Ora, isso pode ser tudo menos uma inteligência por detrás das mensagens, pois que elas são padronizadas, evidenciando que não há seres distintos inteligentes ditando-as - dogma fundamental do mediunismo.
Percebe?
Por favor, aponte fonte confiável, demonstrando essa padronização.
Estou na DE há mais de 20 anos, sou rigoroso com a ética doutrinária e nunca ouvi nada a respeito.
Pode ser que nunca tenha
ouvido nada nesse sentido: seria de admirar que, no entorno espírita, comentário desse jaez circulasse. Mas, certamente deve ter
contemplado algo nesse sentido, pois, supostamente, tenha examinado centenas de mensagens psicografadas.
Dou-lhe exemplo extraído de artigo que escrevi há alguns anos:
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CHICO XAVIER e a MEDIUNIDADE
-Moizés Montalvão-
Apresentamos considerações sobre o famoso médium, falecido em 30 de junho de 2002. A essa figura singular o espiritismo devota profunda admiração e respeito. Chico Xavier, pela obra que produziu e devidos aos supostos contatos mantidos com o mundo espiritual, é por muitos considerado como aquele que enriqueceu e ampliou o trabalho de Allan Kardec. Há até quem advogue que o médium de Uberaba tenha sido a reencarnação do patriarca do espiritismo. Desse assunto falaremos mais tarde.
Francisco Cândido Xavier foi personalidade incomum: uma pessoa que pregava o bem e atendia aos que o procuravam com carinho e solidariedade. Despojado do interesse por bens materiais, doava toda a renda de seus livros para a causa na qual acreditava. Entre Francisco Xavier e o kardecismo houve autêntica simbiose (as partes envolvidas obtiveram vantagens): no espiritismo, Chico Xavier encontrou o equilíbrio psicológico de que necessitava; e o movimento espírita ganhou formidável impulso com o trabalho desse dedicado apóstolo.
As inegáveis qualidades do médium de Uberaba não o impediram, entretanto, de cometer numerosos equívocos religiosos, culturais e filosóficos. Nas transcrições das mensagens que dizia serem provindas dos espíritos é fácil encontrar-se múltiplas fantasias. Chico Xavier foi um homem bom...e iludido. Iludiu-se a si próprio e a milhões de outros. Esta afirmação será esclarecida nas próximas linhas.
Os escritos do médium são o melhor material para que conheçamos a real fonte de sua alegada mediunidade.
Uma figura talentosa não está livre de perpetrar deslizes. Supomos que Chico Xavier foi pessoa honesta, que acreditava manter contato constante com o além. Contudo, quando examinamos o material produzido pelo médium, e atribuído a uma plêiade de espíritos, deparamos com questões que não coadunam com a suposta atuação de entidades espirituais.
Os espíritas declaram: como poderia alguém elaborar textos complexos com admirável rapidez, senão inspirado pelas almas desencarnadas? Além disso, Chico Xavier discorria sobre coisas concretas e íntimas de pessoas com as quais jamais convivera; e redigia poemas, contos e romances no mesmo estilo de escritores desencarnados. Se os espíritos não estavam lhe passando as revelações quem estaria?
Alguns religiosos contrários ao espiritismo, ansiosos por explicarem o mistério, apressadamente atribuem o desempenho de Chico Xavier, e de outros médiuns, à ação de entidades demoníacas. Entendem que o médium estaria influenciado por asseclas do capeta, os quais simulariam serem almas de falecidos. No entanto, a teoria peca por acrescentar um dificultador ao assunto: teríamos de admitir que seres malignos sejam capazes de dominar as mentes e os corpos das pessoas. Essa concepção em vez de explicar, constitui um complicador, pois as criaturas de Deus não passariam de meros joguetes nas mãos de espíritos do mal.
Algumas organizações religiosas defendem tal idéia, entretanto seguir por esse caminho significa deparar mais dúvidas que esclarecimentos.
[...]
Uma cuidadosa reflexão sobre a obra de Chico Xavier nos encaminha para inevitável conclusão: a origem dos fenômenos atribuídos aos espíritos está na fértil e imaginosa mente do próprio médium!
O espiritismo não aceita essa argumentação, portanto vamos esmiuçá-la para facilitar o entendimento.
O kardecismo não concorda que médiuns “fabriquem” as comunicações, porque o contato com os espíritos é o principal alicerce da doutrina espírita. Portanto, é compreensível a resistência que demonstram em acatar interpretações outras que não a realidade da comunicação com os mortos.
