic Dry, que mede o comércio global de mercadorias a granel (bulk commodities), está se aproximando dos seus níveis históricos mais baixos. A China, que desde 2014 ultrapassou os Estados Unidos como o país de maior comércio no mundo, declarou quedas de dois dígitos referentes a janeiro tanto em suas exportações, quanto em suas importações. No Brasil, país que passa agora por sua pior recessão em mais de um século, as importações chinesas colapsaram. Segundo a maior empresa de frete marítimo do mundo, a Maersk Line, as exportações chinesas enviadas por containers para o Brasil, incluindo desde carros até têxteis, caíram 60% em janeiro, comparadas com o mesmo mês de 2015, enquanto as importações via containers caíram pela metade, naquela que é a maior economia da América Latina.

Quando medido em volume, a situação não é tão sombria, com o comércio global crescendo 2,5%. Mas tal crescimento ficou abaixo do crescimento econômico geral, de 3,1%, corroborando uma tendência depressiva na economia global. Antes da crise de 2008, o comércio mundial cresceu por décadas a taxas até duas vezes maiores que a da produção global. Entretanto, desde 2011 o crescimento no comércio desacelerou, mantendo-se no nível, ou mesmo abaixo, do crescimento geral da economia mundial[1], o que levantou dúvidas sobre a possibilidade da globalização, tão característica das últimas décadas, ter chegado ao seu teto.

E, se a China for excluída, as economias do assim chamado mundo em desenvolvimento estão crescendo agora mais lentamente que as do mundo desenvolvido pela primeira vez desde 1999. Os mercados emergentes, excluindo a China, geraram um crescimento da produção de apenas 1.92% no último ano, de acordo com dados do FMI, isto é, abaixo mesmo do hesitante crescimento do mundo desenvolvido, onde a produção subiu 1.98%.


[Legenda: Mercados emergentes (EM), sem a China, crescendo agora mais lentamente que o mundo desenvolvido. (Variação percentual anual). Economias avançadas, economias emergentes, economias emergentes sem a China.]

Este desempenho ruim dos mercados emergentes frente aos países desenvolvidos é ainda mais marcado em termos de produção per capita, pois o crescimento populacional é mais rápido nos primeiros. De fato, o último censo no Japão mostrou que o país perdeu um milhão de habitantes nos últimos dez anos.

Um economista do Citibank comentou:

“Isto é o que se chama de falta de convergência. Teoricamente, os mercados emergentes deveriam estar crescendo mais rapidamente que os desenvolvidos, se aproximando destes, mas eu penso que o mundo emergente está provavelmente passando por um pouco de recessão agora… O futuro de bilhões de pessoas dependerá de saber se esta reversão da tendência à convergência se mostrará um acidente de percurso, ou se a performance vigorosa dos países emergentes de 2000 a 2014 se revelará como uma anomalia”.

Por outro lado, como argumentei anteriormente em meu blog[2], não podemos confirmar uma nova queda econômica global a não ser que a economia dos Estados Unidos também comece a se contrair. O que não está acontecendo ainda. Nos dados do último trimestre de 2015, o PIB real dos Estados Unidos cresceu a um ritmo anual de 1%, fechando um crescimento para 2015 de 2,4%, similar ao resultado do Reino Unido. Mas o crescimento norte-americano está desacelerando, devido à diminuição do ritmo do investimento privado e às perdas no comércio exterior.

O quadro não é bom. Como economistas do Citibank puseram[3]:

“É provável, em nossa visão, que o crescimento global seja fraco novamente este ano, e o risco de uma recessão do crescimento global (crescimento abaixo de 2%) é grande e está crescendo. Se a economia norte-americana esmorecer, será difícil identificar qualquer outra grande economia que poderia servir de motor de crescimento para o mundo a curto prazo. E a previsão de crescimento nos Estados Unidos em 2016 já caiu de 3.0%, em janeiro de 2015, para 2.0% mais recentemente.”

