Quantas afirmações foram feitas pelo Chico sobre aspectos da vida das pessoas e que não bateram ? Foram contabilizados ou será que os espíritas realizam uma seleção parcial os fatos ?
APODman,
Conforme eu havia informado posteriormente, retifico o nome da instituição, não seria a ABRAME e sim uma equipe da AME-SP (Associação Médico-Espírita de São Paulo), liderada por Paulo Rossi Severino da
Folha Espírita.
Esta pesquisa ocorreu em 1974 e o objetivo era apurar a autenticidade da psicografia de Chico Xavier. O compromisso assumido por eles, desde o inicio, era o de atuar com o máximo de objetividade e imparcialidade. O fato de serem espíritas não poria em risco a credibilidade da pesquisa e a liberdade de questionar cada mensagem – e a origem dela. Uma pergunta-chave nesse processo era feita a cada família investigada:
- O que vocês revelaram a Chico antes da sessão?
- Quantos encontros você tiveram com o médium até receberem a primeira mensagem?O desafio era descobrir, em cada texto, informações desconhecidas pelo médium e seus assessores.
O grupo de pesquisadores trabalharia com as seguintes hipóteses para explicar a origem das cartas-mensagens: fraude deliberada (baseada em pesquisa e memorização de dados colhidos em jornais, revistas, TV´s ou cartas enviadas ao médium), percepção extra-sensorial (ou telepatia) e psicografia mecânica.
As entrevistas com as famílias duravam, em média, três horas e eram acompanhadas também pela coleta de fotos dos comunicantes e cópias das mensagens originais.
Um dos casos mais impressionantes apurados por Paulo Rossi e sua equipe foi o de Volquimar Carvalho dos Santos, a jovem de 21 anos morta no incêndio do edifício Joelam em São Paulo. Ela trabalhava no setor de processamento de dados no 23º andar do prédio, um dos mais castigados pelo fogo.
Na véspera da morte, Volquimar faltou ao serviço para preparar a documentação necessária à matricula na USP, na qual tinha sido aprovada no vestibular para o curso de Letras.
A tragédia levou a mãe dela, Walkyria, ao desespero.
Quarenta dias depois do incêndio, Chico Xavier foi a São Paulo participar do lançamento dr um livro. Dona Walkyria acordou cedo e foi a primeira pessoa da fila a abraçar o médium. Ao cumprimentá-lo, ela resumiu seu drama:
- Perdi minha filha no Joelma.
Chico pediu para a mãe esperar até o fim do evento. Foi uma longa espera. A fila de cumprimentos e autógrafos se arrastou madrugada adentro. Ao se despedir de Walkyria, Chico citou o nome de Volquimar sem nunca tê-lo ouvido antes e garantiu: a jovem estava em tratamento e logo ficaria bem.
Dois meses depois, em maio de 1974, Walkyria se encontrou com Chico em Uberaba e ouviu dele uma revelação:
- Volquimar está dizendo que deixou no quarto um objeto para comunicação mediúnica entre ela e a senhora.
Dona Walkyria negou a existência de qualquer instrumento daquele tipo em casa.
Chico insistiu e deu detalhes:
- É uma cartolina com letras e números, com as palavras Sim, Não e Adeus e com um pequeno cartão acoplado.
Ao voltar para São Paulo, dona Walkyria encontrou a cartolina e todos os acessórios citados por Chico entre os objetos da filha. As letras e números eram utilizados de brincadeira por Volquimar, em sessões espíritas improvisadas, para formar frases de acordo com as orientações do “espírito comunicante”, um em todo tosco de comunicação, sujeito a fraudes e auto-sugestão. Quem moveria as peças seria um participante da sessão, um “médium” induzido pelo invisível.
Durante algum tempo, logo depois da descoberta do material, foi esse o método utilizado por dona Walkyrya para se comunicar com a filha.
No dia 13 de julho de 1974, seis meses depois da tragédia, a comunicação entre mãe e filha seria mais direta e mais precisa.
