Repito, qualquer prova neste sentido, nos dias de hoje, ocorrerão pelas vias da observação acurada, da leitura das obras básicas assessoradas pelas subsidiárias respeitáveis e pela reflexão. Dirão que não basta... e no entanto a cada dia o numero de adeptos cresce mais e mais. São ingênuos, papalvos... têm certeza?
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Primeiro: você está certo, “dirão que não basta”, e não basta mesmo! O que não puder ser conferido por meio de averiguações técnicas ou fica na berlinda até que possa, ou, não podendo de forma alguma, qual o caso das assertivas espiritistas, têm-se como certo sua irrealidade....
A cada dia cresce desmesuradamente o número de adeptos de igrejas carismáticas, movidos pela busca de milagres por poderes espirituais (e garantem que os conseguem): são papalvos?
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Você disse que as assertivas espíritas estarão inscritas entre as IRREALIDADES. Sim, e isto depende do conceito de irrealidade, que em última análise pode ser referida como IMATERIAL... afinal, o que é imaterial? não é uma boa pergunta?
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Irrealidade e imaterialidade não sinonimizam, conquanto possam ser “misturadas”... Grosso modo, a imaterialidade é uma possibilidade, embora pouco provável. Irrealidade seria algo afirmado existir mas carecente de a mínima evidência que sustente a afirmação! A rigor, não seria correto declarar a irrealidade de coisa alguma que não possa ser postulado por dedução e não seja absurdo. Gnomos, fadas, Pé Grande (não confundir com o Pezão, que existe e está preso para provar), anãozinho gigante, homem verde comedor de pedras, espíritos não-comunicantes, espíritos comunicantes, corvos brancos, Mister Mxyzptlk... Essas “coisas” e muitas outras são possíveis existirem, mas muito pouco prováveis que existam, tão pouco provável que podemos concluir pelas suas irrealidades!
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Então, por que dizer que seja possível que tais existam? Por uma simples questão de lógica: vá que apareça um corvo branco? Pronto, a irrealidade de corvos brancos terá sido derrubada! Vá que Mister Mxyzptlk venha da 5ª dimensão e se deixe analisar pela ciência, eureca: há uma quinta dimensão habitada! Vá que apareça uma comunicação mediúnica que passe por todas as verificações? E assim por diante... O caso é que, dada a total ausência de demonstrações aceitáveis de tais possibilidades, temos bom nível de segurança para declará-las irreais.
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No tange aos corvos brancos, se se puder conferir que a biologia da ave impossibilita a geração de espécimes brancos, aí sim, é factível afirmar que tais não existem! Igualmente com os demais entes “possíveis”: dependendo do que deles se diz, são passíveis de ser declarados definivamente irreais, considerando questões adjacentes. Por exemplo: constantando-se que nenhuma anomalia genética seria capaz de produzir homens verdes que comam pedras, descarta-se em definitivo a possibilidade de haver algum espécie desses por aí...
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Voltando às questões que levantou, que assim traduzo: “e se o alegado irreal seja apenas imaterial?”.
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Você joga uma dúvida no ar: “pode ser imaterial”, como se fosse suficiente para resolver a encrenca. Nada, apenas mantém a dúvida acessa, o que nos leva de volta a assertiva que tenta questionar: “o que não puder ser conferido por meio de averiguações técnicas ou fica na berlinda até que possa, ou, não podendo de forma alguma, qual o caso das assertivas espiritistas, têm-se como certo sua irrealidade”.
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Entenda que a saída que intenta não constitui escapatória, visto que nada esclarece. Pode-se repetir a objeção a incluindo e verá que o problema permanece, confira: “o que se diz ser “imaterial” se não puder ser conferido por meio de averiguações técnicas ou fica na berlinda até que possa, ou, não podendo de forma alguma, qual o caso das assertivas espiritistas, têm-se como certo sua irrealidade”.
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Quanto à outra inquirição que levantou “afinal, o que é imaterial? não é uma boa pergunta?” Reconheço, é uma boa pergunta... que espera por boa resposta...