[...]
Sem intenção de ferir brios ou ofender as crenças alheias, vamos buscar compreender desapaixonadamente a matéria. E quem melhor que Chico Xavier para nos acompanhar nesse trabalho de reflexão? Do proclamado médium temos material de sobra para realizar análise profundada. Se entendermos o mecanismo que permitia a Chico Xavier realizar o que atribuía à ação de entidades do além, será fácil entender os demais médiuns.
Mesmo um exame superficial do trabalho de Chico Xavier mostra peculiaridades interessantes, destacaremos duas delas:
1. a generosa produção escrita do médium. Chico psicografou 412 livros, alegadamente inspirados por escritores falecidos e, também, outras obras versando sobre diversos temas (ditas se tratarem de material enviado mediunicamente por seres espirituais). Ainda, redigiu milhares de mensagens de consolo e de orientação pretensamente mandadas por almas desencarnadas;
2. o estilo do médium, bastante característico: florido, colorido, carregado de expressões açucaradas, estilo este sempre presente nos escritos que dizia provindos das plagas espirituais. (Parece que no além todos escrevem da mesma forma...).
Chico Xavier afirmava que nada realizava de si mesmo, tudo recebia dos espíritos. Aliás, esta é a tese dominante no meio espírita: a de que os médiuns são apenas vias por onde os espíritos comunicam.
Os apologistas da mediunidade de Chico alardeiam que ele não passou da formação básica (teria completado somente o antigo curso ginasial, uns asseveram que ele cursou apenas o primário), portanto não possuiria cultura suficiente para realizar com sua própria inteligência os escritos que trouxe à luz.
Contudo, podemos apresentar um questionamento relativo à alegada mediunidade de Chico:
Por que Chico Xavier vertia quase somente psicografias literárias? Nenhum músico falecido o visitou... Nenhum pintor... Nenhum cientista... Nenhum filósofo... Só literatos! É de estranhar. Os médiuns, conforme se diz, são veículos receptores das comunicações feitas pelos mortos. O recebedor não elabora coisa alguma, apenas recebe. Os médiuns seriam personalidades habilitadas a comunicarem com os espíritos, a fim de receber informações, notícias e orientações. Seria, portanto, de esperar que figuras ilustres de outros campos da arte e da ciência, além da literatura, se valessem da enorme capacidade mediúnica de Chico para enviarem seus recados. Porém, nada! Apenas uma parcela de homens de literatura teria se atrevido a comunicar por meio de Chico Xavier!
Quão fecundo e benéfico para o aprimoramento do saber filosófico se Platão, Aristóteles e outros grandes pensadores do passado viessem até Chico Xavier para esclarecer as dúvidas que pairam sobre as proposições que nos deixaram! Mas Chico só discorria sobre o que lhe era conhecido...
[Temos uma hipótese que responderia a essa dúvida, em conformidade com a ideia por nós defendida, de que a mediunidade se origina no subconsciente do médium:
Chico Xavier era um dedicado apreciador da literatura e da poesia. Também lia sobre História e obras que popularizavam conhecimentos científicos. Portanto, nada mais lógico que contatasse “espíritos” adstritos à sua área de conhecimento. Chico jamais faria canalização com o espírito de Einstein (pelo menos não para falar sobre a relatividade), vez que a Física, ao nível de conhecimento einsteiniano, estava além do saber do médium.]
Analisaremos o livro “Novamente em Casa” (Grupo Espírita Emmanuel – S/C EDITORA – 1984) que contém propalados contatos entre Chico Xavier e dezesseis falecidos. As mensagens foram o resultado da procura pelos parentes de notícias de seus mortos. Reproduziremos e comentaremos trechos dos comunicados, o que demonstrará, sem sombra de dúvidas, que os escritos foram elaborados por Chico Xavier e não pelos espíritos.
As missivas são repletas de conclamações à esperança, à compreensão, à alegria. Chico Xavier se esmerava em apresentar consolo aos que choravam a morte de familiares. É admirável o esforço do médium nesse trabalho. Contudo, da leitura atenta das cartas percebe-se que Chico Xavier está presente em todas elas, não apenas como um canal mediúnico, sim como o produtor dos recados!
É compreensível que familiares enlutados se sintam jubilosos ao receberem notícias dos que se foram e não questionem ter havido inegável modificação na forma como escreviam quando vivos. Mãe, pai, irmãos, amigos, todos sofrem com a perda do ente amado e aceitam simulacros de comunicação sem maiores críticas. O que desejam é acalmar a dor que os domina.
