Só quem presencia uma reunião mediúnica pode tentar diferenciar uma impostura da realidade. Mas, mais valioso e produtivo do que isso é o exame das provas materiais que resultam das experimentações, como as comunicações escritas. É de onde se obtêm as provas mais conclusivas e não é nem preciso presenciar uma única sessão.
Geralmente quem assiste a uma reunião mediúnica já acredita em mediunidade. Quem entra acreditando sai acreditando, assim como um cético que entre de curioso vai sair menos curioso, mas ainda cético.
Quanto às provas materiais, cartas psicografadas não são provas desse tipo. Tudo o que elas provam é que alguém às escreveu. Alguém muito bem encarnado, diga-se de passagem. Se suas mãos foram guiadas por espíritos desencarnados aí é outra história.
O que está escrito sempre deixa traços da identidade de quem escreve. Uma vez eu li um extrato de um texto de Humberto de Campos, por exemplo, contando uma história referente a personagens bíblicos. Enquanto lia, eu não sabia que era de Humberto de Campos e vinha pensando que era muito parecido o estilo. Quando olhei a assinatura no final era dele. O mesmo já aconteceu com um texto de André Luiz que não conhecia em comparação com outros que já havia lido. Eu não sou perito em reconhecer estilos e não poderia apontar tecnicamente o que havia de similar nos textos, mas foi intuitivo.
Uma vez achei uma frase de uma resposta que havia dado há muito tempo a alguém num fórum, publicado na Internet. O texto não citava que eu era o autor. Dizia apenas que vinha de um apologista espírita. Eu o reconheci na mesma hora. Outra pessoa poderia ter colocado a mesma idéia, mas pela forma de escrever eu reconheci imediatamente que eu era o autor.
Prodígios materiais qualquer um pode fazer ou imitar, e geralmente não convencem a um cético. Mas prodígios da inteligência é muito difícil de um impostor reproduzir. Por isso disse que as provas materiais, escritas, forneciam evidências muito mais sólidas.
O mérito de Kardec, mais do que determinar se uma ou outra comunicação que ele publicou era verdadeira ou falsa, são os métodos de controle que ele deixou. Se esse método muitas vezes pode ser insuficiente para detectar as comunicações verdadeiras, pelo menos é de grande utilidade para identificar as falsas. Kardec foi aceito espontaneamente, primeiro na Europa e depois no Brasil, porque identificamos nele clareza e lucidez de raciocínio. Ninguém garante que ele estava certo. Aceitamos suas opiniões por nossa conta e risco.
Como é esse método deixado pelo Kardec? Você pdoe me dar exemplos de charlatães descobertos pela própria comunidade espírita baseada nesses métodos? Quanto à aceitação de Kardec, devido à sua clareza e lucidez de raciocínio, bem, se no princípio ele foi aceito na Europa e depois no Brasil, por que hoje em dia o espiritismo só sobrevive no Brasil? Os europeus deixaram de considerá-lo claro e lúcido?
Não que eu ache que a clareza e a lucidez de raciocínio do autor de uma idéia sirvam para julgar os méritos da idéia em si... Uma idéia errada, não iporta a eloqüência com que seja defendida ainda está errada.
E se você admite que os espíritas simplesmente confiam em Kardec pela própria conta e risco, então qual é o problema em admitir que o espiritismo se baseia na fé?
Primeiro, nós não estamos à caça de charlatães, mas quando são desmascarados, somos os primeiros a comemorar. Às vezes podemos ser enganados por falsos médiuns, não vou negar. Mas os grupos espíritas são normalmente fechados, com poucas pessoas, e é muito difícil que um membro que freqüente assiduamente as reuniões seja enganado por muito tempo.
Além do mais, no Espiritismo, o trabalho mediúnico deve ser sempre gratuito. É possível entender que uma pessoa queira simular mediunidade para pregar uma peça em alguém por pouco tempo. Mas quando essa peça se estende por anos a fio, o enganador é que está fazendo papel de trouxa quando não ganha nada com isso; torna-se tão ruim para o mistificador quanto para o mistificado. Quanto aos médiuns que cobram pelos serviços eu não poderia garantir a sua honestidade, mas eles não agem em nome do Espiritismo.
E nós não confiamos em Kardec por nossa conta e risco. Maldito é o homem que confia em outro homem, já dizia a Bíblia. Nós aceitamos as opiniões de Allan Kardec porque já refletimos sobre e concluímos que eram bastante racionais. Nós raciocinamos sobre o que ele escreveu e aceitamos. Confiar seria fechar os olhos e aceitar cegamente, sem questioná-lo. A aceitação de suas obras é uma questão de fé, mas não de fé cega. É a fé, que nada mais é que uma certeza, raciocinada. É a mesma fé que leva as pessoas a aceitar as descobertas da ciência.
Você aceita as idéias de Isaac Newton porque veio dele ou pelo valor das idéias? O mesmo ocorre conosco em relação a Allan Kardec. Se tivesse sido escrito por outro, era esse outro que hoje estaríamos venerando. Não temos apêgo a pessoas, mas a idéias.
Essas formas conclusivas que sugere, a menos que eu esteja enganado, vocês nunca terão. Há meios de comprovação que valorizam muito mais a inteligência do que fenômenos que impressionam somente os cinco sentidos. Quer as provas? Analise a documentação escrita, como já disse. É o melhor meio de convicção, vai por mim.
Para mim documentação escrita não serve. Gente viva também escreve. Eu quero ver uma mesa girando. De preferência a que está na minha frente agora mesmo. Por que nenhum espírito vem mostrar para mim?
Talvez porque provavelmente pensem que a sua capacidade intelectual já é capaz de perceber provas mais abstratas, aquelas que são obtidas também através de reflexão e dedução, e não só através de observação direta presencial. Parabéns para você!!! Muitos só conseguem compreender algo vendo. Se você ainda não compreende, em princípio já teria capacidade.
Um abraço.