Olá Pedro.. também não sou um "dominador" das estatísticas [...]
Mas chega a passar uma impressão contrária. De que você na verdade domina e é bastante engenhoso pra bolar esses ardis.
Ainda no campo empirico, eu poderia ter colocado um sistema como você fez [...]
É, seria mais simples de fazer, mais difícil de acertar, e mais fácil para um leitor espírita interpretar o resultado sem se confundir. Por isso não entendi porque você bolou um jeito mais complicado.
O empírico e o estatístico: Você pode não concordar comigo, mas mesmo que a probabilidade de um jogo de cara ou coroa ser de 50%, se formos jogar isso na real, pode ser que não ocorra o "meio a meio", o que de fato acaba não acontecendo na prática...
Não! Eu concordo 100% com o que você está dizendo. Só não concordo com a distinção empírico x estatístico. O estatístico, se feito corretamente, é empírico. O teórico é que é teórico.
Mas acho até que em algum lugar lá atrás eu já havia tentado explicar isso. O significado de probabilidade não é esse: é uma confusão comum essa. A Matemática apresenta uma definição precisa para probabilidade, e não significa que se você lançar 100 vezes uma moeda tem que dar 50 caras e 50 coroas.
Isso não é o que a probabilidade diz. Por isso mesmo podemos dizer que uma repetição de 1/18 em somente 3 repetições é um resultado menos esperável, mas também menos impressionante do que pode parecer.
Pode fazer um teste... Jogue 10x uma moeda e veja se vai dar 5x cara e 5x coroa...
Não preciso fazer esse teste. A teoria não prevê que isso deva ocorrer.
Dai a "desculpa" seria que teríamos que jogar mais vezes, ou seja, 100x... na matemática daria certo mas e na pratica?
Não é uma desculpa. Eu não vou repetir porque acho que já me referi a isso nesse tópico ou em outro recentemente. Mas, sucintamente, a definição de probabilidade parte, se apóia, primeiramente, na definição de uma função frequência. Definida como o n° de vezes em que o resultado ocorre dividido pelo n° de vezes em que o experimento foi repetido.
A probabilidade é então definida como o limite dessa função quando o número de experimentos tende a infinito.
Estou falando isso porque o sistema de randominação de um computador é (e foi) extremamente criticado por ser um sistema viciado, impreciso e irreal.
Em Ciência da Computação se demonstra formalmente que é impossível desenvolver um algoritmo de geração de números aleatórios. O que os programas fazem é usar uma função e uma tabela pré-gravada de números pseudo-aleatórios.
Mas para efeitos de simulação funciona bem. Na verdade os estatísticos já usavam métodos semelhantes, antes do advento de computadores, se valendo de tabelas de números pseudo-aleatórios.
Contudo você está absolutamente correto em afirmar que poucas amostras não garantem um sucesso em termo estatístico.
Há uma frase, acho que do Carl Sagan: "Não existe estatística com números pequenos."
Se você observar a definição de probabilidade descrita acima vai perceber por quê. Para dar um exemplo ridículo, se você lançar uma moeda uma vez, ou vai obter 100% de cara ou 100% de coroa. Resultado aparentemente incongruente com a probabilidade teórica. Aparentemente, porque na verdade não há incongruência, apenas um mal entendimento do conceito de probabilidade.
Eu comentei das cartas zener pois elas são mais simples.. O estudo do acaso ficou em 25% (0,25).. Os parapsicologos fizeram e vem fazendo centenas de replicaçoes e os índices ficam na média dos 33% de acerto, ou seja, maior que a hipótese do acaso... Dai vem as interpretações.. Para alguns o índice é muito pouco superior, para outros é o suficiente para demonstrar que qualquer pessoa comum tem sim uma tendência a algum tipo de conexão mental com outra... Dai pode-se perguntar: Ué, mas 33% realmente é muito baixo... só isso?
Não conheço esse caso. A não ser que seja um caso que eu já vi no Discovery Channel, e era claramente um embuste grosseiro. 33% pode ou não ser inconclusivo, aí vai depender de como ele fez a coisa.
No caso que eu vi, um pesquisador, parece que bastante conhecido, colocava voluntários em salas com diferentes com cartões com figuras como bolas, quadrados, estrelas.... Em outra sala um voluntário tentava adivinhar a sequência de cartões que ele estava vendo.
A maioria das pessoas tinham resultados esperados, mas alguns tinham resultados acima da média, então esse pesquisador chamou a estes de "estrelas psíquicas". Porque estariam "fora da curva". Bom, esse é claramente um embuste grosseiro.
Observe o gráfico abaixo. É chamado de curva normal e um teorema demonstra que essa é a distruibuição esperada para um experimento desse tipo, desde que o número de observações seja suficiente.
Note que a a maior densidade de eventos se dá em torno da probabilidade teórica, no pico da curva, mas o modelo também prevê que devam ocorrer eventos menos prováveis, tanto a esquerda quando à direita.
