Primeiramente quero cumprimentar Montalvão que meticuloso em suas observações conserva um tom, a um tempo, respeitoso mas desafiador.
Quando questionei sobre a razão pela qual os que chegaram à DE e posteriormente a deixaram, queria destacar que geralmente isso ocorre, não por qualquer grande falha nos seus conceitos mas porque essas pessoas encontraram as mesmas dificuldades que se nos depara em qualquer ambiente quando pessoas imperfeitas como todos nós têm a responsabilidade da direção ou liderança. Mas então tudo se torna oportunidade de aprendizagem, no tempo.
.
Grato pelo encômio...
.
O que diz é correto, mas não diz tudo. Conheço quem trocara de religião por não gostar do líder, mas, geralmente as mudanças se dão por mudança de opinião: quem antes gostava do cristianismo passa a gostar de espiritismo e vice-versa, e outros...
.
O caso das irmãs Fox aponta para um momento histórico em que o fenômeno, iniciado exatamente num país com forte tradição protestante, rompe crenças e a inércia religiosa para chamar a atenção de outros povos. Tudo bem orquestrado pelo Mais Alto. Se as garotas não reuniam condições espirituais e intelectuais à altura, talvez fosse até melhor. Se o mundo andava carente por algo que monopolizasse atenções, teve dose suficiente para o despertar pois logo em seguida viria o fenômeno das mesas girantes.
.
Está equivocado. O período em que o espiritismo eclodiu pode ser classificado de muitos modos, exceto de “inerte” (inércia seria outra coisa). Ao contrário, o movimento espiritualista, do qual o espiritismo é uma vertente, vem na onda de “avivamento espiritual” que acontecia desde fins do século XVII e se acentuou no início do século XIX. Hoje o espiritismo apregoa que foi derramado “na hora certa”, no intento de provar a realidade do mundo espiritual, que interconecta ostensivamente com o material; entretanto esquece que diversas outras iniciativas o antecederam ou vieram à lume contemporaneamente ao kardecismo. exemplos: os quakers, shakers, o messianismo de Joseph Smith (pai do mormonismo); a volta de Cristo pregada por Charles Miller para 1844 (semente dos Adventistas do Sétimo Dia), os Estudantes da Bíblia (mais tarde Testemunhas de Jeová), e vários outros.
.
As irmãs Fox eram heroínas de um dos vários “espiritualismos” que vingaram nesse período, cada qual com seu herói e sua história de arauto de verdades divinas...
.
Quanto às batidas que Fenrir menciona, lembro de ter visto uma foto de uma das meninas presa por cordas e pendurada de ponta cabeça... e os ruídos vieram!
.
Bem, seria importante saber em que ambiente e com que fiscais essa maravilha ocorreu. Lembre-se que, mesmo atualmente, com métodos de fiscalização eficientes, materializações ainda acontecem, porém, e como sempre, sempre em ambiente “acolhedor”...
.
Acusadas de fazerem os músculos estalarem, convidou-se especialistas que o fizesse... até hoje nada. O que se produzia com os músculos era quase inaudível.
.
Não me parece que fosse propriamente estalar de músculos, mas de juntas. As irmãs tinham uma habilidade peculiar, incomum, de estalarem as articulações em alto som. Coisa rara decerto, espiritual necas...
.
Mas, quem conhece a personalidade humana sabe que mesmo um médium autêntico, em dado momento ou sob pressão, pode ceder à tentação da fraude. Então vem a clássica questão: quase todos os fatos relacionados aos ovnis foram confirmados como fraude, mas se um, apenas um, foi legítimo... os ovnis estarão por aí.
.
Compreende-se sua fé, mas deve também compreender que está num fórum em que a existência de “médiuns autênticos” está em discussão e é questionada, portanto, incide em erro afirmar o que não está comprovado (que existam médiuns de verdade).
.
Pegando gancho em seu raciocínio: se um médium for confirmado verdadeiro, quer dizer, capaz de receber comunicados de mortos, ainda assim seria necessário descartar que não se tratasse de sensitivo excepcional habilitado a captar agregados de pensamentos, os quais vagam pelo cosmo após emitidos por seus emissores e com esses dados forjasse as comunicações... Em outras palavra, ainda que um médium de verdade fosse detectado haveria que eliminar outras hipóteses explicativas...
