Juca, eu já toquei nesse ponto antes, e você parece ter ignorado isso: o aumento do número de desalentados é consequência direta da crise e do aumento do número de pessoas procurando emprego. Em tempos de recessão econômica, a medida que tem mais pessoas procurando emprego, mais pessoas desistirão de procurar emprego. No nosso caso, esse aumento de desalentados foi causado principalmente pela crise econômica. Você pode checar isso diretamente aqui, no gráfico da página 31, que mostra exatamente isso: O aumento do número de pessoas desalentadas vem exatamente da redução da Proporção de pessoas fora da PEA que antes de 2015 (o ano da crise) não trabalhariam:
Sim, o numero de desalentados é consequencia da crise, aqui concordamos, mas o aumento de desalentados se dá porque essas pessoas cansaram de procurar empregos, são desempregados que desistiram de um emprego formal. Essa é causa desse fenômeno, o desemprego e a falta de geração de empregos e não porque mais pessoas estão procurando empregos, talvez tenham relação, mas não vejo correlação, não é causa em si. Não sei se fui claro.
Juca, Você viu o do gráfico na página 31 que mostra que o aumento de desalentados se deu quase na mesma proporção de pessoas na inatividade que começaram a buscar emprego?
Você pode até argumentar que correlação não é causa, mas não pode negar que as pessoas que antes estavam na inatividade são mais propícias de não arranjar um emprego.
Juca, é muito cedo para discutir qualquer efeito da reforma trabalhista na criação de empregos formais. Ainda há bastante incerteza jurídica, alguns pontos como a constitucionalidade do trabalho intermitente ainda estão a ser discutidos, e outros pontos como a terceirização para atividade-fim foram aprovados há pouco tempo, justamente os dois pontos que mais podem contribuir com a criação de vagas formais (no caso, formalizar vagas que antes eram da informais).
Mais de um ano depois, qualquer pessoa esperaria ver algum resultado prático, uma pequena evidência talvez. Alguém tem? Até agora tudo que eu pesquisei, todos os especialistas dizem que a reforma não contribuiu com a geração de empregos, e que a geração de empregos depende da retomada da economia ( isso eu já sabia antes). Mais de uma ano pode ser cedo para o país sentir o efeito da reforma, como você diz, pode ser que daqui 2, 3 ou 10 anos isso seja fato, e estajamos errados, mas não se esqueça, tem que provar que a geração de empregos se deu acima dos índices que historicamente aconteceram nas ultimas décadas no Brasil. Se hipoteticamente crescendo 5% se gerou 1.000.000 de empregos, nesses novos tempos esses índices terão que ser visivelmente melhores, mas até agora nada.
Geração de emprego =/= geração de emprego formais (com carteira de trabalho).
É frustrante ter que dizer isso, mas, Juca, leia de novo a parte que você quotou.
Juca, nisso você está errado, e o Brasil, com seu sempre enorme contingente de trabalhadores na informalidade, com uma parte significa (32% em 2012) desse contingente recebendo menos que um salário mínimo, mostra o quão errado você está. Quanto mais restritivas são as leis trabalhistas, mais trabalhadores irão para a informalidade. Sugerir o contrário, como o título da reportagem do UOL fez, é canalhice.
Euler, você como bom debatedor se apega bastante nos dados históricos, então deveria pesquisar sobre o período do boom econômico da década passada e a criação de empregos formais, e veria que quem está errado é você, e o que cria empregos formais é o crescimento econômico e a evolução da renda. Existem países com leis trabalhistas enxutas como os EUA e muito mais complexas e que previligiam muito os trabalhadores como os países nórdicos ou muitos europeus, e eu não consegui encontrar nenhuma relação entre isso e a criação de empregos.
Juca, eu não me referi à criação de empregos formais. Ela, junto com a criação de empregos informais, também é resultado do crescimento econômico. O que eu estou me referindo aqui, Juca, é sobre o enorme contingente de pessoas na informalidade, aquelas que não estão trabalhando com carteira assinada porque, e justamente porque, os custos de um trabalhador na informalidade é menor do que a de um trabalhador na formalidade. Quanto mais encargos trabalhistas, mais pessoas na informalidade (esse caso você estiver pensando nisso, não é porque os empresários são malvados que há tantas pessoas na informalidade, mas porque a maioria deles são pequenos e micro empresários [80% dos empregadores] e que não podem arcar com os custos de contratar um empregado com carteira assinada)
Aham, Juca. Tá sabendo legal. O mais incrível disso é você conseguir se contradizer em duas linhas.
Mas me diga, Juca, o que há de errado em regulamentar e trazer para a formalidade empregos que antes eram informais? É tão errado assim garantir alguns direitos para pessoas que antes trabalhavam e não tinham nenhum?
Não ás custas de precarizar todos os outros empregos, ainda mais sem garantia nenhuma que esses outros empregos formais que até agora não foram criados, sejam de fato criados.
Aham, Juca. Regulamentar o trabalho intermitente e a terceirização e trazer mais trabalhadores para a formalidade = precarizar todos os empregos.
Como eu já disse, o poder da reforma trabalhista está em criar vagas formais. Ainda é muito cedo para afirmar qualquer sobre a reforma, você não acha?
Ainda está por se provar, e não tenho nenhuma esperança que isso aconteça fora da curva do crescimento econômico.
Como assim ainda está por se provar? você não acabou de certo modo concordar que a reforma traz para a formalidade empregos via aprovação da terceirização e dos trabalhos intermitentes (você citou Pjotização, mas que eu saiba, isso ainda continua ilegal...)?
até por questões óbvias como a formalização dos sub empregos que se dão com a terceirização, os trabalhos intermitentes e a pejotização, que não favorecem o trabalhos com carteira assinada.
Tá certo que você entrou em contradição na segunda linha, mas isso é só um detalhe.