Em relação a estas cartas psicografadas, não sei vocês, mas uma coisa que sempre me chama atenção é o estilo "pasteurizado".
É como se existisse um gerador automático de carta psicografada no estilo do gerador de lero-lero.
E isso se verifica mesmo não só nos textos de diferentes "desencarnados", mas até nos diferentes médiuns.
Um menino de 8 anos, demonstrando interesses e usando expressões infantis, mas que escreve naquele estilo proto-parnasiano que é por coincidência é típico em publicações espíritas. Olha... "Mãe Lenice, Papai Marcos"... sinceramente, quantos de vocês se referem a seus pais assim?
Quantos de vocês já escreveram a seus pais e tascaram lá no e-mail : "Papai Rodolfo Alberto" ou "Mamãe Sigfrida"?
Há outras características que se repetem: as cartas são sempre curtas, apenas o suficiente para o desencarnado passar alguns dados que devem confirmar sua identidade, e depois comentários clichês e muito superficiais sobre mundo no Além, terminando com poucas palavras de exortação e conforto.
Não dá impressão que não sai disso?
É uma coisa intrigante pra mim. Porque quando algo é verdadeiro, em geral, no seu todo ou em quase tudo, costuma parecer verdadeiro. Passar autenticidade.
Não significa que a recíproca também seja verdadeira. Nada impede que o falso possa parecer autêntico, mas dificilmente o autêntico parece em parte falso.
No caso da Psicografia há uma pequena parte indicando autenticidade ( os dados ) e todo o resto parece falso, padronizadamente impessoal, artificial.
Imagine que você compare cem cartões que diferentes pessoas que foram a Paris enviaram a seus familiares. Não vai encontrar esse tipo de semelhança.
Além disso, se alguém faz uma viagem interessante e manda uma carta, normalmente esse pessoa conta aventuras, descreve lugares em detalhes, fala do seu deslumbramento, conta também suas desventuras. Há emoção no texto: alegria, entusiasmo, saudade, desespero... dependendo das situações.
Mas o desencarnado não. Ele faz uma viagem pro Além, que por certo é uma porrada mil vezes maior que visitar Paris pela primeira vez. Ele vê maravilhas, ele testemunha um mundo mágico, ele descobre coisas fantásticas sobre si mesmo enquanto ser espiritual, ele experimenta um outro nível de existência, ele se reencontra com entes queridos, e mil outras coisas que nem poderíamos imaginar...
E então esse sujeito manda uma carta pra família:
"Mamãe Cristina, estou bem. Quero você fique bem e papai Rodolfo também.
Vovô está aqui do meu lado e também está bem.
Recupere sua alegria pois estou em paz, volte a usar aquele vestido vermelho. Papai, volte a assistir aos jogos do Corinthias.
Confiem em Deus e no amor de Jesus.
Seu amado filho João."