Mexe [o espiritismo] com a opinião e abastança milenar de religiosos, mexe com a estrutura mental de intelectos bem formados, ri-se das tolas vaidades e do céu/inferno/satanás; abre um campo imenso a conjecturas e pesquisas onde a preguiça será obstáculo... afinal já temos nossa opinião, para que mudar?
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Esquece uma coisa: o que diz se aplica a quem? Aos que considera “inimigos do espiritismo”? Ou seja, todo aquele que ousa questionar a santa doutrina lucubrada por Kardec? Perceba que seu discurso cabe em vários entornos, inclusive no seu! Você diz que o ensino espírita abala o status quo religioso, pode até ser, mas o que ele oferece em substituição? Respondo: nada que tenha firmeza, é mais uma proposta calcada em considerações místicas, as quais não resistem a cotejamentos rigorosos! Ou vai me dizer que quando os espíritos são desafiados a darem provas de que estão presentes respondem?
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Você afirma que céu/inferno/satanás são tolices (vaidades), provavelmente esteja certo, entretanto, qual o lucro em substituir uma crença por outra? De concreto, efetivo, nada! As concepções espiritistas “ofertam”: espíritos alegadamente comunicantes (“bons e maus”), materializações, levitações, erraticidade, umbral, reencarnações... quer dizer, em lugar das vaidades que denuncia oferece outras tão ou mais vaidosas!
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A DE é de certa forma uma excrescência em relação ao pensamento padrão que ao abrir leiras ao extra dimensional assume foros de ficção, fantasia, superstição e desvarios. O que é ótimo para quem pretende refutá-la pelo menor esforço..
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Se alguém pretende refutar o espiritismo “pelo menor esforço” não me parece que se o encontrará nesse sítio... E, qual seria esse “pensamento padrão” a que se refere? Novamente, esquece que quem está devendo provas firmes, verificáveis, testáveis, do que afirma é exatamente o espiritismo!
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Pense bem, uma religião/ciência/filosofia que tem a ventura de contatar inteligências desencarnadas e delas só obtém banalidades ou informes que estão, todos, no âmbito da capacidade humana. Uma religião/ciência/filosofia incapaz de demonstrar conclusivamente seus postulados, que conserva certezas de há muito derribadas pela ciência (pluralidade dos mundos habitados, magnetismo animal, saída da alma do corpo, bestas-feras habitando Marte, inteligências superiores em Saturno, etc.), que em nada contribui ou contribuiu para o aprimoramento do saber humano... O que espera que os “inimigos” pensem disso?
Novamente você convida à refutação dos argumentos apresentados em contrário, e eu digo: só existe uma forma de se convencer, e não será através de debates que não levam a lugar algum.
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Comecem a frequentar os ambientes onde se possa constatar os fatos; apresentem suas dúvidas ali, respeitantes a procedimentos. Conversem com aqueles que presenciaram fatos, investiguem as cartas e leiam as obras que as mencionam.
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Infelizmente, seu conselho não é bom conselho: participar de reuniões espíritas apenas vai dar a temperatura das crenças vigentes no meio. Quem frequenta umbanda tem certezas umbadistas, quem frequenta a Universal possui certezas ali pregadas, quem frequenta o catolicismo tem suas próprias certezas... O caminho que sugere é caminho para qualquer outra agremiação religiosa, desde que o seguidor a ela adira.
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A solução seria simples, e admira que não toque no assunto: bastaria que os espíritos se deixassem testar tecnicamente, em experimentações repetíveis e confirmáveis. A partir dessa verificação bem sucedida poder-se-ia elaborar uma teoria da espiritualidade nos moldes requeridos pela ciência e, aí sim, tudo seria diferente! Nem necessita ser nada sofisticado, apenas respostas que só espíritos poderiam dar (tipo uma a que me referi – dentre muitas outras – de o morto comunicante noticiar o conteúdo de embalagem lacrada (em verificação controlada, obviamente). Do jeito que age, caro Jung, seu discurso é meramente proselitista, sua mensagem pode ser assim traduzida: “agreguem-se ao espiritismo e vocês serão felizes: encontrarão resposta e o caminho!”. O problema que, basicamente, esse é o discursos de quaisquer religiões!
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Resumindo: se inteligências superiores não entendem a necessidade de demonstrações firmes e verificáveis de que estão presentes, o que se dirá das inferiores? E a encrenca continua...
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Parafraseando sua afirmação, “só existe uma forma de se convencer, e não será através de debates que não levam a lugar algum, será com o espiritismo comprovando, de forma conferível, o que alega com tanta firmeza.”
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Entenda o seguinte: nada material ganha-se em ser espírita, como milhões o são, mas diferente de outras crenças que constroem catedrais e pregam a teologia da prosperidade, aceita-se sem desesperação o infortúnio e a canseira da sobrevivência. Claro que não estou dizendo que não se deve buscar a melhor sorte, o trabalho bem remunerado, o lucro nos negócios, não. Digo que não se deve buscar atalhos pouco corretos para obtê-los.
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E que tipo de prova esse alegado despojamento incrementado pelo espiritismo representa? Se estudar o budismo e outras religiões orientais encontrará idealizações muito mais humildes e desapegadas do material que as concepções kardecistas! Nada disso comprova que mortos comuniquem e, sem mortos comunicando, o espiritismo é igual a todas as outras: ASQ: Acredite se Quiser!
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Alguns dias atrás foi dito aqui que as instituições espíritas não permitem que se investigue seus procedimentos e citaram o Lar de Frei Luiz, no RJ.
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Obviamente, um ambiente de recolhimento e oração, visando a interferência dos espíritos a favor dos necessitados presentes, alguém chega com gravadores, câmeras, vídeos e flashes... espera o quê?
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Se quer conhecer, passe a frequentar; encontrará as portas abertas. Daí, faça o julgamento que convier.
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O Lar Frei Luiz foi citado por ser instituição que propaga fomentar materializações: há vários vídeos no youtube a respeito, num deles um médico chora emocionado ao defender a legitimidade das carnificações ali acontecidas!
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Tentei conseguir com um médium amigo oportunidade de acompanhar um evento da espécie no Frei Luiz, mesmo sem câmeras ou gravadores, apenas uma olhadela descompromissada. De início parecia que a coisa fluiria, depois, os dirigentes mandaram o recado de que eu talvez não estivesse preparado, deveria antes acompanhar reuniões normais e ir amadurecendo... Entendi que diziam ser necessário se converter e conquistar a confiança do grupo, só assim...
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Para findar, sua sugestão de que “passe a frequentar; encontrará as portas abertas. Daí, faça o julgamento que convier”, não é boa. Isso todo que procura um caminho espiritual acaba fazendo: frequenta, julga e escolhe o que melhor lhe atende as expectativas. O que aqui se requer são provas de que mortos comuniquem: se as conseguirmos o espiritismo estará fundamentado! Caso contrário será, como o é até aqui, mais um discurso firmado no vazio. Considerando que nem mesmo os inteligentes e superiores espíritos entendem isso, fica claro que não são tão inteligentes e não comunicam... Pense!