Autor Tópico: Reforma da Previdência  (Lida 18723 vezes)

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Offline -Huxley-

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Re:Reforma da Previdência
« Resposta #250 Online: 09 de Fevereiro de 2018, 15:38:12 »
A luta de classes não se limita às relações entre capitalista e trabalhador, mas também entre os trabalhadores e os representantes políticos das elites oligárquicas capitalistas. Vez ou outra, governos populares atenuam esse conflito gerando agrados significativos a ambos os lados (diferentemente dos políticos coxinhas), mas não há uma cessão completa da exploração.

Offline Buckaroo Banzai

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Re:Reforma da Previdência
« Resposta #251 Online: 09 de Fevereiro de 2018, 16:12:18 »
Falando em dividir a sociedade, uma das maiores falacias desse debate é a demonização dos servidores publicos como se se tratasse de uma classe homogenea. Jogar no mesmo balaio Sarney, Gilmar, a juizada toda e o exercito de professores, enfermeiros, e demais funcionarios que passam o diabo para tentar prestar um serviço essencial com um minimo de qualidade é o fim da picada.

Se o foco fosse no topo da piramide essa reforma passaria fácil e teria um impacto fiscal muito maior.

Em vez disso ficamos seguindo a mitologia criada pela midia, pela Fazenda e pelos deformadores de opinião de sempre.

É mesmo?

Então não há nenhum impacto econômico-financeiro na massa salarial de centenas de milhares de funcionários públicos?

E nem dos encargos legais dela decorrentes?

Você está afirmando então que é tudo homogêneo, que não importa de onde se tire, é benéfico ao país?

Offline Geotecton

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Re:Reforma da Previdência
« Resposta #252 Online: 09 de Fevereiro de 2018, 16:44:36 »
Falando em dividir a sociedade, uma das maiores falacias desse debate é a demonização dos servidores publicos como se se tratasse de uma classe homogenea. Jogar no mesmo balaio Sarney, Gilmar, a juizada toda e o exercito de professores, enfermeiros, e demais funcionarios que passam o diabo para tentar prestar um serviço essencial com um minimo de qualidade é o fim da picada.

Se o foco fosse no topo da piramide essa reforma passaria fácil e teria um impacto fiscal muito maior.

Em vez disso ficamos seguindo a mitologia criada pela midia, pela Fazenda e pelos deformadores de opinião de sempre.

É mesmo?

Então não há nenhum impacto econômico-financeiro na massa salarial de centenas de milhares de funcionários públicos?

E nem dos encargos legais dela decorrentes?

Você está afirmando então que é tudo homogêneo, que não importa de onde se tire, é benéfico ao país?

É óbvio que não.

Mas estão espalhando uma desinformação proposital, qual seja, a de que basta encerrar as graves distorções salariais e de benesses da parte mais alta do funcionalismo e tudo estará resolvido.

Não estará.

O déficit da previdência continuará a crescer.
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Offline Buckaroo Banzai

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Re:Reforma da Previdência
« Resposta #253 Online: 09 de Fevereiro de 2018, 16:54:24 »
"Existe" essa conta? Para mim é novidade, geralmente o que se ouve é que o déficit é mito, a previdência é superavitária, ou que é só cobrar impostos de empresas que faliram.

Como se compara essa "versão" com foco exclusivo nos cargos mais altos às propostas de reforma que tem alguma chance, ainda que mínima, de passar?

Offline Geotecton

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Re:Reforma da Previdência
« Resposta #254 Online: 09 de Fevereiro de 2018, 17:35:00 »
"Existe" essa conta?

Não sei.

Tem que procurar alguma fonte que não esteja ligada aos interessados na e contra a reforma.


Para mim é novidade, geralmente o que se ouve é que o déficit é mito,
[...]

http://www.previdencia.gov.br/2017/11/rgps-deficit-da-previdencia-social-chega-r-138-bilhoes-em-outubro/


a previdência é superavitária,

Não é e o déficit só aumentará doravante.


ou que é só cobrar impostos de empresas que faliram.

Esta é mais uma besteira dita por ignorantes, tanto de esquerdistas como de direitistas (nacionalistas).

Um exemplo conspícuo é a VARIG. Sem considerar que foi (mais) um caso de uma péssima recuperação judicial, o fato é que o passivo previdenciário e trabalhista é dezenas ou centenas de vezes maior que o ativo total da empresa. Em outras palavras, nada ou quase nada será conseguido da VARIG. E nesta situação há dezenas de outras empresas.

Mas mesmo que o montante total das dívidas previdenciárias fosse pago (R$ 426 bilhões, segundo esta fonte), seria o suficiente para manter equilibrada a Previdência por apenas três anos, considerando a projeção trienal do déficit acumulado de 2017, até novembro.


Como se compara essa "versão" com foco exclusivo nos cargos mais altos às propostas de reforma que tem alguma chance, ainda que mínima, de passar?

Não sei.

Eu duvido que qualquer tipo de reforma, que implique na redução dos proventos do funcionalismo mais abastado e poderoso, seja aprovada.
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Offline Buckaroo Banzai

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Re:Reforma da Previdência
« Resposta #255 Online: 09 de Fevereiro de 2018, 17:43:08 »
Não pretendi "defender" as coisas listadas, apenas as listei por que me parecem bobagem tremendamente maior e mais óbvia do que a noção de uma reforma alternativa, que cortasse fundo nas gorduras das oligarquias. Seria até bastante animador ver isso sendo defendido em vez dessas outras coisas, mesmo que fosse ainda insuficiente e improvável de ser implementado. Poderia ser defendido como de ponto partida para cortes subseqüentes, até se chegar ao patamar necessário.

Offline Geotecton

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Re:Reforma da Previdência
« Resposta #256 Online: 09 de Fevereiro de 2018, 17:49:57 »
Não pretendi "defender" as coisas listadas, apenas as listei por que me parecem bobagem tremendamente maior e mais óbvia do que a noção de uma reforma alternativa, que cortasse fundo nas gorduras das oligarquias. Seria até bastante animador ver isso sendo defendido em vez dessas outras coisas, mesmo que fosse ainda insuficiente e improvável de ser implementado. Poderia ser defendido como de ponto partida para cortes subseqüentes, até se chegar ao patamar necessário.

