Meditação
Dentro de você existe um silêncio e um santuário
aos quais pode se retirar a qualquer momento e ser
você mesmo.
Hermann Hesse, Sidarta (2004)
Aquietai-vos, e sabei que sou Deus.
Salmo 46:10
E, ali sentado, ereto e imóvel, com os sentidos e a mente
perfeitamente controlados e a alma
unipolarizada (focada num único ponto), pratica o homem yoga
a fim de conseguir a purificação da sua alma divina.
Rohden (2004), Bhagavad Gita cap 6-12
De acordo com os sábios, deveríamos meditar unicamente para atingir a finalidade mais elevada da vida humana, que é realizar a divindade ou a verdade última.
(Bhaskarananda, 2005).
Para a maioria das pessoas a meditação está relacionada a coisas como relaxamento físico, redução de estresse e paz de espírito. Embora esses sejam objetivos válidos, o verdadeiro propósito da meditação é algo superior e mais espiritual. Afinal, os yogues e os profetas que primeiro reconheceram e aperfeiçoaram os princípios da meditação já viviam bem relaxados nas montanhas nas quais se retiravam. Eles começaram a praticar a meditação para encontrar o self. Seu objetivo não era o descanso, mas a iluminação.
A ciência moderna consegue isolar um pensamento ou uma intenção uma fração de segundo depois de eles nascerem. Mas nenhuma máquina criada pelo homem é capaz de revelar a verdadeira origem desse pensamento. É inútil procurar essa fonte no corpo ou na mente, porque ela simplesmente não está lá.
É como desmontar o rádio na expectativa de encontrar lá dentro o intérprete da música que se está ouvindo. O cantor não estará dentro do rádio, que não passa de um conjunto de plástico e mental projetado para captar um campo de informações e convertê-las numa ocorrência no espaço e no tempo.
Da mesma maneira, o verdadeiro "você" é um campo não-localizado que o corpo e a mente captam no espaço e no tempo. A alma se expressa através do corpo e da mente, mas mesmo que essas duas entidades fossem destruídas, nada aconteceria ao verdadeiro "você" porque o que eu decidi chamar de “espírito incondicional" não se encontra em forma de matéria ou energia (Chopra,1990).
Na verdade, ele existe nos momentos de silêncio entre um pensamento e outro. Há um intervalo entre cada pensamento em que você faz as escolhas.
Esse intervalo é a porta de entrada do self superior o self cósmico. O verdadeiro "você" não está limitado pelas fronteiras físicas do corpo nem pela quantidade de anos que já viveu, mas pode ser encontrado no espaço infinitamente pequeno e ao mesmo tempo imenso que existe entre seus pensamentos.
Apesar de silencioso, esse espaço é cheio de possibilidades, um campo de potencialidade pura e limitada. Todas as diferenças entre eu e você resultam das diferentes escolhas que fizemos nesse espaço, e essas possibilidades são sempre renovadas. As ações geram lembranças... as lembranças geram desejos... e os desejos criam ações e assim por diante, num círculo que não tem fim. As sementes das lembranças e dos desejos continuamente buscam se expressar através de mecanismos mentais e corporais, criando assim o mundo que experimentamos a cada momento. Vamos analisar melhor esse processo.
Num sentido amplo, nossa existência pode ser entendida em três níveis distintos.O primeiro nível, composto de matéria e energia, é o corpo físico.O segundo, que é chamado de corpo sutil, inclui a mente, o raciocínio e o ego.E o espírito e a alma existem no terceiro nível, que é chamado de corpo causal.
Através da meditação podemos retirar a consciência do caos interno e externo do primeiro nível o mundo de objetos físicos e pensamentos cotidianos e transportá-la para o estado de tranqüilidade e silêncio característicos da alma e do espírito. Com prática e dedicação, é possível alcançar o imenso conhecimento e desvendar as verdades definitivas da natureza.