Essa reforma da previdência tal com é vendida, como salvação nacional, é um conto da carochinha tão grande quanto aquele da reforma trabalhista que melhoraria os níveis de emprego que hoje batem recordes negativos.
Há dois cenários possíveis para o futuro: um com a reforma da previdência, e outro sem a reforma da previdência. Num desses cenários, o rombo da previdência continua a aumentar e a tendência é de que o estado gaste mais do orçamento para pagar esse rombo, e se esse for o caso, e que será mesmo o caso (contrariando os que pensam que o déficit se deu por causa da recessão, e que bastando o país voltar a crescer que o rombo desaparece), a tendência é que a economia entre em recessão, com o estado não tendo dinheiro mais para pagar outros gastos primários, como saúde, educação e salários dos funcionários públicos, etc. Sem a reforma da previdência, a tendência é a de que o país vire um Rio de Janeiro.
E não é meio cedo para discutir os resultados da reforma trabalhista?
E como assim não houve melhoras no nível de emprego?
Como pode ser visto neste gráfico, a taxa de emprego da população começa a aumentar a partir do começo de 2017 (com variações sazonais), mais especificamente, 2 meses depois de aprovada da reforma trabalhista, e isso é um belo indicativo que as expectativas relacionadas à reforma trabalhista teve um efeito no aumento de emprego (embora correlação não seja causa, e ainda esteja muito cedo para fazer afirmações precipitadas, como você também fez).
Daqui alguns anos estaremos tão em crise quanto agora porque o Banco Central vai continuar enxugando o dinheiro que sobra dos bancos todos os dias, repassando-o ao Tesouro Nacional que assume a dívida e os juros. Continuaremos pagando cada vez mais juros, com dívidas estatais cada vez maiores, e com o governo tentando cortar gastos para pagar juros, juros que nunca acabam e dívida que sempre aumenta.
Esse é exatamente o cenário atual. O governo já tira dinheiro do tesouro para pagar o rombo da previdência, e sem a reforma, a tendência é piorar, a dívida pública vai continuar a aumentar e o estado vai acabar em um situação de insolvência. A reforma é justamente para evitar esse cenário...
O mais revoltante é que essa reforma tal como foi mandada e como querem que seja aprovada vai fazer como que a população mais pobre fique ainda mais desprotegida, porque não vão poder financiar uma previdência privada tal qual a classe média, que vai ter uma despesa a mais e mais cara
Se você estiver falando do regime de capitalização, ele muito provavelmente não será aprovado (
pelo menos do jeito que está na reforma), mas a proposta em si não é ruim. Ela seria uma alternativa ao trabalhador que pode escolher entre o sistema de capitalização e o sistema atual com as mudanças propostas pela reforma da previdência.
Acho válido lembrar uma coisa a todos que são contra essa reforma: O sistema, como é hoje, é injusto com os mais pobres, que são quem os que mais contribuem, e que, no entanto, são os que menos usufruem desse sistema de piramide, onde no topo estão os funcionários públicos que se aposentam por tempo de contribuição (em média, se aposentam com 55 anos, e vivem até os 80), têm os maiores salários, e que acabam recebendo muito mais do que contribuirão; e na base temos os pobres (que são 80% dos aposentados), que se aposentam por tempo de idade recebendo menos de 2 salários mínimos. Advinha quem causa o maior rombo da previdência?
O nosso regime previdenciário é o maior contribuidor para a nossa alta desigualdade social (tem estudo que aponta para isso: que um pouco mais de 30% da nossa desigualdade econômica se dá pela atuação direta do estado, por meio do pagamento de altos salários para o funcionalismo público e também de suas aposentadorias), e não é preciso dizer que ele é injusto, e a reforma da previdência ajuda a combater isso, com o aumento progressivo das contribuições e definição da idade mínima para se aposentar. A única razão para haver toda essa comoção acerca da reforma da previdência não é porque serão os mais prejudicados (porque eles não são), mas porque, e justamente porque, é o funcionalismo público quem mais se ferra com a aprovação dela. Não à toa, vemos o empenho de alguns sindicatos de servidores públicos agindo contra a reforma, usando os pobres como massa de manobra, e até mesmo espalhando fakenews (como dizer que na nova reforma, as pessoas terão que trabalhar até os 70 para se aposentarem).