No meu entender, Buck, o principal problema está na parte destacada em negrito. Para isto acontecer de maneira rápida, teria que ser ou por meio de um regime totalitário ou por um líder político muito popular e poderoso, que impusesse a sua vontade ao Congresso, ignorando o Judiciário, o Legislativo e, é claro, os militares.

Qual é a chance percentual disto ocorrer? Zero!
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Offline Buckaroo Banzai

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Re:Reforma da Previdência
« Resposta #257 Online: 09 de Fevereiro de 2018, 17:51:36 »
Sim, concordo, mas seria interessante como conscientização, como por isso em discussão na sociedade, e aumentar a pressão política, em vez de se ficar nessas de "culpa não é dos aposentados", "a previdência é superavitária".

Talvez desse para conseguir forçar algo mais drástico via referendo, sendo muito otimista.

Offline Geotecton

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Re:Reforma da Previdência
« Resposta #258 Online: 09 de Fevereiro de 2018, 18:13:53 »
Sim, concordo, mas seria interessante como conscientização, como por isso em discussão na sociedade, e aumentar a pressão política, em vez de se ficar nessas de "culpa não é dos aposentados", "a previdência é superavitária".

Talvez desse para conseguir forçar algo mais drástico via referendo, sendo muito otimista.

Enquanto a nossa previdência for do tipo 'solidária', não consigo enxergar uma solução, especialmente considerando o perfil da maioria das pessoas que conheço.

Para sintetizar: Ao longo de nossa história previdenciária, a imensa maioria das pessoas consumiu muito mais do que contribuiu, ou seja, a provisão matemática de cada uma foi largamente ultrapassada pela soma dos pagamentos para a previdência.

E nem entrei no mérito de uma situação que, para mim, é mais do que abjeta, se compulsória for: a previdência é paga, na maior parte, pelos empregadores.
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Offline Horacio

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Re:Reforma da Previdência
« Resposta #259 Online: 09 de Fevereiro de 2018, 20:26:48 »
Relembrando que beneficios previdenciarios gastos com quem os utiliza plenamente em consumo voltam para o orçamento sob a forma de arrecadação. Essa é uma discussão economica, não pode ser tratada com conceitos contabeis, que são estaticos e não capturam o efeito no tempo dos desembolsos estatais.

Ciro Gomes, apesar de todos seus defeitos, tem uma perspectiva bem mais lucida da questão:


Offline JJ

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Re:Reforma da Previdência
« Resposta #260 Online: 30 de Março de 2018, 10:45:14 »
Relembrando que beneficios previdenciarios gastos com quem os utiliza plenamente em consumo voltam para o orçamento sob a forma de arrecadação. Essa é uma discussão economica, não pode ser tratada com conceitos contabeis, que são estaticos e não capturam o efeito no tempo dos desembolsos estatais.

Ciro Gomes, apesar de todos seus defeitos, tem uma perspectiva bem mais lucida da questão:



O Ciro Gomes é um espertalhão que está jogando iscas para capturar  ex eleitores do Lula/PT, os quais estão decepcionados, em graus variáveis com o Lula/PT,  mas que ainda são seduzidos pelos discursos  estatistas  de esquerda.



Offline JJ

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Re:Reforma da Previdência
« Resposta #261 Online: 30 de Março de 2018, 11:03:44 »
Acessei agora a matéria completa. É pior do que eu imaginava. Veja a manchete:

Brasil gasta demais com funcionários públicos
Um levantamento inédito sobre o tamanho do funcionalismo revela por que o Estado brasileiro funciona mal. Só cargos de confiança, há 600 mil.

Isso em letras garrafais, complementadas com a imagem uma pata monstruosa pronta para esmagar o leitor.

Conclusão obvia a que o leitor é induzido: As causa principal do mau funcionamento do Estado é o tamanho e o custo do funcionalismo publico. Mais generalizador e superficial impossivel. Oligarquias? Isso é de comer?


Pode não ser a causa principal,  mas  com certeza não é algo irrelevante.  A média salarial no Brasil é pouco mais de 2 mil reais por mês,  qual o sentido  de haver  categorias de funcionários públicos que ganham mais de 20.000 reais por mês, que são pagos pela maioria que ganha dez vezes menos (sem falar numa parcela, que apesar de menor, tem salários que ultrapassam 30.000 por mês e chega até a receber mais de 100.000 por mês)  ?

Isto é a tal da justiça social pregada pela esquerda ?


 :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?:


« Última modificação: 30 de Março de 2018, 11:06:54 por JJ »

Offline Euler1707

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Re:Reforma da Previdência
« Resposta #262 Online: 30 de Março de 2018, 12:42:28 »
Relembrando que beneficios previdenciarios gastos com quem os utiliza plenamente em consumo voltam para o orçamento sob a forma de arrecadação. Essa é uma discussão economica, não pode ser tratada com conceitos contabeis, que são estaticos e não capturam o efeito no tempo dos desembolsos estatais.
Não, não voltam integralmente. O que "volta" à união é a parcela desse consumo que é tributada pelo estado, que, embora alta, está longe de sanar o problema fiscal das contas do governo, uma vez que os recursos da previdência não têm origem nesses tributos sobre o consumo, e mesmo se tivessem, não poderiam resolver o problema de fluxo de caixa que caracteriza o problema da previdência. 

Ademais, o seu raciocínio possui mais um problema :Em média, quanto maior a renda de uma família, substancialmente menor será o consumo em relação à renda (pg 87), assim, por exemplo, em 2008-2009, famílias em que os provedores são funcionários públicos de médio escalão aposentados, com renda entre 3500 à 6000 reais cada, que põe essa família numa faixa de renda entre 7000 à 12000 reais, tendem a gastar, em média, 5626 reais em consumo; desses 5626 reais, retornaria ao estado por volta 3500 reais em impostos sobre o consumo. Não preciso dizer o quão injusto é a taxação sobre o consumo sobre o resto da população, em maioria mais pobre, para pagar essa possível diferença de 3500 à 8500 reais entre a renda dessa família e o quanto ela retorna ao estado em impostos sobre o produto. Esse exemplo serve muito bem para exemplificar como o estado brasileiro e o funcionalismo são os grandes responsáveis por nossa desigualdade social.

