Data Popular: brasileiro médio não entende narrativa do golpe
O título e as fontes (não o
site) sugerem que o petismo foi o responsável por esta matéria "jornalística". Eis algumas "pérolas' como evidência:
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Jornal GGN - Enquanto aumenta o número de matérias no exterior com denúncias sobre o golpe em curso no Brasil, parcela significativa do brasileiro médio não compreende a crise política e, menos ainda, a narrativa do golpe.
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Basta verificar, no Google, que a versão de "golpe" no exterior só aparece quando a fonte tem alguma ligação com o petismo, como é o caso do senhor Greenwald. No mais, os jornais respeitabilíssimos de todo o espectro político como o Washington Post, o New York Times e o Le Monde, entre outros, mostram que o processo está sendo feito conforme as leis locais, apresentando também o quadro de corrupção sistêmica instalado no país.
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“Se pegarmos o perfil dos manifestantes pró e contra o governo nas passeatas todas, veremos que é um perfil claramente mais rico que a média da população brasileira”, completou o pesquisador, destacando em seguida que entre os grupos a favor da saída de Dilma há um conjunto maior de empresários, já nos grupos pró governo, uma classe formada por funcionários públicos, professores e intelectuais.
Resumindo: No primeiro grupo estão os que trabalham e pagam as contas, ao passo que no segundo estão aqueles que drenam o que é produzido pelo primeiro grupo, felizmente com muitas honrosas exceções.
E preciso avisar aos meus funcionários que eles fazem parte da classe rica, porque participaram das manifestações.
Um levantamento feito por outro instituto, o Datafolha, confirma as ponderações de Meirelles, revelando que o perfil escolar dos manifestantes dos grupos contra e a favor do impeachment é praticamente homogêneo. Segundo a pesquisa, que comparou o público do dia 13 de março (pró impeachment) com o público do dia 18 de março (a favor de Dilma), 77% dos manifestantes contra o governo disseram ter nível superior de escolaridade, e 78% dos manifestantes contra o impeachment também. Dos dois lados, 18% afirmaram ter o ensino médio completo, e 4% e 5%, respectivamente, o ensino fundamental.
Perfeito, perfeito.
Mas que tal completar com as seguintes informações: A quantidade de manifestantes pró-impedimento foi pelo menos 5 (cinco) vezes maior que a quantidade oposta. E no primeiro grupo não houve suborno e nem aliciamento para participar das manifestações. Já no segundo grupo...
A média educacional dos manifestantes é significativamente distinta da média educacional do país. Dados do IBGE de 2015 apontam que apenas 14% dos brasileiros tem formação universitária e 36% ensino médio completo ou incompleto.
Corolário: Os analfabetos funcionais não participaram dos protestos, logo é "golpe".
Haja paciência para tanta parcialidade.
Não saber dialogar com o eleitorado é um grande problema para o governo e explica porque não conseguiu mais adesão às manifestações contra o impeachment e, com isso, fazer pressão sobre o Congresso para evitar a aprovação do processo. A classe C compõe 54% do eleitorado.
Espere um pouco aí.
O eleitorado da classe C não veio em defesa do governo por falta de informação? Mas não é o mesmo tipo que mais se beneficiou (segundo o petismo) dos governos 'democráticos populares' (e ladrões, acrescento eu) dos últimos 13 anos? Porque ele não fez isto?
Ofereço uma explicação plausível: A maior parte do eleitorado brasileiro não pensa em termos éticos e sim em termos de ganhos pessoais ou de classe. O mesmo apoio que o petismo teve ao longo de mais de uma década, com seu assistencialismo eleitoreiro, se esvaiu por causa da crise econômica gerado pelo gasto excessivo e pela corrupção. Ou seja, todo o aparelhamento feito às expensas do setor privado não foi o suficiente (até o momento) para deter a própria ruína.
O presidente do Data Popular ressalta que a população média desconhece o plano de governo desenhado pelo vice-presidente, e um dos articuladores do impeachment, Michel Temer, chamado Uma Ponte para o Futuro, com propostas de baixíssima popularidade como a desobrigação do empregador pagar o salário mínimo para o funcionário (desindexação do salário mínimo), e a possível redução de investimentos em saúde e educação.
É isto!!!!!!
Chegamos, sem margem de dúvida, ao "pensamento" petista (desculpem o oxímoro).
O representante petista (enrustido) mostra a sua face verdadeira ao querer culpar os outros pela própria incompetência, mau-caratismo e desconhecimento de economia.
O mau caratismo está aqui: "desobrigação do empregador pagar o salário mínimo para o funcionário (desindexação do salário mínimo)", porque não existe tal proposta do presidente interino.
O mau caratismo combinado com desconhecimento em economia está aqui: "e a possível redução de investimentos em saúde e educação." Sim, possivelmente, mas por causa da crise gerada pelos petistas, ao forçar o estado a gastar muito mais do que ganha (já considerando uma carga tributária obscena).
O erro dos governistas, portanto, foi não abrir essa discussão de forma clara e participativa para as classes C e D aderirem a mensagem que queriam passar.
“A narrativa do golpe, por mais justa que o governo considere que seja feita, sem absolutamente entrar no mérito se é ou não golpe, é uma narrativa que fala pra muito menos gente do que uma discussão de projeto de país, e esse projeto de país que elegeu o presidente Lula duas vezes e elegeu e reelegeu Dilma”, pontua Meirelles.
Agora os eleitores das classes C e D são 'conhecedores' porque escolheram o "projeto" que elegeu e re-elegeu o senhor Silva e a senhora Roussef?
Contradição...
O presidente do Data Popular aponta que a maior insatisfação hoje para o brasileiro é a economia ruim. A população deseja um Estado que, “claramente, faz parte do dia a dia e promove condições para que o brasileiro tenha oportunidades que não teria sem a presença do Estado”.
Novamente mais uma contradição: Se a população não consegue entender a "narrativa do golpe", como é que ela pode ter a capacidade de fazer uma opção consciente entre os tipos de estado, visto a necessidade de um conhecimento mais profundo, incluindo o de economia?
A visão das classes C e D sobre o ideal de Estado é contrária às visões idealizadas pelas camadas políticas que disputam o poder, ou seja, de um lado a defesa do Estado mínimo, “dirigido por um CEO, e não por um presidente”, ironiza Meirelles, e de outro lado a defesa de um Estado robusto, com peso sobre a economia.
Quando interessa ao petismo/esquerdismo, as classes C e D são conscientes, quando não...
Conceitualmente, o nome do tipo de Estado que a população geral deseja é Estado Vigoroso. “É um Estado que oferece sim vagas nas universidades, mas que pode ser feito como é feito o Prouni, através da iniciativa privada operando as vagas que são dadas”, explica.
PQP!!!
Que idiotice.
“O brasileiro gostaria muito que existisse um código de defesa do cidadão, nos moldes em que existe o código de defesa do consumidor. Por exemplo, hoje quando passa três horas numa fila de banco ele sabe para quem reclamar, mas quando passa três horas esperando na fila do SUS não sabe para quem ligar reclamando”, completa.
Nisto concordamos em grande medida.
Mas a solução não é, necessariamente, 'mais estado'. Pode ser 'menos estado'.