e o que revolta mais ainda são coisas como essa: Estudos apontam perdas de 1 trilhão em renuncia fiscal com leilão do pré sal, para petroleiras estrangeiras o governo renuncias a 1 trilhão, para querer economizar esse mesmo valor com a previdência com uma proposta de pagamento de 400 reais para os mais pobres, jogando os mais necessitados em ainda mais penúria e pobreza.
Não é bem assim Juca, tenha um pouco mais de ceticismo, ainda mais com esse valor de 1 trilhão:
"Sancionada pelo presidente Michel Temer no apagar das luzes de 2017, a lei que mantém um regime especial de tributação para o setor de petróleo foi cercada de uma polêmica trilionária. Um técnico da Câmara dos Deputados estimou que a medida provisória (MP) 795, que deu origem à lei, resultaria na perda de R$ 1 trilhão em receitas para os cofres públicos. Os dados foram desmentidos pelo governo e por outros técnicos do Legislativo, mas o estrago estava feito: o debate girou em torno desse valor. "
[...]
"Ao permitir a renegociação das dívidas passadas, a MP pode estar beneficiando as petroleiras em até R$ 54 bilhões, considerando o estoque de dívida de R$ 38 bilhões, mais R$ 11,1 bilhões em multas devidas além de outros R$ 5 bilhões que são questionados na justiça. "
fonteE se os caloteiros fossem cobrados com a mesma vontade que o Guedes tem de aprovar a reforma ao menos? https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2018/11/18/deficit-previdencia-dividas-contribuintes-inss.htm, ninguém fala isso na TV e nem o Guedes comenta.
O problema da previdência é de fluxo, e não de estoque, além disso, o próprio estado é um dos grandes devedores do INSS: "entre os 50 maiores devedores em 2018, 12 são órgãos estatais", "Entre os 5 maiores devedores da Previdência, 2 pertencem a governos: a Água e Esgotos do Piauí e o Instituto Candango de Solidariedade (quase R$ 1 bilhão para ambas)".
Como você pode ver acima, 42% do débito com a previdência não podem ou têm pouca chance de serem pagos, e outros 24% é o próprio estado quem deve, mais especificamente:
Nesse sentido, segundo a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN), o órgão responsável pela cobrança da dívida ativa, apenas 4% dela tinham “alta chance” de recuperação. Outros 38% teriam “média chance”. 28% dela teriam “baixa chance” e 30% “remota chance” (2017). Simplificando a classificação, poderíamos dizer que 60% não vai ser recuperado.
Dívida ativa previdenciária – Por chance de recuperação – 2017
O PGFN é o orgão da fazenda que cobra essas dívidas, e sua própria existência mostra que a sua afirmação de que o governo não está empenhado em cobrar a dívida dos caloteiros é falsa.
fontePior ainda quando os militares que são os mais previlegiados não devem perder praticamente nada.
Isso é simplesmente falso.
Como você pode checar aqui, segundo o governo, os militares serão os mais afetados individualmente.Daqui alguns anos estaremos tentando fazer o que para economizar para pagar juros que o Banco Central, que sempre é comandado por um banqueiro, e que vai continuar fabricando para o Tesouro todos os dias mais dívidas adquiridas do nada? Vamos abaixar as calças coletivamente para os donos do dinheiro?
Dividas não são feitas do nada, Juca, e acho que você já deve saber disso. Elas são feitas justamente para pagar as despesas da máquina estatal quando o governo não tem dinheiro para isso. Se o governo for fiscalmente responsável, não teremos que fazer "mais dívidas do nada", e o novo regime fiscal, via teto de gastos, serve justamente para prevenir que o governo se endivide demais.