Offline Buckaroo Banzai

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Re:Reforma da Previdência
« Resposta #263 Online: 05 de Setembro de 2018, 11:42:21 »
E adicionalmente aquilo em que o estado não tem custos adicionais em decorrência das pessoas não terem como se sustentar.



<a href="https://www.youtube.com/v/mPKmuo4YN_M" target="_blank" class="new_win">https://www.youtube.com/v/mPKmuo4YN_M</a>

Offline Buckaroo Banzai

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Re:Reforma da Previdência
« Resposta #264 Online: 07 de Novembro de 2018, 13:57:59 »
<a href="https://www.youtube.com/v/8AiybHfCu4Y" target="_blank" class="new_win">https://www.youtube.com/v/8AiybHfCu4Y</a>


Citar
https://veja.abril.com.br/economia/os-vaivens-de-bolsonaro-sobre-a-reforma-da-previdencia/

...

Contradizendo seu guru econômico e futuro superministro, Paulo Guedes, Bolsonaro já afirmou que não está plenamente convencido de que o modelo de capitalização é o ideal. O certo, em sua visão, seria fixar uma idade mínima – mesmo que algumas categorias ganhem privilégios. Por exemplo, policiais civis e militares teriam uma idade menor do que a de um trabalhador da iniciativa privada ou do que a de um servidor público.

Essa é a proposta de Michel Temer acrescida de alguns remendos. Porém, é sabido que o texto que tramita na Câmara não será suficiente para estancar o rombo que já supera 157 bilhões de reais neste ano.

...

Bolsonaro já desautorizou mais de uma vez seus assessores econômicos. O último a tomar um pito público foi Marcos Cintra, ex-deputado e reconhecido especialista em contas públicas. A rusga não tem relação direta com a Previdência, mas indireta. Cintra sugeriu, publicamente, recriar uma forma de tributação malvista pela classe política. Chamado de CPMF, o imposto foi sepultado em 2007, mas poderia ganhar uma nova roupagem.

O imposto, incidente sobre toda e qualquer transação financeira, já havia sido aventado por Guedes para ajudar a financiar a Previdência durante o período de transição até que a capitalização comandasse todo o sistema. Em setembro, quando Guedes proferiu a famigerada sigla, também foi desautorizado.




Citar
https://economia.estadao.com.br/noticias/geral,bolsonaro-diz-ver-com-desconfianca-proposta-de-previdencia-de-paulo-guedes,70002587797

"Não está batido o martelo, tenho desconfiança. Sou obrigado a desconfiar para buscar uma maneira de apresentar o projeto. Tenho responsabilidade no tocante a isso aí. Não briguei para chegar (na Presidência) e agora mudar tudo. Quem vai garantir que essa nova Previdência dará certo? Quem vai pagar? Hoje em dia, mal ou bem, tem o Tesouro, que tem responsabilidade. Você fazendo acertos de forma gradual, atinge o mesmo objetivo sem levar pânico à sociedade", declarou, em entrevista à Band.

"Nós temos um contrato com o aposentado, você vai mudar uma regra no meio do caminho. Não pode mudar sem levar em conta que tem um ser humano que vai ter a vida que será modificada. Às vezes um colega pensa apenas em número. Não existe recriação da CPMF. Não queremos salvar o Estado quebrando o cidadão brasileiro", afirmou.

...



Será que Paulo Guedes fará parte do governo?

Offline Cinzu

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Re:Reforma da Previdência
« Resposta #265 Online: 07 de Novembro de 2018, 14:13:22 »
<a href="https://www.youtube.com/v/8AiybHfCu4Y" target="_blank" class="new_win">https://www.youtube.com/v/8AiybHfCu4Y</a>

Por que diabos esse vídeo não teve nem 50k de visualizações? É o vídeo mais didático e simples explicando um dos principais problemas do país.



Será que Paulo Guedes fará parte do governo?

Acho que quanto a isso não há dúvidas. A grande questão é: quanto tempo vai durar esse casamento?
« Última modificação: 07 de Novembro de 2018, 14:22:08 por Cinzu »
"Não é possível convencer um crente de coisa alguma, pois suas crenças não se baseiam em evidências; baseiam-se numa profunda necessidade de acreditar"

Offline JJ

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Re:Reforma da Previdência
« Resposta #266 Online: 07 de Novembro de 2018, 14:45:57 »
Será que Paulo Guedes fará parte do governo?

Acho que quanto a isso não há dúvidas. A grande questão é: quanto tempo vai durar esse casamento?


Sugiro que se mantenha  cético  e duvide  dessas  supostas divergências  entre   o futuros ministros e o chefe, pois  ele e a turma estão adotando táticas de comunicação que visam semear  confusão  na mídia tradicional, de modo que as pessoas não saibam para onde serão realmente  levadas.



Offline Buckaroo Banzai

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Re:Reforma da Previdência
« Resposta #267 Online: 07 de Novembro de 2018, 15:25:48 »
Citar
https://www.gazetadopovo.com.br/eleicoes/2018/o-que-os-presidenciaveis-planejam-para-o-inss-bolsonaro-vai-de-hipercapitalismo-
...

Em entrevista à “Folha de S.Paulo”, Guedes defende que os recolhimentos previdenciários não sejam reunidos em um único bolo, mas que cada contribuinte tenha sua própria capitalização. “Não é gestão pública, o governo garante o resultado, mas terceiriza a gestão, numa nova indústria. É capitalismo na veia. Em vez de o recurso ser dissipado, é acumulado”, defendeu.