Ou seja, o que o cara chamou de "estrelas psíquicas" não estão fora da curva. Estão totalmente na curva e ratificando o modelo. Assim como a esquerda você deverá encontrar os que poderiam ser chamados de "fracassados psíquicos", com médias de acertos mais baixas. Isso não contradiz o modelo, mas ratifica o modelo.
Seria mais ou menos como considerar o ganhador da mega sena uma estrela psíquica, porque o seu resultado está na extremidade da curva normal. Mas não tem nada de estrela, tanto que o Oswaldo de Souza consegue estimar razoavelmente o possível número de ganhadores em cada sorteio.
O segundo experimento era ainda mais absurdo. Um alegado paranormal supostamente tentaria alterar as escolhas de um braço robótico usando sua concentração. O braço robótico era conectado a um computador, e um programa decidia, aleatoriamente ( pseudo=aleatoriamente ) se ele iria por bolinhas em um recipiente azul ou vermelho.
Então o paranormal deveria usar seus poderes para influenciar a máquina a fazer escolhas que contrariassem a probabilidade. Um teste para verificar se paranormais podem influir no curso de eventos aleatórios.
A conclusão foi que SIM, o resultado teria contrariado a probabilidade.
Qual o problema óbvio aí? Você já mesmo disse: computadores não podem produzir eventos aleatórios, apenas simula-los. Para que o programa não gere sempre os mesmos passos pseudo=aleatórios a cada rodada, é gerada uma semente, que serve como dado de partida. Esta semente é um dado não gerado pelo programa, um valor que poderia ser o conteúdo do buffer do teclado, ou qualquer coisa proveniente da interação da máquina com o mundo externo. Ou seja, um dado imprevisível para o programa.
Mas depois que a semente é gerada ( se chama randomizar ) já está determinado o que o algoritmo vai fazer, o paranormal NÃO PODERIA ALTERAR O MOVIMENTO DO ROBÔ, mesmo que fosse um paranormal genuíno.
E como se você tivesse um trem parado em uma estação ferroviária, com várias linhas a sua disposição. Você pode sortear em qual linha ele vai seguir ( a semente ), mas depois disso o caminho dele já está determinado pelo trilho, e nenhum paranormal poderia tirar o trem dos trilhos.
Farsa! Fraude! E isso passa no documentário sem que ninguém faça uma crítica.
Bom.. dai uma boa resposta é a parte empírica do estudo.. Para se dar essa média há casos onde a serie de experimentos deu 88%, 50% e outros que foram muito baixos... Coincidencia? Sei la.. Mas o que temos de fato é que certos experimentos quantitativos são inadequados para se testar algo, necessitando de algo qualitativo..
Não sei bem como foi feito isso, mas a princípio, estas variações devem ser esperadas para um número relativamente pequeno de repetições.
Na simulação que eu fiz do seu experimento naquela algoritmo, as variações ficavam em torno de 10 a 20%.Só que o computador estava fazendo o cálculo depois de 10 mil repetições.
Não vida real é difícil 10 mil repetições.
De qualquer forma há técnicas matemáticas que permitem normalizar estas flutuações.
O problema do qualitativo é que se acaba exigindo mais e mais replicações e isso "estraga" o experimento... Seria aquela conversa dos corvos.. Ha se houver um corvo branco é o suficiente para demonstrar que nem todos são pretos..
Não sei bem porque não sou um especialista. Em um modelo realmente aleatório, os corvos brancos, desde realizado um número suficiente de repetições, devem estar previstos na curva normal. Mas se há algum fenômeno envolvido, então deveria aparecer de forma anômala. Então não sei como se trataria a questão dos corvos brancos.
Mas o problema maior que eu vejo estaria no engavetamento dos corvos brancos citado pelo Gigaview. Isso poderia criar uma distorção maior no sentido oposto.
Voltando ao caso das garrafas, nos termos matemáticos e nos termos empíricos..
Se acertar 8 garrafas das 10 seria factivelmente uma chance para cada 18 tentativas, se fizermos isso na pratica será que vai dar certo?
Quanto mais você repetir, mais perto você chega desse resultado. Isso você pode testar no computador, Eu fiz isso ontem.
Na vida real, se há algum tipo de fenômeno, fraude ou truque, então isso não deverá ocorrer e você teria que obter um resultado anômalo.
Empiricamente sabemos que não... e não estou falando de usar o computador, estou falando de eu previamente colocar num arquivo aqui quantos e quais numeros eu desejaria, enviar pro dropbox (pois teria-se o horario que foi gravado) e dai você fazer o mesmo e testarmos isso por 18x...
18 não... vamos repetir 10 mil vezes. Te garanto que margem de erro vai oscilar entre 10 a 15%. Aí vamos verificar que as leis da Probabilidade de fato têm fundamento.