O FMI, em seu G20 Surveillance Note, concluiu que “há pouco espaço para complacência agora. Governantes (policymakers) podem e devem agir rapidamente para estimular o crescimento e planejar contenção de riscos. Igualmente urgente é a coordenação de medidas pelo G20 em uma forte resposta. O G20 deve planejar agora e identificar proativamente políticas que possam ser postas em ação rapidamente, se os riscos de queda econômica se materializarem.” No encontro do G20, o diretor do Banco da Inglaterra (o mais bem pago diretor do mundo), Mark Carney, declarou que “a economia global corre o risco de ficar presa numa situação de equilíbrio de baixo crescimento, baixa inflação e baixa taxa de juros.” Os ministros do G20 fizeram esforço para parecerem confiantes em seu comunicado conjunto: “A recuperação global continua, mas se mantém desigual e aquém de nosso desejo por crescimento forte, sustentável e balanceado.”

Então qual a saída para esta desaceleração global que ameaça se converter em nova recessão? A busca por novas medidas de política econômica para evitar nova queda já se iniciou. Bancos centrais têm zerado as taxas de juros para encorajar empresas e indivíduos a pegarem mais dinheiro emprestado, dinheiro tem sido emitido e dado aos bancos (quantitative easing) e, agora, estamos vendo taxas de juros negativas (cobrando encargos dos bancos que não emprestam seu dinheiro para a economia real). Mas estas medidas não estão funcionando[4].

De fato, no encontro do G20 o diretor Carney, do Banco da Inglaterra, despejou água fria[5] sobre a solução oferecida por vários bancos centrais para a desaceleração, as taxas de juros negativas. Estas ações dos bancos centrais de determinar as taxas de juros abaixo de zero podem criar um ambiente de “meu pirão primeiro” (beggar thy neighbor), que poderia aprisionar a economia global em crescimento baixo. Taxas negativas de juros significam que clientes de fato pagam uma tarifa para deixarem depositado dinheiro nos bancos, então cidadãos japoneses estão começando a acumular ienes, de acordo com o Wall Street Journal[6], e precisam de algum lugar para guardá-los. A venda de cofres duplicou desde o ano anterior na cadeia de lojas Shimachu, de acordo com o Journal. Já se esgotou nas lojas um modelo, custando 700 dólares. Outros poupadores consideram lugares menos convencionais. “Em resposta à taxa negativa de juros, pessoas idosas pensam em guardar seu dinheiro embaixo do colchão.” Então, as pessoas estão guardando seu dinheiro, ao invés de gastá-lo.

O G20 pondera: “Políticas monetárias vão continuar apoiando a atividade econômica e garantindo a estabilidade dos preços… mas política monetária sozinha não pode conduzir a crescimento balanceado.” E, como os economistas do FMI disseram: “política monetária acomodativa, ainda que muito necessária, não basta. É necessário uma abordagem compreensiva, que inclua política fiscal (onde há espaço para tal) e redução do endividamento (balance sheet repair).”

Se nada for feito, uma nova crise financeira global é inevitável, e, sem reformas, é provável que aconteça logo, de acordo com o antecessor de Carney, o antigo diretor do Banco da Inglaterra, Mervyn King, ao promover seu novo livro (“O fim da alquimia, a economia global e o futuro do dinheiro”). King, que era diretor quanto o sistema financeiro mundial quase colapsou em 2008-09, disse que somente repensando desde os fundamentos o sistema monetário e bancário seria possível evitar uma nova crise. “Sem reforma do sistema financeiro, outra crise é certa, e o fracasso… em atacar o desequilíbrio na economia mundial torna provável que não demore a acontecer.”

A opinião majoritária no Federal Reserve (Banco Central dos Estados Unidos) não é tão pessimista. O vice-presidente Stanley Fischer ainda espera que economia americana se acelere[7]. Fischer declarou:

“Se os recentes desenvolvimentos no mercado financeiro conduzirem a uma deterioração durável das condições financeiras, eles podem apontar uma desaceleração do crescimento global que poderá afetar o crescimento e a inflação nos Estados Unidos. Mas temos visto outros momentos similares de volatilidade nos anos recentes – incluindo a segunda metade de 2011 – que deixaram poucas marcas visíveis na economia, e é ainda cedo para julgar as ramificações do aumento da volatilidade dos mercados nas primeiras sete semanas de 2016.”

Seria, então, um erro promover uma taxa de juros negativa nos Estados Unidos. “A política monetária deve buscar evitar tais riscos e manter a expansão num caminho sustentável.”

