Não "defendendo o judiciário," mas não acho que foge do que seria esperado em outra situação, ou, ao menos parte.
Claro que, quando alguém tiver tido pessoalmente alguém que tenha confessado tentar matá-lo para se suicidar depois há dois ou três anos, pode sempre dispensar qualquer medida de segurança, se não achar necessário.
Não ter havido crime é talvez algo controverso, creio que tentativa de homicídio em si já é crime, mesmo que a pessoa mude de idéia na última hora.
Senão se teria a situação absurda de você poder anunciar para a polícia que irá cometer um assassinato, e eles terem que ficar lá esperando até você puxar o gatilho para poderem agir.
Outro crime talvez possível de ser argumentado é uma apologia implícita, o que talvez legalmente embasasse a censura.
Já "apreensão de todos os pertences" eu não imagino o que poderia justificar, talvez investigação de outros crimes associados.
Ele não confessou ter "pensado em matar", mas ter ido matá-lo e amarelado.
É uma confissão de desequilíbrio mental, é natural que as pessoas tenham preocupações com a segurança.
Nope, não foi tentativa. Ele estava com o revolver e estava pensando em matar ele, mas não o fez. Isso não é crime, da mesma forma que uma pessoa pode pensar em roubar um bolo de uma loja por estar com muita fome, mas respirar fundo e não fazer, não é "tentativa de roubo".
Seu exemplo da polícia é outra coisa, aí há ameaça. No caso de Janot não há ameaça porque ele não anunciou a ninguém. Claro que se pode argumentar que há "ameaca oculta", mas isso, pela mesma lógica, valeria para as seguintes ocasiões:
"Alguém me irritou muito e eu pensei em moer a pessoa de porrada, já estava pronto pra partir pra cima, mas me segurei". Não é crime.
"Uma pessoa veio falar mal da minha família na minha frente, eu estava com uma faca na mão, iria esfaqueá-lo mas me controlei e não fiz". Não é crime
"Sujeito fez insinuações descabíveis em relação a minha filha, fiquei ultrajado e estava pronto pra atirar nele, mas minha consciência bateu e não fiz nada" - Caso do Janot, também não é crime.
Qualquer pessoa pode pensar atrocidades em algum momento da sua vida e, como qualquer pessoa com certo autocontrole, se controlou para não fazer. Não faz sentido considerar uma cogitacao,um pensamento, um crime.
Há também o agravante de ter sido há anos.
E, mesmo assim, esse fato não justifica a apreensão dos pertences do Janot, como o STF determinou, além da censura do livro.