"Nunca diga nunca".
tem razão, volto atrás nisso
Um sonho, como um pensamento, são atividades cerebrais já há muito dissecadas e identificadas.
quando corremos, há atividade cerebral. Quando lemos poesia, há atividade cerebral. Quando imaginamos, há atividade cerebral. Estas experiências deixaram de existir por haver atividade cerebral? Digo - há atividade cerebral, OK, mas a atividade cerebral é uma consequência e não causa dos fenômenos. Haver atividade cerebral enquanto sonhamos não "reduz" o sonho à qualidade de "mera atividade cerebral", porque absolutamente tudo que experimentamos enquanto encarnados é "atividade cerebral". É como ensina Atkinson no Caibalion
o homem nasce, vive e morre dentro de uma realidade mental.
O que não se prova é esse mundo lá do outro lado.
se somente fossemos dotados de audição, pensaríamos que luzes não existem...
Se existe ou não fica sendo um mero exercício de "foi-não-foi", "é-não-é".
não digo que exatamente "exista", porque "existir" é uma característica das coisas da natureza na qual estamos inseridos com essa percepção de agora. Da mesma forma, não acredito que seja um "mundo do outro lado", porque "lados" também só existem aqui, na caverna das formas e das coisas. O que eu quis dizer é que esta outra natureza de percepções nem existe e nem inexiste, mas, ao invés disso, se processa em um outro nível de manifestação... claro que a superficialidade chiquista acredita em colônias objetivas flutuando por aí, mas quando vasculhamos os grandes pensadores do Ocultismo, do Espiritismo e da Teosofia, não encontramos essa pretensão de objetividade... A ideia é que, na verdade, estamos em contato permanente com este outro nível de percepção, que é a verdadeira realidade psicológica. O que acontece é que os sentidos físicos grosseiros a tampam, e nosso organismo se adaptou a bloqueá-la para que cuidemos, no dia-a-dia, de nossa manutenção biológica, mas, quando nos desligamos de nossos sentidos físicos, passamos a experimentá-la diretamente. Ela não deixa de estar acontecendo quando estamos acordados (este é, inclusive, o fundamento de toda a Magia, Mesmerismo, etc), só não é diretamente percebida. Quando interagimos com outro ser humano, não o fazemos apenas em nível material. Há toda uma gama de informações sutis, todo um feixe de percepções de natureza simbólica, arquetípica, mental, etc. Para dar um exemplo - digamos que um manual ocultista diga que uma aura vermelha é sinal de sentimentos interiores de ódio. Um esquisotérico sensitivo, ao ver a aura vermelha, pensará que há literalmente um "algo" sutil e vermelho em torno do ser, que é uma manifestação objetiva de algo espiritual literal e absoluto. Um ateu pensa que é tudo besteira, mas a verdade é que, ao interiorizar a ideia de que "ódio = aura vermelha", estamos criando um "mecanismo de percepção" que pode traduzir informação de natureza sutil para o nosso consciente. Então, para exemplificar - nosso inconsciente pode captar diversos sinais, feições, traços, detalhes e informações de que um determinado indivíduo está sentindo ódio, mas ele não possui uma forma de nos traduzir diretamente esta informação. Por meio do ocultismo, abrimos "canais de comunicação" para a mente consciente. Se enxergarmos uma aura vermelha em indivíduos enfurecidos, é porque conseguimos construir esse canal de tradução de informações abstratas para a mente consciente. Da mesma forma funcionam os chacras, os corpos sutis, a sugestão, a magia, etc etc. A invocação de um Daemon pode ser a tradução arquetípica e simbólica de um estado mental que se deseja acessar, mas, para um esquisotérico, pode ser a manifestação de uma entidade espiritual separada de si. (falando nisso, o que é "separado"? existe algo "separado"? onde eu começo e acaba o resto?)
Pode provar esta afirmação?
Quando imaginamos há, sim, atividade cerebral, assim como quando sonhamos ou realizamos outras atividades. Na verdade, há atividade cerebral durante todo o tempo em que a consciência se veste de um corpo, e, por isso, se torna redundante e até absurdo descartar experiências da natureza que descrevi com o argumento de que "ocorre atividade cerebral". Apesar da atividade cerebral, estas experiências são vivenciadas em primeira pessoa por uma pura consciência independente do corpo e dos sentidos. Se isso não for Espírito, o que poderia ser?
A melhor explicação é que um sonho é o resultado da atividade do cérebro arrumando as informações recebidas durante o dia enquanto a pessoa dorme. Ela se baseia em fatos conhecidos, mesmo que esteja errada ou incompleta.
Desde milênios que xamãs, oráculos, profetas e místicos se serviam das experiências oníricas e transes como fonte de inspiração, sabedoria e religiosidade. Até mesmo Sócrates, pai da filosofia, se dizia guiado por seu Daemon para questionar os dogmas de sua época e inspirar o pensamento crítico. A influência do Espiritual não se restringe aos tempos antigos - Fernando Pessoa, da mesma forma, se servia de seus "dons" para a escrita e poesia. A tabela periódica foi recebida por Mendeleev em um sonho revelador. A canção Yesterday foi soprada nos ouvidos de McCartney em um sonho. Watson concebeu o formato de dupla hélice de DNA em um sonho.
Se há algo de experiência direta e pessoal, acessível a todos, e que parece estar intrinsecamente ligada com a origem e o desenvolvimento da espiritualidade humana, é O Sonhar.