É tal a quantidade de coisas que eu não aprovaria criticamente em um filho que eu não vejo motivos para ter um filho. Não quero filhos. Desconfio das pessoas que fazem filhos.
Confesso que essa eu não compreendi,
Por favor, poderia elaborar melhor?
Por que fazer filhos sugere que as pessoas vivam uma espécie de duplipensar, deixando-se levar por algo como um idílio de descoberta de uma paixão desencadeando um processo de partilhar uma vida a dois e planejar um futuro juntos, com implicações reprodutivas, em contrapartida à obviedade dos questionamentos humanos para as razões de ser de tudo. Ou, porque as pessoas fazem filhos, quando sabem que no mínimo estarão trazendo ao mundo um outro ser que vai ter que viver e morrer com os mesmos conflitos e sofrimentos que experimentamos ao longo da vida? Porque nos auto imcumbimos além disso, educar um outro ser conforme nossas convicções notoriamente falíveis, desde o berço, indefesos das nossas próprias idiossincrasias? Além do mais, no final, é 50% trazermos algo que nos recompense, e ao mundo.
Mas viver não é algo muito mais simples que isso?
Pergunto, pois, não ter filhos e questionar obviamente um futuro que alguém planeja também não encerra a necessidade de viver?
Afinal, porque sentir fome, dor, ansiedade ou mais mil coisas se eu posso encerrar com tudo isso obviamente?
Ou seja, eu não poderia duplipensar minha própria -- ou sua própria -- existência alegando: "Desconfio de pessoas que mantem-se vivas"??
Entende meu ponto? Onde eu quero chegar? Eu explico: cada um formula a quantidade de parâmetros que considera justo para suas próprias vidas, mas isso não significa que perpetuar a vida é algo que possa ser considerado não fiável, pelo contrário, eu diria até que seja espontâneo.