Desmascarando categoricamente o grande CIRCO das cartas psicografadas, PASSO A PASSO:
Fonte consultada: Livro
Por Tras do Veu de Isis de Marcel Souto Maior.
http://bvespirita.com/Por%20Tras%20do%20Veu%20de%20Isis%20(Marcel%20Souto%20Maior).pdf(Selecionei apenas os trechos mais importantes!)
(Fiquem bem atento aos detalhes para entenderem como funciona a TRAMÓIA!!!!)Noite de sexta-feira, 19 de março de 2004. Centro Espírita Aurélio Agostinho, Uberaba. O médium Celso de Almeida Afonso, 63 anos, pai de três filhos, avô de oito netos, vai passar para o papel mensagens dos mortos para suas famílias.
Durante o dia, ele trabalha como ourives numa loja acanhada no centro da cidade. A bancada de madeira onde estão as lupas, alicates e outros apetrechos de trabalho é como a de outras oficinas do ramo a não ser por um detalhe: a profusão de fotos de jovens e crianças e as imagens de Chico Xavier e de Jesus Cristo penduradas numa das paredes ao fundo.
Hoje, 21 anos depois de sua “iniciação”, mais de 150 pessoas aguardam o momento em que Celso vai tomar seu lugar na cabeceira da mesa do centro espírita. O ritual, que acontece nas noites de segunda e sexta-feira, vai se repetir mais uma vez: como Chico, Celso vai fechar os olhos, equilibrar o lápis sobre o papel e preencher páginas e mais páginas em branco, em velocidade vertiginosa, com cartas vindas de outras dimensões.
Ao meu lado, num banco nos fundos do salão, está Juraci Cristina Quirino Chaves, dona de casa, 49 anos. Mãe de dois meninos, ela hoje não tem filho nenhum. O primeiro, Felipe, morreu de câncer aos dezesseis anos em 1998. O segundo, Daniel, 25 anos, foi sequestrado e morto a tiros há dezoito dias em São Paulo.
A sessão começa às 19h25 com um Pai-Nosso coletivo. Em cada banco, histórias de perda e de sofrimento. De Campina Grande, interior de São Paulo, veio um casal de jovens pais atormentados pela mesma dor: a morte das duas filhas — uma menina de catorze anos e outra de oito — num acidente de carro há sete meses. O pai, Nelson, estava ao volante.
Ao lado deles está Sueli Ranieri, outra mãe movida pela tragédia: a morte do filho de dezenove anos,
Roberto Ranieri Costa, o Beto, em acidente de carro no condomínio de luxo no litoral de São Paulo onde á família tinha acabado de construir uma casa.
Enquanto os primeiros palestrantes discursam, Celso vive — numa saleta nos fundos do salão, à esquerda — o que considera o momento mais difícil da noite. Ao seu lado, está a mulher Silvinha, com quem é casado há quarenta anos, e um dos netos, Gustavo, de quinze anos.
Diante deles, uma pilha de fichas, mais de cinquenta, preenchidas pelos parentes em busca das mensagens dos entes queridos.
As fichas seguem um modelo padrão. São quatro as informações solicitadas: nome de quem busca a mensagem e nome do morto, as datas de seu nascimento e de sua morte.
Estas informações, segundo Celso, são fundamentais para que os espíritos sejam localizados no plano espiritual pela equipe de mentores.
— Espírito não tem varinha mágica — ele explica.E é ali, na saleta dos fundos, que, segundo o médium, a “espiritualidade” o conecta.
— Os mentores vão fazendo a ligação dos espíritos comigo.
Naquele instante, durante as “ligações”, o ambiente é tomado por fragrâncias de perfume, odores nauseantes. Um clima de tristeza e de mal-estar às vezes invade o lugar.
“Conectado”, Celso passa, então, a
separar as fichas (em média, seis por noite) escolhidas pela “espiritualidade”. Às vezes são cem pedidos empilhados numa sessão.