Essa proposta “hipercapitalista” e liberal também propõe opção aos futuros trabalhadores: escolher se querem recolher seus impostos e se enquadrar na Previdência atual, ou se preferem não recolher impostos e cuidar por conta própria de sua aposentadoria. “Se você quer a carteira verde-amarela, você aumenta a sua empregabilidade, porque você está recusando a Justiça Trabalhista. Tem outro problema, o sistema mistura assistência com Previdência. Às vezes o cara não contribuiu, precisa de uma renda mínima, não é Previdência”, afirmou ele ao jornal.

A proposta do economista de Bolsonaro merece cautela. Zylberstajn diz que é importante manter o pilar de gestão pública da Previdência. Follador relembra que a proposta de Guedes é uma cópia do modelo chileno, “que conduziu os aposentados à miséria”, na visão do especialista. Procurada para se posicionar formalmente, a assessoria do pré-candidato não respondeu ao pedido da reportagem.
...


Zylberstajn é um dos formuladores da proposta de reforma previdenciaria do FIPE (apoiada pelo MBL)

Citar
http://www.fiesp.com.br/noticias/fipe-apresenta-na-fiesp-proposta-de-nova-previdencia-para-novos-trabalhadores/

...

a proposta da Nova Previdência estaria alicerçada em quatro pilares:

1 – Renda Básica do Idoso (RBI) – seria incondicional para quem alcançasse a idade necessária, 65/67 anos, e seria pago um mínimo de R$ 500, por exemplo, mesmo para o caso dos não contributivos, caso dos trabalhadores rurais, que têm regime especial, mas impera a informalidade. Neste caso, também se inclui a assistência aos mais desprotegidos, como o Loas – Benefício de Prestação Continuada.

2 – Benefício Contributivo por Repartição (BCR) – como o INSS atual, estendido a todos os trabalhadores, inclusive militares e funcionários públicos, universal, mas comprimido com benefício em torno de R$ 1.500, que se somaria à renda básica.

Para o especialista, estes dois pilares abrigariam até 95% da população, e assim o INSS atenderia à base da pirâmide. Nessa sistemática, a alíquota giraria em torno de 12%, e a contraparte seria de 6% para empregados e 6% para empregadores.

3 – Benefício Contributivo por Capitalização (BCC) – seria uma composição do FGTS mais o seguro desemprego, a fim de aproveitar o que já existe de encargo sobre a folha de pagamento, mas com o propósito de dar eficiência a esses recursos. A contribuição seria capitalizada e vinculada ao CPF e não mais ao emprego, como é vinculado hoje, e atrelada a uma conta de aposentadoria. No sistema proposto, a multa do FGTS seria mantida, mas socializada e capitalizada a fim de render juros, em contraponto à remuneração atual do fundo, que às vezes fica abaixo da inflação.

“O FGTS é salário do trabalhador e hoje se usa para financiamento de políticas públicas (habitação e infraestrutura, especialmente), o que é uma insensatez”, criticou Zylberstajn.

4 – Benefício Contributivo Voluntário por Capitalização (BCVC) – trata-se de aposentadoria complementar, e as empresas o teriam como ferramenta a fim de reforçar o pilar 3.

Para Zylberstajn, o desafio é a transição e seria preciso criar um fundo para este propósito, uma tarifa equalizadora a fim de suportar a migração entre os sistemas até que a reforma completa se dê em duas ou três décadas. O Brasil gasta atualmente 13% do PIB com a aposentadoria, segundo informou, e muito com o funcionalismo público.

...









Como ficariam as aposentadorias dos atuais inativos, os servidores públicos inativos etc, que têm alto impacto no gasto da previdência?

Não. Não dá pra baixar pra R$ 2k, porque eles tem direito adquirido.

A resposta está na própria pergunta.

Estes "direitos adquiridos" (na realidade o melhor é dizer "espoliação do setor privado por uma casta de vagabundos") tem que ser cortados.

Imediatamente.


Citação de: Presidente Eleito Capitão Jair Mito Messias Bolsonaro
Não podemos penalizar quem já tem direitos adquiridos. O servidor público já sofreu duas reformas.

https://www.noticiasagricolas.com.br/noticias/politica-economia/223635-bank-of-america-mede-o-entusiasmo-de-investidores-com-a-vitoria-de-bolsonaro-na-folha.html

Offline Euler1707

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Re:Reforma da Previdência
« Resposta #268 Online: 07 de Novembro de 2018, 20:08:47 »
Será que Paulo Guedes fará parte do governo?

Acho que quanto a isso não há dúvidas. A grande questão é: quanto tempo vai durar esse casamento?


Sugiro que se mantenha  cético  e duvide  dessas  supostas divergências  entre   o futuros ministros e o chefe, pois  ele e a turma estão adotando táticas de comunicação que visam semear  confusão  na mídia tradicional, de modo que as pessoas não saibam para onde serão realmente  levadas.

Você viu isso lendo um artigo de uma "especialista" em uma revista ultrapartidária (em favor do partido que perdeu a eleição)?

Você percebe que qualquer possível ato ou ação do governo Bolsonaro, incluindo as politicamente burras, podem ser explicadas por essa teoria, mesmo não havendo mesmo uma explicação possível, senão burrice?

Offline Buckaroo Banzai

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Re:Reforma da Previdência
« Resposta #269 Online: 28 de Março de 2019, 11:24:11 »
<a href="https://www.youtube.com/v/mVzTJ0ZM1ZI" target="_blank" class="new_win">https://www.youtube.com/v/mVzTJ0ZM1ZI</a>

<a href="https://www.youtube.com/v/5h5qb0Miopk" target="_blank" class="new_win">https://www.youtube.com/v/5h5qb0Miopk</a>

Offline -Huxley-

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Re:Reforma da Previdência
« Resposta #270 Online: 28 de Março de 2019, 20:55:47 »
Caramba, o sofisma-clichê "A Seguridade Social é superavitária" não morre nunca. Mas sabe qual é a relevância prática desse argumento? Rigorosamente nenhuma! Transformar o déficit em superávit por mudança de métodos contábeis não faz o superávit primário do governo central - soma do Tesouro Nacional  e INSS - mudar um centavo sequer. Por isso, é sempre bom ver quem se apegue ao conceito de razão despesa previdenciária/PIB, pois nesse caso não há controvérsia possível.
« Última modificação: 28 de Março de 2019, 21:00:53 por -Huxley- »

Offline Cinzu

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Re:Reforma da Previdência
« Resposta #271 Online: 28 de Março de 2019, 22:14:50 »
A seguridade social de fato é superavitária. O que não é dito, entretanto, é que seguridade social é composta por:
1. Assistência;
2. Saúde;
3. Previdência.

