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Ínclito Spencer,
Ainda sobre Lêntulo...
Veja o texto que segue, este mais sintético, mesmo assim elucidativo.
"Quem foi Publio Lentulus
Político romano, nascido no período terminal da república, Publius Cornelius Lentulus Sura teve uma vida particula polêmica, a ponto de ser expulso do senado por causa disto. Foi questor (81 a.C.) e pretor (75 e 63 a.C.). Tomou parte numa tentativa de golpe perpetrada por Catilina. Descoberta e reprimida a conspiração, ele foi preso estrangulado (63 a.C.).
[este, então, não seria o Publio de Chico Xavier, pois o lucubrado pelo médium fora contemporâneo de Cristo]
Mas existiu também outro Lentulus. Publius Cornelius Lentulus Spinther foi edil (63), pretor (60) e cônsul (57). Foi partidário de Cícero e pôs-se ao lado de Pompeu na luta contra César. Foi preso e executado logo após a batalha de Farsália, que praticamente selou o destino de Pompeu e seus seguidores.
[também não seria, pois posterior a Jesus]
Espere aí! Não está faltando nada? E quanto ao procurador da Judéia, contemporâneo de Cristo e que deu uma descrição detalhada dele:
“Sabendo que desejais conhecer quanto vou narrar; existindo nos nossos tempos um homem, o qual vive atualmente de grandes virtudes, chamado Jesus Cristo, que pelo povo é inculcado profeta da verdade, e os seus discípulos dizem que é filho de Deus, criador do Céu e da Terra e de todas as coisas que nela se acham e que nela tenham estado; em verdade ó César, cada dia se ouvem coisas maravilhosas desse Jesus; ressuscita os mortos, cura os enfermos, em uma só palavra: é um homem de justa estatura e é muito belo no aspecto. Há tanta majestade no rosto, que aqueles que o vêem são forçados a amá-lo ou temê-lo.
Tem os cabelos da cor da amêndoa bem madura, são distendidos até as orelhas, e das orelhas até as espáduas, são da cor da terra, porém muito reluzentes. Tem no meio da sua fronte uma linha separando os cabelos, na forma em uso nos Nazarenos; o seu rosto é cheio, o aspecto é muito sereno, nenhuma ruga ou mancha se vê em sua face de uma cor moderada; o nariz e a boca são irrepreensíveis. A barba é espessa, mas semelhante aos cabelos, não muito longa, mas separada pelo meio; seu olhar é muito especioso e grave; tem os olhos graciosos e claros; o que surpreende é que resplandecem no seu rosto como os raios do sol, porém ninguém pode olhar fixo o seu semblante, porque quando resplandece, apavora, e quando ameniza faz chorar; faz-se amar e é alegre com gravidade.
Diz-se que nunca ninguém o viu rir, mas antes chorar. Tem os braços e as mãos muito belas; na palestra contenta muito, mas o faz raramente e, quando dele alguém se aproxima, verifica que é muito modesto na presença e na pessoa. É o mais belo homem que se possa imaginar, muito semelhante a sua Mãe, a qual é de uma rara beleza, não se tendo jamais visto, por estas partes, uma donzela tão bela...
De letras, faz-se admirar de toda a cidade de Jerusalém; ele sabe todas as ciências e nunca estudou nada. Ele caminha descalço e sem coisa alguma na cabeça. Muitos se riem, vendo-o assim, porém em sua presença, falando com ele, tremem e admiram. Dizem que um tal homem nunca fora ouvido por estas partes. Em verdade, segundo me dizem os hebreus, não se ouviram, jamais, tais conselhos, de grande doutrina, como ensina este Jesus; muitos judeus o têm como Divino e muitos me querelam, afirmando que é contra a lei de tua Majestade.
Diz-se que este Jesus nunca fez mal a quem quer que seja, mas, ao contrário, aqueles que o conhecem e com ele têm praticado, afirmam ter dele recebido grandes benefícios e saúde, porém à tua obediência estou prontíssimo - aquilo que Tua Majestade ordenar será cumprido.
Vale, da Majestade Tua, fidelíssimo e obrigadíssimo. “
Públio Lêntulus
(Há variantes do texto acima, a partir de um manuscrito do século XV)
Então que foi a antiga encarnação de Emmanuel, apresentada em livro homônimo de Chico Xavier?
“Levando as suas dissertações ao passado longínquo, afirma ter vivido ao tempo de Jesus, quando se chamou Públio Lentulus. E de fato, Emmanuel, em todas as circunstâncias, tem dado a quantos o procuram o testemunho de grande experiência e de grande cultura.”
Simplesmente, até onde se sabe, não foi ninguém. Não se conhece nenhum governador de Jerusalém ou procurador da Judéia cujo nome tenha sido Públio Lentulus. Um escritor latino, dirigindo-se ao imperador, dificilmente empregaria os termos “profeta da verdade”, “filho de Deus” e “Jesus Cristo”. Os dois primeiros são hebraísmos e o último só aparece no novo testamento. A carta é considerada apócrifa e deve ter sido a descrição feita por algum cristão do que ele imaginava da aparência de seu profeta.
Alguém mentiu neste incidente? Bem, até que se ache alguma comprovação histórica da figura de Públio Lentulus ou se eliminem as sombras que surgiram, o relato de Emmanuel é, no mínimo, um tanto suspeito. Nem mesmo os católicos atuais aceitam esta carta e seu suposto autor Publius Lentulus
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