Com a mão esquerda — movida por uma “força invisível” —, ele retira do maço as fichas descartadas. A mão direita separa as fichas dos poucos escolhidos da noite para a comunicação.
A seleção, Celso diz, não depende dele.
Às mães desesperadas por uma mensagem do além, ele costuma pedir:
— Reza, porque prece de mãe arromba a porta do céu e a minha não vai até o telhado.
Ao meu lado, no salão, Juraci consulta o relógio.
Já são quase oito da noite quando Celso toma seu lugar à mesa, tira os óculos e fecha os olhos. Vai começar.
A mão de Celso desliza sobre o papel e Juraci continua a falar.
— Eu preciso desta mensagem muito mais do que admito para mim mesma.
Agora ela negocia com Deus — ou com Daniel.
— Em hipótese alguma vou duvidar do teor destas mensagens.
Já são mais de nove da noite e Celso continua a psicografar sem pausas, a jato com a mão esquerda sobre os olhos e o conforto de um apoio de espuma sob o cotovelo. Cada maço de páginas preenchidas a lápis corresponde a um remetente.
Já são quatro as pilhas dispostas lado a lado sobre a mesa.
Uma regra básica (além do preenchimento das fichas antes da sessão) deve ser seguida pelos interessados em receber notícias do além: os pais (ou algum parente próximo) precisam estar presentes à sessão.Agora já são seis as pilhas de mensagens sobre a mesa.
— A comunicação dos nossos famíliares é a voz das trombetas — ele define.
Juraci, ao meu lado,
se lembra de uma conversa que teve na casa de Celso de Almeida Afonso. Ela e as amigas estiveram lá e na oficina onde Celso e Cezar trabalham, de segunda a sexta-feira, em horário comercial.
No último encontro com as mães, pela manhã, Cezar anunciou entusiasmado: “Hoje tem marmelada, hoje tem goiabada...”.
A noite, segundo ele, traria belas surpresas para todas.
Foi o terceiro encontro destas mães com o médium antes da sessão daquela noite. As longas conversas foram marcadas por saudade e lembranças dos filhos.— Só de chegar em Uberaba e ser recebida por ele, eu já tô muito mais serena — Juraci afirma.
Juraci continua em silêncio, atenta à leitura. E vem a quarta mensagem.
Desta vez a destinatária é Sueli Ranieri Costa, a mãe do jovem acidentado no condomínio de São Paulo. Foi ela — amiga de Celso e Cezar —
quem levou ao centro Juraci e os pais das meninas mortas no acidente de carro.
Na carta, a terceira do filho para a mãe psicografada por Celso, o jovem faz uma revelação sobre o seu dia-a-dia na “esfera espiritual”: está namorando uma jovem chamada Stephanie e está muito feliz.
Sueli chora...
Esta já é a décima sétima comunicação do jovem desde o dia de sua morte.
Juraci acompanha o ritual em absoluto silêncio. E chegou a hora.
As mensagens, a seguir, foram transcritas na íntegra, sem correções.
''Mãezinha Juraci,
Sou eu, o Felipe. Tenho aqui em uma das mãos algumas flores que desejo colocar em seu coração pedindo a Deus para que sejam elas a paz que eu e o Daniel desejamos entregar a você.
Dificilmente esqueceremos os dias difíceis em que lutamos para conseguir evitar a morte do meu corpo doente. A cada dia admirava mais a minha mãe e penso que, se sou merecedor do anjo que Deus me permitiu estar junto a ele, recebendo o amparo que recebi o que não me entregou a tanto sofrimento, tudo que você me ofereceu e me oferece eu sei é amor.