Estes três items compõem a seguridade social. Dentre eles, a previdência é deficitária, e com déficit crescente, ou seja, cada vez mais são transferidos recursos da saúde e programas assistenciais (como bolsa família e benefícios a idosos ou pessoas com deficiência) para pagamentos de aposentadorias, em especial, aposentadorias de classes privilegiadas como políticos, judiciário e militares, que são os que possuem o maior déficit per capita.

Uma das propostas da reforma, inclusive, é desvincular a previdência da seguridade social, de forma a evitar esse tipo de injustiça e não permitir que sejam destinados recursos de áreas essenciais para a previdência.
"Não é possível convencer um crente de coisa alguma, pois suas crenças não se baseiam em evidências; baseiam-se numa profunda necessidade de acreditar"

Offline Buckaroo Banzai

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Re:Reforma da Previdência
« Resposta #272 Online: 29 de Março de 2019, 16:22:25 »
Caramba, o sofisma-clichê "A Seguridade Social é superavitária" não morre nunca. Mas sabe qual é a relevância prática desse argumento? Rigorosamente nenhuma! Transformar o déficit em superávit por mudança de métodos contábeis não faz o superávit primário do governo central - soma do Tesouro Nacional  e INSS - mudar um centavo sequer. Por isso, é sempre bom ver quem se apegue ao conceito de razão despesa previdenciária/PIB, pois nesse caso não há controvérsia possível.

Também acho isso muito tosco, muito embora não deixe de ser verdade que, o vice-versa também é verdade, transforma-se superávit de uma arrecadação específica em déficit por mudança de métodos contábeis. Ou de políticas contábeis (DRU).

Não fosse a DRU, e desempenho econômico pífio, haveria um "superávit" da previdência momentâneo, de acordo com um planejamento da receita mais rígido (sem DRU), o que acho que se pode dizer que aponta para o problema de gastos crescentes em outras áreas captando o que seria arrecadação originalmente pensada para a previdência. Isso acaba sendo um pouco abafado com o foco dado à previdência de maneira quase exclusiva.

Mas nada disso muda o fato de que, mesmo sem a DRU, o gasto previdenciário cresceria de maneira insustentável (ao menos não vi contra-argumento a isso ainda). E isso não é em nada remediado em se apontar o quão importante é a previdência/seguridade social.

Acho extremamente temeroso haver quem especule sobre a possibilidade de se remediar a previdência através do controle da demografia.


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Re:Reforma da Previdência
« Resposta #273 Online: 02 de Abril de 2019, 12:20:26 »

"Bancos são responsáveis pela crise", diz Maria Lúcia Fattorelli



Fundadora da Auditoria Cidadã da Dívida critica o discurso que legitima proposta de reforma da Previdência de Bolsonaro


Cristiane Sampaio

Brasil de Fato | Brasília (DF) , 7 de Março de 2019 às 13:53

Ouça o áudio:



Maria Lucia Fatorelli durante audiência pública no Senado Federal, em Brasília (DF) - Créditos: Ana Volpe/Agência Senado



O cenário de crise econômica que se alastra pelo país nos últimos anos toma fôlego com a política monetária do Banco Central, ponta de lança do processo que vem provocando a quebra da economia e os altos índices de desemprego em cadeia nacional. A leitura é da auditora fiscal Maria Lucia Fattorelli, fundadora e coordenadora da Auditoria Cidadã da Dívida, movimento que atua em prol da transparência nas finanças públicas.


Em entrevista ao Brasil de Fato, a auditora destaca a preocupação com a supremacia dos bancos ao longo de diferentes governos, critica o discurso oficial de defesa da reforma da Previdência e sustenta: “Querem deixar o nosso povo acreditando nas sombras. A gente tem que sair da caverna e enxergar nossas potencialidades”. 


Confira a seguir os principais trechos da entrevista.


Brasil de Fato: dando um panorama da crise econômica atual, quais fatores teriam sido primordiais pra colocar o país nesse caminho?


Maria Lucia Fattorelli: Na nossa opinião, foi a política monetária do Banco Central (BC). A partir de 2013, ele começou a subir as taxas de juros em todas as reuniões até chegar em 14,25%, que é um absurdo, uma taxa extremamente alta e, quando chegou nesse valor, ficou nesse patamar por mais de um ano. Em março de 2013, estava 7,25%; em abril, foi pra 7,50%; em maio, pra 8%; em julho, pra 8,50%; em agosto, pra 9%; em novembro pra 10%; em abril de 2014, 11%; em janeiro de 2015, já estava em 12,25%; abril, 13,25%; e julho, 14,25% [novamente]. Veja bem, ficou em 14,25% até outubro de 2016.

Demorou muito pra cair também, então, ao mesmo tempo em que o BC começou a acelerar a taxa básica, ele aumentou as compromissadas [modalidade de operação de investimento em que o BC vende ou compra títulos públicos com a responsabilidade de recomprá-los ou revendê-los em uma data futura], o que é, na prática, a remuneração da sobra de caixa dos bancos, em que ele enxuga moeda e entrega título da dívida.

As compromissadas atingiram R$ 1 trilhão no início de 2016, então, uma coisa combinada com a outra significou uma escassez de moeda brutal no mercado. E qual a consequência disso? Os bancos, com toda a sobra que têm pra emprestar, em vez de emprestarem pras indústrias, para o comércio, pras pessoas, para a atividade econômica do país, preferiram colocar no BC, porque a taxa de juros estava alta demais e no BC eles não perdem um dia. Então, eles preferiram pôr essa montanha de dinheiro no BC do que remunerar diariamente, e a indústria, o comércio, todas as empresas, que precisam de crédito, começaram a quebrar porque o crédito ficou alto demais.