Grupo Espírita da Prece, Uberaba. Chico Xavier fecha os olhos mais uma vez e o lápis desliza sobre o papel em velocidade. É uma longa mensagem. Num dos parágrafos, o cartão é mencionado de novo:
E parece um sonho, mamãe, estarmos juntas através das letras, do entendimento desejado. Não mais o cartão do alfabeto em que os movimentos vagarosos demais nos impedem a idéia de correr como desejado. Aqui é de alma para alma nas palavras que anseio impregnar de amor sem conseguir.Em outro parágrafo, uma informação desconhecida por Chico Xavier:
Estou satisfeita por ter adquirido um apartamento mais compatível com nossas necessidades. Fui eu mesma, com o auxilio de meu avô e de outros benfeitores, quem lhe forneceu a idéia de aproveitarmos a ocasião para a compra.Volquiomar tinha feito um seguro de vida. Com o dinheiro recebido após a morte da filha, dona Walkyria, beneficiária do seguro, comprou um novo apartamento. A filha aprovou sua decisão.
Essa foi uma das mensagens investigadas pelo grupo.
Como explicar a menção à cartolina desconhecida por Walkyria? Esta é a dúvida central. O episódio do seguro de vida pode ter sido comentado pela mãe ou seus acompanhantes durante um desabafo no centro e, por isto, deve ser descartado como evidência.
Foram muitos os casos intrigantes apurados por Paulo Rossi Severino e sua equipe.
Roberto Muszkat tinha dezenove anos quando morreu em São Paulo de choque anafilático causado pelo uso de um descongestionante nasal. Uma morte absurda, quase incompreensível, provocada por uma reação alérgica súbita e fatal.
A desolação levou os pais de Roberto, o médico David Muszkat e a mãe Sônia, a pedir socorro a Chico Xavier em Uberaba.
A carta assinada por Roberto no dia de seu vigésimo aniversário – 14 de março de 1979 – surgiu no Grupo Espírita da Prece repleta de palavras desconhecidas. David o pai, ajudou Chico a ler a mensagem diante do público, ao fim da sessão, e a traduzir o sentido das frases indecifráveis.
A seguir, o relato do momento da morte:
Preparava-me para o descanso, depois de haver medicado o trato nasal, quando senti no peito algo semelhante a uma pancada que me alcançou todas as redes nervosas. Tentei falar mas não consegui. Um torpor suave se seguiu ao fenômeno e notei que um sono compulsivo me invadiu a cabeça. Percebi, intuitivamente, que me deslocava do corpo, embora permanecesse vinculado a ele, quando, em meio do esforço para definir o que sentia para a análise de meu próprio raciocínio, ouvi nitidamente sobre mim a voz inesquecível de alguém pronunciando as palavras santas:
“Baruch Dajan Emét”[...]
Foi quando tomado de estranha sensação de bem-estar escutei ainda as palavras:
“Leshaná Habaá bi-Yeru-shalayhim”[...]David Muszkat explicou à platéia atônita o significado daqueles sons inédtidos:
“Baruch Dajan Emét”: “Abençoado seja o Juiz da Verdade”.“Leshaná Habaá bi-Yeru-shalayhim”: “Ano que vem em Jerusalém”.A carta explicava essas citações:
Compreendi que era um adeus e dormi com a tranqüilidade de uma criança. Mais tarde soube que meu avô Moysés Aron ditara em meu favor aqueles vocábulos santos para que me aquietasse, contando com os imperativos do Mais Alto.Esta foi a segunda carta de Roberto psicografada por Chico em Uberaba. Os incrédulos levantariam a hipótese de Chico ter aprendido aquelas sentenças em hebraico entre a primeira e a segunda visita da família.
Ele também se teria dedicado a estudar os rituais judaicos para citar, na mesma mensagem, o hino “Shalom, Aleishem” (A paz esteja convosco) e mencionar o fato de o avô de Roberto ter abençoado o neto no outro mundo com o “Maguem David” (a Estrela de Davi).
Uma das cartas que mais impressionaram Paulo Rossi e sua equipe foi assinada por Jair Presente, filho de José e Josefina, morto aos 24 anos, vítima de afogamento.
Num trecho da carta psicografada em 19 de julho de 1975, Jair cita a presença a seu lado de um rapaz chamado Irineu Leite da Silva, definido por ele como um “moço do fino que vestiu paletó de madeira em 7 de julho passado”.