O que pode valer um rim doado pela vontade de alguém esperando algum retorno, mas aquilo que você me ofereceu com seu amor de mãe tem valor interminável, não me cobrando nada, não me pedindo nada, não sei o que posso fazer para responder a esse seu amor de mãe, mas tô aqui tal qual o pássaro que não sabe trinar, dando as notas de alegria em sua vida se não retoma ao ninho em que se vê protegido. Quero que você aceite com a máxima fidelidade que faço entregando a você e ao papai Brames a certeza de que o Daniel está bem, mesmo recebendo sedativos que muito tem auxiliado. Vejo no semblante do Daniel a certeza de que ele se vê amparado e pode me escutar pedindo para que ele se mantenha em calma e sem revolta. Se a criatura pode ser tão má, não podemos nos esquecer da bondade de Deus, o que ele oferece para suas criaturas.
Tantas balas penetraram o corpo do Daniel trazendo cada uma a notícia de revolta e ódio, mas não estaremos atirando pedra contra pedra. Deus sabe do que nos é necessário e não nos deixará sem o que nós precisamos da maneira que não deixará a quem cometeu o ato infeliz sem a proteção de pai, que Deus oferece a quem é agredido e a quem agride.
Não se prenda a tantos pensamentos a procura do tipo de dor que o Daniel possa ter passado naquele momento, volto a dizer que ele está bem, digo ainda que estive a pouco junto a ele e o Daniel estava entregue ao sono de paz que ele merece.
Mãe, o vovô José envia benção à filha que ele tanto ama e parabeniza você pela sua coragem.
Nossos beijos à vovó Maria e em todos os nossos.
Assim que puder estarei novamente em nossa casa e quem sabe o Daniel possa me acompanhar. Meu abraço ao papai Brames, com a certeza do meu amor de filho. E a nossa Branca Maria, não esqueça da nossa cachorrinha, nossa amiga.
Beijos e não esqueça dos nossos assuntos de mãe com esse filho que desejo receber todos os dias. Com a certeza de estar recebendo seu amor sempre. Deixo meu coração no seu, para que eu possa permanecer neste céu que pertence a você, mas que nele seu filho tem lugar assegurado.
Felipe Gustavo Quirino Pena Teixeira.''Já não estou mais ao lado de Juraci para conversar sobre a emoção dela. Acompanho a leitura das mensagens a dois metros da mesa. Celso começa a ler a sexta mensagem da noite e um choro desesperado toma conta dos pais da quinta fila.
''Papai Nelson, Mamãe Vilma...
Para que vocês estejam certos de que estamos bem, antes do início desta escrita eu e a Vanessa disputávamos quem escreveria para vocês. A Vanessa me pedia Carol deixa eu escrever você não vai dar o recado certo [...] e eu insistia: Ora, Vanessa, então você me ajuda, mas é eu que vou escrever, não deu outra: só ouvi de minha irmã, Teimosa, Carol, você é muito teimosa.''
São elas, as meninas mortas no acidente de carro: Vanessa e Caroline.
Quatro dias depois, marco um encontro com Juraci no aeroporto de Congonhas. Estou a caminho de Brasília — para uma sessão de psicografia privada—, mas gostaria de tirar algumas dúvidas com ela sobre a mensagem de sexta-feira.
Pelo telefone, adianto o assunto. Preciso saber quais as evidências sobre a identidade de Felipe encontradas por ela na mensagem psicografada por Celso. Alguns detalhes me impressionaram:
o nome da cadela, por exemplo, e as referências aos avós. Estas informações não deveriam constar das fichas de identificação.
A primeira pergunta foi sobre o cachorro citado na mensagem.
— Você falou sobre a Branca Maria com o Celso?
— Falei.Celso também tem um cachorro e, no encontro em sua casa, antes da sessão, ele e Juraci conversaram sobre a paixão pelos animais. Nessa conversa, Juraci falou sobre Branca Maria.
Não tem nada na mensagem que identifique, sem dúvida nenhuma, o Felipe na mensagem do Celso — ela diz.
Depois de um breve silêncio, alisa a mensagem sobre o colo e afirma:
— Mas eu sinto a presença do Felipe aqui. É isto que importa. Esta mensagem é uma pomada, sabe? Uma pomada para aliviar um pouco esta dor.