Os juros de mercado foram pra mais de 220%, 300% ao ano, e aí a quebradeira de indústria, de estabelecimentos comerciais jogou o povo no desemprego. Em 2015, tivemos um desemprego recorde. E aí o governo, pra não enfrentar a benesse do mercado financeiro, a política monetária do BC, ainda veio com as desonerações [incentivos fiscais para produtos ou operações], ainda no tempo da Dilma. Isso aí agravou mais porque diminui mais ainda a arrecadação e não resolveu o problema das empresas porque elas precisavam de crédito pra financiar sua atividade. A desoneração beneficiou só algumas que já estavam no ponto de vender e distribuir seus produtos.

Então, o que provocou a crise aqui no Brasil foi essa política monetária, e ninguém olha pra ela. Ela não é ensinada nas escolas. Enquanto estavam todos os jornais todo dia dando notícias de Lava Jato, de impeachment da Dilma, o BC estava fazendo essa política, que transferiu um valor brutal de recursos pro setor financeiro.

Além desses fatores que você mencionou, tem alguma outra coisa que ajuda a mover a engrenagem da crise econômica?

Isso daí é o principal. A partir daí, vai desorganizando. Um outro fator é o modelo tributário no Brasil, que penaliza muito a classe trabalhadora, as classes média e baixa, e são as pessoas que tudo que ganham volta pra economia. O salário aqui no Brasil é tão baixo que classes média e baixa têm muito pouca capacidade de fazer poupança. E como que é o nosso modelo tributário? Ele não tributa as grandes rendas, as grandes faixas de renda, e aí isso desorganiza mais ainda a economia, abre mão de uma arrecadação enorme, de arrecadação dos tributos que poderiam incidir sobre o lucro distribuído, sobre as heranças, as fortunas, e isso também desorganiza muito a economia.

Por que o Brasil, que é conhecido mundialmente como um país de grandes riquezas, amarga esta crise econômica atual? Que tipo de ideologia econômica nos trouxe a esse processo? 

Olha, está acima das ideologias conhecidas, acima de qualquer coisa. É uma ganância do mercado financeiro. Isso está acima dos governos, de partidos. Nós temos que ver em que fase da história estamos vivendo, que é a do capitalismo financeirizado. O grande capital está entrando aqui no Brasil de uma forma que há anos domina os diferentes governos que vivemos. Você vê que, no governo do PT, quem dirigia o BC? O Meirelles [Henrique Meirelles, ex-ministro da Fazenda e atual secretário da Fazenda do Estado de São Paulo], banqueiro.

Então, não mudou nada. Isso está acima de ideologia e é um domínio, um poder mundial. E, infelizmente, aqui no Brasil as forças políticas não prestam a devida atenção nisso. Você vê, por exemplo, a pouca atenção que tem a demanda por uma auditoria cidadã da dívida, que é a ferramenta que poderia mostrar, por exemplo, esse escândalo das compromissadas, porque isso daí tem a dívida por trás.

Essa pouca visão, esse turvamento da visão em relação às finanças está fazendo esse domínio financeiro chegar num ponto em que agora [eles afirmam que] a dívida justifica a contrarreforma da Previdência, justifica a entrega da Casa da Moeda, da Eletrobras, da Petrobras, e querem entregar até Banco do Brasil e Caixa Econômica, criando outro mecanismo, o da securitização de créditos, em que os bancos já vão se apoderar diretamente da arrecadação tributária, que nem vai alcançar o orçamento público. Então, ou a população acorda ou não vai ter jeito. Estamos perdendo o país.

A economia nacional iniciou este ano de 2019 sem fôlego e alguns atores sustentam que uma alavancagem só seria possível com a reforma da Previdência. O que tem de armadilha nesse discurso? 

A reforma da Previdência vai fazer o contrário. Quando o governo fala em fazer uma economia de R$ 1 trilhão – que os analistas já falaram que não é isso, e sim R$ 700 bilhões –, que economia é essa? É dinheiro que vai deixar de chegar às mãos da classe trabalhadora através de aposentadorias e benefícios assistenciais. O que acontece quando a população tem menos recursos em suas mãos? Ela não tem recursos pra consumir nem pra comprar alimento direito e aumenta até o [nível de] adoecimento. Então, é um tiro no pé, e mais de 70% dos municípios brasileiros têm a sua economia movimentada pelos recursos da Seguridade Social…

Você mencionou aqui o fato de a população não ter conhecimento sobre o que realmente acontece com a economia do país. Uma educação mais voltada para esse tipo de esclarecimento poderia ser o caminho pra tirar o Brasil desta situação?

Sim, e esse tem sido, inclusive, o esforço da Auditoria Cidadã da Dívida ao longo dos anos, popularizando o conhecimento sobre a realidade financeira porque, veja bem, essa propaganda de que o Brasil está quebrado, de que o país não tem saída, junto com esse menosprezo pelo povo brasileiro, com essas piadinhas de mau gosto de chamar o nosso povo de ‘povinho’, colocando no chão a autoestima [nacional], essa coisa de não valorizarmos a nossas lideranças que existem no Brasil, de que só sai notícia de corrupção, tudo isso tem uma estratégia por trás de reduzir a autoestima das pessoas, e quem está com autoestima baixa está humilhado, desencorajado e aceita entregar tudo.

A gente tem que fazer o contrário. As pessoas nem sabem o quanto o Brasil é rico, nem sabem das nossas potencialidades, da nossa história, de quanta luta já teve, de quantas pessoas foram desprezadas e moralizadas ao longo da história porque traziam essas informações [de esclarecimento]. Querem deixar o nosso povo dentro da caverna, acreditando nas sombras. A gente tem que sair da caverna e enxergar o nosso país, enxergar as nossas potencialidades. Eu espero que esse ataque agora, esse roubo da Previdência social que representa essa PEC 6/2019 [Proposta de reforma da Previdência do governo de Jair Bolsonaro] sirva pra sacudir as pessoas.