.
Seja como for, o que sugere (o aparecimento de médium verdadeiro) é apenas conjetura: uma possibilidade, dentro da concepção de que qualquer ideia não absurda é possível. Contudo, ser possível está distante de ser real!
.
O que se pode garantir é que se desconhece médium que concretamente comunique com mortos e os que assim se proclamam quando submetidos a verificações controladas mostram que seus “poderes” estão adstritos ao âmbito terreno, espíritos zero...
.
Assim são os fenômenos da mediunidade; muitas fraudes, mas vários pesquisadores, nada ingênuos comprovaram outros tantos.
Todos eles afirmaram sua convicção aos seus pares e em entrevistas... ISTO É PROVA! Mas hoje, isto é esquecido e continua a se pedir prova. Tudo bem, algum dia um espírito vai se deixar prender pelos pés e ser exibido como figura exótica de um circo mambembe para os que insistem na negativa.
.
Não, meu caro, “isto” não é prova! É prova para quem não precisa e se contenta com pseudoprovas! Essas não são provas em termos científicos e são estas (as “provas em termos científicos”) as buscadas porque necessárias!
.
Se pesquisadores no passado chegaram a provar coisas como materializações, pesquisadores do presente igualmente o poderiam! Isso sim são provas! Cientificamente, se dadas iguais condições um fenômeno deverá se repetir em qualquer lugar, em qualquer tempo! Então, se há médiuns verdadeiros na atualidade teriam que haver materializações investigáveis, replicáveis e confirmáveis!
.
A não se que defenda que médiuns constituíam uma espécie que se extinguiu no século XIX...
.
O que você reputa serem provas são registros escritos de experimentos irrepetíveis e depoimentos inconfirmáveis. Como acha que isso prove alguma coisa? Quando muito, podem estimular a investigação do alegado e dessa investigação, aí sim, se extraem as confirmações ou denegações...
.
Na Bíblia diz que Jesus, que nasceu de uma virgem, ficou em jejum durante quarenta dias no deserto e teve um entrevero com o diabo; depois expulsou demônios, foi crucificado para nos livrar da danação eterna, ressuscitou e ascendeu aos céus por moto próprio; deu uma passeada no inferno, finalmente foi morar no paraíso, ao lado de Deus. Está registrado no Evangelho, escrito por quem inspirado pela divindade! Portanto, deve aceitar como “prova”! Consequentemente, você tem que concordar que Jesus morreu pelos seus pecados; tem que aceitar que o diabo existe; precisa aceitar Cristo como seu salvador, e deve admitir que céu e inferno são realidades...
Repito, qualquer prova neste sentido, nos dias de hoje, ocorrerão pelas vias da observação acurada, da leitura das obras básicas assessoradas pelas subsidiárias respeitáveis e pela reflexão. Dirão que não basta... e no entanto a cada dia o numero de adeptos cresce mais e mais. São ingênuos, papalvos... têm certeza?
Primeiro: você está certo, “dirão que não basta”, e não basta mesmo! O que não puder ser conferido por meio de averiguações técnicas ou fica na berlinda até que possa, ou, não podendo de forma alguma, qual o caso das assertivas espiritistas, têm-se como certo sua irrealidade...
.
A cada dia cresce desmesuradamente o número de adeptos de igrejas carismáticas, movidos pela busca de milagres por poderes espirituais (e garantem que os conseguem): são papalvos?
.
Toda a minha argumentação visa convencer a céticos e ateus que existem razões para a crença espírita; que não somos fanáticos alucinados.
Nada para convencer A ou B da existência de espíritos.
.
Tudo bem, toda argumentação, de fato, visa convencer... também, não é politicamente correto acusar indistintamente religiosos de fanáticos (conquanto alguns sejam), tampouco de alucinados. Quanto haver razões para as crenças, concordo, sempre há, sejam boas ou más. O problema não está aí. O desafio é obter demonstração de que as certezas religiosas (sejam quais forem) possuem respaldo satisfatório: se são perquiríveis, investigáveis e confirmáveis: neste ponto é que reside a encrenca... infelizmente...