Pergunto sobre as referências aos avós na mensagem psicografada por Celso. A resposta:
—
Eu também mencionei estes nomes na conversa. Num dos nossos encontros, Celso me chamou de
Juraci Conceição e eu corrigi: “Não tem Conceição no meu nome”. Celso perguntou, então, se minha mãe se chamava Conceição e eu disse: “Não, minha mãe se chama Maria e meu pai se chamava José”.
Juraci toma fôlego e continua.
— Felipe nunca chamou a avó de “avó Maria”. Eles só a chamavam de vó Filhinha, era este o apelido dela.
Depois de urna breve pausa, ela resume sua viagem a Uberaba.
—
Nós fomos passar o fim-de-semana com o Celso. Esta é a verdade.
Maria Regina Angeiras não tem dúvidas. O filho dela, Luiz Alberto Barbosa Gomes Angeiras, o Beto, assassinado por policiais militares ao lado do melhor amigo, há dez anos, está vivo e feliz.
Ao lado da cama de Maria Regina, uma caixa de madeira guarda lembranças de Beto, fã do poeta Paulo Leminsky e autor de belos poemas, reunidos pelos amigos e pela família em livro póstumo intitulado Idos gemidos, publicado nove meses depois de sua morte — ou, como prefere Maria Regina, de “seu retorno à pátria espiritual”.
''Entre duas pegadas
Há um espaço
Que chamamos passo
Há um espaço
Que pisando em falso
ChamamosQ
U
E
D
A''O poema preferido da mãe é outro:
''Tua falta, metade fita
É metade lenda,
Distinta farsa
Tua falta é quase nada
É metade linda
Metade faca
Tua falta, quase tudo
Vento que espalha
Gota, migalha
Impossibilidade''Quando a saudade fica insuportável, Maria Regina embarca num ônibus no Rio de Janeiro e cruza as estradas rumo a Uberaba. São doze horas de viagem, madrugada adentro, pontuadas por lem branças do filho e por uma enxurrada de lágrimas.
Maria Regina chega de manhã e volta à noite para retomar o trabalho no dia seguinte.
— De dois em dois meses, três meses no máximo, faço esta viagem.
Seis meses depois de “devolver” Beto, Maria Regina e a filha, Arminda, desembarcaram em Uberaba pela primeira vez após o crime.
A dor era insuportável. Filha de pais espíritas, Maria Regina precisava receber uma carta do filho. Precisava saber se ele estava bem e em paz.
Estava chegando o momento da sessão.
Maria Regina preencheu a ficha padrão do centro e tomou seu lugar no auditório para viver a mesma ansiedade vivida por centenas de mães a cada semana. Em momento algum, antes da sessão, ela teve qualquer contato com Celso de Almeida Afonso.
A certeza se materializou numa longa mensagem psicografada durante 22 minutos por Celso. Foi a terceira carta da noite. Um marco na vida de Maria Regina.
''Não posso ser Deus, mas gostaria de passar a quem amo a alegria do céu, o direito sobre as fontes...''A mensagem começou com poesia —
mais modesta e bem menos ousada do que a poesia do Beto de carne e osso — e continuou ao longo de 54 páginas, embaladas por detalhes e informações definidas por Maria Regina como evidências.
Este era o Beto de Idos gemidos:''Morte
Fêmea urgente
Aguarda tua hora,
Inevitável beijo
Acontece
[...]
Morte
Bem-vinda à flor
Que se recusa a viver
Em um copo d’água''Este é o Beto das mensagens de Celso:
''Esconde o sol nas colinas
Parece ele un garoto fazendo gracinhas
Na tentativa de nos alegrar
[...]
A lua resplandece em beleza
Em meio às estrelas.
Parece ela “mãe”
A olhar por todos os filhos
estrelas queridas do seu amor.''Beto talvez tenha mudado nos últimos dez anos.
Não importa.
A mãe não tem dúvidas...Continua...