Edição: Guilherme Henrique



https://www.brasildefato.com.br/2019/03/07/bancos-sao-responsaveis-pela-crise-diz-coordenadora-da-auditoria-cidada-da-divida/


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Re:Reforma da Previdência
« Resposta #274 Online: 02 de Abril de 2019, 12:29:19 »



Maria Lucia Fattorelli: Banqueiros capturaram o Estado brasileiro



11/08/2013 - 17h13


por Luiz Carlos Azenha


O documento acima é oficialíssimo. Está nas páginas do Senado brasileiro. Leia a linha de número dois, sob Pago:

R$ 134 bilhões, 53 milhões, 618 mil e 451 reais.

É quanto você pagou em juros da dívida brasileira em 2012, segundo o governo (mas há controvérsias, sobre as quais você vai saber abaixo).

Agora leia a linha de número seis, sob Pago:

R$ 618 bilhões, 888 milhões, 549 mil e 837 reais.

É quanto você pagou em amortização/refinanciamento da dívida em 2012.

Uma enormidade, não?

Pois Maria Lucia Fattorelli acredita que, se houvesse uma auditoria, o valor devido poderia ter uma redução de até 70%.

Por que? A ex-auditora da Receita Federal está certa de que existem ilegalidades e irregularidades nas cobranças da dívida brasileira.

Para benefício dos banqueiros e prejuízo dos contribuintes.

Escrevo “contribuintes” porque a dívida é paga com dinheiro de nossos impostos. Tudo o que o Tesouro brasileiro faz é pendurar a conta em nosso nome: “procura o gerente” e entrega uma montanha de papéis assumindo que “devo, não nego, pago quando puder”. Com juros, muitos juros, razão de viver dos bancos.

Aqui, uma pausa importante: a mídia corporativa não tenta explicar tudo o que você vai ler e ouvir abaixo aos leitores, ouvintes e telespectadores. Por que? Porque os bancos são grandes patrocinadores. Por outro lado, mesmo os governos não gostam de falar do assunto. Quanto mais transparência, menor margem de manobra para os acertos de bastidores. Por isso, em geral os governos fazem de conta que o assunto é muito árduo, muito difícil de entender e que você não precisa se preocupar com isso. Ou seja, deve pagar a ficar quieto.

Mas, voltemos ao que interessa…

O poder dos banqueiros sempre foi imenso. Eles definem as regras nas duas pontas: desde as condições de emissão dos papéis em que prometemos pagar até as regras da cobrança.

Faturam com as comissões sobre as transações e com os juros. Juros altos interessam aos banqueiros. Quanto maiores, mais eles recebem emprestando ao governo.

E os cidadãos? Pagam a conta através dos impostos e ficam sem os serviços públicos que o dinheiro dado aos banqueiros poderia financiar. Sem o Metrô, os hospitais e as creches que o dinheiro gasto em juros poderia financiar.

Sob o peso da dívida — grosseiramente, R$ 3 trilhões em dívida interna e U$ 400 bilhões em dívida externa — o governo privatiza. Aliás, “concede”. Entrega parte da soberania.

Entrega à iniciativa privada — cujo objetivo principal, como o dos banqueiros, é o lucro — algo que poderia fazer, possivelmente mais barato, com recursos públicos, se o dinheiro não fosse usado para pagar ou rolar a dívida e os juros.

Concede portos e aeroportos. Facilita o acesso a recursos naturais. Em outras palavras, entrega o ouro.

Maria Lucia Fattorelli é coordenadora da Auditoria Cidadã da Dívida, uma entidade que batalha para que o Brasil faça o mesmo que o Equador fez, em 2007 e 2008. Aliás, uma experiência sobre a qual Maria Lucia pode falar de cátedra. Ela foi convidada pelo presidente equatoriano Rafael Correa a fazer parte da CAIC, a Comissão de Auditoria Integral da Dívida Pública.

Resultado final? Boa parte da dívida equatoriana era ilegal. Não havia provas, por exemplo, de que o governo tinha de fato recebido os empréstimos pelos quais estava pagando. Ao fim e ao cabo, o presidente Correia reconheceu apenas 30% da dívida. Curiosamente, 95% dos bancos credores do Equador aceitaram fazer acordo com o governo e renunciaram a qualquer ação nos tribunais internacionais.

O Brasil tem hoje uma dívida externa de cerca de U$ 440 bilhões. Uma fatia razoável é de empresas privadas, que tomam dinheiro no Exterior. Mas Maria Lucia está certa de que a fatia pública desta dívida externa, em caso de auditoria, teria um cancelamento tão grande quanto a do Equador, dado que condições similares foram aplicadas ao mesmo tempo nos dois paises por banqueiros internacionais e que, em 1992, parte da dívida dos dois países prescreveu.

Prescreveu? Prescreveu e continuamos pagando?

Para entender melhor, ouça o trecho da entrevista em que Maria Lucia fala a respeito de seu trabalho no Equador:



Durante a gravação Maria Lucia fez duas promessas.

Primeiro, nomear os bancos norte-americanos que, através do Banco Central dos Estados Unidos, o Fed, controlam a taxa de juros que nos é cobrada na dívida externa, a Prime: Citibank, Chase Manhattan, Goldman Sachs, JP Morgan e Bank of America, entre outros. Já a Associação dos Banqueiros de Londres tem peso decisivo na definição da Libor, outra taxa importante no mercado.

A auditora também prometeu o gráfico abaixo:



A coluna azul é dos gastos sociais no Equador. A coluna vermelha é a do serviço da dívida pública. Notem como ela foi invertida nos últimos anos. É óbvio, mas não custa reafirmar: menos dinheiro pagando juros é mais dinheiro disponível para gastos sociais e investimento em infraestrutura.

Maria Lucia acha factível o Brasil fazer o mesmo que o Equador: “Se o Brasil toma uma iniciativa dessas, ele encoraja outros paises a enfrentar o esquema”. O “esquema” a que ela se refere é o sistema pelo qual os banqueiros passaram a capturar fundos públicos para turbinar seu poder no mundo.

