Juca, essa vai ser minha terceira e ultima resposta para você. A essa altura, tudo que estou fazendo aqui é repetir o que eu já disse antes, mas mesmo assim, espero que você entenda as coisas dessas vez. Perceba você que eu já dei todos os dados estatísticos para o que eu vou falar agora ainda já nos meus posts-resposta anteriores à você. Perceba também que você não deu dados para corroborar o que você afirmou, mas só deu alguns links, um para uma reportagem do UOL e outro para o Google com resultados de pesquisa que dão todos em links com reportagens semelhantes a do UOL. Eu vou tentar ser o mais claro possível aqui e vou tentar mostrar o máximo de dados e de pesquisas para corroborar o que eu afirmo. Pois bem:
Euller, o aumento de desalentados se dá quando as pessoas param de procurar emprego, não quando elas procuram. Mais gente sem procurar emprego significa menos desempregados pelos calculos estatíscos.
Juca, eu já toquei nesse ponto antes, e você parece ter ignorado isso: o aumento do número de desalentados é consequência direta da crise e do aumento do número de pessoas procurando emprego. Em tempos de recessão econômica, a medida que tem mais pessoas procurando emprego, mais pessoas desistirão de procurar emprego. No nosso caso, esse aumento de desalentados foi causado principalmente pela crise econômica. Você pode checar isso diretamente
aqui, no gráfico da página 31, que mostra exatamente isso: O aumento do número de pessoas desalentadas vem exatamente da redução da Proporção de pessoas fora da PEA que antes de 2015 (o ano da crise) não trabalhariam:
[...] Entre o início de 2015 e o início de 2017, em que houve um acentuado aumento do desemprego, observa-se que o grupo do desalento acompanhou essa subida da desocupação. Nesse período, o montante de desalentados registrou um crescimento de quase 2 pontos percentuais (p.p.) em relação à PIA, confirmando notícias vinculadas na mídia recentemente. A partir desta constatação e mantendo-se tudo mais constante, este movimento deveria resultar em uma queda do fluxo de trabalhadores da inatividade para
a força de trabalho, o que, entretanto, não ocorreu, tendo em vista que a PEA também apresentou expansão.
A aparente contradição é equacionada pelo mesmo gráfico A.1, que mostra uma queda significativa da parcela dos inativos que não gostaria de trabalhar. Esse cenário parece-nos condizente com um aumento do desemprego e uma retração dos rendimentos. Nesse contexto, é possível que indivíduos que se dedicavam exclusivamente a outras atividades (como estudos ou afazeres domésticos) passem a desejar trabalhar para compensar uma perda de renda e/ou de emprego de um familiar e/ou de um outro
membro do domicílio. Mas a simples aspiração a um posto de trabalho não é suficiente para integrar a força de trabalho, e, neste caso, o desalento pode materializar-se como uma barreira para tal transição.
Esse fenômeno não é uma exclusividade do Brasil, embora o nosso caso seja fundamentalmente distinto do da matéria, pois o aumento do número de desalentados foi causado não pelo aumento do desemprego, mas principalmente pela crise que jogou essas pessoas no mercado de trabalho.
E outra coisa, se você procurar os dados econômicos a partir da reforma e correlacioná-los com a atividade econômica verá que o nível de desemprego e o de emprego continuam acompanhando o ritmo econômico e os dados pós reforma trabalhista não demonstram que ela ajudou a criar mais ou menos empregos.
Juca, é muito cedo para discutir qualquer efeito da reforma trabalhista na criação de empregos formais.
Ainda há bastante incerteza jurídica, alguns pontos como a
constitucionalidade do trabalho intermitente ainda estão a ser discutidos, e outros pontos como a terceirização para atividade-fim foram aprovados há pouco tempo, justamente os dois pontos que mais podem contribuir com a criação de vagas formais (no caso, formalizar vagas que antes eram da informais).
É uma coisa básica, quando se fala de emprego, é atividade econômica e não a legislação que faz um empresário ou o até mesmo o setor público contratar
Juca, nisso você está errado, e o Brasil, com seu sempre enorme contingente de trabalhadores na informalidade, com uma parte significa (32% em 2012) desse contingente recebendo menos que um salário mínimo, mostra o quão errado você está. Quanto mais restritivas são as leis trabalhistas, mais trabalhadores irão para a informalidade. Sugerir o contrário, como o título da reportagem do UOL fez, é canalhice.
e não a legislação trabalhista, e essa reforma que foi promessa de criação de empregos e aumento da atividade economica não contribuiu em nada com isso, até por questões óbvias como a formalização dos sub empregos que se dão com a terceirização, os trabalhos intermitentes e a pejotização, que não favorecem o trabalhos com carteira assinada.
Aham, Juca. Tá sabendo legal. O mais incrível disso é você conseguir se contradizer em duas linhas.
Mas me diga, Juca, o que há de errado em regulamentar e trazer para a formalidade empregos que antes eram informais? É tão errado assim garantir alguns direitos para pessoas que antes trabalhavam e não tinham nenhum?
Por mais que você argumente de modo correto, ao contrário de outros que acham que qualquer coisa que vá contra os dogmas da direita seja coisa de comunista, e eu respeito muito isso, os fatos e os dados demonstram que a reforma trabalhista não criou e a expectativa que crie algum emprego é muito baixa ou nenhuma.
Como eu já disse, o poder da reforma trabalhista está em criar vagas formais. Ainda é muito cedo para afirmar qualquer sobre a reforma, você não acha?