E deu mais detalhes:
Estava eu entre aqueles que trabalhavam no Parque Flamboyant (cemitério de Campinas), quando ele foi considerado pessoa de sono eterno. Mas acordou junto de nós e estava bem.Os pais de Jair nunca tinham ouvido falar naquele nome e não havia parentes ou conhecidos de Irineu na sessão do Grupo Espírita da Prece.
Era preciso localizar a família do “morto”.
E começou a investigação.
Sueli, irmã de Jair Presente, telefonou para o administrador do cemitério em busca de registros de Irineu e ficou decepcionada: não havia nenhum sinal de alguém com aquele nome enterrado ali.
Ela não desistiu. Consultou o arquivo do jornal local, o Correio Popular, e encontrou, então a notícia da morte de Irineu em acidente de carro.
Um segundo telefonema para o cemitério esclareceu o mistério: o morto tinha sido enterrado com outro nome – Pirineu –, e, por isto, o verdadeiro não constava dos arquivos do cemitério.
Os mais descrentes também têm argumentos para questionar a autenticidade da mensagem. Por exemplo: Chico pode ter acesso a essa edição do jornal de Campinas ou à noticia da morte de Irineu e essa informação pode ter ficado registrada na sua memória ou no seu inconsciente.
Mas e a cartolina com letras e números? Como explicar?
A pesquisa realizada por Paulo Rossi Severino, com o apoio de Maria Julia de Moraes Prieto Peres e Marlene Rossi Severino Nobre, gerou o livro intitulado
A vida triunfa. A equipe estudou 45 casos entre 100 catalogados pela Folha Espírita e, a partir de dados colhidos por um questionário padrão, chegou a conclusões reveladoras sobre o perfil dos destinatários das mensagens e o conteúdo básico divulgado nos textos.
Alguns números levantados:
Sobre o conteúdo das mensagens:1) 100% dos comunicantes relatam a presença e o apoio de parentes e amigos “desencarnados” no lado de lá.
2) 68,9% das mensagens citam de um a três parentes e/ou amigos desencarnados desconhecidos pelo médium.
3) 75,6% dos comunicantes descrevem as circunstâncias da morte.
4) 82,2% deles pedem para as famílias cultivarem pensamentos positivos.
5) 44,4% aconselham as famílias a investirem na caridade.
Sobre a relação das famílias com o médium e as mensagens recebidas:1) 42,2% das famílias reconhecem nas cartas o estilo peculiar dos comunicantes.
2) 35,6% definem como idênticas as assinaturas dos comunicantes psicografadas pelo médium.
3) 42,2% definem as assinaturas como diferentes das originais.
4) 93,3% das famílias não conheciam o médium antes da morte dos comunicantes.
5) 42,2% procuraram o médium uma única vez até receber a mensagem.
6) 33,3% tiveram de dois a três contatos com o médium até receberem a mensagem.
7) 100% das famílias declaram 100% de acerto nos dados informados pelos comunicantes.
Um dado a ser avaliado: nas 45 mensagens psicografadas por Chico e selecionadas pela equipe de pesquisa, estão listados mais de cem nomes próprios, além dos nomes e sobrenomes completos de cada comunicante, muitos deles com a assinatura idêntica às originais. Todos esses nomes foram escritos por Chico, de olhos fechados, sem pausa, nas sessões públicas de Uberaba. Em nenhuma das mensagens, ele misturou nomes e sobrenomes, confundiu filiações ou causas de morte.
Conclusão do estudo:As evidências da sobrevivência do espírito são muito fortes. A vida é uma fatalidade, segundo o depoimento desses 45 companheiros que se expuseram, por inteiro, revelando as nuances de suas personalidades através das mãos humildes do medianeiro.
Retirei estes dados do livro:
Por trás do Véu de Isis de
Marcel Souto Maior, jornalista e não-espirita. Ele relata sua busca e pesquisa neste livro, no qual visita e entrevista alguns médiuns.
Dentre eles, temos o polêmico Carlos Baccelli, que solicita o maior número de informações as familias antes da psciografia através de assistentes. Creio eu a psicografia do Baccelli ser fraude. Minha suspeita aumentou após ter lido neste livro um assistente pedindo o máximo de informações possiveis aos familiares. Ele justificou, mas não me convenceu.
Abraços,
Douglas