No sendal espiritista as provas se acumulam ante a observação atenta, mesmo de natureza material, como nos fenômenos de ectoplasmia quando objetos são trazidos à vista dos circunstantes. Impressionam, sobremaneira, a materialização de entidades que conversam com a assistência.
Ali, fatos são esclarecidos ou revelados.
Ectoplasmia não é um fenômeno. É uma interpretação atribuída a um fenômeno. Aliás, mais que isso. É uma interpretação religiosa e mistificadora atribuída a um fenômeno. Se você entender essa minha forma de pensar, vai perceber que não é a do ateu-materialista que tenta negar os fenômenos em si. Eu não nego a existência do fenômeno, mas seu uso parcial, conveniente e formatado de forma a confirmar
wishful thinking dogmático-religioso (só é animismo quando não confirma). Por exemplo, vamos falar aqui de um médium clariaudiente. O fenômeno é a mediunidade auditiva? Não! Isso já é a interpretação religiosa, mistificadora do fenômeno. O fenômeno é que ele ouve vozes. Isso é objetividade. Que vozes ele ouve? Vozes que, quando rejeitam a doutrina, serão interpretadas como obsessores ou animismo, mas quando confirmam a doutrina, aí são "boas" e todos na casa reforçam, psicologica e neurologicamente, que ele tenha mais e mais desta experiências do mesmo tipo. O grupo, coletivamente, cria em seus membros gatilhos hipnóticos para ignorar todas as nuances e pequenos detalhes estranhos dos fenômenos para encaixá-los - os fenômenos - em seu
raciocínio motivado, isto é, sua pré-disposição a defender e confirmar a doutrina adotada antes da observação dos fatos. Só o animismo existe, mas esse animismo pode ser coletivamente moldado, adaptado e condicionado com reforços positivos e negativos. Daí, ao invés de admitirmos que existem faculdades interessantes e desconhecidas da própria mente e lidarmos com isso de maneira objetiva e experimental, seguimos por um caminho mistificador e religioso que visa o autoengano em prol de conforto e vaidade.
Aquele Deus que você menciona na assinatura de seus textos, como ele se encaixa na sua crença? Qual o seu propósito?
Há três formas de entender isso. Deus enquanto divindade; Deus enquanto dimensão do divino no homem; Deus enquanto a assinatura do Logos na natureza e no homem - motivo pelo qual os martinistas sempre disseram que para conhecer a Deus devemos ler "O Livro do Homem" e "O Livro da Natureza". Enquanto divindades, não acredito na existência de nenhuma, apesar de representarem forças profundas do inconsciente humano. Enquanto dimensão do divino no homem (que é o sentido na assinatura do texto), é um esfera interior, superior e mais profunda de nós mesmos, equivalente à "natureza búdica" do oriente, isto é, nosso potencial interior para amar, aprender, perdoar e crescer infinitamente nos dons, virtudes e faculdades superiores do coração e da mente. Enquanto assinatura da inteligência cósmica, o Logos é o mistério que rege desde a espiral da Via Láctea ao DNA, passando pela proporção áurea, pelo Torus do eletromagnetismo, gravidade, morfogênese, nascimento e crescimento das plantas e seres, órbitas planetárias, evolução da vida e do homem, etc.