Ao amigo Pedro Reis, agradeço as referências que demonstram sua humildade e ao mesmo tempo sua grandeza.
Nada poderia acrescentar ao que você já disse quanto às questões levantadas... seria pretender ensinar o Padre Nosso ao Vigário.
Só o que posso dizer é que não caibo em mim de orgulho por todas aquelas coisas raras, nobres belas e boas que hei de ter realizado em muitas vidas. E que embora não faça a menor ideia de que coisas estas possam ter sido, atestando a grandiosidade de existências pretéritas está o sublime momento presente que me recompensa com o desfrute de sorver cada gota de conhecimento suavemente derramada de tuas inspiradas palavras.
E ainda ter minh'alma tragada pelos oceanos de sabedoria que jorram de teus eloquentes silêncios.
Qualquer um pode causar grande impressão por dizer alguma coisa. Mas só um verdadeiro mestre sabe como desconcertar a todos com seu calar.
E não poderia ter existido mais clara resposta que não responder coisa alguma.
A vida não é uma pergunta a ser respondida, é um mistério a ser vivido. Um rio, às vezes caudaloso, às vezes manso, mas sinuoso e de águas sempre turvas com a correnteza a nos levar e levar... E ainda que em nossa jornada jamais conheçamos todos os mistérios deste rio, o que importa é saber que a viagem sempre termina na plácida imensidão de um mar sem fim.
A todos cabe cumprir a jornada, mas no rio da vida, arrastados pelas correntezas dos destinos, alguns serão galhos secos e mortos. Enquanto outros peixinhos são; multicores como flores sem chão.
Nadam. Boiam. Fazem bolhas e bolinhas de sabão.
Em tuas escamas douradas, mestre, o que vemos espelhada é a resplandecência do sol.
Calar foi jogar-lhes na cara a verdade mais simples e mais evidente. Com a nobre altivez que se autoriza da mais humilde generosidade para permitir-lhes atingirem por si mesmos o conhecimento, guiados muito mais pelo exemplo da simplicidade do mestre, do que pela arrogância frívola de eruditos discursos.