No trecho seguinte da entrevista, ela explica que a origem da dívida interna brasileira, de quase R$ 3 trilhões, se deu no Plano Real, quando para combater a inflação o governo de FHC disparou a taxa de juros para atrair dinheiro de fora.

Desde então, acusa Maria Lucia, o Tesouro brasileiro comete ilegalidade ao emitir dívida para pagar juros, o que segundo ela é inconstitucional:



Maria Lucia Fattorelli também teve participação importante na Comissão Parlamentar de Inquérito da dívida, realizada no Congresso (veja todos os detalhes aqui), que gerou denúncias enviadas ao Ministério Público Federal.

Na CPI, algumas informações importantes foram levantadas.

Por exemplo: quem são os detentores dos títulos da dívida?

“Pessoa física mesmo quase não aparece no gráfico”, diz ela.

Mais da metade da dívida está nas mãos dos banqueiros.

Ou seja, numa ponta eles incentivam o governo a gerar dívida e faturam comissões vendendo a dívida; noutra, faturam com os juros da dívida. Que bom negócio!!!



Outro detalhe impressionante diz respeito ao arranjo que existe para a venda dos títulos brasileiros.

“O Tesouro, quando emite os títulos, somente um grupo privilegiado de doze instituições financeiras pode comprar esses títulos. Se eu, você, qualquer brasileiro quiser nós vamos ter de comprar através de uma corretora, de um intermediário”, conta Maria Lucia.

São os chamados “dealers”.

“Olha como o jogo funciona. O Tesouro emite. Se os juros não estão no patamar que eles querem, eles não compram. Por isso é que são os ‘dealers’, eles é que mandam. Antes, eles já se reúnem e já repartem, de tal forma que apenas um, no máximo dois vão participar de cada leilão, para não ter concorrência! Tudo muito bem repartido. É um esquema que a gente, quando descobre essas coisas… não é possível que a finança do País tá desse jeito!”



A lista acima é a dos “dealers” a que se referiu Maria Lucia.

E como é definida a taxa Selic, a principal taxa de juros do Brasil? Antes da trigésima sexta reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central, houve uma consulta a “analistas independentes”.

Você que está nos lendo e paga a conta, foi consultado?

Ah, lógico que não.

Veja quem o BC ouviu, segundo Maria Lucia:



Caraca!, exclamaria você. Os banqueiros estão em todas as pontas do negócio.

Participam da emissão da dívida, influem nas taxas de juros e recebem a taxa de juros sobre a qual influem!!!

Estes são os motivos pelos quais Maria Lucia Fattorelli acredita num grande abatimento da dívida brasileira em caso de auditoria: ilegalidades, conflito de interesses e tráfico de influência, como registrado acima.

Ela faz um resumo neste trecho da entrevista:



Maria Lucia Fatorelli suspeita que o governo federal esteja fazendo manobras contábeis ao lidar com a dívida e, no curso delas, viola o artigo 167 da Constituição, que não permite emissão de dívida para pagamento de juros.

A suspeita nasceu assim: na tabela que aparece logo abaixo, está dito na linha 2 que o Brasil pagou R$ 134 bilhões em juros da dívida em 2012. A taxa média de juros no ano passado, de acordo com o próprio Banco Central, foi de 11,72%.

Mas, aplicando a taxa ao estoque total da dívida interna e externa — cerca de R$ 3,4 trilhões no início de 2012 — o número deveria ser muito maior!

Nos cálculos de Maria Lucia, o total de juros pagos em 2012 deveria ter sido de R$ 398 bilhões.

E onde foi parar a diferença? O gato comeu R$ 264 bilhões em juros?

Na opinião da auditora, é a prova de que o governo emite títulos para pagar juros.

Com isso, parte substancial do pagamento de juros acaba na coluna “refinanciamento”.

Salta da linha 2 para a linha 6:



Maria Lucia Fattorelli insiste que isso contraria a Constituição.

“Fraude!”, insiste. No trecho da entrevista ela se refere à tabela acima:



Ao fim e ao cabo, segundo Maria Lucia, é o peso da dívida que acaba enfraquecendo o endividado Estado brasileiro.

Seria o motivo para as concessões de estradas, rodovias, portos e ferrovias anunciadas pelo governo Dilma.

Para fazer parecer que o problema não é tão grave quanto é, os cálculos do governo sobre a relação entre a dívida e o PIB, a soma de todas as riquezas produzidas no Brasil, considera a chamada “dívida liquida”, ou seja, o governo desconta as reservas detidas pelo Brasil em dólares, de cerca de U$ 400 bilhões, da equação.

Da mesma forma, quando o governo calcula o pagamento de juros como parte do Orçamento, não inclui os juros que, segundo Maria Lucia Fatorelli, estão “embutidos” no refinanciamento da dívida.

Seriam truques para fazer parecer que o problema não é tão grave quanto é. Acabam mascarando o domínio dos banqueiros sobre o “sistema”.

É por isso que os dois gráficos abaixo, divulgados pela Auditoria da Dívida Cidadã na internet, causam tanta controvérsia. Os governistas acham que só deveriam ser considerados os R$ 134 bilhões oficialmente declarados como juros pagos em 2012, não R$ 753 bilhões que são a soma de juros + amortizações.





Ao concluir nossa entrevista, Maria Lucia Fattorelli diz que o crescente grau de endividamento reduz a margem de manobra do governo e o empurra para as privatizações, agora “de estruturas de estado”, não apenas de empresas lucrativas, como aconteceu no período da privataria tucana. Outro ponto controverso,  já que petistas insistem que concessões não equivalem à venda de patrimônio.




Maria Lucia opina que o Estado brasileiro hoje serve mais aos banqueiros que aos cidadãos que pagam a conta. Outra opinião capaz de causar um acalorado debate, mas desta vez na federação dos banqueiros, a Febraban, que costuma dizer que os bancos prestam um serviço público, sem admitir que fazem isso também às custas do dinheiro público.

Ouçam o trecho final da entrevista:




https://www.viomundo.com.br/denuncias/maria-lucia-fatorelli.html

« Última modificação: 02 de Abril de 2019, 12:36:42 por JJ »

 

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