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As religiões carecem de um fundamento e sem este tudo o que se fala ou faz se torna suspeito. A Fé.
Pense nisto e compreenderá a busca religiosa dissimulada pelo poder e riqueza, os casos de assédio sexual e pedofilia entre os variados crimes em nome de Deus, tudo isto porque a Crença Religiosa não substitui a Fé. Esta última, é rara.
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O apóstolo Paulo disse: “fé é o firme fundamento das coisas que se esperam e a certeza das que não se veem”, em outras palavras: um salto no escuro! Pode-se ter fé em quaisquer coisas, até em absurdos! A fé ultrapassa quaisquer limites! Mas essa “força” toda que a fé exprime não a solidifica como indicativo da realidade do que ela afirma! Mesmo as “fés” que se confirmam por fatos não garantem que sejam firmes, exemplo, acredito que meu salário será depositado todo mês na data aprazada... Digamos que em certa data o dinheiro não esteja? E aí? A fé garantiu alguma coisa?
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No âmbito místico é ainda mais complicado, há “fés” de todos os tipos, algumas APARENTEMENTE sustentadas por fatos, como as comunicações mediúnicas, outras aparadas unicamente na esperança (ou desesperança), qual a volta de Cristo; arrebatamento, céu, inferno, purgatório, setenta virgens...
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O mau uso das religiões, realmente, deve ter a ver com a falta de fé: clérigos que se deixam levar por suas pulsões sexuais, ou por interesses mesquinhos, certamente não temem castigos divinos, portanto não têm fé que Deus possa puni-los; porém, tal não significa que “as religiões careçam” dela, da fé, aí há exagero e equívoco: religião não tem fé! E ainda, não é por haver padres pedófilos que a Igreja seja pedófila; não é por existirem líderes religiosos que enchem os bolsos que as religiões sejam corruptas. Praticamente todas as confissões religiosas apresentam exortações morais positivas, mas os membros as vivenciam de maneiras diversas...
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Toda a minha argumentação visa convencer a céticos e ateus que existem razões para a crença espírita; que não somos fanáticos alucinados.
Nada para convencer A ou B da existência de espíritos.
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Tudo bem, toda argumentação, de fato, visa convencer... também, não é politicamente correto acusar indistintamente religiosos de fanáticos (conquanto alguns sejam), tampouco de alucinados. Quanto haver razões para as crenças, concordo, sempre há, sejam boas ou más. O problema não está aí. O desafio é obter demonstração de que as certezas religiosas (sejam quais forem) possuem respaldo satisfatório: se são perquiríveis, investigáveis e confirmáveis: neste ponto é que reside a encrenca... infelizmente.
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Num fórum sobre o ceticismo e principalmente num tópico sobre as bizarrices... admito que assertivas religiosas não comprováveis são descartadas a priori; concordo.
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O problema é que a comprovação se daria fora da realidade compreendida pelos cinco sentidos... uma percepção extra-sensorial.
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Debateríamos então como se recomenda, com elegância, respeito e empatia; é o máximo que se pode pretender.
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Sinto muito dizer o que direi: seu pronunciamento expressa fuga de enfrentar a realidade!
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Por que pretenso fenômeno (comunicação entre mortos e vivos) que, se real fosse, exibiria a interseção objetiva entre duas dimensões, teria que ser “demonstrado” da maneira incerta, nebulosa e subjetiva que sugere?
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Muita coisa é comprovada fora dos limites da percepção sensorial! Alguém “sente” o átomo, moléculas? Alguém sente a Terra se mover? Alguém sente vírus e bactérias dentro de seu organismo?...
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Percepção extrassensorial é hipótese inconfirmada, mesmo após muitos anos de pesquisa... ainda que exista, está definida no Postulado de Moi, que assim se expressa:
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“PSI, caso exista, é “força” de atuação tênue, de ocorrência esporádica e imprevisível, sem controle da parte quem supostamente a possui, e sem utilidade conhecida.”
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A única “percepção extrassensorial” confirmada é a intuição...