De todo modo, as previsões de catástrofe entre economistas e governantes estão ficando mais fortes. Se fala agora então em “dinheiro de helicóptero” (dar dinheiro às famílias para que gastem) e/ou estímulo fiscal (maior gasto governamental e corte de impostos). Eu comentei antes sobre a natureza do “dinheiro de helicóptero”[8], batizado assim a partir da ideia originalmente promovida pelo economista monetarista Milton Friedman e seu discípulo, o antigo presidente do Federal Reserve Ben Bernanke, de que autoridade monetárias poderiam simplesmente despejar pilhas de dinheiro de helicópteros para serem gastas. O dinheiro (literalmente!) caído do céu levaria a um grande aumento na demanda dos consumidores, o que mobilizaria vendas, salários e lucros. Esta ideia, que, evidentemente, seria implementada por depósitos nas contas bancárias dos cidadãos, ganhou maior peso quando Adair Turner, antigo chefe da autoridade regulatória do Reino Unido, a promoveu em seu livro “Entre a dívida e o diabo”.

Esta “solução” é agora promovida como a última cartada por pessoas como Martin Wolf[9] e Gavyn Davies, os colunistas keynesianos do Financial Times britânico. Temos um argumento similar dos assessores da campanha presidencial de Bernie Sanders nos Estados Unidos[10] (e também dos assessores da oposição trabalhista de Corbyn e McDonnel no Reino Unido[11]). Dê dinheiro diretamente ao povo e isto estimulará a demanda dos consumidores, e a economia dará um salto para frente pois há uma grande demanda reprimida pronta a ser liberada.

Esta abordagem vem da premissa keynesiana que o que há de errado com as economias capitalistas neste momento é que existe uma “crônica falta de demanda”. Como Martin Wolf explica: “Por trás de isto tudo há uma simples realidade: o excesso de poupança – a tendência à poupança desejada crescer mais do que o investimento desejado – está aumentando e, portanto, a ‘síndrome crônica de deficiência de demanda’ está piorando.” O problema com o capitalismo agora seria que “a demanda também está fraca em comparação com um crescimento desacelerante da oferta. No plano mundial, o crescimento da oferta de trabalho e da produtividade do trabalho caiu de forma aguda desde a metade da última década. Um crescimento menor do potencial de produção por ele mesmo enfraquece a demanda, pois diminui o investimento, sempre um motor importante do gasto numa economia capitalista.”

Portanto, uma demanda fraca causaria investimento menor, que, por sua vez, causaria crescimento menor. Mas é mesmo esta a ordem de causalidade? Em meu blog, eu argumentei de forma consistente com as evidências que a premissa keynesiana é errada: a falta de demanda agregada numa economia nacional ou global é o resultado de uma desaceleração ou de uma queda, não a causa. A queda vem do colapso no investimento (especialmente do investimento privado) e isto ocorre quando não é mais lucrativo investir. Quem escolhe a música é o lucro, não a “demanda”.

Recentemente, Alan Freeman, também um economista marxista como eu, apresentou um artigo[12] defendendo que Marx e Keynes teriam muito em comum na suas análises econômicas das crises no capitalismo e nas prescrições de política econômica para combatê-las (senão na política em geral). Bom, eu discordo. Não creio que as ideias teóricas de Keynes e Marx possam ser fundidas. No meu blog, enfatizei as diferenças econômicas[13], assim como neste artigo[14].

A questão-chave agora na desaceleração global é a análise keynesiana de que o problema é a falta de demanda agregada, e de que um aumento no gasto público poderia evitá-la, por meio do multiplicador de demanda keynesiano. Mas a análise marxiana diz que é a lucratividade do investimento que é decisiva nas economias dominadas pelo capitalismo, e que é o multiplicador marxista da lucratividade[15] que é capaz de resolver esta situação. O problema da última solução é que a lucratividade somente pode ser restaurada pela destruição de valor, paralisando investimento, liquidando antigo capital e lançando milhões no desemprego. Esta é a contradição do capitalismo que Keynes não reconheceu, assim como todos os economistas ortodoxos[16].

