Por que o capitalismo faliu?O sistema capitalista chegou em seu esgotamento final, e não se
reerguerá das "cinzas", como preconizam os conservadores e sua "mágica"
adaptação.
Primeiro porque não se trata de uma crise cíclica, pois entramos em
espiral autofágica desde 2008, na qual subsequentes crises se manifestam
num curto intervalo de no máximo 3 anos.
Segundo, sendo bem sucinto, verificamos a seguinte ordem cronológica:
Revolução Industrial
mecanização dos campos
Êxodo rural
Mecanização da indústria (homem como extensão da máquina), produção em
escala
Fordismo, Taylorismo: expansão dos setores Industriais
realocação de 90% da força de trabalho para indústria
Oligopólios
Exército de reserva
rendimentos em escala > Década de 70, advento da
microeletrônica, robótica, automação industrial
Toyotismo
Redução da
mão-de-obra na indústria, desemprego tecnológico- > Intensificação da
exploração do trabalho
Realocação de 80% da mão-de-obra mundial para o
setor de serviço
Taxa de lucros decrescentes na indústria ao passo que
aumenta a produtividade com a automação do aparelho produtivo nos mais
diversos setores
Queda na demanda efetiva com a queda da renda - > Setor
de serviços, remuneração da mão-de-obra insuficiente
Crise de
superprodução
Unidades produtivas com capacidade ociosa
Advento da
tecnologia da informação
Mobilidade de capitais internacionais
Dinheiro
eletrônico e facilidade na impressão de dinheiro seja pelo Estado ou pelos
bancos em reservas fracionadas
Informatização com CPDs, redes intranet,
internet
Informatização atuando nos 3 setores: primário (agricultura),
secundário (industrial), terciário (serviços), aumentando o produto total da
economia, reduzindo a renda líquida disponível, em virtude das taxas de lucro
decrescentes
Realocação de capitais produtivos para capitais improdutivos
no mercado financeiro (derivativos, títulos públicos) visando aumentar a taxa de
lucro já impossibilitado na "economia real", em detrimento das contradições
inerentes do modo de produção capitalista
Bolhas financeiras, crise em
espiral
Crise de 2008
Estados endividados para salvar o sistema
financeiro Internacional
Queda da atividade econômica já paralisada e sem
proporcionar taxa de lucro crescente, custo de oportunidade menor que 30%
Extração de lucro através de recursos públicos
Impressão desordenada de
dinheiro via Bancos Centrais
Austeridade para reduzir a quantidade de
dinheiro em poder do público e evitar a hiperinflação
Taxas de juros
negativas dos Bancos Centrais
Recessão e depressão econômica
Modo
de produção esgotado, entravando as forças produtivas exógenas e endógenas
ao sistema econômico.
1 - Compreendendo melhor1º Os países desenvolvidos estão alcançando um nível cada vez maior
de desenvolvimento tecnológico-industrial, por isso estão precisando cada vez
menos de trabalho humano manual e até intelectual. Com isso, enviam as
massas trabalhadoras para o setor terciário (comércio e serviços), onde a
remuneração é naturalmente menor, para o subemprego e a marginalidade
(sobretudo os que são menos qualificados).
2º Esse alto desenvolvimento proporciona uma diminuição crescente do
tempo de trabalho socialmente necessário para se produzir um produto,
gerando uma oferta de bens cada vez maior e em menor tempo.
Concomitantemente, o poder de compra é reduzido, pois os trabalhadores
passam a ganhar menos. Ou seja, uma crise de superprodução e subconsumo.
A solução apresentada pelos governos dos países desenvolvidos é a
ampliação do crédito a juros baixos, propiciando a médio e longo prazo o
endividamento popular, pois crédito não é renda real, mas sim artificial.
3º Essa desproporção entre oferta maior e demanda menor produz taxas
de lucro decrescentes no setor secundário, pois os capitalistas passam a
vender menos, mesmo que baixem os preços. Os empresários com
lucratividade baixa, investem contra os custos trabalhistas, salários, tributação,
transferem fábricas para países com mão de obra barata e tentam de qualquer
maneira diminuir gastos, objetivando manter as margens de lucro em níveis
aceitáveis. Além disso, se propaga a prática da obsolescência programada,
com produtos lançados semestralmente, dividindo tecnologias que poderiam
comportar em apenas 1 aparelho (Ipod 1, 2, 3, 4, 5, 6, etc.), almejando dessa
forma maximizar o lucro por modelos.
4º O custo de oportunidade no setor produtivo passa a ser baixo. Se o
capitalista pode lucrar tranquilamente comprando títulos públicos ou derivativos
(títulos que os grandes ruralistas vendem para garantir o retorno adiantado
sobre a safra atual, evitando perdas futuras em eventuais diminuições nos
preços internacionais de commodities), por quê iria investir seu dinheiro no
setor industrial, que está com retornos baixos?
5º Com o capital produtivo em baixa, os investimentos são reduzidos e a
arrecadação de impostos passa a consequentemente diminuir também. Por
conseguinte, os governos emitem títulos públicos para aumentar a arrecadação
e cobrir os gastos.
6º Os capitalistas, vendo o custo de oportunidade maior na compra de
títulos públicos e derivativos, não hesitam em comprar em massa, endividando
os governos e aumentando as dívidas públicas.
7º A solução dos governos superendividados é cortar gastos sociais e
investimentos em áreas diversas para poder pagar as enormes dívidas e seus
juros, impondo a famosa “austeridade”.
8º Subsequentemente, problemas sociais são agravados, como a
precarização dos serviços públicos, o aumento da criminalidade, da violência,
doenças relacionadas a depressão e ansiedade, miséria e desigualdades.
Nesse contexto, revoltas populares como a de junho de 2013 no Brasil,
medidas visando aumentar o encarceramento dos marginalizados (sobretudo
os mais jovens, vítimas maiores da marginalização contemporânea) e
crescimento de figuras populistas que prometem soluções fáceis e rápidas,
como Bolsonaro, Marine Le Pen, Leopoldo Lopez são corriqueiramente
visualizadas ao redor do mundo.