Jung-f, se estiver me ouvindo: caso tivesse respondido à minha beliscada a estas horas estaríamos, provavelmente, discutindo a suposição de que os espíritos comunicassem depositando na mente dos médiuns recados intuitivos, o que explicaria como o circuito mediúnico fecha contato, quer dizer, nem mesmo com intuições estaríamos descasados da conversa principal... mas, parece que não realiza cogitações por esse caminho.
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Desculpe, caro Montalvão, a demora na resposta.
Não sei o quanto conhece ou já leu sobre o processo do transe mediúnico, mas está no caminho certo quando fala da intuição como meio de comunicação entre comunicante e médium.
O médium se predispõe ao transe, via oração e relaxamento, quando então a entidade desloca, um certo tanto, seu perispírito - do médium - em relação ao corpo, e isto causa o transe mediúnico.
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Prezado, gostei de sua reflexão, infelizmente descasada de qualquer possibilidade de comprovação objetiva...
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A tese de que o transe é causado por “deslocamento perispiritual” esbarra numa medonha dificuldade! Começa que o perispírito, nunca em tempo algum foi mostrado real, mesmo tendo uma parcela material em sua composição, conforme afiançou Kardec (portanto, deveria ser detectável pelo ferramental científico, se não no tempo do codificador futuramente com o progresso tecnológico). Quer dizer, o perispírito não passa de uma ideia curiosa, como qualquer outra suposição que atine a um suposto mundo espiritual.
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Mesmo que, em hipótese remotíssima, o tal perispírito fosse detectado (monstrando ao mundo que, ao menos nesse ponto, Kardec deu uma dentro), haveria a necessidade de conferir essa deslocada perispiritica para facultar o acoplamento do do visitante!
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A explicação mundana é mais econômica e sensata: o transe em geral é causado pela regressão da consciência e afloramento do subconsciente. Simples assim...
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Abraçar a ideia complicada pode ser gratificante para quem gosta de navegar pelo misterioso; em termos práticos, porém, não tem qualquer utilidade, tampouco oferece a mínima garantia de que possa ter legitimidade.
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A entidade mais ou menos evoluída pode falar ao médium ou simplesmente proferir mentalmente suas palavras, as quais o médium não escuta pelo ouvido físico, como também pode não se aperceber do seu conteúdo exato. É de certo modo como na telepatia.
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Se a entidade fala ao médium então usa o conduto auditivo deste, sendo assim com aparelhos adequados essa fala poderia ser registrada! Por que a ciência espírita ainda não trouxe ao mundo essa prova?
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Quanto ao “proferir mentalmente” temos um problema: faz-se necessário aceitar que o que é transcrito ou falado pelo médium lhe está sendo implantado por ente alienígena! Como se faz para conferir isso? Suspeito fortemente que o meio adequado é o ASQ: Acredite se Quiser!
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Para os espíritas a intuição segue o mesmo caminho exceto que não há o transe mediúnico e o comunicante tem, normalmente, certa familiaridade com o médium, ou ascendência vigorosa sobre seu espírito.
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Sinto muito informar-lhe que nada de elucidativo traz a respeito da intuição. Está apenas laborando com a concepção espiritista de médiuns mecânico, semimecânico e intuitivo, o que nada, nadica de nada, ajuda em alumiar coisa alguma...
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Existe diferença entre intuição e inspiração.
Um artista, por exemplo, pela sua competência e qualidade pode produzir obras belíssimas sem a atuação de espíritos, mas outros, sob inspiração pode produzir uma obra prima.
A Intuição ocorre pelas vias da Sintonia mental, enquanto a inspiração, além da sintonia, exige via de regra a afinidade entre os dois espíritos.
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Pelo que se vê continua dentro do trevoso raciocínio espírita. Minha explicação mundana, e, certamente, mais econômica, propõe que a inspiração é uma intuição, que advém de habilidades pessoais conjugada com o estoque de informações que o autor tenha armazenado em sua memória (digo que é minha porque não estou me baseando, ao menos não conscientemente, em outro autor). A hipótese de que espíritos sejam responsáveis pelas produções mediúnicas esbarra em barreira intransponível: é inverificável! Quer dizer, verificável até que é, isso quando médiuns se prestam a exames realizados sob controle técnico, os quais, inapelavelmente, resultam em fracasso! Sorry...