Este é o motivo pelo qual o plano de Bernie Sanders, admirável em seu intento de prover empregos, salários e serviços públicos, incluindo saúde e educação, não irá ser bem-sucedido sob o capitalismo. Um apoiador de Sanders, o economista americano Gerald Friedman, causou comoção entre economistas tradicionais quando defendeu que “as políticas propostas pelo senador Sanders resultariam em crescimento anual da produção de 5.3% pela próxima década, com uma média de geração de empregos perto de 300,000 por mês. Consequentemente, a produção em 2026 seria 37% maior, e o emprego, 16%, do que seriam sem estas políticas”[17].

A ideia é que impulsionar a demanda com gasto governamental e aumentar os salários significativamente traria crescimento sustentável que pagaria por si mesmo. Esta ideia até mesmo ganhou apoio de um antigo diretor regional do Federal Reserve, Narayana Kocherlakota. Ele considera que o crescimento dos Estados Unidos poderia ser muito maior que as taxas medíocres projetadas para os próximos anos. Ele sugere que a economia norte-americana poderia crescer entre 4 e 5% por ano pelos próximos quatro anos, mesmo se o crescimento (total) de produtividade não se recupere. “Neste perfil alternativo, [capital, trabalho e produção econômica] seriam [todos] (um pouco mais de) 10% maiores do que atualmente é projetado para 2020”[18].

Conseguir isto envolveria aumentar salários e taxas de juros, ele diz, mas somente até “níveis historicamente normais”. Então, dê às pessoas mais salários para que gastem mais e a demanda irá explodir. Há muita ociosidade na economia dos Estados Unidos: pessoas sem emprego e empresas prontas a investir. De fato, maiores salários forçariam empresas a investir em novas tecnologias para poupar trabalho e promover crescimento da produtividade, que atualmente repousa em baixa recorde.

Os argumentos de Friedman foram submetidos a uma crítica clinicamente precisa pelos economistas ortodoxos Christine e David Romer[19]. Seu principal argumento é que impulsionar a demanda na maneira como Sanders e Friedman defendem não resultaria em crescimento, porque a economia capitalista não teria esta “lacuna de demanda” (demand gap) e a “capacidade produtiva” da economia dos Estados Unidos estaria fraca demais. Em outras palavras, a economia capitalista dos Estados Unidos só poderia crescer a 5% por ano em termos reais pelo futuro previsível se fosse capaz de expandir investimentos e aumentar a produtividade do trabalho pelos próximos dez anos. E um aumento da demanda não poderia promover isso. Claro, os dois Romer não apresentaram nenhuma alternativa à sua crítica das propostas de Sanders.

De todo modo, governantes de todo o mundo estão se recusando a lançar tais programas de gasto fiscal, mesmo que o gasto com infraestrutura na Europa e nos Estados Unidos esteja no ponto mais baixo dos últimos 30 anos, e pontes, estradas e ferrovias estejam desabando a olhos vistos. De acordo com o relatório de 2013 da Associação Americana de Engenheiros Civis, os Estados Unidos precisam seriamente investir mais de 3.4 trilhões de dólares até 2020 em infraestrutura, incluindo US$1.7 trilhão em estradas, pontes e trânsito, US$736 bilhões em eletricidade e energia, US$391 bilhões em escolas, US$134 bilhões em aeroportos, US$131 bilhões em hidrovias e projetos relacionados. Mas o investimento federal em infraestrutura caiu pela metade nas últimas três décadas, de 1% do PIB para 0,5%.

Por que governos se recusam a introduzir tais políticas de maneira significativa? Bem, porque gasto governamental significa mais impostos sobre o setor empresarial e/ou sobre domicílios, ou então significa aumentar o endividamento do setor público quando este já está em níveis recordes. E significa a intervenção do Estado no setor capitalista justamente quando a lucratividade está em queda[20].

Soluções monetaristas para a desaceleração global já falharam, as soluções fiscais keynesianas não está sendo aplicadas nem funcionariam a longo prazo, de qualquer maneira. A única saída é outro colapso.

http://blogjunho.com.br/o-g20-e-as-solucoes-convencionais-para-a-desaceleracao-global/
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Offline Lorentz

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Re:A Maior Crise Econômica da Historia da Humanidade
« Resposta #273 Online: 10 de Março de 2016, 18:10:17 »
Olha só o desespero para tentar reanimar a economia: juros zero ou negativos é a estratégia agora. Tendência também na Asia (EUA já estuda voltar a cortar sua taxa de juros que é pequena). Além de fazer o que se tem feito desde 2008, ligar em potência máxima a impressora de dinheiro criado do nada sobre dívidas. Só que essa injeção de morfina não tá mais funcionando para reanimar o desfalecido e os economistas não sabem o que fazer.