Em todas as cartas apresentadas no livro sob comentário percebe-se que muitas palavras e expressões se repetem com admirável freqüência. Ou os escreventes combinaram entre si que todos se manifestariam de igual maneira (o que é improvável), ou as missivas foram formuladas por uma única mente (o que é muito mais coerente). Vejamos algumas dessas expressões:
• mãezinha;
• paizinho;
• querido fulano;
• querido beltrano;
• bênção;
• flores;
• nosso querido sicrano;
• nosso amigo, nossa amiga.
Outro destaque digno de nota: em todas as situações que tratam de mortes por acidentes, notadamente automobilísticos, o bom coração de Chico Xavier se apressava em isentar de qualquer responsabilidade os autores das tragédias. Imprudência, drogas, imperícia, cachaça... são situações que a mente florida do médium não admite. Essa fantasia se vê não apenas no livro “Novamente em Casa”, ora em estudo, mas em quaisquer respostas de envolvidos em tragédias, que comunicavam por meio de Chico Xavier.
A forma excessivamente colorida de escrever é característica do médium mineiro, não dos mortos “contatados”. Este é um fortíssimo indício de que o verdadeiro autor dos escritos é o próprio Chico.
Nos exemplos que apresentaremos, em duas das cartas os fictícios redatores grafaram igual expressão, pouco comum em cartas: “rosas sem espinhos”, (vejam os recados de números 9 e 11 – a primeira de José E. Bernardo e a outra de Marcel Jivago de Faria França). Neste caso, os escreventes não tinham parentesco entre si, possuíam formação cultural diferente e um faleceu adulto e o outro na infância. Mesmo assim teriam recorrido à mesma frase, que dificilmente seria utilizada por um jovem de 21 anos, e, muito mais dificilmente constaria do vocabulário de um menino de 10 anos!
As “cartas” apresentam algumas idéias insólitas sobre o outro mundo:
- as pessoas no além vão para hospitais, ficam internadas em recuperação, fazem tratamento de saúde (cartas nºs 5,6,15,16); alguns se ressentem por serem mal atendidos, tal qual em hospitais desse mundo (carta 6). Para Chico Xavier, o espírito leva consigo os males da matéria...(Seria um espetáculo inusitado a visão de uma alma gripada, com febre, com dor de dente, com diarréia...);
- para escreverem as “cartas” as almas são encaminhadas a um lugar especial, onde operam um “engenho técnico” − (talvez um computador celeste), que lhes possibilita preparar as mensagens (carta 7); lá são severamente monitoradas pelos seus “ajudadores”, que não lhes permitem passar do “horário”( carta 16). (O mundo material se repete na esfera espiritual...);
- as almas se declaram “hóspedes” de onde estão e fazem de tudo para não abusarem da hospitalidade recebida (carta 15). (No além elas não têm um cantinho seu, dependem de favores dos “donos” para se acomodarem...);
- para a outra vida os falecidos levam consigo angústias e padecimentos: choram, sentem saudades, sofrem...(a existência do “outro lado” não tem muita diferença da vida que se leva neste mundo);
- no além, os espíritos conservam o estádio de vida em que estavam ao morrerem: as crianças ficam com o espírito infantil; os jovens mantêm a alma nessa fase; os velhos são almas igualmente idosas...
- na outra existência, as pessoas executam atividades profissionais da forma como realizaram quando vivas: médicos clinicam (carta 5), enfermeiras prestam atendimento aos doentes (carta 6), os clérigos dão apoio e orientação (1)...Igualzinho ao que existe na Terra... A nosso ver, esta é uma demonstração do limite da imaginação dos médiuns, pois não conseguem “criar” um mundo novo, no qual os trabalhos sejam de maior amplitude e mais ricos dos que existem nesta vida. (será que os bancários, os advogados, os eletricistas, os faxineiros, encanadores, etc., também dão continuidade aos seus afazeres? E o que diríamos dos ladrões, dos corruptos, dos vigaristas?);
- no além as pessoas estudam... sabem o quê? Reencarnação! Parece que por lá o assunto também gera dúvidas.(carta 15)
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Sem dúvida, a real origem da mediunidade de Chico Xavier é clara. Basta uma avaliação criteriosa do trabalho do médium: o próprio Chico Xavier se revela como autor das psicografias!
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