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BCE surpreende e corta todas as taxas de juros da região

O Banco Central Europeu (BCE) decidiu cortar todas as taxas de juros da zona do euro, ampliou seu programa de estímulos monetários e ofereceu novos empréstimos baratos de longo prazo aos bancos, realizando uma inesperada ação agressiva para impulsionar a alta dos preços e o crescimento da economia na região.

Entre as medidas adotadas, estão:
(1) A taxa de juro aplicável às operações principais de refinanciamento do Eurosistema será reduzida de +0,05% para 0,00%, a partir de 16 de março de 2016.
(2) A taxa de empréstimos será reduzida em 5 pontos base, para 0,25 com efeitos a partir de 16 de março de 2016.
(3) A taxa de depósito será reduzida em 10 pontos base, para -0,40%, com efeitos a partir de 16 de março de 2016.
(4) As compras mensais no âmbito do programa de compra de ativos será ampliadas para 80 bilhões de euros a partir de abril.
(5) Serão elegíveis ao programa de compras de ativos títulos denominados em euros com grau de investimento emitidos por sociedades não-bancárias estabelecidas no bloco monetário.
(6) A nova série de quatro operações “alvo” de refinanciamento de longo prazo (TLTRO II), com um prazos de quatro anos, a partir de junho de 2016. As condições de financiamento nestas operações podem ser tão baixas quanto a taxa de depósito.

Segundo o presidente do BCE, as medidas "vão incentivar a recuperação econômica da zona do euro" e vão ajudar que a inflação caminhe para a meta de cerca de 2%.

http://www.valor.com.br/financas/4474796/bce-surpreende-e-corta-todas-taxas-de-juros-da-regiao-do-euro




Sabem o que fazer. Deixem as empresas falirem e quebrarem e que novas mais eficientes ocupem seus lugares. Essa é a receita, mas ninguém tem coragem de fazer, e ficam prolongando a vida dos que já deveriam ter morrido "para não perder os empregos". Enquanto isso, destroem a economia e perdem empregos no processo de salvamento. Não faz sentido. Isso é o contrário do capitalismo. É a intervenção estatal em seu primor.

Deixar a quebradeira rolar solta produziria muito desemprego, com sérios problemas sociais, incluindo desabastecimentos. Provavelmente surgiriam revoluções pelo mundo. Pensando bem, até que não seria tão má ideia.

Se isso fosse feito no início, os efeitos seriam pequenos, mas ficam prolongando a ponto de chegar num nível de perigo que não se pode voltar atrás.
"Amy, technology isn't intrinsically good or bad. It's all in how you use it, like the death ray." - Professor Hubert J. Farnsworth

Offline JJ

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Re:A Maior Crise Econômica da Historia da Humanidade
« Resposta #274 Online: 11 de Março de 2016, 09:20:50 »
Citar
[...]
E com tantos países já começando a rejeitar o dólar, por causa da inflação exportada que cresce em nações condenadas a ficar onde estejam, para poder continuar a comprar petróleo, alternativas como o yuan chinês serão opção mais viável, especialmente agora que a potência asiática já assumiu o posto de maior economia do mundo.
[...]

Não, não é.

E boa parte do PIB dela provém de empresas ocidentais.



Pelo  PIB  PPC parece que já é:


Lista de países por PIB (Paridade do Poder de Compra)
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Mapa do mundo demonstrando as nações soberanas pelo produto interno bruto (PPC) de 2014, conforme dados do Fundo Monetário Internacional (FMI).
Estas são três listas de países do mundo organizadas pelo seu produto interno bruto (PIB) (o valor de todos os bens e serviços finais produzidos em uma nação durante um ano). As estimativas em dólar internacional dadas nesta página derivam do modo de calcular a paridade do poder de compra (PPC).


Países por PIB (PPC)
Os 50 Maiores PIBs de 2014. (Fonte: IMF Outlook Database 2015)

Nº   País   PIB (Bilhões)
1    China   18.088
2    Estados Unidos   17.348


https://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_de_pa%C3%ADses_por_PIB_(Paridade_do_Poder_de_Compra)



 

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